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História Atlantis - Quando você o ama.


Escrita por: bunnykook

Notas do Autor


ME PERDOEM PELA DEMORA, EU JURO QUE TENTEI FAZER ESSE CAPÍTULO O MAIS RÁPIDO POSSÍVEL, MAS MINHA SEMANA FOI CORRIDA E QUANDO EU TINHA TEMPO SÓ QUERIA DORMIR E LER AUASFHUFHA eu culpo as fanfics lawlight

Enfim, finalmente estou postando a segunda parte de Atlantis, e eu devo dizer que essa 2shot foi uma das coisas mais gratificantes que eu já fiz na minha vida, eu ri e chorei muito escrevendo ela, principalmente essa segunda parte, e eu espero mesmo
MESMO
MESMO MESMO
de coração
que vocês a amem tanto quanto eu a amo

Enfim, é isso, o review de vocês é MUITO importante, então me deixem saber se gostaram, sim?

<3

ps: me desculpem por ter ficado tão grande ;(

Capítulo 2 - Quando você o ama.


Fanfic / Fanfiction Atlantis - Quando você o ama.

 

Como numa daquelas cenas de filmes que sempre via na casa de sua vovó, Light observava Jeongguk com a cabeça encostada no vidro do táxi enquanto a chuva caía do lado de fora. Jeongsan parecia estranhamente quieto em seu colo, deixando a chupeta de lado para babar na blusa de manga cumprida que Jeongguk usava. Light franziu o cenho, não entendia porque o irmão tinha aquela mania, e entendia menos ainda porque seu papai não se importava de ser babado daquela forma.

Suspirou, uma de suas mãos lentamente fazendo um caminho até a de Jeongguk e a segurando de maneira firme. Aquilo fez com que o mais velho automaticamente virasse o olhar para si, e Light sentiu as bochechas esquentarem, mas sustentou o olhar, soltando um sorriso fraco. Jeongguk sorriu de volta, e Light percebeu que adorava os dentes de coelho de seu papai.

Quando chegaram em casa, Jeongguk logo foi trocar a roupa do bebê, e Light se dirigiu ao próprio quarto. Gostava quando Jeongguk trocava sua roupa também e o ajudava a escolher um pijama, mas aquela noite estava disposto a ser um homenzinho. Ou pelo menos era assim que queria se sentir. Sabia que havia desrespeitado o appa, e que crianças não deviam gritar com adultos ou dizer coisas feias. Mas, droga, seu coraçãozinho doía tanto, só queria uma forma de colocar aquilo pra fora. Sentou-se na beirada da cama, usando apenas uma cuequinha, e deixando os pés balançarem sobre o chão. Olhou para o lado, vendo um desenho de Atlantis colado em sua parede, e sentiu os olhos arderem com lágrimas. Sua coisa preferida em Atlantis, sua marca de guerra favorita no monstrinho... O chifre quebrado. Light adorava a o chifre que Jimin havia improvisado para si, fazia-o se sentir conectado com seu melhor amigo, mas agora... Agora já não tinha mais nada.

— Sinto muito, Tis. — Murmurou, puxando o desenho e o apertando contra o peito. — Sinto tanto.

Chorava baixinho consigo mesmo. Normalmente já teria corrido para Jeongguk, mas queria um momento sozinho. Era grato pela preocupação do mais velho, e adorava ser mimado sempre que podia, mas às vezes precisava de um tempo. Light nunca se sentiu muito parecido com as outras crianças, e Hyuk, seu melhor amigo, sempre dizia que eram a melhor dupla por causa disso. Porque viam coisas que as outras crianças não conseguiam ver. Passavam horas correndo em volta do quintal, fingindo lutar contra monstros, ou estar em um navio pirata sendo atacado pelo Kraken. Eles queriam explorar as galáxias, ir em busca de vidas em outros planetas, e Light planejava ser o protetor de Marte algum dia.

Mas tudo aquilo parecia tão bobo agora.

Se lembrou das palavras de Jaehyun mais cedo naquele dia. Os monstros deveriam mesmo ser maus? Será que de tanto desenhar monstros, um deles havia escapado e agora estava mexendo com a cabeça de seu appa? Arregalou os olhos, encarando o desenho de Atlantis em suas mãos.

Não seria possível, certo? Seus monstros eram todos desenhados de maneira impecável, com vidas perfeitamente traçadas, e em paz com toda a humanidade. É claro que brigavam e ficavam bravos em alguns momentos, mas Jeongguk havia lhe dito que é normal ficar bravo de vez em quando, e que Light não deveria se sentir mal por aquilo. Todo mundo fica meio bravo às vezes.

Mas Light se lembrava da última vez que havia se sentido tão bravo, e não gostava nem um pouco daquilo.

Era uma bagunça de soluços agora, e quando ouviu a porta do quarto ser aberta não teve tempo de disfarçar o rostinho molhado e vemelho, então apenas encarou Jeongguk e Jeongsan com olhos confusos e assustados.

— Ahh Ahh — Jeongsan murmurava, se inclinando para o lado de Light e levantando as mãozinhas em sua direção. Light acabou rindo em meio as lágrimas, não conseguia segurar o bebê direito, Jeongsan era gordinho demais e Light era muito pequeno, mas ainda assim deixava San sentar e deitar seu colo.

Jeongguk riu também, se sentando ao lado do filho na cama, e deixando que Jeongsan deitasse a cabeça no colo do irmão, brincando com o próprio pézinho enquanto colocava a linguinha para fora da boca, como se tivesse concentrado.

— Por que está sentado aqui só de cueca e chorando? — O mais velho perguntou, tentando ser engraçado e arrancar mais sorrisos do filho. O pequeno deu de ombros.

— Estou triste. E bravo. — Falou. — Mas não sei se deveria estar bravo. Ou triste. É estranho, papai. — Suspirou, cutucando a bochecha de Jeongsan.

— Amor, você tem todo o direito de se sentir triste e bravo. — Jeongguk sorriu de canto, fazendo um cafuné nos cabelos do filho mais velho. — Você pode chorar também, se quiser, ajuda a tristeza ir embora. — Falou, levando uma das mãos até o lado esquerdo do peito de Light e esfregando levemenet. — Eu estou triste e bravo também, sabe? Eu queria fazer essa viagem tanto quanto você. Você provavelmente não entende agora, é muito pequenininho pra entender, mas Busan significa muito pra mim também, e não é só porque eu e o appa nascemos lá, mas aconteceram tantas coisas. Aconteceu você. — O mais velho riu.

