História Através da Escuridão. - Gravidez.

Tentei respirar fundo mais uma vez, tentando clarear os pensamentos em minha mente e tentando com todas as minhas forças não sair quebrando todo o hotel onde eu estava. Encarei a parede por alguns segundos antes de respirar fundo novamente - eu precisava de toda paciência do mundo nesse momento -, me abaixando e pegando o celular que deixei cair.

— Camila, ainda aí? — ouvi a voz da doutora que atendeu Hailee e a mim meses atrás. 

— Hey, me desculpe, eu deixei o celular cair — expliquei em um tom calmo e normal — Enfim, na verdade eu apenas liguei para confirmar quando seria a próxima consulta, Hailee esquece de me dizer algumas coisas — falei em um falso tom de divertido.

Porque aparentemente minha ex esposa estava me esquecendo de dizer coisas muito importantes. 

— Ah sim, será semana que vem, adoraria te ver novamente, Camila.

— Vou fazer o possível —  murmurei em resposta, me despedindo em seguida e desligando o telefone.

Droga, mais uma vez, droga. 

Que merda Hailee!

Guardei o celular no bolso, andando pelo corredor do hotel até o elevador e descendo até o restaurante onde pelo o horário, sabia que Ally estaria. Andei a passos largos até onde minha empresária estava jantando e me sentei ao seu lado. 

— Sabia que eu tenho poucos momentos de folga? Eu deixei você aproveitar o dia romântico com Lauren, você poderia deixar eu aproveitar meu jantar, não é mesmo? — Ally disse assim que me sentei e acabei sorrindo.

Ela era uma ótima empresária e uma amiga melhor ainda. Mas, eu só a deixava estressada com tantas coisas. 

— Desculpe Ally — murmurei sincera, a vendo me encarar com a sobrancelha erguida — Só preciso saber se tenho compromissos pela manhã na Flórida ou se posso adiar o voo por algumas horas —  questionei, vendo seu olhar se tornar confuso.

— Você acabou de ver Lauren, quer adiar um voo para ficar mais tempo com ela?— perguntou incrédula quase me fazendo soltar uma risada.

— Não é para Lauren, preciso resolver algo— expliquei um pouco vaga.

— Eu sou sua empresária, eu resolvo as coisas para você — Ally argumentou, me fazendo suspirar — O que aprontou, Camila?

—  Talvez algo bem grande — sussurrei, engolindo em seco ao vê-la empurrar o prato com seu jantar e se virar melhor para mim — Eu preciso ver Hailee.

—  O quê? Para que precisa ver aquela mulher?— perguntou surpresa e sem acreditar em minhas palavras.

— Digamos que fizemos algo antes do divórcio, quando estávamos bem e eu preciso discutir isso com ela— tentei explicar sem dar todos os detalhes, desviando o olhar dos olhos desconfiados da minha empresária.

Ouvi o suspiro alto que Ally soltou antes de ouvir sua voz.

— Certo, chegue na Flórida até amanhã ao meio-dia, leve três seguranças— orientou e eu assenti agradecida, sabendo que ela estava me dando um voto de confiança que eu poderia resolver algo sozinha. Beijei sua bochecha carinhosamente e voltando para meu quarto de hotel.

Mal entrei e já fui puxando minha mala para a cama, tirando apenas uma muda de roupas e jogando em outra bolsa, junto com meus documentos. Nova York era perto e eu só iria passar por lá antes de pegar o avião para Flórida. Pela visão periférica, vi Dinah se sentar na cama para me encarar.

— Onde pensa que vai, Camila?— Dinah perguntou confusa com minhas atitutes.

—  Atrás de Hailee, consegue descobrir onde ela está? Se está fazendo shows, alguma gravação? Em qual cidade do mundo ela está?— pedi, vendo o olhar da minha amiga ficar ainda mais confuso.

— O quê? Por quê? Meu Deus Camila, mesmo se ela realmente estiver grávida, não é como se o filho pudesse ser seu — Dinah argumentou quase divertida e eu engoli em seco, jogando a bolsa em meu ombro.

