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História Até que as luas se unam novamente - Capítulo Único


Escrita por: hyein

Notas do Autor


Ainda não sei como viver depois de terminar Moon Lovers. Terei que morrer também com todo o mundo ou apenas ser feliz no meu canto e escolher outro dorama? Sei lá.

Thank You à Lullaby por esta coisa linda estar betada <3

Capítulo 1 - Capítulo Único


Hae Jin acordou pela quarta vez naquela madrugada. Tinha a cara ensopada com as suas lágrimas e o peito doía-lhe tanto que não sabia se estava realmente a ter um ataque cardíaco. Levantou-se sobressaltada e caminhou até à janela do seu quarto. Abriu-a e inspirou fundo o ar fresco da noite. A sua respiração ia-se acalmando lentamente, até conseguir respirar sem os pulmões lhe arderem. Odiava pesadelos e principalmente aquele que lhe atormentava a cabeça fazia quase um mês. Não se lembrava já como era viver sem ter de acordar durante a noite com o peso do mundo no coração e o cheiro a sangue entranhado nas narinas.

Tinha visitado dezenas de médicos e era sempre a mesma resposta: Não há nada de errado fisicamente. E agora eram as visitas a um psicólogo que não lhe dizia mais que três palavras e com quem não conseguia ter a mínima confiança para lhe contar sobre aqueles olhos castanhos. A última parte do sonho antes de acordar. Olhos de um homem, conseguia ela perceber, cheios de nuvens negras, remorsos e uma dor infinita que lhe rasgava o coração. Mas ele chamava-a de Hae Soo. O nome dela não era Hae Soo, e ela não conhecia ninguém com esse nome. 

Fechou a janela já mais calma e voltou a enfiar-se na cama, tapando a cabeça com o edredom fofinho que a mãe lhe tinha comprado depois da volta do hospital. Fazia um mês e dois dias desde que tinha acordado do seu coma. Um ano, disseram eles. Tinha ficado um ano a dormir, presa num limbo entre a morte a vida e sem quaisquer esperanças de voltar. Mas a mãe tinha dito para não desligarem as máquinas, e o pai tinha feito o que ela pedira por uma vez na vida. 

Adormeceu. 

 

***

 –  Achas que é boa ideia ires trabalhar?  – Perguntou-lhe a colega de casa, pousando os hashi sobre o prato com restos de peixe frito. – Eu posso ficar com o teu turno nestas próximas semanas. Estiveste tanto tempo a... 

 – Dormir.  – Sorriu.  – Eu estou bem, acredita em mim. Aliás, nem é preciso muita coisa, certo? É ficar em pé a vender produtos durante a exposição. – Pousou a sua taça de arroz praticamente vazia. 

 – Mesmo assim. Se te sentires cansada avisa-me e volta para casa. 

Chae-Ryun levantou-se primeiro da mesa da cozinha e recolheu os pratos sujos, enfiando-os no lava-louça. Quando voltassem do trabalho tinham tempo suficiente para lavar as coisas. Arrumou o resto do arroz e kimchi na geladeira, assim como outras coisas que estavam fora do sitio. Hae Jin fez a sua parte colocando os bancos debaixo da mesa, tirando a toalha e sacudindo-a para o exterior. Alguém reclamou, mas ela não quis saber. 

 – Está tudo pronto. Vamos então!  – Abriu a porta. 

 – Hae Jin...

 – Eu estou ótima já disse que posso ir trabalhar!

 – Não é isso. É que estás a entrar no armário e não a sair do apartamento.  –  Não sabia se devia rir ou ficar preocupada. Talvez os dois fosse uma boa combinação, suficientemente preocupada pela colega e alegre para que Jin se sentisse mais confortável com a situação. Abraçou-a e sorriu confiante, voltaram-se juntas para a porta – Anda, vamos! Antes que alguém resmungue. 

 

Uma coisa era certa. Os tempos antigos fascinavam as pessoas. Hae Jin não era uma mulher de museus, não era alguém que gostasse particularmente de estudar muito, então nunca tinha achado interesse algum visitar um edifício que guardasse os segredos do passado. Porém hoje sentia-se diferente, com a necessidade de visitar o museu e dar uma vista de olhos nessas tais relíquias que escondiam um grande passado e a história de alguém que agora era pó. 