— Aconteceu o San. — Light murmurou baixinho. — Sinto falta dele.

Olharam para Jeongsan ao mesmo tempo, sabendo que Light não se referia ao pequeno. Jeongguk suspirou, assentindo e encostando a cabeça na do filho.

— Eu sei, eu também.

Ficaram algum tempo naquela posição, até Jeongsan chamar a atenção dos dois com um espirro, fazendo Jeongguk e Light caírem na gargalhada.

— Quer dormir na cama do papai?

A criança assentiu, deixando que Jeongguk o vestisse com seu pijama de pirata e foram para o quarto do mais velho. Os pequenos não demoraram a dormir, Jeongsan segurando na blusinha de Light, e o maior com um dos braços ao redor do irmão protetivamente.  

Jeongguk suspirou, olhando no relógio, e então para a chuva lá fora. Colocou alguns travesseiros e almofadas ao redor dos filhos e desceu as escadas, sentando-se no sofá enquanto esperava a porta da frente ser aberta.

Já era onze horas da noite quando Jimin chegou em casa, e se surpreendeu ao ver o marido lhe esperando. Engoliu a seco. Uma parte sua queria muito só deitar com Jeongguk no sofá e cheirar seus cabelos, dizer o quanto o amava, e que conversassem a noite inteira sobre coisas que não faziam sentido nenhum, como outros possíveis universos, e se tiveram a sorte de se encontrarem neles também.

Mas outra parte sua queria que Jeongguk gritasse consigo, como antigamente. Sentia que mereceria aquilo.

— Você sabe que a trégua acabou, não é? — O Jeon murmurou.

— Será que a gente não pode estender ela só mais um pouquinho? — O mais velho soltou um sorriso sem graça, mas abaixou a cabeça assim que ouviu um suspiro vindo do marido.

— Jimin, o que você está fazendo? — A voz de Jeongguk parecia cansada, e naquele momento Jimin se perguntou o mesmo.

— Eu sempre vou ficar do seu lado. Sempre. — O mais novo continuou. — Eu estou do seu lado desde a primeira vez que eu te vi, Jimin. Eu sempre tive a certeza que te amava e que faria qualquer coisa por você. Eu fiquei do seu lado quando você foi contra seus pais sobre a faculdade. E eu fiquei do seu lado até mesmo quando você teve a ideia ridícula de vandalizar o carro do seu ex chefe porque ele não quis deixar você comer os frangos que sobraram no seu antigo trabalho. Eu fiquei do seu lado quando você quis sair de Busan. E eu fiquei do seu lado quando você começou a empresa. Jimin, eu iria até o inferno por você, eu juro que sim. Mas você tem tornado as coisas difíceis ultimamente. — Engoliu a seco. — Como eu posso ficar do seu lado se você não está do meu, amor? Quando casamos eu jurei que te apoiaria em tudo. Você se lembra do que combinamos na noite antes do nosso casamento?

Jimin não hesitou em assentir, e falou em voz baixa:

— Você é o coração, e eu sou a alma. O coração sem alma é vazio, e a alma sem coração é descartável.

Jeongguk sorriu cansado.

— E funcionou por um bom tempo, né? Ainda funciona. Só que agora a gente tem mais dois projetinhos de ser humano. O coração ainda fica vazio sem a alma, mas ele precisa continuar bombeando sangue pros dois pulmões. — Um soluço subiu em sua garganta enquanto se referia aos filhos. — E, Jimin, eu não posso fazer isso sozinho. Já tem sido dessa forma há quase dois meses, e eu juro que estou tentando não ficar bravo com você, porque eu sei que é o seu trabalho, e eu sei que às vezes exige muito de você, e é normal. Mas eu não consigo... — Nesse momentos as lágrimas já corriam soltas pelo rosto de Jeongguk, e Jimin só conseguia assistir de longe, sem coragem para se aproximar. Não sabia se devia. Ou se merecia.

— Me desculpa, Gukkie. — O Park murmurou, tomando passos lentos em direção ao marido, e quando viu que Jeongguk não levantaria muros entre os dois naquele instante, se lançou contra o mais novo, de maneira tão intensa que os dois caíram no sofá. — Tudo bem ficar bravo comigo, eu entendo, eu mereço. — Murmurou contra os cabelos do Jeon. — Mas, por favor, por favor, aguenta mais um pouco. Eu sei que isso é estúpido de te pedir, mas por favor...

Jeongguk nada respondeu, ao invés disso apenas apertou as mãos na parte de trás da camisa de Jimin, o abraçando mais contra si. Sentia tanta falta do cheiro do marido, e do calor que Jimin emanava. Jeongguk adorava ser esquentado apenas pelo corpo do Park.

Ficaram naquela posição por algum tempo, Jimin depositando beijos pelo cabelo e a lateral do rosto do Jeon, enquanto o mais novo fechava os lábios em seu pescoço e maxilar. Até serem tirado daquele momento pelo choro de Jeongsan que vinha do andar de cima.

Jeongguk suspirou, empurrando Jimin de cima de si, e se levantando.

— Os garotos estão dormindo na cama comigo. Acho melhor você ficar no sofá. — Murmurou, subindo as escadas.

— Jeongguk, me desculpa, eu só—

— Eu não quero desculpas, Park Jimin! — O mais novo finalmente gritou, fazendo o mais velho arregalar os olhos com a explosão repentina. Antigamente era normal para o Jeon gritar e espernear toda vez que brigavam, mas depois do nascimento do Light o mais novo havia se acalmado bastante, e tentava ver as coisas com outros olhos. Mas o olhar de Jeongguk naquele momento se parecia muito com o olhar do garoto que Jimin havia conhecido em Busan anos atrás, aquele garoto rebelde e irritado com tudo. — Eu não quero as merdas das suas desculpas. Eu já sou adulto, eu consigo lidar com meu coração se quebrando um pouquinho mais a cada noite. Mas tem outros dois lá em cima que eu não vou permitir ver sendo quebrados também, entendeu?! Arruma essa merda ou eu arrumo pra você.

