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História Atlântis - Capítulo único


Escrita por: proliterario

Notas do Autor


Olá!
O PL traz sua sexta one de um projeto de releitura dos contos e histórias clássicas das princesas. Dessa vez, a one é baseada na história da princesa Kida, de Atlantis, e foi escrita com muito carinho pela May. Esperamos que todos gostem!

Capítulo 1 - Capítulo único


— Índia. Bahamas. EUA. México. Tibete. Gibraltar. Marrocos. Santorini. Indonésia. Antártida. Açores. Durante centenas... milhares de anos... vários investigadores, cientistas, filósofos... Platão, Timagenus, Ezra Floid, Athanasius Kircher, Cristóvão Colombo, Charles Hapgood, Michael Hubner, Edgar Cayce, Mark Adams... tentaram encontrar respostas para aquele que seria o maior mistério da história da Terra desde a sua criação! Hoje, dia 13 de Setembro de 2017, anuncio, perante o testemunho de todos vós, que
eu, Milo Thatch, encontrei... a Atlântida!

Os flashes das máquinas fotográficas eram disparados a velocidades alucinantes, formando grandes clarões de luz e todos os jornalistas presentes no grandioso hall do Natural History Museum NY gritavam, atropelando as palavras e fazendo de tudo para serem notados pelo investigador e linguista. Milo Thatch estava radiante. Mal conseguia conter o sorriso que desde a noite passada decorava o seu rosto oval ornado pelos seus tão habituais óculos redondos.

Quando perscrutou uns segundos de silêncio, tomou a palavra, anunciando:

— A Atlântida encontra-se na Islândia.

Mais uma vez, um tumulto tomou conta da sala. Depois de anos a treinar apresentações na sala das caldeiras onde anteriormente trabalhava, dois andares abaixo do qual agora se posicionava, fingindo falar para um coleção de velhas bonecas – muitas já com falta de membros, olhos e muitos fios de cabelo -, Milo, finalmente, sentia orgulho de si próprio. A fotografia que guardava sempre no bolso exterior das
suas camisas e na qual estavam presentes ele – em seus sete anos – e o seu avô, dava-lhe uma sensação de conforto. Tinha conseguido realizar o antigo sonho da sua família e provar que a dedicação do velho que o tinha criado tinha valido a pena.

— Já lá esteve?

— Como é que foi lá parar? Como é que se afundou?

— Tem habitantes? Como é que conseguiram sobreviver durante tanto tempo debaixo de água?

Dezenas de perguntas eram mandadas ao ar e corriam pelo salão à procura de uma resposta no mínimo satisfatória, mas algumas acabavam por não encontrar o seu caminho para Milo Thatch e perder-se na direção das exposições de arte egípcia ou animais marinhos extintos.

— Ora aí está uma questão interessante! - o moreno falou, excitadíssimo, por alguém tocar naquele assunto. — A ilha está habitada e, como já devem saber, os seus habitantes são conhecidos por atlantes. Esta sociedade era conhecida por sustentar a maior e mais avançada tecnologia e métodos quando todos os outros povos a Terra estavam milhares de anos atrás no que toca a esse nível de conhecimento. Posso afirmar que o que mantém Atlântida viva, neste momento, é a sua fonte de energia que se gera a partir de um cristal gigante! Literalmente! - o linguista fez um gesto com as mãos e abriu os braços o mais que conseguia e, mesmo assim, sentia-se incapaz de comentar a grandeza dos tesouros daquela cidade subaquática.

 

***

 

— Eu confiei em ti, Helga! - Milo descia as escadas em caracol de pedra mármore que levavam a uma gruta subterrânea. Apertando a mão de Kida levemente de tempos a tempos, tentava passar-lhe toda a sua força naquele momento. As lágrimas transparentes límpidas rolavam pelo rosto da princesa até pararem na linha de seus lábios. O seu sabor amargo lembrava-a de quando era criança e de quando ainda não tinha medo do mar.

O solo debaixo dos pés descalços de ambos tremia de cada vez que, à superfície, mais uma bomba era lançada. Era tarde demais para poderem fazer alguma coisa. Atlântida estava prestes a cair pela segunda vez.

— Nunca confies numa mulher bonita. - Lyle Tiberius Rourke falou, exibindo uma fileira dos seus dentes
amarelados.