Por ora ia apenas dedicar-se ao seu trabalho. Sorrir para possíveis clientes que observavam entusiasmados a nova coleção de maquilhagem inspirada em Goryeo. O leve e doce cheiro a rosas tinha uma sensação familiar, como se algum dia na vida tivesse cheirado aquela fragrância e até usado. Torceu o nariz, tentando lembrar-se onde e como tinha metido à mão algo assim tão caro. Talvez de uma amostra qualquer que recebiam no Natal como presente. Não, não era disso. A colecção era demasiado recente para a terem recebido no Natal. Especialmente tendo estado a dormir durante um ano inteiro. Fora a sua mãe que o usara quando a foi visitar no hospital? Era uma hipótese. 

E do nada lembrou-se novamente daquela pessoa do seu sonho. Aquele homem com uma cicatriz que lhe desfigurava o rosto. Aqueles olhos castanhos cheios de uma vida problemática e sem sorte. 

- Não consigo parar de pensar nele. - Suspirou profundamente. Uma outra sua colega de trabalho olhou-a confusa. - Este ultimo mês tem sido complicado. Não paro de sonhar com um homem com uma grande cicatriz na cara e que usa uma máscara a tapar-lhe o olho. A roupa dele parece antiga e tudo. 

- Isso é porque voltaste da morte. - Disse ela calmamente ajeitando uns itens na mesa. - Quase que te afogaste, depois desmaiaste e só acordaste um ano depois. 

- Mas estou completamente bem agora. - Sorriu.

Suspirou profundamente olhando para nenhum ponto em especifico. Hae Jin gostaria de saber o porquê de sempre que sonha com o homem da cicatriz acabar por acordar a chorar. A sua atenção foi movida rapidamente para a explicação de um homem. Voltou-se na direcção do grupo de estudantes que ouvia atentamente a lição do seu professor. Os seus olhos seguiam a mão dele até à cara. Era um rosto familiar, mas onde o teria ela conhecido?

- Poderiam ir até ao mercado de Byukrando para comprar especiarias, óleos e afins vindos da Bulgária. - O homem olhou para cada um dos seus alunos, tentando perceber se todos estavam, ou não, a prestar atenção. Satisfeito com o que via retornou o seu discurso. - Principalmente rosas da Bulgária. É fantástico como eles eram capazes de criar maquilhagem a partir de uma flor, naquela altura.

Chae-Ryun apareceu para a tirar do transe. Perguntou se estava tudo bem. Hae Jin abanou a cabeça confirmando e depois seguiu a amiga em busca de novos cartazes para pendurar. 

Voltou para a mesa de entrada com um cartaz do sérum pequeno. Estava a ajeitá-lo em cima da mesa quando uma sombra lhe tapou a luz natural. Voltou-se, confusa, para o lado direito, sendo surpreendida pelo professor de momentos atrás. 

- Boa-tarde, senhor. - Acrescentou uma respeitosa vénia para com o possível cliente e um sorriso também. 

O homem ficou imenso tempo a observá-la em silêncio. Não de uma forma pervertida, mas mesmo assim ela não conseguia esconder o desconforto que o olhar severo dele lhe entregava. Tentou sorrir, mas sem sucesso. Era muito estranha aquela sensação, como se ele estivesse à espera que algo acontecesse ali, naquele momento. Exactamente como ela estava à espera que algo acontecesse também que ela se... se lembrasse?

- O seu ultimo nome é Go? - Inquiriu ele, finalmente quebrando o silêncio. Hae Jin perguntou-se primeiro como é que ele sabia o seu ultimo nome e depois lembrou-se que estava na farda. 

- Sim, sim. O meu nome é Go Hae Jin. - Sorriu. 

- Sabia que. - Sorriu antes de continuar. - Que na era Goryeo, Go era Hae?

- Oh, é mesmo? - Começava a sentir-se muito, mas mesmo muito, desconfortável ali. - Que engraçado! Acontece que estamos a vender maquilhagem e produtos de beleza inspirados nos tratamentos da época! - Tentou desviar o assunto o melhor que conseguia, mesmo que não tivesse realmente desviado nada. - Não é uma coincidência engraçada? - Sorriu. 

