História Até esse verão - De última hora

E cá estava eu, no carro, de volta para casa. Sim, voltando para casa! Eu nem podia acreditar! Eu mesma achava que só iria no dia seguinte (e acredito que vocês também!). Eu vou explicar!

  *HORAS ANTES*

Fui acordada por minha mãe. Ela me balançava desesperadamente, como se o mundo estivesse acabando. E ela fez o mesmo com Natália. Mas quando levantei e percebi que não haviam raios de sol por baixo da cortina, eu realmente me estressei. Que diabos ela estava fazendo nos acordando tão cedo?!

-Meninas, acordem. Façam suas malas agora, vamos embora! -Ela avisou, logo depois saindo do quarto.

Mas eu fui atrás tirar satisfação.

-Dá pra me explicar o porquê dessa agonia? Ainda é madrugada, sabia mãe?

-Denize, a casa da sua avó foi assaltada. O vizinho ligou faz pouco tempo e não vamos esperar até amanhã. Agora vai arrumar a mala! Vamos sair às oito.

Arrumar a mala… como se fosse fácil! Mas eu apenas joguei minhas coisas de um modo aleatórios e sentei em cima, para tentar fechar. Enquanto Natália parecia lutar contra um bicho de sete cabeças.

Eu estava bem chateada. Mas voltar pra casa não seria tão mal assim. Tudo bem que acordar às quatro e meia da madrugada não seja agradável, mas só em pensar na minha casa eu já fiquei mais convencida.

Eu estava gostando da praia, tirando um ser chamado Cristian. E foi aí, quando o nome dele surgiu na minha mente, que eu me lembrei do bilhete, e de Yasmin.

Ele pediu que eu o encontrasse às nove… nesse horário eu já estaria na estrada! Tudo bem que no dia anterior eu dormi ainda sem saber se iria ou não encontrar com ele. Mas agora eu nem tinha mais escolha! Ele provavelmente acharia que minha ausência significou um não. Mas no fundo, eu estava dividida. Com raiva dele, e querendo vê-lo ao mesmo tempo; e essa segunda opção me deixava com mais raiva ainda.

Denize, esquece esse menino. Dane-se ele. Dane-se! Você vai embora e pronto, ele vai ter oque merece!

Por outro lado eu estava sentida por não poder ver Yasmin. Eu ia sentir tanta falta dela! A “Amadinha” foi super legal comigo e eu queria no mínimo me despedir! Ontem à tarde foi tão bom… eu queria poder aproveitar os últimos dias com ela, Nati e Érica, mas agora teria que voltar de última hora.

Saímos com tanta pressa que nem deu tempo de molhar os pés no mar, se despedir de alguém, ou fazer qualquer coisa do tipo! Eu já estava com saudades daquele lugar.

**

Desde às oito da manhã eu escutava música. Meu pai me entregou o celular e eu pude ouvir novamente minha playlist de viagem. Natália lia e Bia dormia. Mas eu estava pensando no Cristian, infelizmente.

Foi muito bom os momentos que passamos juntos na praia. Eu gostei muito de tudo. Mas não dá pra ficar com uma pessoa que não acredita em você. Ele me ajudou tanto, esteve tanto comigo, me ensinou coisas que eu nunca me imaginei fazendo, e eu realmente achei que ele me conhecesse um pouquinho. Eu achei que ele soubesse que eu nunca faria absolutamente nada daquilo! Porque nessas férias, eu só tive olhos para ele! E porque eu tenho caráter. Quando eu fui tentar esclarecer as coisas pela segunda vez, eu não achei que ele me deixaria escapar daquele jeito, tão fácil; mas ele deixou. E é irritante saber que horas depois ele me queria de volta, só porque sabia da verdade, e não porque acreditou em mim. Por mais que eu tentasse fazer o contrário, eu ainda gostava dele, mas eu estava tão chateada… eu já sabia que aquela era uma história sem final feliz. Havia acabado.