— Na verdade pode — respondi direta, e se a situação fosse outra eu teria rido da forma como os olhos de Dinah se arregalaram.

— Como!? — perguntou sem conseguir acreditar e eu suspirei antes de responder.

 — Antes do divórcio, Hailee queria filhos, mas não era a hora, mesmo assim fomos numa clínica de fertilização— comecei a explicar a situação pela primeira vez, cruzando os braços— Mas, acabamos pensando que poderia acontecer e Hailee queria engravidar, e eu entrei no meu período fértil bem naquela semana então a doutora disse que eu poderia congelar meus óvulos e poderíamos nos decidir depois. Como eu ainda não estava em turnê, parecia uma boa ideia fazer a retirada dos óvulos naquela semana mesmo — completei, pensando brevemente como na verdade foi uma decisão bem idiota.

Dinah permaneceu em silêncio por longos segundos, e eu sabia que ela estava se controlando para não me dar uns tapas por ser idiota.

— Por Zeus, Camila, e como não contou isso a ninguém!?? — Dinah se levantou irritada, incrédula — Eu sou sua melhor amiga! Você tem que contar esse tipo de coisas para sua melhor amiga! É isso que significa ser melhor amiga! Você devia ter contado a alguém, até a Ally. Por que não contou?

— Porque eu era casada, Dinah! Casada, apaixonada, e eu faria tudo por ela — respondi exaltada, deixando o peso daquelas palavras me atingirem — Eu a amava, Dinah. Queria a mesma família que ela sonhava — completei, passando a mão em meus cabelos nervosa — Mas, duas semanas depois eu descobri sobre a traição, duas semanas depois! E nem pensei na clínica nem ao menos cogitei mexer naquilo.

Fechei os olhos por um instante, pensando como agi de maneira estúpida. Eu devia ter me lembrado disso, mas como poderia? Foi uma decisão do momento, de duas mulheres casadas e apaixonadas que queriam ter uma família maior e queriam criar filhos. Neguei com a cabeça, abrindo os olhos.

Dinah respirou fundo me encarando por longos minutos, negando com a cabeça e me puxando para um abraço.

— Ok, ok, não se culpe tanto, vocês eram casadas, era normal tomar algumas decisões assim, mesmo que eu ache que você deveria ter avisado a alguém — Dinah disse, em um tom carinhoso, antes de se afastar e pegar o celular, digitando algumas coisas, suspirando em seguida — Ela está em Nova York — Dinah murmurou e eu sorri agradecida — Mas ei — me impediu de sair do quarto — Tome cuidado com tudo isso, Camila, e chame Ally se achar que pode sair do seu controle.

— Certo, pode deixar — concordei — Estarei na Flórida amanhã, não se preocupe.

Me despedi de minha amiga e saí do quarto, explicando ao chefe da minha equipe de segurança que teria que viajar a Nova York e precisaria de ajuda, e em pouco tempo eu estava em um carro a caminho da cidade onde eu morava, o que não era um percurso muito longo.

Eu estava dirigindo meu próprio carro, me sentia mais confortável assim para onde eu iria. Eu precisava dessas horas no carro a caminho de Nova York, sozinha, para pensar e tentar colocar minha mente no lugar.

Hailee estava grávida. E eu tinha 90% de certeza que aquela criança poderia ser minha também. Afinal, era esse o plano, meus óvulos seriam fecundados e colocados nela, assim, nós duas participariamos da gravidez.

Mas o plano também era decidirmos juntas, e não ela resolver engravidar depois que nos divorciamos, depois que descobri toda a merda que ela fez.

Ela não tinha esse direito.

Apertei o volante com mais força quando entrei em Nova York, lembrando vagamente que Lauren já estava aqui.

Por Zeus, como eu explicaria isso a Lauren? Temos algo novo, recente e tão bom. Céus, eu não posso estragar isso.

Neguei a cabeça tentando afastar esses pensamentos tentando focar no principal agora. Fiz o caminho para o condomínio onde eu costumava morar, e mesmo após me divorciar, ainda consegui entrar somente por dizer meu nome. Deixei o carro na garagem, abrindo o porta luvas para pegar um molho de chaves e saindo em seguida, ajeitando a jaqueta em meu corpo enquanto entrava no elevador, juntamente com o chefe da minha equipe de segurança, deixando os outros dois ali em baixo.