- Não existe tal coisa como coincidência. - Respondeu. - As coisas apenas voltam ao seu lugar original. 

- O quê?

- Cheira imenso a rosas aqui. - O homem voltou-se para a bancada cheia de produtos. 

- Ah! É porque os nossos produtos têm muitos óleos essenciais de rosas. Como o nosso sérum aqui. - Pegou num frasco pequenino. - É feito com óleo de rosas da Bulgária e extracto de... - Parou sentindo-se do nada puxada para dentro de um sonho. Uma voz muito familiar, mas de alguém que nunca tinha visto, ecoou-lhe na cabeça. "Rosa da Bulgária? Não usaste o meu presente nisto, pois não!?". O chão tremeu-lhe de baixo dos pés enquanto que a cabeça lhe começava a realmente doer. 

- Está tudo bem? - Perguntou-lhe o estranho homem. Não parecia realmente preocupado, mas poderia ser só da imaginação dela. 

Hae Jin fixava os seus olhos no chão em busca de uma ajuda interna. Queria calar as vozes, os gritos e o cheiro a sangue que crescia no seu âmago. 

- Huh? Oh... não é nada, não é nada. - Abanou a cabeça. - Este serum é apenas eficiente se o usar todos os dias... Oh! Sabia que. - Agarrou noutro frasco. - Que existia BB Cream durante a era de Goryeo? Homens usam agora com frequência este tipo de... - Novos flashbacks, mas agora do homem da cicatriz e as suas mãos a mexerem-lhe rosto, na cicatriz, a taparem-lhe com mestria as fendas que lhe arruinavam o rosto. "Eu nunca te deixarei", ecoava na sua cabeça, era outra voz familiar de um rosto que lhe assombrava o sono. Hae Jin cambaleou para trás, deixando os produtos escorrerem-lhe pelos dedos. O homem foi rápido a apertar-lhe os pulsos, não a deixando cair no chão. 

- HAE JIN! - Gritou a colega vindo ao seu socorro. - Por favor vai agora para casa. - Insistiu. - Eu continuo sozinha por agora. – Suplicou, levando-a em direcção dos balneários. - Peço desculpa, mas vou só ajudar a minha colega e já volto para vos atender. - Fez sinal a um dos seguranças para que tomassem conta do balcão enquanto levava a amiga a mudar de roupa. 

 

A caminho do exterior do museu, Hae Jin foi chamada por uma placa atrativa, "Raras pinturas do dia-a-dia na Era Goryeo". Não perdeu tempo a correr para o segundo andar do museu em busca da nova exposição. E foi como se os quadros falassem com ela. Um vermelho cheio de soldados e guerreiros ensanguentados. As lágrimas rolavam-lhe face abaixo enquanto se aproximava do papiro. Engoliu em seco, tentando desfazer o nó que se tinha criado na garganta. Em choque continuou a caminhar pela galeria enquanto era assombrada pelas vozes das pessoas ali representadas, pelas histórias que ela conhecia melhor que ninguém. Todos os momentos bons e maus que ela tinha presenciado ao vivo, as mãos que ela apertou, beijou e as pessoas que acarinhou no seu leito. E os homens que amou, até a lua cair e o sol deixar de brilhar nos seus olhos. Hae Jin lembrava-se de tudo, de um passado mais velho que a idade que ela tinha agora. Hae Jin lembrava-se de uma vida passada onde viu sofrimento atrás de sofrimento e onde conheceu o homem da sua vida. 

Foi naquele papiro creme, com desenhos a preto, que encontrou o homem dos olhos castanhos. O mesmo olhar que ela conhecia desde sempre. E o rosto dele apareceu-lhe como que por magia na frente dos olhos. Uma miragem real do seu eterno amor. Wang So morreu com cinquenta anos. Solitário e sem nenhum irmão para o apoiar. Wang So foi um rei justo para com os seus subordinados e povo, e um rei temido para quem tentasse ameaçar o seu poder. O rei que emancipou os escravos de guerra. Mas os livros conhecem-no como Gwangjong e não Wang So. 

