História Através da Escuridão. - Amor e outras drogas.

Pov Camila Cabello. 

Amarrei meus cabelos em um coque deixando alguns fios soltos enquanto eu saía do banheiro após ter feito minha higiene matinal. Vesti um moletom que estava jogado na cama, bocejando algumas vezes e quase morrendo por uma parada cardíaca quando a porta do quarto do hotel se abriu.

— Caramba Lauren, você quer me matar do coração? — reclamei, rolando os olhos ao ver a morena rir do meu susto.

— Te matar antes de te beijar? Não mesmo — respondeu em um tom divertido antes de se aproximar e colar nossos lábios em um longo selinho e se afastando devagar — Bom dia, Camz.

Controlei o suspiro apaixonado e trouxa por ter seus olhos tão próximos aos meus, seus lábios ainda perto que eu os quase senti enquanto ela me cumprimentava. Apenas mordi meu lábio inferior antes de sorrir de lado.

— Bom dia, Lern — deixei a língua entre os dentes ainda sorrindo.

E Lauren não controlou o suspiro apaixonado.

Sorri por isso.

— Onde estava? Acordei e não te vi — perguntei, me afastando para procurar minha mala.

— Fui falar com Normani — Lauren respondeu — Ela passou a noite num quarto três andares abaixo, com a Dinah.

Parei o que estava fazendo para encarar a mulher do outro lado do quarto incrédula. Mas não evitei o sorriso malicioso.

— Sério? — perguntei só pra ter certeza e Lauren assentiu — Ah cara, me diz que elas transaram.

— Camila! — Lauren me repreendeu, o que me fez franzir o cenho e ela rolar os olhos — Deuses, você está passando tempo demais com elas.

— Prefere que eu passe com você, não é? — sussurrei, quase provocativa, me aproximando novamente dela.

— Não posso negar isso — murmurou, puxando minha cintura.

Apenas sorri, a beijando de verdade pela primeira vez no dia. Seus lábios se movendo com paixão sobre os meus. Levei minha mão para seus cabelos negros, a sentindo segurar minha cintura com mais força. Sua língua se mexendo com a minha em uma sincronia que parecia que fazíamos aquilo há anos.

Soltei um suspiro de prazer em seus lábios quando ela desceu suas mãos para os bolsos do short que eu usava. Mania que já havia percebido antes. Mas, o tempo que eu não fazia sexo, considerando o quanto eu fazia antes do divórcio, me deixavam um pouco carente, então até um toque quase inocente em minha bunda me deixava um pouco mais...quente.

Empurrei Lauren, a jogando contra a parede sem parar de beijar sua boca, colando nossos corpos.

Como eu queria ter feito isso ontem a noite, porém, eu estava tão exausta do show que apenas dormi em seus braços.

Desci minha mão que estava em seus cabelos até sua nuca, arranhando superficialmente a pele, sabendo que apenas aquilo deixaria uma leve marca, já que a pele de Lauren era muito branca e sensível.

Senti a falta de ar queimando meus pulmões e separei nossas bocas, sorrindo ao ver uma Lauren ofegante, não perdendo tempo e descendo minha boca por seu pescoço, beijando sua pele exposta pela regata que usava, meus pensamentos imaginando como Lauren ficaria gozando me deixando um pouco mais excitada e ansiosa por um momento íntimo entre nós.

Quero te deixar ainda mais ofegante, Lauren.

Pensei, mas não reproduzi som algum.

— Camz? — Lauren chamou baixo, um suspiro cortando sua fala quando mordi seu pescoço e descia minhas mãos para sua cintura. 

Hm, esse apelido soava muito fofo para o sexo, mas eu poderia me acostumar e lidar com...

— Camila?

Nah, meu nome em sua voz rouca com prazer soava muito melhor.

Como soaria com ela me chamando pelo primeiro nome?

— Camila! — Lauren exclamou, e eu franzi o cenho mais uma vez, me afastando somente para encarar seu rosto.