— Está tudo bem, Srta Cabello? — Ele perguntou um pouco preocupado e eu acabei sorrindo fraco.

— Vai ficar, Big Rob — afirmei, pegando a chave e ajeitando no painel do elevador.

Não me surpreendi quando a chave foi aceita e as portas do elevador se fecharam. Sabia que Hailee não mudaria nada.

As portas se abriram revelando a sala da minha antiga casa, respirei fundo saindo do elevador, olhando ao redor e não avistando minha ex esposa.

— Estarei no corredor — Big Rob avisou e eu assenti o vendo sair do apartamento.

Adentrei a casa, jogando minha bolsa no sofá, uma sensação incômoda de ver o local exatamente como deixei a última vez que estive aqui. Suspirei fundo, me escorando no sofá, esperando que ela aparecesse pelo barulho.

O que ela fez em poucos minutos.

— Camila? — ouvi sua voz surpresa e levemente assustada e a encarei descendo as escadas.

A regata que vestia mostrava claramente a sua barriga, mesmo que não estivesse tão grande assim.

Porra.

— O quê faz aqui? Como entrou aqui!? — questionou, quase irritada, se aproximando.

— Você não mudou as fechaduras, nem a do elevador — rodei a chave em minhas mãos, a vendo rolar os olhos.

— Achei que não quisesse ver minha cara de jeito nenhum — murmurou em um tom quase chateado, puxando um casaco que estava no sofá e vestindo.

— E não queria — concordei, quase rindo irônica pela sua tentativa de cobrir o que eu já estava vendo — Não adianta colocar a merda desse casaco, Hailee.

— O quê? — perguntou tentando parecer confusa, mas vi seu olhar assustado.

— Quando iria me contar? — ignorei sua pergunta, fazendo a minha própria.

— Do que você...

— Caralho, Hailee! Eu sei! Porra, eu sei! — exclamei irritada, me afastando alguns pés para não partir pra cima dela — Eu sei que está grávida! — falei, a vendo arregalar os olhos e desviar o olhar — Vi uma matéria na TV, ignorei, mas então liguei para Mari e sabe o que ela me perguntou!? Sabe!? — quase gritei, esperando alguns segundos por una resposta que não viria — Ela perguntou por que eu não fui a suas consultas! — gritei, bagunçando meus cabelos, irritada, furiosa.

Respirei fundo, negando com a cabeça, quase sem acreditar em tudo aqui, encarando minha ex esposa que tentava fugir dos meus olhos questionadores.

— Camila...

— Quando iria me contar? — cortei sua fala, cruzando os braços a vendo soltar uma grande quantidade de ar.

— No dia do jogo — respondeu, me fazendo a encarar surpresa, dando automaticamente dois passos para trás.

— O jogo!? — perguntei, quase assustada, sem acreditar naquilo — Você já estava grávida naquele dia?

— Eu fiz o procedimento dois dias depois que coletaram seus óvulos — confessou baixo e eu tive que me segurar no sofá para não cair — Não tínhamos a surpresa de uma gravidez e eu queria isso então, fiz sem te contar.

Respirei fundo, meus punhos fechados, e dei as costas para ela, não queria a olhar, não queria que nada daquilo fosse verdade. Fechei os olhos com força ao compreender que ela estava grávida antes do divórcio, que ela estava grávida quando estávamos bem e eu não sabia nada sobre o que ela estava fazendo pelas minhas costas.

— Então eu descobri dois dias antes do jogo, e pensei já que meus pais e irmão estavam lá e sua irmã também, seria uma boa idéia — Hailee continuou e eu tentei ignorar sua voz falha indicando que ela iria chorar — Mas você encontrou com Savannah e...

— E descobri que você foi uma vadia que me traiu durante seis meses — completei abrindo meus olhos e me virando novamente para ela, vendo seus olhos marejados — Você sabia! Droga Hailee! Por que não me contou!?

