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História Até esse verão - Revoltada


Escrita por: EduardaSd

Notas do Autor


Oiii! Mais um capítulo! Espero que gostem e boa leitura!

Capítulo 6 - Revoltada


Acordei sozinha. Sem luz batendo diretamente na minha cara, sem minha mãe gritando, sem despertador. Sentei na cama e percebi que minha amiga não estava no quarto. Imediatamente memórias da noite anterior tomaram minha cabeça, minha mente me obrigava a lembrar...

  **

 Enquanto Cristian me levava para casa, fui pensando no que havia acontecido. Eu só sabia de duas coisas: que eu não tinha juízo, e que iria levar a maior bronca da minha vida. Acho que já estava com medo de chegar em casa, apesar de aliviada ao mesmo tempo.

 Eu estava a ponto de pedir para o sufista, o Cristian, ir menos rápido. Por um lado, eu entendia a pressa dele, mas não precisava. Eu estava internamente envergonhada por ele estar ali, me “salvando”, por ter que me procurar. Eu só queria enfiar minha cabeça num buraco.

 A gente chegou na minha casa, a qual eu tive que explicar a ele onde ficava.

 Eu estava completamente embaraçada, e já tinha me arrependido do que tinha feito. Minha mãe, assim que me viu, correu pra me abraçar, e meu pai também. Ela tateava meu corpo, perguntando se eu estava bem, perguntando o que tinha acontecido, e que independentemente de qualquer coisa, não era pra eu sumir nunca mais; além de me pedir mil desculpas. Mas eu sabia que a culpa tinha sido toda minha.

  Desci do quadriciclo, mas logo fui abraçada por Nati, que depois me deu um tapa, dizendo que ia me matar. Toda a família resolveu dar um abraço coletivo (exceto Érica), além de perguntar onde eu estava e o que tinha acontecido.

-Aí, gente, ela não estava sumida! Estava com o sufista, olha aí! Ainda de biquíni. –Minha querida prima envenenou

 Mas é claro que ela estava tentando polemizar, me fazer levar mais bronca do que eu provavelmente levaria quando entrasse, complicar ainda mais minha situação; sem contar com o “ainda de biquini”, onde ela quis insinuar muita coisa. Acontece que quando ela falou aquilo, todo mundo olhou pra mim.

-Claro que não! Que absurdo! Cristian só me ajudou a chegar aqui.

-É, e fui eu mesma que pedi ajuda a ele –Nati se manifestou

 As outras pessoas entraram pra casa, ficando apenas Nati, meu pai e minha mãe.

-Olha, Cristian –Minha mãe chegou perto dele e pegou sua mão –Muito obrigada por ajudar a Denize, pela segunda vez. Eu nem sei como agradecer!

-Não precisa agradecer! Não foi nada.

-Ah, mas foi! Obrigado, rapaz. –Meu pai agradeceu cumprimentando Cristian com um aperto de mãos.

 Nati me cutucou com o cotovelo, provavelmente querendo insinuar alguma coisa, o que me fez revirar os olhos.

 Meus pais e minha amiga subiram, minha mãe avisou que não era para eu demorar, porque queria conversar comigo.

-Olha, Cristian, me desculpa por tudo isso, tá? E muito obrigada por tudo também. –Eu estava super envergonhada, mas agradecida

-Não tem com o que se desculpar. E não precisa agradecer. Não te atrapalho, você precisa descansar e sua mãe disse que era para subir rápido.

-Provavelmente mais uma bronca para minha coleção. –Eu disse tirando o casaco dele, que, vale ressaltar, era bem cheiroso

-Obrigada pelo casaco –O entreguei –Como posso retribuir tudo o que fez?

-Não há de que. Não sou de cobrar favores, mas você pode retribuir se encontrando comigo amanhã, quero conversar com você. –Ele disse acelerando o quadriciclo

 Eu apenas fiz que sim com a cabeça, logo depois ele foi embora.

