Acordo no hospital e vejo Rodrigo parado ao meu lado com um sorriso no rosto.
- Oi, guerreira. - ele diz e seca uma lágrima. - Achei que dessa vez... - trinco o maxilar e ele desiste de enxugar as lágrimas. - Fico feliz que ainda esteja aqui.
- Tem que ser bem mais do que isso para eu... - olho para ele que concorda com a cabeça. - O que aconteceu?
- Um motorista bêbado bateu na traseira da moto de vocês. Ele fugiu do local, mas foi encontrado a poucos quarteirões de distância porque bateu em uma árvore, ele morreu no local. - Rodrigo conta e puxa uma cadeira. - Você fraturou umas costelas do lado esquerdo, mas tirando isso você está bem. - ele sorri.
- E Atlantis?
- Eu não sei direito, ela está viva, mas não está bem. - ele conta baixo como se estivesse com medo da minha reação.
- Onde ela está?
- UTI.
- Quero ir lá.
- Você não pode ainda, só depois da alta. - na hora que ele diz isso o médico entra e abre um sorriso ao me ver acordada. - Ele disse que você teria alta quando acordasse.
- Ótimo. - me levanto. - Vou trocar de roupa e já irei vê-la.
- Você nem falou com o médico. - Rodrigo chama a minha atenção, olho para o médico e abro um sorriso.
- Agradeça aos enfermeiros por terem me socorrido e obrigada por todos os exames e tudo mais. - termino de me vestir e olho para eles. - Agora diga-me, sabe em que quarto encontro a Atlantis?
Vou ao setor onde ela estava e um médico para a minha frente com uma prancheta, ele escrevia nela sem me olhar.
- Onde a senhorita pensa que vai?
- Irei ver a Atlantis. - contocomo se fosse óbvio.
- Você não pode ver a paciente no momento, ela está em cirurgia. - ele conta e engulo em seco.
- Doutor, o que houve? - ele me olha e ajeita os óculos.
- Não posso falar, estou esperando os familiares chegarem. Depois se eles decidirem que você pode partilhar dos acontecimentos eles mesmo irão te contar.
- O senhor não está entendendo. Os familiares de Atlantis não virão, eles a odeiam. Eu sou namorada dela e estou aqui para saber o que está acontecendo com ela.
- Eu não posso falar.
- Na verdade você pode e vai. Não tem ninguém que se importa com ela aqui além de mim. Então por favor, me conte o que está acontecendo com ela. - imploro e ele respira fundo.
- Ela perdeu muito sangue, há mudanças que aconteceram a ela e você precisará dar todo apoio a ela. Infelizmente ela perdeu o braço esquerdo, tivemos que amputar. - ele ajeita os óculos e lê algo na prancheta. - Eu sinto muito, odeio dar más notícias. Porém pelo o que vejo você é a pessoa que precisava saber de tudo. - ele abre um sorriso tímido e me olha. - Acho melhor você digerir a informação antes de conseguir falar com ela. Na verdade creio que seja melhor você ir para casa e voltar apenas amanhã que é quando ela poderá receber visitas.
- Não irei sair daqui.
- Como desejar, mas saiba que dormir aqui é desconfortável.
- Eu aguento. - falo com ele e vou atrás do Rodrigo.
- E ai? - Rodrigo pergunta ao me ver e me jogo nos braços dele.
- Ela tá sem o braço. - conto chorando e ele me aperta.
- Ei, seja forte. - ele beija a minha testa. - Por ela.
- Preciso fumar. - me afasto e saio do hospital indo até uma banca de jornal que havia na esquina, compro o maço de cigarros, pego um, acendo-o e ponho o resto no bolso da calça.
Eu sempre odiei pessoas que fumavam e eu não suportava cigarros, mas hoje é o dia em que eu começo a carregar um maço de cigarros no bolso. Eles vão servir para quando eu quiser morrer.
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