Enquanto via Jeongguk sumir para o andar de cima, Jimin continuou encarando o lugar que o marido estava há poucos segundos. Passou a mão pelo rosto, dando dois tapinhas na própria bochecha, as palavras de Jeongguk ainda se repetindo em sua mente. Estava tão imerso em pensamentos que mal notou as horas se passando, e quando olhou o relógio ao lado da televisão viu que já era meia noite e meia, e assim que seus olhos focaram no desenho jogado ali na estante, algo em sua cabeça clicou.

''Jimin, o que você está fazendo?''

Não tinha resposta para aquela pergunta, então pegou o celular e começou a digitar algo.

 

 

Na manhã seguinte quando Jeongsan abriu os olhinhos, olhou em volta por algum tempo, no seu lado esquerdo estava aquele garoto maluco que enfiava desenhos estranhos em sua cara o tempo todo e falava sem parar, e em seu lado direito havia o cara que lhe dava leite, comidinhas, e limpava seu bumbum. Faltava alguém...

Ah, ali estava ele, o outro carinha que lhe rodopiava no ar e enchia sua barriguinha de mordida e fazia barulhinhos de pum. Franziu o cenho por um tempo, mas logo soltou uma risada gostosa quando foi pego no colo por ele.

Jimin sorriu, vendo o filho mais velho e Jeongguk ainda adormecidos na cama. Apertou Jeongsan contra seu rosto, sua bochecha estremida na do bebê, que sorria e agarrava seus cabelos.

— Bom dia, coalinha. — Falou rindo baixinho. — É muito cedo pra você estar acordado, não acha?

O bebê apenas o encarava com um sorriso banguelo no rosto, ainda que seus olhos parecessem pesados. Deu de ombros, já estava arrumado para o trabalho, de qualquer forma, não faria mal perder alguns minutos colocando Jeongsan para dormir novamente. Sentou-se na cama, as costas encostada na cabeceira e as pernas cruzadas. Deitou o bebê em seu peito, e o pequeno logo se aconchegou. Jimin encaixou a chupeta em sua boca novamente,  e San não demorou a começar a sugá-la, enquanto os olhinhos lutavam para continuar abertos.

— When the evening shadows and the stars appear (Quando as sombras da noite e as estrelas aparecerem)

And there is no one there to dry your tears (E não houver ninguém lá para secar suas lágrimas)

I could hold you for a million years (Eu poderia te segurar por um milhão de anos)

To make you feel my love (Para fazer você sentir o meu amor)

Jimin cantava baixinho e com a voz rouca, esperando que a melodia fosse o bastante para ajudar Jeongsan a relaxar. Sua mão esfregava as costas do bebê de maneira leve, e a outra fazia um carinho em seus cabelos escuros. Olhou para baixo, vendo os olhos de Jeongsan fechados e sua respiração pesada. Sorriu consigo mesmo, enfiando seu dedão entre os dedinhos fechados em punho de Jeongsan, como quando o pequeno era apenas um recém nascido.

Sentiu algo encostar em sua perna, e quando olhou para o lado viu que Light havia rolado para perto de si. A criança ainda estava adormecida, mas seu braço agora estava jogado por cima da cintura de Jimin num abraço. Sorriu, levando uma das mãos até o rosto do filho mais velho e fazendo um carinho ali.

Jimin tinha um compromisso com sua empresa, mas seu trabalho preferido era ser o melhor appa do mundo.

E doía não ter mais esse título.

Quando olhou para o marido, viu que os olhos de Jeongguk estavam abertos e o observavam, então engoliu a seco, sem saber exatamente o que dizer. Ou se deveria dizer algo. Olhou para o relógio em seu pulso. Precisava ir. Deitou Jeongsan confortavelmente na cama e removeu o braço de Light de cima de si, dando a volta na cama e depositando um beijo na testa de Jeongguk, que continuou sem dizer nada, mas antes que pudesse sair do quarto, Jeongguk segurou em sua mão, mas logo a soltou, e puxou o edredom para cima de seu corpo.

Quando Jimin saiu do quarto, viu que o marido havia colocado uma papel em sua mão, e dentro havia escrito:

Eu te amo, mas estou bravo demais para dizer em voz alta.

Jimin dirigiu até a empresa com um meio sorriso no rosto, se perguntando que horas Jeongguk havia escrito aquilo e quando pretendia lhe entregar.

 

 

Light acordou com o humor ligeiramente melhor do que quando havia ido dormir na noite passada. Hyuk viria para passar o dia consigo, e Light tinha até medo de Atlantis sentir ciúmes, mas Hyuk sempre o deixava feliz. Então antes do amigo chegar, fez um rabisco rápido em seu caderno, deixando Atlantis na companhia de Cometa Junior por algumas horas, um dos amigos mais próximos do monstrinho. Assentiu consigo mesmo. Ótimo, estava tudo bem, Atlantis não ficaria sozinho.

Assim que Hyuk entrou pela porta, deu uma abraço rápido nas pernas de Jeongguk e correu para dentro da casa a procura de Light.

— POW! — Light gritou de repente, de seu esconderijo atrás do sofá, atirando com a NERF contra o amigo, e o acertando no peito. — Boo! Você é horrível, Hyu!

— Aish... Light! — O garoto reclamou, tirando a ‘’bala’’ de seu peito, e logo começando toda uma encenação de cair de joelhos. — Justiça para os unicórnios... — Usou como suas últimas palavras, antes de deitar de vez no chão.

Light soltou uma risada gostosa, correndo até o amigo e se abaixando ao seu lado para cutucá-lo.

— Hyu... — Chamou com um sorriso.

— Ah! — O garoto mais velho gritou, segurando o dedo de Light pronto para mordê-lo. — Eu sou um zumbi!

Mas antes que pudesse atacar o mais novo, sentiu algo em sua testa, e quando olhou para cima viu Jeongguk com uma NERF apontada para seu rosto. Ele havia atirado em sua testa!

— Não é mais. — O Jeon falou, soprando a arma como nos filmes de faroeste.

Hyuk se sentou, com uma expressão incrédula no rosto, antes de começar a rir em conjunto com Light.

Algumas horas depois e Jeongguk achou melhor dar uma olhada nos garotos. Ainda que os ouvissem gritando na varanda, ainda se lembrava de quando estavam brincando de pirata e acabaram se amarrando juntos com uma corda. Jeongguk ainda tinha a foto daquela cena colada na lateral da geladeira, apenas para os envergonhar.

