História Até o inferno. - Asylum

Desde que eu me lembro sempre fui uma garota normal,tinha pais normais,vivia numa casa normal,tinha amigos normais,até que em instantes toda a minha vida se transformou num mar de anormalidade,todos os monstros dos meus pesadelos saíram do mundo dos sonhos e vieram atrás de mim na realidade.
      Agora eu não poderia mais gritar para a minha mãe e ela viria me abraçar de disser que tudo ficaria bem,que eu ficaria bem,e pior é que todos simplesmente achavam que eu estava enlouquecendo,que os monstros dos quais eu falava só vivam em minha cabeça,em minha imaginação.
   Até certos momentos eu também comecei a pensar que estava enlouquecendo,que nada daquilo era real,que os remédios me ajudariam a ficar bem,que ele me curariam,mas como curar alguém que não está doente?
    Haviam exatas três semanas que os meu pai haviam me internado no Hospital Psiquiátrico St. Roses,após o incêndio.Desde que eu chegará aqui não havia um dia sequer em que eu não estivesse totalmente dopada,mas ainda assim podia ver as sombras se movendo por cada canto do quarto mal iluminado, era como se de alguma forma elas estivesse me vigiando,podia o frio delas subir por todo o meu corpo esguio e pálido. 
   Naquela manhã havia tido um dos piores pesadelos da minha vida,mas novamente havia sonhado com ele,com aqueles olhos azuis profundo me encarando,as enormes asas queimadas.É com certeza eu estava enlouquecendo,anjos e demônios são apenas historias de ficção da bíblia,inventadas para assustar crianças teimosas.
    Enquanto refletia sobre o meu sonho,duas enfermeiras que mais pareciam as versões femininas do gordo e do magro,adentraram o quarto,uma era baixinha,rechonchuda e tinha bochechas adoravelmente rosadas,enquanto a outra era alta,magra e tinha um olhar um tanto assustador.
- Esta na hora de levantar mocinha. - Falou a baixinha de nome Mary.
- Você precisa tomar seus remédios criança - Disse a mulher alta,chamada de Lou.
     Eu não respondi nada,apenas levantei vestindo um moletom do Mickey surrado que havia ganhando em minha primeira viagem a Disney. Enquanto me vestia podia ver meu reflexo fantasmagórico refletido na janela,a pele pálida que mais parecia um cadáver,as olheiras formando fortes círculos roxos ao redor dos meus olhos,o cabelo que antes tinha vida em seus tons ruivos agora se encontrava em tons opacos,sem cor,sem vida.Incomodada pela minha atual feição apenas escondi-me debaixo do capuz,caminhando acompanhada pela dupla de enfermeiras até a sala de convivência, elas me deram o copinho abarrotado de comprimidos de todas as cores,enquanto tomava o "arco-iris da felicidade" sentei-me a frente da tv,sempre prestar atenção no que passava,pois agora ouvia a sua voz surrando dentro da minha cabeça.
"Dante,eu estou indo te encontrar,você não poderá mais fugir de mim criança" 
      Quando voltei a realidade estava gritando sendo enfiada dentro de uma camisa de força tão branca quantos as nuvens no céu,e levada de volta ao meu quarto.
Será que estou enlouquecendo?! Pensei comigo,o coração palpitava querendo rasgar meu peito,o corpo inteiro tremia passando por longa e intensas ondas de calafrios,apertei os olhos tentando me acalmar porem ao abri-los vi uma figura magra,trajada elegantemente em um terno preto,os cabelos negros bem cortados,seus olhos azuis penetrando minha alma,sua boca se abriu em um sorriso maléfico,e o som de sua voz grave me fez tremer,eu o conhecia,conhecia dos meus sonhos.
- Querida Dante,olhe para você tão frágil,tão indefesa,tão assustada. - Disse mantendo um sorriso assustador em seu rosto.
- Quem é você ? O que faz aqui ? - Sussurrei assustada. 
- Você sabe que eu sou querida. 
- Por favor quem é você ? - Berrei.
- Eu sou o Andrew,o demônio da luxuria.Mas pode me chamar de Andy. - Sorriu - Você sabe o porque que eu estou aqui ?
- Demônio ? - Respondi entredentes,o medo me dominava.
- Sim demônio,podemos pular essa parte ou você quer que eu desenhe ? - Respondeu com hostilidade. 
- Não,não sei porque você esta aqui.Na verdade sei que isso tudo é fruto da minha imaginação,então agora irei fechar os olhos e você ira desaparecer. - Falei apertando os olhos.
- Não vou sumir,e antes de explicar o porque de eu estar perdendo meu tempo com uma mestiça como você, vou soltar você. - Falou tirando-me da camisa de força e me pondo de pé rente ao corpo dele. - Continuando, o meu rei precisa de você,a tola da sua mãe pensou que poderia lhe manter a salvo aqui,porém obviamente ela fracassou e aqui estou eu para leva-la até ele.
- Seu rei ? Minha mãe ? Que mãe ? A minha mãe morreu quando eu tinha 8 anos. E se eu não quiser ir com você ?
- Sim meu rei,seu pai. Aquela humana não era sua mãe bobinha. - Respondeu debochando. - Você não tem escolha. - Seus olhos foram completamente tomados por um escuridão,ficando totalmente pretos,meu corpo gelou inteiramente,não respondi mais nada apenas o segui saindo do comodo.
   Enquanto atravessávamos todo o hospital parecíamos estar invisíveis,pois ninguém nos via,exceto a enfermeira magrela que imediatamente se transformou em uma especie de gárgula voando abruptamente em nossa direção mas antes que ela chegasse até nos Andy ergue uma das mão e ela entrou em combustão espontânea.
- O que diabos era aquilo? - Berrei para ele,mas não obtive resposta alguma,Andrew apenas se manteve caminhando a minha frente até chegamos no estacionamento onde um carro preto,estilo esportivo estava estacionado. - Não sabia que demônios dirigiam.
- O que você esperava, o Pesadelo Voador¹ ? - Sorriu sarcasticamente. 
Eu não respondi,apenas entrei me sentando no banco do carano.
- O cinto de segurança por favor. - Disse ele em tom serio.
- Está falando serio ? - Perguntei rindo.
- Sim estou falando serio. - Respondeu,e eu coloquei o cinto.
     Eles seguiu dirigindo até a rota 66,o caminho era cercado por uma densa floresta e nos mantemos em silencio,já estava anoitecendo quando paramos enfrente a um imóvel velho,o letreiro mal iluminado indicava que era um pousada,as paredes rosas descascadas davam um aspecto assustador. 
   Andrew desceu arrodeando e abrindo a porta para mim e me arrastando até a recepção na qual se encontrava um velha de aparência macabra com um olho de vidro,ele pediu um suite pegou a chave e subimos até o quarto.
 Não demos uma palavra e eu apenas me deitei na cama com lençois cor de carne,entrando em um sono profundo. 
 

¹ - Pesadelo Voador,cavalo usado pelo Vingador na animação Carverna do Dragão de 1985.