História Até esse verão - Eu te amo?

POR ÉRICA

Tá, posso confessar que eu estou muito feliz. Isso ainda é raro pra mim, mas eu só lembro de ter me sentido assim nas minhas festas de aniversário quando pequena, no Natal e na páscoa. Mas se sentir feliz por alguém, essa é a primeira vez. E que bom que é pela Denize.

Eu ainda não tinha a visto, mas eu já estava realizada por saber que ela e Cristian voltaram. Tudo bem que ele não deveria gostar de mim, mas sabia que era bom garoto, Denize nunca ficaria com um foveiro!  

 E estar nesse mundo de gente ao meu redor é novo também; eu nunca fui de grupinhos de amigas, e ver que Denize fazia questão que eu sempre estivesse com ela e as amigas era muito gratificante. Eu realmente não sei como consegui não gostar de uma pessoa tão boa!

Liguei para Natália, perguntando por minha prima. Ela disse que ligou pra casa de Denize e Bete disse que ela havia saído logo cedo; depois ligou para Yasmin, e ela confirmou que Cristian havia saído com ela. Já era de se esperar. Eles queriam curtir, claro! Ainda mais que Cristian iria embora no mesmo dia.

POR CRISTIAN

-Que surpresa, Cristian? -Denize perguntava pela quarta vez, só que agora, mais irritada

E eu só ria do jeito dela. Aquele jeito de ficar brava e fofa ao mesmo tempo, se alguém encostasse, ela poderia atacar, ou te tratar carinhosamente. Nunca se sabe.

-Já disse que não vou contar agora! Pode fazer o que você quiser, eu não ligo -Disse provocando, só pra podê-la ver brava por mais tempo

-Só vou parar de perguntar porque você volta pra casa daqui a algumas horas, e eu quero aproveitar com você -Disse ela

-Aceita que você perdeu -Ri de canto

-Perdi uma ova! Mas eu não vou falar mais nada. -Declarou, convicta do que estava dizendo

-Tá -Disse eu fingindo acreditar -Mas o que você acha da gente ir ao parque de novo? Lá é calmo, dá pra conversar bastante, e claro, te encher de beijos -Propus, passando meu braço sobre seus ombros

-Vamos -Ela aceitou, adiantando os passos

POR YASMIN

Mandei uma mensagem para os meninas. Denize não parava um minuto, e eu achei que tínhamos que comemorar a volta dos dois, nem que fossem sem eles. Combinei com Amanda, Natália e Érica na sorveteria, onde ficamos conversando e contando casos da vida por mais de duas horas.

POR DENIZE

-Na verdade eu já vou fazer quinze anos em fevereiro, Cris. -Foi o que respondi quando ele perguntou quando eu fazia aniversário

Estávamos no mesmo lugar do dia anterior, na mesma árvore.

-E a futura debutante vai fazer uma festa? -Perguntou ele

-Eu não! Eu quero viajar, mas ainda não sei pra onde

-Fã de viagens agora? -Ele brincou, provavelmente se referindo ao meu mau-humor no começo das férias na praia

-Eu sempre fui! E...

Ele vidrou os olhos no horizonte e parou de falar, e de prestar atenção também

-Cris? -Movimentei minha mão na sua frente

-Ah, oi! -Despertou ele segundos depois

-Que foi? Alguma coisa?

-Não, é que… poxa, eu já vou daqui a algumas horas e… foi muito pouco o tempo que ficamos juntos.

-Eu também achei. Mas é isso, moramos longe e...não dá pra se ver todo o dia. Por mais que eu quisesse que fosse assim

-Não quero ficar longe de você. Eu não quero te deixar!

-Eu sei, eu também não, mas não temos escolha. -Eu disse lamentando

Ele ficou um tempo calado, me observando, como se quisesse guardar cada parte de mim em sua memória.

-Denize! -Disse ele de repente, até me assustando

-Fala! Que foi?

-Você quer namorar comigo? -Ele perguntou já se virando para mim, animado e sorrindo

Paralisei.

-Que? -Eu ri

Gente, comassim eu estava sendo pedida em namoro? Gente, não gente! Não é real!

-É sério, Denize!-Ele disse um pouco mais convicto

-Tá falando sério? -Mudei minha expressão facial. Eu ainda estava beeem confusa, estava tudo normal e “pá!”, um pedido desses! -Você tem certeza que quer namorar comigo? Você sabe da distância, não sabe?

-Denize, eu tô falando sério. Não importa mais nada, eu só quero estar com você! Você quer namorar comigo? Se você quiser eu me ajoelho. -Ele agora estava sério, e olhava nos meus olhos, tentando passar serenidade

Na hora eu fiquei totalmente sem reação! Gente, nem passou pela minha cabeça nada daquilo. Um arrepio passou pelo meu corpo, e eu só consegui pensar positivamente.

-Eu…eu quero! Eu quero sim! -Respondi sorrindo, ainda sem acreditar naquilo

Então ele sorriu me beijou. Me beijou de um jeito totalmente diferente. Foi tão forte e marcante, e isso se juntou com o fato de eu ainda estar surpresa, o que me deixou totalmente derretida. Aquilo me relaxou, e eu só desejava não parar! Eu estava sentindo algo que eu sentia antes, dentro do meu coração, só que dessa vez, mais forte, muito mais forte.

Logo depois nos abraçamos e ele sussurrou “Eu te amo” no meu ouvido.