Chegou apenas na porta de vidro e os observou. Hyuk usava uma máscara que haviam pintado de algum monstro que parecia um leão, e Light usava um óculos parecido com o dos minions, aparentemente ajudava a ver os monstros.

— Oh grande senhor malevolente. — Light gritou. E foi só então que Jeongguk viu Jeongsan deitado em um lençol, mordendo os dedinhos do pé, sem prestar atenção nos garotos. Haviam colocado uma coroa em cima da testa do bebê, provavelmente para que pudesse representar ‘’o grande senhor malevolente’’. — Perdoa a gente-nos por—

— Nos perdoe. — Hyuk o corrigiu.

— Ah. Nos perdoe-nos

Jeongguk viu Hyuk apenas dando de ombros, desistindo de corrigir o amigo.

— ...Por entrar em sua terra, mas precisamos de um pouco de pó mágico de sereia!

— E não vamos embora até conseguir! — O garoto mais velho completou, e ficaram encarando Jeongsan por alguns segundos, esperando algum tipo de resposta talvez.

— Ele não sabe falar ainda. — Light explicou depois de um tempo.

Mas então Jeongsan começou a fazer alguns barulhos estranhos com a boca, babando a própria mão que agora usava como uma chupeta alternativa.

Ba ba ba ba ba. — O bebê repetia.

— Acho que ele disse que a gente pode pegar. — Hyuk falou, coçando a cabeça.

 

Os garotos almoçaram juntos e comeram sobremesa, lambuzando os rostos com cupcakes. Tentaram até atacar Jeongsan com o doce e esfregar a cobertura em sua bochechinha e narizinho, mas Jeongguk logo interviu, segurando duas folhas de desenhos que os garotos haviam feito, e uma borracha na outra mão.

— Eu tenho uma borracha e não tenho medo de usá-la. — Avisou, e os pequenos logo deixaram Jeongsan em paz.

Passaram o resto da tarde desenhando juntos enquanto algumas animações passavam na TV. Jeongguk aproveitou para fazer alguns arranjos nos trabalhos que havia pego na própria empresa de design de interiores que tinha com Taehyung, seu melhor amigo. Desde que ganhara Jeongsan não aparecia muito no lugar, optando por ficar em casa e fazer seu trabalho dali mesmo quando era possível.

Quando foi hora da sonequinha de Jeongsan, o colocou em seu bercinho e fechou a porta atrás de si sem fazer barulho. Passou em frente ao quarto do filho, acabando por ouvir sua conversa com Hyuk.

— Ah, meus pais disseram que vamos para Busan semana que vem também, não é o máximo? Nós podemos ir na praia juntos, e dormir na casa um do outro! — O garoto mais velho falou com animo.

— Oh... — Light murmurou. — Isso é legal, Hyuk, mas a gente não vai mais pra Busan.

Ficaram em silêncio por algum tempo, até Hyuk parecer realmente indignado com aquilo.

— Como assim não vão mais? Você está falando disso há um tempão, Light, é até chato já, e agora diz que não vão mais?

— É o appa! — Light bufou. — O trabalho não deixa ele ir.

— Que droga.

Light arregalou os olhos, tampando a boca do amigo.

— Não diz isso! — Falou, soltando uma risadinha baixa logo em seguida, sendo seguido pelo mais velho, mas logo caíram no silêncio de novo.

— Você está triste? — Hyuk perguntou, e o mais novo deu de ombros.

O garoto mais velho suspirou, se levantando e andando até a mesinha de Light que estava cheia de papéis e cadernos. Arrancou uma folha e pegou um lápis, voltando a se sentar ao lado do amigo, mas sem deixá-lo ver o que estava fazendo. Depois de um tempo acabou, e mostrou a folha para Light.

— O que é isso? — O pequeno perguntou confuso.

— Esse é o Atlantis. — Hyuk apontou para o monstro. Não era exatamente perfeito como o de Light, mas parecido o suficiente. — E nas costas dele aqui tem você, o Jeongguk hyung, o Jimin hyung, e o San. Ele está levando vocês pra Busan.

— Mas e o trabalho do appa?

— O Atlantis fez xixi no prédio inteiro, agora precisa ficar fechado por uma semana inteira até o fedor sair!

Light apenas riu, balançando a cabeça.

— É sério, não fica triste, Light, você tem um montão de dias pra ir ainda. — Hyuk deu de ombros. — Não é como se Busan fosse sair de lá.

O mais novo pensou naquilo por alguns segundos, e então assentiu, abaixando a cabeça ainda um pouco chateado.

— Me desculpa pela bagunça, Hyuk. — O pequeno murmurou. — O Jaehyun às vezes diz que eu não faço sentido.

— Mas você ainda faz sentido pra mim, Light. — O mais velho sorriu, abraçando o amigo de lado. — Sua bagunça é minha bagunça.

Jeongguk sorriu consigo mesmo, decidindo parar de ouvir a conversa das crianças, e fazendo uma nota mental de ter uma conversinha com Jaehyun antes de mandá-lo desaparecer da empresa de seu marido.

 

 

Os dias que se seguiram foram incrivelmente tranquilos. Light não comentou mais sobre Busan, embora soubessem que a criança ainda estava chateada. E Jimin agora aparecia em casa para almoçar, o que surpreendeu Jeongguk e o filho mais velho.

— Está animado para voltar as aulas semana que vem? — Jimin perguntou ao pequeno em um dos almoços.

— Sim, quero mostrar meus desenhos para o Sr. Kang, ele sempre diz que sou um pequeno Nan Pogh.

O casal se entreolhou confuso com aquilo, enquanto o pequeno continuava a falar e contar sobre como havia visto um kit de desenhos novo na TV e tinha cores diferentes e precisava de todas elas para melhorar e ser mais famoso que o Nan Pogh um dia.

Com sorte descobriram que Light falava sobre Van Gogh, e Jeongguk se perguntou se talvez o chifre quebrado de Atlantis tinha alguma coisa a ver com a orelha cortada de Vincent Van Gogh. De qualquer forma, naquela noite fez questão de dizer ao filho como suas orelhinhas eram importantes e lindas.

 

Um dia antes do final de semana chegar, Jeongguk levou os filhos até o parque perto de casa. Era uma manhã ensolarada, mas confortável o bastante para que pudessem andar sem que o sol os atrapalhassem. O pequeno andava em sua bicicleta, com uma mochilinha nas costas, enquanto Jeongguk empurrava o carrinho com Jeongsan dentro.