 Fiquei bem surpresa quando minha mãe, ao invés de me reclamar, apenas me pediu desculpas. Nós ficamos conversando por longos minutos e só depois eu fui explicar pra família o que havia acontecido.

           **

 Fui a praia por vontade própria. Minha perna já estava praticamente boa, e eu aproveitei pra jogar frescobol com minha tia, como fazíamos antes. Era um dos meus jogos praianos favoritos, e eu era muito boa. Depois Nati entrou no jogo ficamos jogando com três pessoas mesmo, uma passava para a outra. Acho que depois de tudo que aconteceu e da conversa com minha mãe, tudo ficou muito mais leve, e aquilo sim pareciam férias.

 Era minha vez de bater a bola, mas eu acabei perdendo. Olhei para trás, no intuito de ver onde a boa tinha parado. Fui andando até o local. Minha tia gritou alguma coisa, então comecei a andar de costas enquanto tentava entender. Desistindo, voltei a andar normalmente, mas bati de frente com alguém.

-Desculpa –Saiu da minha boca imediatamente, antes mesmo que eu pudesse ver quem era

-Acho que é a palavra que você mais fala pra mim, das poucas que falou. –Ele disse, me fazendo o olhar

-Oi, Cristian –eu disse normal, com um sorrisinho no rosto, forçado pra ser simpática, eu queria ser simpática

-Tudo bem? –Perguntou ele pondo as mãos no bolso da bermuda

-Sim, e com você? –Quis ser educada

-Uhum. Será que dá pra gente conversar agora? Você tá ocupada?

-Dá. Eu só vou avisar a minha mãe.

  Voltei correndo para o local onde estava jogando e avisei pra Tia Aline e Nati que depois eu continuaria, mas que elas não parassem.

-Ô mãe, eu vou ali com o Cristian, okay?

 Vocês devem estar se perguntando: “ela pediu autorização??”. Sim, eu pedi.

-Ali aonde? –A mesma pergunta de sempre

-Sabe que eu também não sei? –Fiz cara de dúvida

-Tá, mas não demora.

  Voltei correndo para onde Cristian me esperava e então fomos.

 No fundo eu estava com medo de ir. Parei pra pensar e... eu estava indo para algum lugar com um garoto que eu nem conhecia, mas que me ajudou em momentos bem tensos. Confiar nas pessoas não é meu forte, mas se ele quisesse me fazer algum mal, ele teria feito na noite anterior, quando eu estava perdida, certo?

-Você se encrencou muito ontem à noite? –Perguntou quebrando aquele clima chato

-Por incrível que pareça, não... minha mãe não surtou

-Você se prejudicou por ter ido pra Vila me procurar? –Me preocupei

-Não, que isso...

 Seguíamos reto, e a praia ficava cada vez mais deserta. Mais distante havia tipo um cais, um píer, algumas pessoas estavam lá, e pareciam tirar fotos. Imaginei que seria ali onde pararíamos. Todo o percurso durou mais ou menos 7 minutos, onde apenas alguns segundos não foram de silencio.

  Chegamos ao píer, onde fomos até o final e sentamos. Eu ainda não estava entendendo nada.

-Tá, o que quer conversar comigo? Vai me contar o que eu tenho que fazer em troca da sua ajuda? –Estava curiosa

-Não é bem uma troca. Não precisa de nada, mas acho que foi o único jeito de te trazer aqui. Bem,Denize, te trouxe aqui porque ninguém atrapalha e é silencioso. Eu quero começar te perguntando porque é tão revoltada por estar passando as férias aqui e porque você foi pra Vila sem saber o caminho de volta.

 Respirei fundo, me lembrando de um monte de coisa.

-Eu queria passar esse resto de féria em casa ou em um acampamento com meus amigos. Mas meus pais me trouxeram a força e parece que tudo que eu faço é errado. Para mim, o dia da água viva tinha sido o limite para meus pais, aí foi que minha mãe não saiu mesmo do meu pé. Ontem, sem querer eu acabei machucando minha irmã, e minha mãe surtou com isso. Ela estava juntando tudo que eu havia feito e me falou um monte de coisa. Juntou esses dois acontecimentos, com umas mensagens que recebi, a falta do meu avô e a culpa; tudo isso me fez ter vontade de sumir, então eu peguei a van de turismo e fui, mas não era intensão sumir. Acontece que eu acabei perdendo o horário e não soube voltar. Pode parecer atitudes imaturas pra você, mas não é tão simples assim.