Milo nunca deveria ter dito que encontrara a cidade perdida. Nunca! Durante anos almejara ser o centro das atenções. Desejava ter o seu nome marcado na história. Para quê? Agora toda a sua riqueza e conhecimento não pareciam valer a pena. Sempre soubera que a humanidade era presunçosa, orgulhosa, cínica... mas nunca pensara que ao anunciar que a Atlântida era uma cidade cheia de riquezas ela fosse invadida pelos seus antigos parceiros de trabalho.

Helga Sinclair e Lyle Tiberius Rourke tinham ajudado Milo na sua primeira expedição de descoberta da cidade submersa e, por essa mesma razão, o cartógrafo nunca teria imaginado que eles liderariam o ataque que estava a acontecer naquele momento. Nunca tivera muito talento para avaliar pessoas. Era uma coisa que tinha que treinar no futuro. Mas, para isso, teria que sobreviver.

— Vou tentar lembrar-me disso. - o linguista murmurou entre dentes.

Kida, ao seu lado, ainda tinha a cara molhada de luto. Passados novecentos anos sem a companhia da sua mãe que tinha morrido no primeiro grande desastre atlante, perdia agora, também, o seu seu pai para as mãos da ganância de um povo com a qual ela nunca tinha contactado.

— Vejam se não é lindo! - a voz de Lyle acoava por todos os cantos da enorme caverna. A luz azul do cristal gigante era irradiada, acabando com quase toda a escuridão existente naquele local. — O coração de Atlantis é meu!

— Vai com calma, meu amor... - Helga caminhou lentamente até ao lago que se estendia por quase toda a extensão do espaço. — ... Ainda tens que o tirar dali.

— Não serei eu a tirá-lo. - o homem sorriu.

Com as mãos atrás do corpo, balançava para a frente e para trás naquele que parecia ser um vício que herdara nos seus tempos de militar. Ao voltar-se para trás e deparar-se com o cartógrafo, permitiu-se dizer:

— Vamos lá, Milo. Como é que o tiras de lá? - apontou para o mineral que levitava a cerca de cinquenta metros acima do nível das águas cristalinas.

— Não sei.

— Oh! Vá lá, Thatch... - Rourke aproximava-se a passos lentos e ameaçadores do casal que, ainda com receio, permanecia no fundo das escadas. — O que é que me estás a esconder?

— Não sei mesmo! - o moreno garantiu.

As mãos de Lyle agarraram o colarinho a camisa do moreno. A sua força era a suficiente para fazer o cartógrafo levantar do chão e obrigá-lo a apoiar-se nas pontas de seus pés. Gotículas de suor começavam a escorrer pela sua testa abaixo e os seus óculos teimavam em descer o seu nariz, alojando-se na ponta do mesmo. Se chegasse a sair dali teria contas a ajustar com muita gente...

— Eu vou. - a voz calma de Kida soou ao seu lado. Ainda estava com a cabeça baixa, analisando o solo cavernoso, mas não parecia minimamente assustada.

Milo sentiu-se cair no chão, raspando os joelhos e picando as palmas das mãos em pequenas pedrinhas. Rourke riu-se alto, acompanhado por todos aqueles que, junto dele, esperavam levar para a superfície o cristal.

— Vamos lá, princezinha. - fez um gesto elegante, permitindo que ela passasse por ele sem qualquer restrição.

Milo levantou-se rapidamente correndo até ela, desajeitadamente. Quando conseguiu alcançá-la, apertou o seu pulso, proibindo-a de continuar o seu caminho.

— Não podes, Kida! - gritou.

— O meu povo está lá em cima a tentar fugir e refugiar-se num mar que outrora nos destruiu. Não posso ficar sem fazer nada. Sou a rainha deles. - justificou-se.

Thatch suspirou pesadamente. Passando uma mão por toda a extensão da sua cara, permitiu que a frustração abandonasse o seu corpo.

— O teu povo precisa de uma rainha! - continuou em voz baixa, como num sussurro: — Achas que o Lyle te vai deixar ir quando tiver o que quer?

— Ele não vai a lado nenhum, Milo. - a sua voz era calma e transbordava certeza. Como poderia ela não estar recetiva? Como poderia ela não ter medo, não ter dúvidas. O cartógrafo não sabia de que matéria ela era feita, mas, uma vez na vida, gostava de ter sido criado com a mesma matéria que deu origem a Kida.

— Confia em mim. Tenho que fazer isto pelo meu povo. Devo-lhe isso.