Quando chegaram no local, Jeongguk forrou uma toalha na grama, deixando que o bebê se sentasse ali e brincasse com alguns brinquedos que o mais velho havia levado. Light ainda pedalava em sua bicicleta, dando voltas enquanto sentia o ventinho fazer seu cabelo voar, e ria com a sensação. Quando se cansou, deixou a bicicleta encostada em uma árvore e se jogou ao lado do irmão, deitando na toalha com os bracinhos abertos. Jeongsan não demorou muito a querer subir no mais velho.

— Ai, San, você é pesado. — Reclamou, o sorriso em seu rosto fazendo contraste com suas palavras.

Jeongguk observava os filhos com um olhar terno, aproveitando para tirar algumas fotos dos pequenos. Eles eram seus modelos favoritos, e naquele momento a cena estava perfeita: O sol refletindo no rostinho de Light, o fazendo fechar os olhos, e Jeongsan de olhos arregalados na sobra.

Como sol e lua.

— Ei, papai, o que vamos fazer amanhã?

O mais velho pensou naquelas palavras por algum tempo. Jimin viajaria para Daegu no dia seguinte. O dia que deveriam ir para Busan.

— O que você quer fazer amanhã?

 Light deu de ombros, apertando as bochechas do irmão.

— Talvez tomar um montão de sorvete. — Murmurou. — Oh, a gente podia fazer uma casa de praia pro Atlantis.

— Ele já não mora perto da praia? — Jeongguk franziu o cenho.

— Uh, sim, mas... Podemos fazer uma casa bem maior pra ele levar todos os amigos dele. Ah, talvez uma casa nas montanhas, papai, que tal isso?

— Acho que o Atlantis gostaria disso.

Light assentiu, voltando a fechar os olhinhos enquanto deixava que Jeongsan se acomodasse em seu peito.

Antes de voltarem para casa passaram na sorveteria, e enquanto Jeongguk escolhia seu sorvete, Light sentou-se em uma das mesas perto da janela, observando a paisagem do lado de fora. Porém, um barulho lhe chamou a atenção, e quando olhou para o lado viu uma senhora com o olhar no chão, e o pequeno logo seguiu seus olhos, vendo a bengala da mesma caída. Arregalou os olhos, Finner, um dos seus monstrinhos mais velhos, também usava uma bengala por causa de sua perna de chiclete, e não conseguia andar com ela. Light soltou um som surpreso então, e logo deixou o sorvete na mesa para pegar a bengala do chão e entregar de volta a senhora.

— Oh, obrigada, rapazinho. — A senhora falou com um sorriso, e Light sorriu de volta, curvando-se para ela.

— Eu tenho um amigo que também usa isso. — O pequeno explicou. — O nome dele é Finner, ele é um monstrinho verde água que mora em Aurora Azul. A perna dele é feita de chiclete. Sua perna também é de chiclete?

Por um momento Light pensou se deveria mesmo ter perguntado aquilo. As vezes as pessoas não entendiam sua cabecinha, e achavam que ele estava sendo rude. Mas Light não queria ser rude, estava genuinamente curioso.

Mas para sua surpresa a mulher apenas riu.

— É, acho que você pode dizer isso. — Ela respondeu.

— Ah, isso é muito legal! — O garoto respondeu animado. — Sua bengala é muito bonita.

Elogiou. A bengala da mulher tinha algumas flores desenhadas, e Light adorava flores.

— Eu adoro flores. — Contou.

Nesse momento Jeongguk se aproximou com Jeongsan no colo, surpreso ao ver o filho conversando com alguém. Light sempre foi muito simpático, mas nem sempre gostava de manter diálogos com desconhecidos, principalmente crianças. O Jeon cumprimentou a senhora com um sorriso.

— É seu filho? — A mulher perguntou e Jeongguk assentiu.

— É sim. Você disse seu nome pra ela, mocinho? — Perguntou ao pequeno.

— Ah, desculpa. — A criança curvou-se novamente. — Meu nome é Light.

— Eu sou a Senhora Eunji. — A senhora sorriu, olhando para Jeongsan e balançando a mãozinha do bebê. — Você tem filhos lindos. — Disse à Jeongguk. — Esse aqui é um verdadeiro cavalheiro.  — Falou sobre Light, e o pequeno arregalou os olhos.

— Oh, eu sou mesmo um cavaleiro em Aurora Azul. — Light disse animado. — Mas ninguém nunca me chamou assim. Na verdade só dizem que eu sou estranho e muito pra frente pra uma criança da minha idade.

A mulher riu novamente, e o som fez com que Light sorrisse. Gostava de fazer as pessoas rirem.

— Bom, cavaleiro Light, eu preciso ir agora, minha filha está me esperando. — A Senhora Eunji suspirou. — Foi muito bom te conhecer, garotinho. Posso te contar um segredo antes de ir?

O garoto assentiu animadamente, se sentia importante por dividirem um segredo consigo. Ficou em pé na cadeira, e chegou o rosto perto do da mulher, que sussurrou em seu ouvido:

Ria tanto quanto você respira, e ame tanto quanto você vive.

Light pensou naquelas palavras por alguns segundos enquanto se afastava da senhora, e a mulher lançou um últino aceno para Jeongguk e Jeongsan, antes de sair da sorveteria. A criança ainda parecia concentrada no que havia lhe falado, tentando encontrar o sentido daquelas palavras. Será que era uma daquelas coisas que você devia ser adulto pra entender?

Deu de ombros, por enquanto iria apenas saborear seu sorvete.

 

Quando Jimin chegou em casa aquela noite, ouviu o barulho da TV da sala ligada e franziu o cenho. Já era tarde, e por mais que Jeongguk não dormisse cedo, sempre o esperava no quarto, provavelmente jogando algo ou desenhando. Light havia pegado a paixão pelos desenhos de Jeongguk, e Jimin adorava aquilo. Adorava observar o marido da porta do quarto, vendo-o concentrado com a língua pra fora, e suas mãos se movendo de forma tão delicada sobre o papel.

Se lembrava de quando Jeongguk estava gravido de Jeongsan, e um dia, quando chegou em casa, encontrou o marido deitado na cama de Light, junto ao pequeno, e os dois desenhavam sem preocupação na barriga grande e redonda do Jeon, e quando finalmente viram Jimin, tudo o que Jeongguk falou foi:

— Precisamos comprar mais papel para o Light.