POR YASMIN

Procurei Denize por toda a praia. Já eram dez horas e ela não havia dado sinal de vida! Imaginei que estivesse em casa, então fui lá convidar para um sorvete. Quando eu cheguei um homem atendeu, mas eu não o conhecia e sabia que não era ninguém da família dela. Mesmo assim perguntei pela própria, ele disse que não sabia quem era, mas que eu deveria estar procurando por alguém da casa. Concordei, então ele disse que não morava mais ninguém ali, que a família havia saído havia algumas horas.

É claro que eu achei a maior loucura e rebati, mas ele afirmou que a casa estava vazia, que as pessoas haviam ido embora. Perguntei o motivo mas o homem disse não saber.

Era tudo muito confuso! Denize mesma me disse que só iria no próximo dia! E se algo tivesse acontecido, ela não sairia assim, sem nem avisar!

Lembrei que não havia nem pego o celular! Então voltei para casa, para ver se não havia alguma mensagem no WhatsApp, alguma ligação da Natália. Nada. Eu nem sabia o que pensar!

POR CRISTIAN

Eu esperei pela Denize por uma hora. Uma hora, e ela não apareceu. Eu sabia que ela era meio orgulhosa, mas eu ainda tinha esperanças. Eu sabia que ela estava magoada, que provavelmente não queria olhar na minha cara nunca mais, e que sumiu, como eu pedi… como pude pedir uma coisa dessas?!

Eu estava muito chateado. A culpa foi toda minha! Eu deveria saber que Denize não faria isso, como ela mesmo falou, das duas vezes que foi se desculpar.

Eu sabia que ela não voltaria. Que eu só teria a sorte de vê-la novamente no próximo verão, onde tudo podia acontecer... poderia aparecer com um namorado; poderia fingir que não me conhecia... nunca se sabe.

Fui andando pela praia, pensando nos dias anteriores. Não adiantava mais sentir raiva. A merda estava feita, pronto, não tem mais volta!

POR YASMIN

-Cris, você acredita que a Denize foi embora? Tá, eu sei que vocês estão brigados, e que você, burro, não deve querer saber dela. Mas eu tô P da vida com isso! -Disparei assim que ele chegou na casa das prancha

Ele mudou a expressão logo que ouviu o que eu disse. Foi de triste à surpreso.

-Embora pra onde, Yasmin? -Perguntou ele, rápido

-Ela voltou para casa! E ela nem me avisou! Disse que só iria amanhã, mas não tem ninguém na casa que ela estava.

Cris então parou em pouco, ele parecia estar confuso, como se estivesse ligando pontos de acontecimentos.

-Foi por isso que ela não foi? -Ele disse baixinho, parecendo pensar alto

-Não foi pra onde, Cristian? -Perguntei curiosa

-Eu marquei de encontrar com ela às nove horas, no cais. Mas ela não foi! Que horas você foi procurá-la?

-Você marcou com ela?! -Fiquei surpresa

-Que horas você foi procurá-la? -Repetiu ele

-Às dez horas! Mas o cara disse que eles haviam deixado o local havia algumas horas. Mas o que é que tem? Dá pra me explicar a situação?

-Yasmin, presta atenção. Eu queria conversar com Denize. Ontem, a mesma menina que veio me mostrar os prints veio dizer que era tudo mentira, e que ela tinha armado tudo aquilo. Até me mostrou como fez o print! Então eu mandei um bilhete pra ela. Mas agora eu nem sei se a tal menina entregou ou se a Denize foi embora antes. Que droga! -Ele ficou nervoso

-Eu não disse? Eu não disse que era tudo mentira? Mas como você é teimoso, não acreditou na Denize, que ainda tentou te explicar toda a situação! Agora é tarde demais!

-E o que vai adiantar você ficar jogando na minha cara?

-Vou jogar mesmo! Pra você aprender!