-Eu também. -Respondi

POR NATÁLIA

Eu estava voltando pra casa, logo após ter saído da sorveteria. Eu havia prometido à Yasmin ir na casa dela, para nos despedirmos. Eu sabia que ela iria às duas, então tentei chegar em casa o mais rápido possível, para ver se ainda dava tempo de almoçar.

Denize estava mais sumida que pum no horizonte. Ela realmente parecia ter esquecido das amigas, mas por outro lado, eu entendia completamente; ela só estava matando saudade.

Acontece que, das poucas vezes que nos vimos depois que a própria ficou de boas com Cristian, ela aparentava estar muito feliz, e eu tinha certeza que aquele garoto era o melhor para ela.

 POR DENIZE

Obviamente eu ainda estava super confusa. Cheguei em casa para o almoço e fui tomar um banho. Tranquei a porta do banheiro e me encostei, escorregando devagar até sentar no chão.

Em menos de um mês eu havia vivido coisas que para mim só aconteciam em filmes. Eu conheci Cristian, conheci pessoas incríveis, vivi altas aventuras, me perdi, me achei, me machuquei, me arrependi, me decepcionei, chorei, ri, sofri… e o mais importante, me apaixonei, eu amei! E só foi naquele momento que a ficha caiu.

Fui fazendo um filme das minhas férias na minha cabeça, e percebi que eu não precisei de dinheiro, luxo, acampamento, celular, internet ou crush para me divertir! Eu não precisei de bens materiais; na verdade, eu só precisava mesmo era de energia, de emoção, e do melhor sentimento que pode existir: amor. E tudo isso, Cristian me deu, sem eu nem pedir.

Aos poucos minha cabeça foi juntando as peças… Poxa, Cristian me ajudou, se importou, me encorajou, me ensinou, me mostrou um lado que nem eu conhecia em mim mesma! E é claro que agora eu sabia que algumas coisas acontecem para que, no futuro, tudo possa melhorar. Depois do meu avô, ele era a pessoa mais incrível que eu havia conhecido! E ele era tão incrível, que só precisou de praticamente duas semanas para me mostrar todo um novo mundo!

Fui me situando mais e desejei que meu avô me estivesse comigo naquele momento, para conhecer Cristian! Ele sempre me falou sobre pessoas boas que surgem nas nossas vidas e… ele nem teve tempo de conhecer a que apareceu na minha. Ou talvez, meu avô, lá de cima, tivesse armado tudo isso; é, eu gostei de acreditar nessa possibilidade!

E agora, por último, Cris veio me fazendo soltar todo o sentimento que eu havia prendido dentro de mim. Eu simplesmente era grata a ele por tudo! E foi aí, depois de ter pensado em tudo isso, que eu cheguei a conclusão que eu o amava. Eu amava ele! Eu amava estar com ele, e eu poderia amar qualquer coisa, se ele simplesmente estivesse comigo! Ele foi de sufista chato à salva vidas; de conselheiro à amigo; e de amigo à meu...NAMORADO.

Agora, eu, Denize, tinha um namorado! E não era qualquer um, era o Cristian! O menino que eu amei e não percebi durante as minhas férias. E meu Deus! Eu nem podia acreditar naquilo! Levantei e comecei a pular de alegria, eu não podia me controlar!

Agora eu podia dizer com todas as letras, eu podia soletrar, eu podia dizer em quantas línguas fossem possíveis, eu AMO o Cristian!

(...)

Despedidas são um droga! A minha ficha havia caído há algumas horas e eu simplesmente não tinha tempo para retribuir com puro amor tudo o que Cris fez por mim!

-Não quero que vá embora! -Retruquei, enquanto o pai dele analisava o motor do carro

-Eu também não quero ir -Disse ele entrelaçando os braços atrás da minha cintura, nos aproximando -Mas fica tranquila Denize, eu volto.

-Quando? Eu realmente não quero viver à distância. Eu te quero por perto.

-Eu sei, mas olha, espera só duas semanas.

-Você volta depois disso?

-Volto. E aí a gente pode aproveitar ainda mais.

Respirei fundo

-Tudo bem, Cris. -Concordei dando um sorriso travado

-E também, eu acho que as coisas vão mudar -Disse ele olhando para cima

-Mudar como?

-Não sei, eu só vou esperar.

Ficamos um tempo calados, nos olhando.

-Olha, eu não quero que o que há entre nós esfrie, tá? Me promete? -Perguntou ele

-Prometo -Respondi, antes dele me dar um beijo

De despedida…

Nos afastamos e logo Yasmin me abraçou forte. Nati, Érica e Amanda já haviam se despedido, e eu fiquei por último.

-Ai amadinha… eu juro que volto quando o Cris voltar! Eu não vou ficar sem te ver não, mulher!

-É pra vir mesmo, tá? Vou sentir sua falta! -Eu disse a apertando mais

-Também, amadinha. Também.

Eles foram caminhando até o carro, no qual o pai já estava. Yasmin deu tchau e Cristian jogou um beijo pra mim, no ar.

-Cris, espera! -Disse eu correndo até ele, que me parou e me esperou

-Eu te amo. Eu nunca disse isso, mas eu te amo! Obrigada por tudo! -Disse o abraçando forte

-Eu te amo também. -Ele tirou meus pés do chão

Nos beijamos pela última vez e ele entrou no carro. Fiquei ali, parada, até o veículo desaparecer no horizonte.

Eu só queria que duas semanas passassem como duas horas.

(LEIAM AS NOTAS FINAIS)