Engoli em seco ao encontrar um par de olhos verdes receosos e envergonhados.

Droga.

— Sim? — mordi meu lábio, começando a me sentir nervosa e me afastando um pouco mais, ainda segurando sua cintura.

— Não acho que seja o momento — ela disse baixo, claramente envergonhada.

Engoli mais uma vez em seco, soltando seu corpo e dando três passos pra trás com rapidez. Droga. Droga. Camila sua estúpida!

— Eu, é, só que, quer dizer — cocei a nuca um pouco nervosa — Me perdoe, eu não queria te deixar desconfortável, Lo — sussurrei, ainda sendo firme, me sentindo um pouco culpada.

Segunda vez, Camila, parabéns.

— Tá tudo bem, Camila, só vamos continuar com os amassos por um tempo ok? — Lauren sugeriu, sorrindo de lado e se aproximando de mim novamente.

Consegui soltar meu melhor sorriso, mesmo que morrendo por dentro. Por Zeus, se Lauren soubesse o quanto é difícil manter minha sanidade perto dela, ela não diria isso.

O que era um pouco engraçado, eu conseguia me controlar e esconder sentimentos quando éramos apenas amigas, porém, depois que assumi tudo e a beijei peça primeira vez, era como se eu não conseguisse manter nada somente para mim. Eu queria Lauren e tudo que ela poderia me dar.

Não disse nada, apenas deixei a morena me puxar e me beijar novamente. Tomei o cuidado de deixar minhas mãos somente nos seus cabelos e no máximo nuca.

— Então, quer pedir nosso café da manhã enquanto eu tomo banho? — sugeri, me afastando em segundos e quase vi um sorriso divertido no rosto de Lauren.

— Pode ser — assentiu, já indo para o telefone para ligar para o serviço de quarto — Não tome banho gelado.

— O quê? — arregalei meus olhos, a vendo rir baixo.

— Está frio — deu ombros, se voltando para o telefone.

Respirei fundo me controlando para não xinga-la. Mas apenas corri para o banheiro, tomando um banho quente com muita calma. Me vesti dentro do próprio banheiro, para evitar mais situações constrangedoras, ainda secando meu cabelo com a toalha enquanto saía do banheiro. 

— O café da manhã já chegou? — perguntei para uma Lauren jogada na enorme cama do hotel.

— Não, mas já pedi faz alguns minutos, coisas variadas aliás — respondeu, se levantando — Vou tomar meu banho enquanto não chega, vamos sair depois?

— Andar pela cidade seria difícil — joguei a toalha na cama, me sentando para calçar minhas botas — Mas estava pensando, quer ir ao parque? — perguntei, olhando para trás para encarar Lauren que tinha um rosto confuso.

— Parque? — ela questionou ainda confusa, passando por mim, me dando um leve tapa na cabeça e apontando para minha toalha.

— Desculpe — murmurei meio sem jeito, pegando a toalha e jogando no banheiro — Mas é, parque, aqui tem um muito bonito e faz tempo que não tenho passeios assim — sugeri.

— Você está planejando algo, não está? — Lauren ergueu a sobrancelha e eu soltei uma risadinha. 

— Só diga se quer ir ou não — pedi, a vendo me encarar por alguns segundos antes de soltar um suspiro.

— Ok, vamos — concordou, o que me fez sorrir largo.

— Ótimo! 

Esperei Lauren tomar seu banho, e então tomamos nosso café da manhã juntas e um lado da minha mente não deixava de gritar me dizendo o quanto aquilo parecia certo, como nós já tínhamos atitudes de casal, mesmo que nenhum pedido de namoro tenha sido feito ainda. O que me lembrava que eu poderia começar a pensar nisso. Eu sabia que era apaixonada por ela e já havia dito isso à ela, e recebido a melhor resposta possível, então, porque levar as coisas tão devagar, não é mesmo? 