POR DENIZE

Lar-doce-lar! Como foi bom voltar para casa. Minha mãe não queria que fossemos para a casa da minha avó por conta de estar o maior rebuliço. A casa foi assaltada e nem sabiam direito a história, mas Érica preferiu ir. Bete estava lá, e tinha sentido tanta saudade dela!

Deixei Bete matando saudade de Bia e subi para o meu quarto com Nati. Estava tudo no mesmo lugar. Tudo arrumado, como eu havia deixado. Me joguei na minha cama, abraçando meu travesseiro e algumas pelúcias que eu deixava em cima. Era muito bom estar de volta. Logo dei um jeito de conectar meu celular ao WIFI, mas quando isso aconteceu, ele travou, com o grande número de mensagem.

Pedi para Nati me enviar o número de Yasmin. Eu precisava urgentemente falar com ela. E assim que meu celular voltou ao normal, expliquei tudo o que aconteceu.

                                             WhatsApp

Yasmin: Que pena, Amdinha! Sinto muito por você ir assim, em cima da hora. Mas sou eu quem te agradeço! Eu amei te conhecer, e fico feliz por você ter permitido que eu entrasse na sua vida! É uma pena você e meu irmão não terem dado certo. Ele me contou sobre o bilhete…

Vou sentir tanto a sua falta! Não se preocupe, eu vou te visitar, mas você também tem que vir! A gente se fala, tá? Amei te conhecer! Bjos!

Eu também queria conversar com Amanda, mas aquilo podia esperar para qualquer outro dia de shopping.

-Ô Nati, lembrei agora… e Renan? -Perguntei curiosa

-Olha Denize, tu nem me fala daquele encosto!

-Como assim?

-Eu já te disse, eu só fiquei com ele porque ele pediu, ele implorou!

-Mentira… juro que eu achei que era mentira sua pra não dizer que gostou dele.

-Não, ele é um grude! Eu hein!

Contei pra Natália sobre o bilhete de Cristian, ela só faltou me bater no começo, mas logo depois acabou concordando comigo.

Horas depois meus pais chegaram, contando o caso do assalto. Dois caras entraram na casa da minha avó, mas só levaram dinheiro. Já estava tudo resolvido e a polícia conseguiu prendê-los.

A mãe da Nati chegou, e foi aí que eu me toquei que eu tinha que agradecer a minha amiga.

-Nati, muito obrigada por ter ido comigo nessa viagem. Não teria a mesma diversão sem você. Obrigada por todas as risadas, conselhos, e buscas por sinal de internet. Me desculpe se eu acabei não sendo tão presente como você queria, mas eu amei cada minuto com você! -Agradeci, logo depois a abraçando

-Quem agradece sou eu! No geral, foram boas férias! E obrigada por ter me chamado, qualquer lugar com você se torna divertido! Vai desculpando qualquer coisa.

-Que nada! A gente se vê, tá? Na verdade, nessa semana a gente marca um shopping, Amanda também deve ir para colocarmos o papo em dias!

Ela concordou. E enquanto nossas mães conversavam ficamos conversando também. Minutos depois ela foi embora.

Entrei para tomar um banho. Eu estava tão cansada! Deitei na minha cama e fiquei olhando para o teto.

Apesar dos pesares, aquelas férias foram melhores do que eu esperava. Há males que vem para o bem, e eu pude aprender um novo esporte e conhecer gente nova. Também aprendi que nem tudo é sempre como a gente quer. Algumas coisas poderiam ser, acho que não ia fazer mal, mas tudo bem.

E se eu pudesse voltar no tempo, eu não mudaria nada, porque eu não tive culpa de nada. Eu só tinha que agradecer a Cristian. Apesar do que aconteceu, ele me ensinou várias coisas; e acabou descobrindo uma nova Denize.

Que nem eu conhecia.

(LEAIM AS NOTAS FINAIS)