Yoongi se sentia tão sufocado, era uma pena que não sabia nadar. Mas ele nunca se contentava com o raso, e isso era uma merda; então, mesmo sem saber nadar, foi fundo demais.
Naquele dia a maré estava alta – até mesmo para quem sabia nadar –, muito mais para ele; mas o grande problema é que o garoto nunca teve medo de grandes riscos, pelo contrário, parecia ser, de alguma forma audaz, fascinado por eles.
Podia sentir a brisa forte bater contra seu rosto molhado, envolvendo-o em uma atmosfera libertadora. E, pé a pé, ele ia mais profundo, sem nem medir as consequências dessa ação impensada; afinal, se permitiu fazer algo que desejava, sem refletir nas sequelas que causaria nos outros.
Já conseguia sentir a água bater para cima dos joelhos, mas ainda era raso demais. Ainda queria ir mais fundo. Os dedos do pé direito comichavam, prestes a amortecerem, sinalizando que ele deveria voltar; porém, era teimoso demais para fazê-lo, então somente prosseguiu.
Prosseguiu, e antes que fosse longe demais ouviu uma voz sossegada e tão íntima, que se permitiu virar parte do corpo, somente para ver quem estava a lhe chamar. E tudo o que viu foi a figura transtornada do amor de sua vida, Jimin, que a esse passo não sabia mais o que fazer para fazê-lo voltar.
E, em vez de fazê-lo, somente voltou-se para o grande mar à sua frente, e avançou. Assim que sentiu a água bater na ponta dos dedos da mão, sorriu, pois sabia que estava tão próximo daquilo que tanto queria: o atlântico.
De peito aberto, deixou-se levar pela correnteza, assim como os gritos tão longínquos do amado eram levados até seus ouvidos, mesmo estando a uma distância muito grande para que pudesse responder algo que o outro pudesse ouvir. Sendo assim, contentou-se a continuar caminhando, até que sentiu a água já encher-lhe os pulmões, aquela sensação de morte que tanto ambicionou, ainda que parecesse cruel demais aos olhos de todos, ele sabia que esse era o destino que havia sido traçado para ele desde o início: tornar-se água.
Durante tempo demais de sua vida guardou toda essa água dentro de seu peito, até que, em certo momento, abundou-se. E era exatamente nessa água que estava afogando-se, para nunca mais voltar.
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— Não, por favor… – Jimin gritou, mas não a tempo suficiente de segurá-lo. Em vez disso, só pode ouvir o barulho que o impacto do corpo do outro fez ao entrar em colisão com o chão, estraçalhado.
Enfim, não havia como salvar Yoongi de seu próprio destino. Ele não havia conseguido salvar a todos de muita coisa, mas salvou aqueles que importavam de seu grande atlântico, se doando a ele para todo o sempre.
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