- Não foi um sonho. - Respirar tinha-se tornado difícil. Batia com o punho cerrado no peito, tentando voltar a ganhar os sentidos. Chorava estóica em frente do rei. De uma pintura onde Gwangjong estava sozinho frente ao seu palácio. Não tinha irmãos ao lado, mulher e ou filhos. Apenas ele e um vazio sufocante. - Desculpa-me. - Limpou as lágrimas com a palma da mão, mas mais continuavam a cair. - Perdoa-me, So. Perdoa-me por ter-te deixado sozinho. 

Caiu por terra, arrastando consigo a avalanche de sentimentos que lhe possuía o corpo frágil. Gritou e continuou a gritar desculpa numa galeria vazia. Onde as multidões não ousavam entrar para que ela pudesse sofrer em paz o tempo que necessitasse. Hae Jin não sabe porque é que nenhum segurança a tirou dali, ou porque é que nenhum cliente reclamou de não poder entrar. Mas também nunca quis perguntar. Durante as duas horas que ficou caída no chão de um museu, esvaziando o seu coração magoado.

Hae Jin só tinha uma pergunta: Teria Wang So, ao contrário do que os livros diziam, vivido uma vida feliz? Teria ele encontrado um novo prazer na vida e vivido o melhor que pôde sem se sentir culpado por ela ter falecido? Ela esperava, ou melhor, desejava que sim. 

 

***

 

Era uma noite especial. Pelo menos segundo os jornais. Hoje haveria um alinhamento entre o sol e a lua. Um eclipse em que a lua ficaria vermelha como o sangue e onde desejos poderiam ser pedidos. O grupo de amigas de Hae Jin tinha decidido sair nessa noite para a praia. Como ainda era o inicio do Outono não estava assim tanto frio e era uma boa desculpa para fugir de Seul e lançar alguns fogos com outras pessoas. 

- Vais perder-te se continuares a andar assim tão devagar! - Reclamou Woo-Hee de mãos dadas com Chae-Ryung. As duas corriam alegremente, como se todas tivessem novamente dezasseis anos. - Vamos anda, Hae Jin-nah! - Gritou. 

Apesar de ter ido com elas, Hae sentia-se tudo menos pronta para sair de casa. Depois da crise no museu tinha-se despedido e ficara sem sair de casa durante um mês. No segundo mês tinha apenas saído para fazer as suas consultas de rotina. Toda a boa disposição parecia ter morrido fazia imenso tempo e mesmo tentando para voltar ao seu antigo eu, existia imensa coisa pendente. 

Chamam-lhe a luz de quem morreu. Segundo as suas pesquisas numa biblioteca, existiam estudos que falavam na vida pós morte. Em que uma alma se relembra da sua vida passada e a usa para reencarnar e tentar tornar-se melhor. Quando uma pessoa passa por uma experiência de quase morte há uma grande probabilidade de desbloquear essas memórias e é por isso que ela se lembrava da vida como Hae Soo. Mas isso não explicava como é que Hae Soo conhecia o futuro... 

- Peço desculpa. - Murmurou depois de embater em alguém. Mas com o barulho teve que ser mais educada e voltar-se para voltar a desculpar-se. Estacou chocada enquanto observava o rosto de Wang So. Mas não era Wang So. Os seus olhos pareciam menos angustiados. Não eram aqueles olhos castanhos familiares. 

- Hae Soo? - Ela tinha ouvido bem? - Peço desculpa. - Sorriu. - É que é muito parecida com alguém que eu em tempos conheci. - Era aquele infortúnio do sorriso que os olhos não tinham. Era ele, mas não era ele. Como ela era e não era Hae Soo. 

- O meu nome é Hae Jin. - Estendeu-lhe a mão. - É quase parecido. 

- Wang Ji, o meu nome é Wang Ji. - Sorriu envergonhado. 

- É um prazer reencontrar-te. 


Notas Finais


E fim. Gostaram?
Perceberam que Hae Soo tinha um "o" a mais que Wang So e então no futuro ela é Hae Jin e ele Wang Ji? 8D
Ain't funny? ~


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