Naquela noite, depois de colocarem Light para dormir, Jimin levou seu marido até o banheiro que dividiam e lhe preparou um banho bem quentinho na banheira. Entraram juntos, e enquanto Jeongguk se divertia modelando o cabelo de Jimin da forma que queria com o shampoo, o mais velho esfregava a bucha levemente pela barriga do marido, apagando cada desenho enquanto fazia um cafuné.

Sorriu consigo mesmo ao lembrar da cena. Andou em passos leves até a sala, e viu que haviam montado a cabaninha de Light dos Monstros S.A., haviam comprado-na porque era grande o bastante para uma família inteira, e quando Light era menor, costumavam dormir os três juntos ali dentro várias e várias noites. Jimin no lado esquerdo, Jeongguk no direito, e Light no meio.

Quando Jimin se aproximou da cabaninha, viu que havia um travesseiro sobrando no lado esquerdo de Light, e não pôde deixar de sorrir com aquilo. Retirou os sapatos, o cinto e a gravata, se enfiou dentro da cabana, dando um beijo em Light primeiro, depois em Jeongguk, e outro em Jeongsan, antes de se ajeitar perto do filho mais velho e cair num sono profundo.

 

 

Light grunhiu ao ser sacudido na manhã seguinte. Estava tendo um sonho ótimo com um mundo feito de doces, pulava de cupcake para donut, e de donut para grandes bolos de amendoim. Havia até uma cachoeira de nutella, e o pequeno se divertia nadando em todo aquele chocolate.

Mas aquele sacode sacode todo lhe tirou de seu soninho, então abriu os olhos a contragosto e franziu o cenh para Jimin que apareceu sorridente à sua frente. Suspirou, segurando o edredom e puxando para cima de sua cabeça. Há poucos dias estava reclamando por não passar tanto tempo com o appa, mas agora só o queria era que Jimin o deixasse em paz para que voltasse a dormir.

— Eu não entendo porque precisamos fazer isso, Jimin. — Ouviu a voz de Jeongguk dizer.

— E vocês vão ficar fazendo o que aqui? — O mais velho argumentou, e aquilo fez Light ficar curioso, então se sentou, coçando a cabeça.

— O que vamos fazer? — Indagou.

— Vocês vão comigo para Daegu.

— Ninguém liga pra Daegu... — Light murmurou baixinho, enrolando uma mexinha do cabelo no dedo.

— É só até amanhã, Gukkie. — Jimin suspirou.

— Nem arrumei roupas para a gente, Jimin. — Jeongguk argumentou de volta.

— Eu já coloquei uma roupa pra cada um nessa mochila. — O mais velho falou, batendo na mochila em suas costas. — E qualquer coisa a gente compra algo lá também.

— Mas a gente ia no cinema hoje. — Light reclamou.

— Em Daegu também tem cinema! — Jimin gritou.

— Se você ama tanto Daegu assim por que não casa com ela? — Light gritou de volta.

— Já chega! — Jeongguk exclamou, ouvindo Jeongsan começar a soluçar. O pequeno sempre ficava irritado quando gritavam a sua volta, e Jeongguk viu o pequeno esfregar os olhinhos incomodado, e soltar suspiros enquanto balançava as perninhas. — Light, levanta pra gente trocar de roupa.

— Aish! — A criança bufou, subindo as escadas em passos pesados e os braços cruzados, com Jeongguk logo atrás.

Como estava ligeiramente frio aquele dia, vestiu os filhos com roupas quentes, rindo ao ver como Jeongsan estava todo empacotadinho. Light havia puxado o capuz para cima da cabeça e apertado as cordinhas de maneira que apertasse seu rosto. Então logo foram para o carro, Jeongguk também não queria fazer essa viagem, mas pretendia passá-la inteirinha dormindo.

Porém, assim que entraram no carro, Jimin bateu a porta com força.

— O que estão fazendo?

— Dormindo? — Light respondeu irritado.

— Não, não, não vamos dormir. E perder toda a vista? — Jimin balançou a cabeça e ligou o rádio, aumentando o volume.

Jeongguk deu de ombros, ainda tinham 3 horas de viagem, e não queria passar todo esse tempo com um clima ruim no carro. Mas assim que olhou para trás, encontrou o olhar de Light já o observando com uma expressão entediada no rosto, e quis rir. Light era sempre muito expressivo, e não era incomum de Jimin e Jeongguk trocarem memes particulares do garoto.

De repente um grito soou pelo carro, e tudo ficou em silêncio por algum tempo, até todos olharem para Jeongsan, que agora tinha um olhar inocente no rosto.

— Bom, pelo menos alguém está animado com a viagem. — Jimin murmurou.

— Eu acho que vocês deveriam mesmo fazer exames na cabecinha dele. — Light falou, antes de pegar seu caderno e começar a rabiscar.

Meia hora depois Jimin tirou do porta luvas um CD da Disney, com a desculpa de que aquilo faria o humor de Light melhorar, mas a criança desconfiava que na verdade Jeongguk e Jimin quem eram mesmo os fãs, pois cantavam todas as músicas, ainda que Light não tivesse aberto a boca nem um segundo, concentrado demais em seus desenhos.

Mas depois de um tempo apenas os observou, era estranho como seu papai ficava bravo com o appa, e um segundo depois já o encarava como se fosse um cego vendo o sol pela primeira vez. Ou, na visão de Light, como quando o garoto ganhava um bolo de sorvete. Ah, isso sim era bom, Light era apaixonado por bolos de sorvete.

Sorriu consigo mesmo. Seu papai era apaixonado por seu appa.

Quando a música do Rei Leão começou, Light viu a forma que o casal se entreolhava de forma tímida, haviam cantado todas as músicas, mas não essa, e apenas trocavam sorrisos, e o pequeno percebeu o quão perto suas mãos estavam. Deu de ombros, tudo bem, se não iriam cantar, então Light ia.

— Nesta noite o amor chegou

Chegou pra ficar

E tudo está em harmonia e paz

Romance está no ar

Ouviu a risada dos pais, e sentiu que sua missão estava completa, poderia voltar para seu desenho agora.