— Deves-me uma vida ao teu lado, Kida. - quando se apercebeu que estas palavras tinham saído da sua boca, não conseguiu conter um sorriso. O sangue parecia ter parado todo nas suas bochechas que ardiam, adquirindo um tom vermelho tomate. — Pois, bem... é isso... s...

— Eu também te amo, Milo Thatch.

— A sério? - obteve um aceno de cabeça como resposta. O espaço entre eles era cada vez menor. O ar tornava-se rarefeito e, apesar do público que os olhava com certo divertimento e que fazia comentários jocosos acerca da sua atual condição, deixaram que os seus lábios se tocassem levemente, em muito aparato, sem muita pressa.

— O amor é uma coisa estranha. Leva-nos a fazer coisas que nunca imaginamos. Há quem diga que não conseguimos amar duas pessoas ao mesmo tempo, mas é o meu amor pelo meu povo que me leva a fazer o que vou fazer. Eu amo-te Milo, sacrificaria tudo por um coração puro.

Kida afastava-se, caminhando para trás e olhando sempre nos olhos do moreno que ficara sem reação. Milo olhava-a sem a entender. Não percebia onde ela queria chegar. O pequeno cristal pendurado no seu pescoço começava a brilhar. O seu corpo moreno era iluminado pela luz azul do diamante gigante que lhe acentuava as curvas e a beleza. Os seus cabelos brancos davam-lhe aparência de uma mulher jovem de vinte e poucos anos apesar dos seus novecentos anos.

— Não estou a perceber...

— Só os puros de coração alcançarão a felicidade. Só eles sobreviverão. O coração da Atlântida só deixará os bons reinar. - Kida era puxada para o grande cristal azul à medida que proferia tais palavras em atlante.

— O que é que ela está a dizer? - Lyle perguntou, por um lado sorrindo satisfeito por estar cada vez mais perto de ter tal tesouro em sua mão, por outro lado assustado pela ligação que a princesa atlante mostrava ter com o cristal.

— Não sei. Não percebo. - mentiu o moreno, ajeitando, mais uma vez, os seus óculos. Seguia, com o olhar, o trajeto de Kida que parecia ser sugada por uma força invisível.

— As trevas não têm lugar entre os atlantes. Só os puros sobreviverão...


***

— Já acabou?

 O pequeno perguntou enquanto observava o avô a levantar-se da cama com dificuldade. A mão nas suas
costas era sinal da sua idade já avançada e da dor que tinha nas articulações.

— Foi uma boa história. Não achas? - o velho perguntou, dando uma risada satisfeita. O seu neto encarava-o incrédulo. Apesar dos seus oito anos de idade não era de meias medidas e, para ele, aquilo não tinha tinha jeito nenhum de história...

— Não! - resmungou. — Não tem final!

— Ora! Mas é claro que tem final!

— E qual é? - o pequeno cruzou os braços e deixou o seu avô sentar-se de novo na beirada da cama. Era incrível como os dois eram parecidos! Se não fosse o cabelo cabelo grisalho e a idade avançada do idoso, ambos poderiam ter sido considerados, em tempos, irmãos. Ou se vivesse por tanto tempo como os atlantes da história contada.

— Qual é que achas que é?

O pequeno deu de ombros. A luz do candeeiro pousado em cima da mesa de cabeceira irradiava uma luz fraca que mal iluminava os cantos do pequeno quarto. Um disco giratório permitia a ambos concentrarem-
se nas formas de criaturas mitológicas marinhas que eram formadas pela presença da luz azul clara.

— Os maus morreram! - o pequeno bradou, erguendo a mão em punho no ar, excitado por ter a última palavra. — Milo e Kida ficaram juntos e viveram felizes para sempre!

— Não me lembro da história ser assim... - uma voz soou por trás do velho. Junto ao batente da porta uma senhora de idade sorria abertamente, olhando o marido nos olhos.

O velho encarou a mulher com um sorriso nos lábios finos. Por trás dos seus óculos de armação grossa, os seus olhos brilhavam. Lá estava ela... Kida, a mulher da sua vida.


Notas Finais


O PL agradece todos que leram e que estão nos acompanhando nesse projeto. Agradecemos também à autora, que dedicou seu tempo e escreveu algo fantástico para nós.

E para qualquer tipo de duvida é só perguntar no nosso perfil da ask (https://ask.fm/projetoliterario)

https://www.wattpad.com/story/116649377-projeto-releitura-princesas


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