Já que estávamos perto de NY, pedi ontem a noite para que alguém deixasse um dos meus carros aqui, então assim que terminamos nosso café da manhã saíamos do hotel, porém, decidi não fazer o check-out, já que voltaríamos para cá, onde eu passaria a noite e Lauren iria se encontrar com Normani para voltarem para Nova York, enquanto eu iria para Flórida para mais shows. 

— Você tem algum tipo de paixão por carros? — Lauren perguntou, inclinando um pouco a cabeça para observar minha BMW M6 Gran Coupé.

— Um pouco — admiti com um sorriso, destravando o carro — Eu tenho seis por enquanto, pedi para trazerem o que chamaria menos atenção, eu queria dirigir meu jaguar, mas ele é um modelo que chama muita atenção — resmunguei um pouco chateada enquanto entrava no carro assim como Lauren.

— Um momento, seis carros!? — ela perguntou surpresa enquanto eu ligava o motor e esperava os sinal dos meus seguranças, que logo veio.

— Aham, seis carros — concordei, saindo da garagem do hotel — Hm, se não me engano, um está na garagem do meu apartamento, três na casa da Ally e o outro eu não lembro onde Ally deixou — fiz uma careta, mas acabei rindo da cara de incredulidade de Lauren — Eu gosto de dirigir...

— E de dirigir carros de luxo — brincou rindo e não me importei de retrucar, ela estava certíssima.

— Mas olha que eu consigo subir uma montanha com a caminhonete do meu pai — comentei orgulhosa, o que a fez rir mais um pouco enquanto se inclinava para ligar o rádio. 

— Onde vamos? — ela perguntou.

— Eu já disse, para o parque — respondi simples, e mesmo sem olhar sabia que havia revirado os olhos.

O caminho foi curto, até o parque próximo ao lago da cidade, que estava vazio, e o local onde reservei, mais vazio ainda. Uma parte do lago.

— Como sabia? — Lauren questionou, quando paramos em frente ao grande e azulado lago e eu a encarei em confusão — Como sabia que adoro natureza?

— Porque você é Lauren Jauregui — respondi simples a vendo erguer a sobrancelha, bufei baixinho — Tá, eu vi suas fotos no Instagram, você tem milhares da sua viagem ao Havaí, e, não são as praias, você postava mais as trilhas, escaladas, as montanhas — expliquei, dando ombros, caminhando ao seu lado por entre a trilha do parque a beira do lado — Então percebi que gostava disso, e bem, os mosquitos me irritam, mas acho que posso gostar disso por você — admiti, deixando o sorriso em meus lábios por ver o sorriso dela.

— Você é uma mulher muito romântica e observadora, Camila — Lauren sussurrou ainda com o sorriso no rosto.

— Isso é bom? — perguntei quase automaticamente.

— É, é muito bom — Lauren respondeu com a voz calma, enquanto entrelaçava nossas mãos.

Encarei nossas mãos unidas. 

É, isso era muito bom. 

— Vem, vamos fazer um passeio — puxei Lauren para o píer, até nos aproximarmos da ponta, onde uma canoa nos esperava — Já assistiu Camp Rock? — perguntei, causando uma risada alta em Lauren enquanto a estendia um colete salva-vidas e pegava outro para mim. 

— Tem certeza que quer fazer isso? — Lauren perguntou, me puxando pela cintura, ajeitando o colete em meu corpo — Camz, esse é o colete infantil?

— Talvez? — mordi meu lábio, rolando meus olhos pela sua risada — Eu não tenho culpa se meu corpo é magro e pequeno — reclamei, a vendo segurar a risada.

— Fica fofinho em você — disse baixo, mas pela sua voz eu escutava a risada que ela prendia.

— Vamos logo — chamei, deixando Lauren ir na frente e aceitando de bom grado sua ajuda para subir em cima da canoa — Certo, é só remar, não deve ser difícil — dei ombros quando me sentei, pegando os dois remos e tentando remar — Ué, eu deveria estar saindo do lugar, não?