-Seu avô...

-Morreu.

-Faz muito tempo?

-Dois anos. –Respondi olhando o mar

-E você ainda não superou?

-Não é questão de superar. Desde a morte dele eu não vou à praia, porque as partes mais divertidas das minhas férias eram ter ele comigo e as coisas que a gente fazia. Ele era minha pessoa preferida no mundo, e eu devo muita coisa a ele. Ele sabia me entender.

-Então esse lugar te faz lembrar dele?

-Todo lugar me faz lembrar dele, porque ele acompanhava minha vida. Mas praia é o principal.

-Sinto muito

-Não precisa sentir não... mas acho que já respondi as suas perguntas, não é?

-Agora só realize um pedido meu, se não for pedir demais...

-Pode fazer, mas confesso que estou com medo.

 Ele riu

-Não é nada demais. Eu só quero que você fiquei melhor, tente se divertir e...

-Ah, era isso? –O interrompi –Pode deixar, hoje eu acordei uma pessoa totalmente diferente, tudo parece mais leve.

-Que bom então!

 Ficamos um tempo calados.

-Posso te fazer uma pergunta? –Perguntei o observando

-Claro.

-Porque foi me procurar ontem? Não deveria se importar com uma pessoa que nem conhece.

 Ele pareceu pensar um pouco e só depois se pronunciou

-Bem, podemos dizer que eu não poderia deixar uma menina brava perdida na Vila.

-Ei, eu não sou brava! Não era essa a impressão que eu queria passar...- tarde demais, mas ele me pegou em dias não muito bons

 Ele deu uma risadinha e continuou:

-E sua amiga estava desesperada, imaginei que seus pais também.

-Ah... bem, não era essa má impressão que eu queria passar.  

-Bobagem. –Ele ficou um tempinho calado e depois disse que já poderíamos voltar.

 Eu não queria voltar. Pela primeira vez eu tinha reparado no quanto aquele lugar era bonito, e o quanto eu fui burra de não ter aproveitado antes, mas acabei levantando e voltando com Cristian.

 Por incrível que pareça, eu não o via mais como o menino intrometido que havia invadido minhas férias e me feito levar umas broncas. Ele me pareceu bem mais legal agora.

Ele disse que daria aula dali a alguns minutos e teria que ir; nos despedimos e eu voltei para o quiosque, onde estavam Tia Aline, Nati e minha mãe.

-Onde estavam? –Minha mãe perguntou enquanto eu me sentava

-No cais

-Fazendo? –Tia Aline parecia curiosa

-Conversando

-E precisava ir tão longe?

 Mães.

-Também me perguntei, mas enfim né! Vocês querem jogar? –Perguntei mas imaginei que não, se elas pararam, provavelmente foi porque estavam cansadas

-Ah não, eu já sou velha pra isso. Vai lá com Aline ou Nati.

-Mãe, você sabe que não é...

 Ela só falava isso porque amava que eu a dissesse o contrário, ela tinha 35 anos, era jovem.

-Eu vou. –Minha amiga disse levantando e pegando os equipamentos do jogo, enquanto minha tia se negou

-Tá, você acha que é tão simples assim eu aceitar notícias sem detalhes? Vai, me conta o que vocês conversaram

 Já estávamos distantes quando ela perguntou

-Ah, nada demais. Ele só quis saber porque eu era revoltada –Fiz sinal de aspas para essa última palavra

-Hum. Tá. Vou acreditar em você. –Ela parecia desconfiada

-Ah, nem começa! –Eu disse antes de parar e dar cinco passos para trás, e só aí começamos a jogar


Notas Finais


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Bjos de purpurina!


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