Algumas horas depois Jimin finalmente desligou o rádio, avisou que estavam quase chegando em Daegu e que poderiam descansar se quisessem, já que não tinha muito para ver agora. Light quis apontar que não havia visto nada a viagem inteira, apenas para implicar com o mais velho, mas achou melhor não, e ao invés disso abraçou seu caderninho contra o peito e caiu no sono.

Jeongguk não demorou a dormir também, e Jimin fez da respiração e roncos suaves dos garotos sua própria melodia.

 

Agora, da última vez que a família esteve em Busan, Jeongsan ainda não era nascido, embora houvesse um San. Que também não era nascido, mas estava lá.

Antes de Jeongsan existir, Light queria muito um irmãozinho, era tudo o que falava durante dias e dias. Bem, Jeongguk e Jimin também já haviam pensado na possibilidade de um segundo filho, embora não tivessm conversado um com o outro, mas depois de toda insistência de Light, Jeongguk engravidou. Foi um momento de felicidade para todos, e Light parecia o mais animado com aquela ideia, passava horas agarrado à barriga do Jeon, dando beijos e contando histórias que já havia escutado várias e várias vezes.

Jisan seria o nome do bebê, e Light, um dia, havia pedido a ajuda de Jimin para fazer uma pulseira para o irmão com a palavra ‘’SAN’’. A pulseira era colorida, feita com pedrinhas brilhantes e três quadradinhos com as respectivas letras. Light estava animado para dá-la ao irmão.

Porém, numa noite de inverno, o pequeno acordou no meio da noite ouvindo os gritos de Jeongguk. Ficou apavorado, assustado, mas continuou em seu quarto, com os olhos arregalados e esperando alguém vir pegá-lo. Seu titio Yoongi apareceu algum tempo depois, dizendo que seus pais precisavam ir para o hospital e que Light ficaria com ele aquela noite, mas que tudo ia ficar bem.

Jeongguk voltou para casa no outro dia, mas as coisas estavam longe de bem.

Jisan não existia mais, ele nunca veria a pulseira que Light havia feito, nunca receberia os beijos do irmão, e nunca se surpreenderia com os finais das histórias que Light pretendia contar a ele.

Mas para onde havia ido Jisan?

Light não fazia ideia, mas algumas semanas depois, Jeongguk deu vida a Atlantis, e Light finalmente pensou em uma possibilidade para onde Jisan estava.

Em Aurora Azul.

Jisan iria sempre existir nos desenhos de Light. Então ele passou a desenhar, desenhava como se não existisse um amanhã, desenhava até seus dedos doerem, desenhava até seu peito parar de doer e a saudade de Jisan diminuir.

Então alguns meses depois Jeongguk engravidou novamente, o que foi uma surpresa, já que o médico havia dito que uma nova gravidez era quase impossível. Light não entendia muito bem, mas não conseguiu ficar tão feliz quanto a primeira vez, porque agora parecia que a qualquer momento o novo bebê poderia desaparecer também, e embora mantesse Jisan vivo em Aurora Azul, não sabia se poderia fazer isso com o outro bebê também.

Mas Jeongsan nasceu bem e saudável meses depois, e enquanto dirigiam até o hospital, Jeongguk não pôde deixar de comparar o primeiro dia de vida de Jeongsan com o último de Jisan. Os dois aconteceram numa noite de céu limpo como aquele, e enquanto estava no carro, a única coisa em que os olhos do Jeon conseguiam focar era na grande lua que estava lá em cima. A única diferença é que, com Jisan, os pensamentos de Jeongguk eram de dor, ele sabia que não havia mais jeito, ele sentia, então enquanto encarava a lua, seu único pedido silencioso era para que ela cuidasse de seu menininho da forma que Jeongguk não pôde.

E, com Jeongsan, os pensamentos de Jeongguk eram de esperança, ele sentia que tudo ficaria bem, e enquanto encarava a lua, daquela vez seu pedido era para que ela olhasse sobre eles e brilhasse sobre Jeongsan. Brilhasse sobre o caminho que seu filho trilharia com certeza!

A primeira vez que Light deitou os olhos sobre seu irmãozinho foi como se suas preocupações finalmente se esvaíssem, não estava mais bravo, não sentia mais dor, e já não havia Atlantis como uma necessidade, e sim como um amigo. Seu melhor amigo.

Mas agora ele tinha Jeongsan também, e estava completamente apaixonado pelas bochechas vermelhas e gordinhas do bebê, e jurou que o ensinaria tudo que sabia.

‘’Espero que você fique por perto por um longo, longo tempo. Acho que te quero na minha vida pra sempre.’’

 

Quando Jeongguk acordou, seu pescoço doía pela posição que havia adormecido no carro, mas franziu o cenho ao olhar pela janela e ver um cenário muito conhecido por si. Olhou para o lado do motorista e viu Jimin o encarando com as bochechas coradas.

— O que é isso? — Perguntou baixinho.

— Busan. Já esqueceu como é?

O mais novo o encarou por alguns segundos, tentando entender o que estava acontecendo. Não deveriam estar em Daegu?

— Eu parei com Daegu na noite do jantar. — Jimin explicou. — Percebi que eu era muito bom na empresa, mas estava sendo horrível no meu trabalho preferido. Ser pai daqueles dois menininhos babões ali atrás, e ser marido do homem mais lindo do mundo.

Jeongguk balançou a cabeça ao ouvir aquilo, sem acreditar nas palavras do mais velho. Como Jimin conseguia fazer tanta besteira e então ser perfeito no instante seguinte?

— Eu cancelei o contrato, disse que não poderia comparecer, tinha algo mais importante para fazer. Então durante o resto da semana eu planejei algo especial pra vocês, eu não sei se ficou bom o bastante ainda, não pude ver a obra final, só consegui vir até aqui duas vezes durante a semana, e você nem notou. — Riu baixinho. — Mas eu deixei pessoas de confiança em cargo desse pequeno trabalho. Namjoon, Yoongi, Hoseok, Jin e Tae, para ser mais específico. Eles concordaram de primeira.

— O que é? — O Jeon perguntou curioso, mas o olhar no rosto de Jimin o dizia que o mais velho não falaria. — Você sabe que ele vai surtar. — Falou, olhando para Light que ainda estava dormindo.

— É, você trouxe a coleira dele? — Jimin brincou e o casal riu.

— Eu te amo. — Jeongguk disse baixinho, se inclinando para deixar um beijo nos lábios do marido. — Me desculpe por ter gritado.