— Minha linda, você ao menos sabia que tem uma corda e que precisa soltar? — Lauren perguntou, o seu rosto vermelho pela risada que ela queria soltar, mas se continha.

Senti meu rosto corar pela vergonha.

— Eu talvez devesse ter chamado alguém para ajudar — admiti, mas a morena apenas riu, sem se conter, levantando e soltando a canoa, antes de voltar a se sentar — Obrigada.

— Tudo bem, você planejou tudo isso, mesmo sem saber nada, mas ainda fofo — Lauren disse calma, puxando os remos das minhas mãos — Mas me deixe conduzir isso, ok?

— Fiquei a vontade — sorri, me ajeitando no barco, sentindo o mesmo se mover devagar mais para o meio do lago.

Lauren parou de remar num ponto onde podíamos observar grande parte do grande parque, suas árvores, as flores, e os prédios ao redor eram quase imperceptíveis. O silêncio reinou por alguns minutos, mas não me importei, era confortável estar assim com Lauren.

— Obrigada, Camila — sua voz quebrou o silêncio e eu a encarei, vendo seus olhos verdes intensos me encarando.

E ela era tão linda. O sol estava no céu e brilhava em sua pele branca, ela brilhava, e tornava tudo tão lindo, o reflexo da água em seus olhos os deixavam mais azulados, e ainda sim era marcantes.

— Obrigada por ter aparecido na minha vida e ter feito com que eu me apaixonasse por você — Lauren declarou, o tom sincero e com tanta paixão que achei que meu coração pudesse explodir.

Mais uma vez por ela.

— Nada muito diferente do que fez comigo — sussurrei, nossos sorrisos se refletindo um no outro enquanto nossos rostos se aproximavam.

A beijei devagar e com calma, aproveitando o contato de sua boca na minha, de sua língua explorando o que já conhecia. Inclinei meu corpo para frente, me apoiando na borda da canoa, tentando aprofundar o beijo. 

— Droga! — exclamei antes de em segundos sentir a água em meu corpo.

Vi a canoa virada quando voltei a superfície, assim como encontrei uma Lauren rindo alto daquilo.

— Meu Deus, Camila, você consegue ser mais desastrada? — provocou ainda rindo.

Acabei rindo junto, nadando até ela, colando nossos corpos, e sem dizer nada, a beijando novamente.

(...)

— Você tem que ir mesmo? — murmurei manhosa observando Lauren procurar seus documentos, os cabelos molhados do banho recente pingando em sua camiseta.

— Sim, Camz, eu até queria ficar, mas amanhã tenho uma última reunião do filme, ele já vai ser lançado em duas semanas e ainda preciso discutir umas cenas que estão querendo cortar de último momento — explicou, o que me fez fazer uma careta, deixando a toalha que eu secava meus cabelos de lado na cama.

— Tudo bem então — suspirei, me levantando da cama do hotel, pegando os documentos que estavam bem na frente dela e a entregando — Tome cuidado — pedi, a vendo abrir um dos sorrisos que eu tanto adorava.

— Eu irei, Camzzi — estendeu meu apelido com o tom de voz que me deixava mais apaixonada e boba por ela — Eu tive um dia excelente com você, baby — beijou minha bochecha carinhosamente.

— Mesmo depois que eu derrubei nós duas na água? — perguntei um pouco divertida, a vendo rir baixinho.

— Mas essa foi a melhor parte — respondeu, e algo em sua voz me fez acreditar no que ela dizia. 

— Nos vemos quando eu voltar a Nova York — lembrei e ela assentiu, segurando meu rosto para beijar meus lábios com delicadeza e calma — Eu vou sentir falta disso — murmurei entre seus lábios.

— Estarei guardando todos os beijos para você — ela sorriu, deixando mais um selinho demorado em meus lábios — Agora eu tenho que ir.