— Que diferença faria!? — ela retrucou, secando algumas lágrimas que escorreram do seu rosto.

— Acha que descobrir que minha esposa estava grávida não me faria pensar duas vezes antes de assinar aquela merda de divórcio!? — questionei ainda mais irritada ao pensar na possibilidade dela ter me contado antes que eu assinasse, a vendo negar com a cabeça.

— Você não ficaria por mim, ficaria pela criança e eu não queria isso — respondeu, o tom de voz ficando surpreendentemente calmo para aquela situação.

— Eu tinha o direito de saber — falei rude, me aproximando.

— Não queria atrapalhar seu romance com a escritora — argumentou ironicamente, me deixando ainda mais irritada.

— Por Zeus, Hailee, eu estou solteira, faço o que quiser — retruquei, sem paciência pra aquilo — Ao contrário de certa pessoa que era casada e fodeu com outra! Caramba Hailee! Você engravidou, achando que eu nunca descobriria e ficaríamos bem?

— Bom, você acabou de dizer que poderia ter mudado sua ideia sobre o divórcio, e você já sabia — ela respondeu, andando pela sala até se sentar no sofá — Eu só queria uma família com você — sussurrou e eu suspirei, apoiando as duas mãos no sofá, pensando no que fazer — Depois eu pensei em te contar no dia da primeira sessão para o divórcio...

— Mas discutimos e eu saí dali — falei, negando com a cabeça pela situação e ela assentiu — E depois?

— Você evitou todas as chances de me ver Camila e, sinceramente, não te culpo — minha ex esposa disse baixo enquanto eu me sentava no sofá oposto ao que ela estava — E então depois eu não sabia como te contar, por alguns momentos pensei eu não te contar, quer dizer, eu nem te contei que ia fazer a fertilização, achei que não precisaria saber — contou, me fazendo bufar baixinho — Eu te machuquei e baguncei com sua vida, eu fui uma péssima esposa — admitiu e eu desviei o olhar para não me afetar com aquelas palavras.

— Isso é o pior — murmurei, sentindo o olhar dela sobre mim — Você era uma excelente esposa, Hailz — confessei, voltando meu olhar para ela — E você estragou tudo tendo um caso por seis meses! — passei a mão pelo meu rosto, coçando os olhos, evitando chorar e me levantando daquele sofá.

— Não foi um caso, Camila, como não consegue entender isso ainda!? — Hailee também levantou e eu permaneci calada — Eu transei com a Savannah algumas vezes mas não era um caso, eu nunca prometi nada a ela! E eu juro Camila, juro pelo nosso filho que eu carrego no meu ventre, eu nunca, nunca mesmo, fiz algo com ela estando na mesma cidade que você, estando perto de você, ou qualquer coisa do tipo. — ela contou e eu encarei o teto, esperando que a bile em minha gargante descesse, eu estava começando a ficar enjoada — E foram quatro vezes, eu transei com Savannah quatro vezes nesses seis meses. Eu sei que ela te disse que foram seis meses, mas não era da forma como você imagina Camila, foram só quatro...

— Só 4 vezes? Você acha que isso foi pouco!? — engoli em seco, a encarando irritada, segurando algumas lágrimas por ter que ficar lembrando disso tudo — Você transou com ela, e então fez de novo, e então disse para mim que me amava, e fez de novo, depois mentiu para mim e fez mais uma vez e continuou mentindo para mim!

— Moonlight...

— Por Zeus, não me chame assim! — exclamei, a vendo fechar os olhos dando alguns passos para trás — E você ainda chama essa criança de "nosso filho"? — questionei incrédula a vendo me encarar confusa.

— Mas é nosso filho, Camila — Hailee retrucou, quase assustada com minhas palavras — Eu estou grávida de um filho teu, Camila — completou, apontando para sua barriga.

— Você nem ao menos iria me contar! — a lembrei irritada.

— Porque não era da sua conta, mas agora você já sabe, é diferente — argumentou.

Neguei a cabeça, eu não conseguiria lidar com aquilo.