— Tudo bem, eu mereci. — O mais velho sorriu de canto. — Vamos acordá-los agora, sim?

Jimin saiu primeiro do carro, pegando Jeongsan da cadeirinha e deixando o filho deitar em seu ombro. O bebê já estava desperto, e observava tudo ao seu redor com curiosidade.

— Ei, monstrinho, chegamos. — Jeongguk sussurrou no ouvido do filho, que soltou um grunhido e se espreguiçou lentamente, antes de coçar a barriguinha e olhar para fora do carro. Franziu o cenho por um tempo, mas logo arregalou os olhos. Não podia ser..

— Busan! — Gritou animado, e já querendo sair do carro, mas foi impedido pelo cinto de segurança. — Aish!

— Ei, ei, acalme-se. — Jeongguk riu, soltando o filho do cinto, e deixando que o garoto pulasse do carro e corresse pela areia, sorrindo e gritando.

— Meu Deus, alguém vai dormir bem cedo hoje. — Jimin comentou com uma risada, e Jeongguk assentiu.

Andaram juntos até a casa, embora Light já estivesse os esperando na porta, batendo os pés e os apressando.

— Venham logo, venham logo!

Assim que se aproximaram, Light agarrou a mão de Jimin que estava livre, e a família entrou no local.

Jeongsan observava tudo a sua volta, sugando a chupeta e voltando sua atenção para Light que não parava de gritar e pular.

— San, você vai amar aqui! — O pequeno contava. — Vou te mostrar o meu quarto, você pode dormir lá se quiser. — Falou, estendendo os braços para que Jimin lhe entregasse o bebê.

— Ei, espera aí, garotão, ainda não acabou. — Jimin avisou, e o pequeno pareceu confuso. — Tem algo que você precisa ver.

Subiram as escadas, passando pelo quarto do casal, o de Light, o quarto que haviam feito para Jisan, mas que agora pertencia a Jeongsan, e um escritório que nunca haviam utilizado. A última porta estava fechada, e Jimin parou em frente à ela, olhando para a família apreensivo. Resolveu não dizer nada, e apenas a abriu, deixando que Jeongguk e Light entrasse no lugar.

A reação foi instantânea. Jeongguk levou as mãos até o rosto, surpreso com o que estava vendo, enquanto Light parecia a beira de um ataque nervoso. O pequeno levou as mãozinhas até o lado esquerdo do peito, e então se virou para o mais velho, o encarando de olhos arregalados.

— Appa?

— É tudo pra você, minha luz. — Jimin sorriu para o filho.

Uma das paredes do quarto estava cheia com os desenhos de Light, copiados precisamente. E outra havia um Atlantis enorme, desenhado em Aurora Azul, com Jack Peter de um lado, e Octavius do outro.

Havia uma mesinha organizada com vários lápis, canetinhas e giz de cera novos, e uma pilha de cadernos. Havia também algumas telas brancas de pintura, e baldes de tintas num canto. O nome de Light aparecia em letras enormes, com luzes amarelas, e cada letra era segurada por um dos monstrinhos que o próprio garoto havia criado.

O pequeno correu até Jimin, abraçando suas pernas de maneira apertada. Jeongguk tirou Jeongsan do colo do marido, explorando o quarto com o bebê, enquanto deixava que Light e Jimin tivessem seu momento.

O mais velho pegou a criança no colo, o abraçando contra seu peito e deixando que Light escondesse o rosto em seu pescoço.

— Appa, me desculpa, me desculpa! — O pequeno dizia entre soluços. — Me desculpa por dizer que você não era mais o melhor appa do mundo, era mentira, eu juro!

Jimin soltou uma risada fraca com aquilo, sentindo as próprias lágrimas encherem os olhos.

— Está tudo bem, filho, tudo bem... O appa te ama tanto. — Dizia, fazendo um carinho nos cabelos do pequeno. — Me desculpa também.

Light apenas assentiu, soltando um lindo sorriso para o Park. Jeongguk se aproximou com o bebê, e Jimin passou um dos braços ao redor de seus ombros, depositando um beijo na testa do marido, e outro na bochecha de Jeongsan.

Naquele momento a empresa era um pensamento esquecido na cabeça de Jimin, não importava, ele podia olhar para os céus agora e dizer: Tire o que quiser de mim, qualquer coisa, o que quiser; Mas por favor, por favor... Me deixa ficar com apenas isso aqui.

 

Passearam pela praia, deixando que Jeongsan finalmente conhecesse a areia. Infelizmente não puderam entrar no mar aquele dia, mas ficariam em Busan por pelo menos mais cinco dias, e sabiam que teriam tempo de sobra, e Light estava ansioso para fazer castelos de areia com Hyuk.

Mais tarde, quando voltaram para casa, Light correu até seu quarto, vasculhando todas as coisas que havia deixado ali desde a última vez que havia estado naquele quarto. Já estava ficando louco e impaciente, tinha certeza que havia deixado ali, aquele era um dos principais motivos por querer voltar em Busan, não podia acreditar que havia perdid—

Não. Ah, ali estava.

O garoto sorriu, pegando o objeto caído atrás de seu cesto de brinquedos.

Foi a procura do irmão pela casa, o encontrando em seu cercadinho na sala, enquanto os pais preparavam o jantar. Subiu no sofá, se jogando dentro do cercado com o pequeno e o puxando para seu colo. Olhou para o pulso do irmão e viu a pulseira igual a sua ali, mudando apenas o pingente. Suspirou, pensando por alguns segundos, então teve a ideia perfeita. Segurou no pézinho do bebê e encaixou a pulseira — Ou pelo menos o que deveria ser uma pulseira — em suas dobrinhas gordas.

SAN.

Finalmente a obra de Light tinha um dono. Um San.

Algum tempo depois Jeongguk foi checar os garotos, dando Jimin a visão perfeita dos três amores de sua vida, e faria de tudo para mantê-los sempre por perto.


Notas Finais


E ENTÃO?????????? O QUE ACHARAM???????

ALGUEM ENTENDEU A HISTÓRIA DO ATLANTIS?

EU CHOREI DEMAIS ESCREVENDO SOBRE O JISAN, PRECISO DE VÁRIOS LENCINHOS AAAAAAAAAAAAAAAAAA

Por favor me deixem saber o que acharam <3


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