— Tudo bem — assenti, mas ouvi sua risada quando não a deixei ir e a puxei para um abraço — Eu gosto do que estamos tendo, Lauren — sussurrei em seu ouvido — Você já me tem, espero que saiba — completei, não a deixando responder e a beijando mais uma vez.

— Tchau Camila — ela sorriu, com aquele brilho no olhar que me lembrava que ela também gostava disso que estávamos tendo. 

Observei a morena sair do quarto do hotel antes de me jogar na cama espaçosa, soltando um suspiro apaixonado. Era um tanto engraçado o quanto eu era apaixonada por aquela mulher, considerando o quanto tentei esconder isso.

— Hey — ergui o olhar ao ouvir a voz de Dinah — Normani acabou de sair — avisou, se jogando na cama ao meu lado.

— Eu sei, Lauren também — respondi, a encarando com um sorriso malicioso.

— Camila, nem come...

— Então você e Normani transaram!? — quase gritei, rindo quando Dinah tentou tampar minha boca.

— Precisa gritar para todo o mundo ouvir? — reclamou, tirando a mão do meu rosto, o que me fez rir — Eu vou dar na tua cara, Camila!

— Acho que deu na cara de outra pess...

Tentei falar mas minha adorável amiga simplesmente me empurrou da cama, me fazendo cair no chão. Rolei meus olhos ouvindo sua risada alta.

— Agressiva — reclamei, fazendo uma careta pela dor na minha bunda.

— Nem reclama, sua bunda amorteceu sua queda — provocou e eu decidi me manter quieta para evitar mais danos ao meu corpo.

— Ok ok, mas sério, você e Normani? — perguntei, um pouco mais séria, em sentando corretamente na cama.

— Conversamos ontem, antes do show — Dinah começou, um sorriso bobo nascendo em seu rosto — Então eu subi no palco, e depois quando notei já estávamos nos beijando no seu camarim enquanto você estava vendo alguns fãs e então, a convidei para o hotel e ela veio.

— Ela deixou de se fazer de sonsa rapidinho, não é mesmo? — brinquei, causando uma pequena risada em minha amiga.

— Ela disse que também sempre sentiu essa atração por mim, e meio que gosta de mim, mas se sentia hesitante pela vida que levo, sabe? Viajando com você em turnês, mas que agora ela cansou de esconder — Dinah contou, o tom de voz denunciando o quanto ela estava eufórica com tudo aquilo — E então nós transamos a noite inteira, sim, se quer mesmo saber e, eu não sou de ficar comentando, mas meu deus, que mulher, Camila, que mulher — ela se abanou dramaticamente, o que me fez fazer mais uma careta.

— Ok, pare de me deixar com inveja, por favor — reclamei, vendo seu olhar incrédulo em mim.

— O quê? Vai me dizer que você ainda não fez nada com a Lauren? Você!? — Dinah questionou surpresa.

— Assim parece que sou uma ninfomaníaca, DJ — bufei baixinho — Mas, é, nada assim entre eu e Lauren.

— Como isso é possível? — ela perguntou nitidamente curiosa — E nem vem dizer que não é uma ninfomaníaca porque fala sério, Camila, você vivia chegando em ensaios virada porque passava a noite fazendo sexo, e isso antes do seu casamento — minha amiga lembrou e eu desviei o olhar.

— Não exagere — resmunguei — Eu só gostava de curtir um pouco — me defendi, mas então suspirei — E Lauren não deixa, quando eu dou uma investida com essas intenções, ela me afasta e, para ser sincera, são momentos bem constrangedores, ela fica desconfortável e eu acabo ficando assim também — expliquei, tentando não pensar muito nesses momentos, para não pensar nos beijos que antecedem esses momentos recheados de vergonha — Mas enfim, estou feliz por você, China — fui sincera, sorrindo para minha melhor amiga — Não deixe ela escapar, ok? Vocês formariam um belo casal, então conversem e transem muito — ri no final, ganhando um tapa no braço em resposta.