— Essa criança não é minha, Hailee, você fez isso sozinha, você não me consultou, você me deixou assinar o divórcio e nem me contou — murmurei, negando tudo aquilo — Esse filho é teu — afirmei, pegando minha bolsa — Não pode esperar nada de mim — completei me encaminhando para a saída do corredor.

Eu estava quase saindo da sala quando ouvi a voz da minha ex esposa novamente. Parei subitamente, fechando minhas mãos em punho mais uma vez aquele dia. 

— I'm only human can't you see, I made, I made a mistake — sua voz cantou uma música muito conhecida por mim, e eu encarei a porta do corredor — Please just look me in my face, tell me everything's okay*...

(*N/a:Eu sou somente uma humana, não consegue ver? Eu fiz, eu cometi um erro. Por favor, só olhe em meu rosto e diga que está tudo bem.)

Ajeitei minha bolsa em meus ombros, dando meia volta e a encarando e seus olhos mostravam quase uma esperança que eu ficasse ali, além de dor. 

— Isso não é justo, Hailee — cuspi as palavras com a raiva, vendo seus braços cruzados em defensiva.

— A música é sua, Camila — ela retrucou e eu desviei o olhar.

É, a música era minha. Para ela.

— Nós não namorávamos, Hailee, nós nem tínhamos um...

— Não!? Não tínhamos um relacionamento? — repetiu minhas palavras irônica — Tivemos um primeiro encontro maravilhoso e então transamos a noite toda, a a madrugada e o dia seguinte inteiro, mas não tínhamos um relacionamento, não é? Eu tinha que viajar então você me deu a porra do anel do seu pai e eu te dei meu colar com minha inicial, e ainda não tínhamos um relacionamento, Camila!? — argumentou irritada. 

E de uma certa forma eu sabia que ela estava certa.

— Achei que tivesse me perdoado — sussurrei, encarando meus tênis.

— E perdoei Camila, e nunca joguei isso na sua cara, você fez uma música, você explicou a situação, você pediu perdão. Eu pedi um tempo, eu pensei, eu te escutei e te perdoei — Hailee falou, se aproximando devagar — E agora, quando é essa situação, você não me deixa explicar, você não me escuta, e simplesmente correu para os braços de uma certa escritora e...

— Não ouse colocar Lauren nessa história, Hailee — a cortei, dando dois passos para frente — Nós éramos casadas, é muito diferente — argumentei, sabendo que nesse momento eu não estava errada — E não meta Lauren nessa merda, ela é muito melhor que você — completei, sem me importar com os olhos cheios d'água na minha frente — Eu não te perdoei, Hailee, você fodeu com a minha vida. Lauren me reergueu quando eu achei que nunca poderia sentir algo novamente, então por favor, não bagunce mais ainda minha vida. Me deixe fora de tudo isso, você fez isso sozinha literalmente. 

Terminei de falar, a encarando por longos segundos, antes de lhe dar as costas e sair do apartamento, soltando o ar que eu nem sabia que havia prendido. 

— Se sente bem, Srta Camila?

— Só vamos para o carro, por favor — respondi meu segurança, andando até o elevador do corredor — Não acho que eu possa dirigir — avisei quando chegamos no estacionamento já indo para a Range Rover dos seguranças e me sentando no banco de trás. 

— Pietro levará seu carro — Big Rob avisou quando se sentou no banco da frente, logo depois do outro segurança que estava dirigindo — Para onde vamos?

Encarei a janela do carro enquanto saía da garagem, mordendo meu lábio inferior, todo meu corpo e mente implorando para que eu fosse ver Lauren. Eu precisava dela. Mas não podia a envolver nisso, não podia bagunçar a vida dela assim também. Senti meus olhos encherem de lágrimas.

— Para o aeroporto, Big Rob, temos que ir para a Flórida — respondi, engolindo o choro que queria vir.

Deitei a cabeça no encosto do banco, respirando fundo. Eu fiz a coisa certa? Por Zeus, eu acabei de dizer que aquela criança não é minha? Eu acabei de me tornar o tipo de pessoa que tanto abomino? 

Não. Não.

Eu fiz o certo.