— Ok, enfim, quer ver algum filme? — sugeriu e eu apenas concordei com a cabeça, a vendo ligar a televisão do quarto — Ally disse que vamos para Flórida bem cedo, e dias de folga só quando chegarmos em Miami — avisou.

— Ótimo, preciso passar um tempo com Sofi — comentei, franzindo o cenho quando a TV iniciou em um programa de fofocas — O que é isso? — arregalei meus olhos ao ver a matéria de capa.

"Hailee Steinfeld: Grávida ou apenas numa fase má após divórcio?

— Hailee grávida!? — Dinah exclamou tão confusa quanto eu vendo o programa de fofocas que especulavam sobre uma barriga de Hailee, que parecia tentar esconder usando roupas pretas — Isso explicaria ela toda de preto cantando sua música.

Não respondi Dinah, apenas encarei a televisão onde fotos das últimas semanas da minha ex esposa passavam na tela, e, para uma artista que vivia com contratos com a Adidas e outras marcas de roupas esportivas e que sempre cuidava da saúde e praticava exercícios, ela realmente parecia estar acima do peso, o que alguns diziam que era apenas o que costumamos fazer nas fossas dos relacionamentos, porém, os mais teóricos diziam que ela estava grávida de talvez quatro a seis meses.

— Camila? — ouvi minha amiga me chamando e a encarei — Tudo bem com isso? Quer dizer, se importa?

— Bom, ela é solteira, ela transa com quem quiser, se ficou grávida ou não, não é da minha conta — cruzei meus braços, ainda encarando a televisão.

— Ainda bem que você não tem um pau, iriam começar a especular que fosse seu — Dinah brincou para amenizar o clima, mas arregalei meus olhos mais uma vez.

Não, não, não, por favor, não.

Encarei a TV com mais atenção, em algumas fotos as especulações são de seis meses, mesmo que sua barriga não fosse grande, mas diziam ser resultado do fato de Hailee ser uma mulher de corpo magro. 

Seis meses. 

Setembro.

Não, não, droga, por favor, não.

Me levantei da cama, buscando meu celular, vendo o olhar confusa de Dinah.

— O que foi? —perguntou preocupada.

— Só lembrei que preciso discutir algo com Ally — sorri, um pouco forçado, saindo do quarto, procurando um lugar calmo e discando um número que ainda estava na minha agenda.

— Clínica Mater Prime, para a reprodução da vida, boa noite, como posso ajudar? 

Respirei fundo, mordendo meu lábio.

— Posso falar com Marianne? Diga que é uma paciente VIP.

— Qual o nome da srta? 

Encarei a parede para poder responder a isso.

— Cabello-Steinfeld. 

— Um momento. 

Aguardei por longos segundos até uma voz conhecida soar no telefone.

— Alô?

— Hey Mari, é a Camila — murmurei no telefone.

— Oh! Camila! Que bom que você ligou, eu estava prestes a ligar para Hailee nesse instante, ela perdeu a última consulta com a obstetra, e precisamos marcar uma nova, aliás, sinto falta de ver você aqui, seus horários não estão batendo, seria bom você também estar presentes nas consultas ou ao menos no ultrassom. Mas entendo que deva ser difícil por causa do divórcio, ficamos todos preocupados na clínica quando ouvimos a notícia, principalmente pela quantidade de meses que o bebê já estava, e ainda mais por não ouvirmos notícias suas, e ah, me perdoe querida, estou despejando tantas informações e nem perguntei o motivo de sua ligação, o que aconteceu? 

Tentei segurar o celular com força o suficiente para mantê-lo em minhas mãos, mas logo escutei o som do aparelho caindo no chão, e tive que me segurar com uma força a mais na parede para não cair também.

Droga.

Droga Hailee, droga.