1. Spirit Fanfics >
  2. Através da Estrada. >
  3. "Uma Colher de Açúcar Faz o Remédio Descer".

História Através da Estrada. - "Uma Colher de Açúcar Faz o Remédio Descer".


Escrita por: GiovannaPotter

Notas do Autor


Oi gente, voltei de novo!
Meu sumiço é explicado por uma coisa. Grey's Anatomy. Eu comecei a assistir faz pouco tempo e, olha só, tem gene na minha casa, descobri que se chamam "família".
Desculpa e espero que gostem...

Obs; Foi bem difícil achar uma imagem pra esse capítulo, Jesus.

Capítulo 5 - "Uma Colher de Açúcar Faz o Remédio Descer".


Fanfic / Fanfiction Através da Estrada. - "Uma Colher de Açúcar Faz o Remédio Descer".

Hélio parecia bem surpreso com a visita, ou expressava algum sentimento indecifrável em seu rosto.

- Oi H. O Theo veio me fazer uma visita, bem legal, né? - quis dizer algo bom para familiarizar os dois, mas ainda podia sentir um clima estranho.

- Sim. É bem legal você ter companhia, mas acho que está na hora de um descanso, Clara.

- Bem, eu já estava mesmo de saída. É que esse era o único horário que eu poderia vir então... Foi bom ter falado com você, Clara. - Theo disse isso olhando para mim e depois, estendeu a mão para meu noivo. - E foi bom revê-lo Dr.

Hélio titubeou antes de aceitar o aperto de mão, mas quando o fez, parecia estar normal. Após a saída do policial, ele se sentou na cadeira, tomando o lugar da visita.

- Ele está sendo um tanto pertinente em te ver, não acha? - H tinha começado a falar.

- Na verdade não. - nesse momento, o rosto do loiro se contraiu, parecia surpreso com a minha resposta. - Inclusive disse que ele poderia voltar.

- Amor, você precisa se recuperar, precisa de... -  não deixei ele terminar.

- Hélio, te todos, eu esperava que você me compreendesse. Eu sei de tudo isso, já fiz várias pesquisas para o trabalho sobre paraplegia. Eu sei o que posso ou não fazer. Mas sei também que durante esses dias no hospital, vou ter muitos momentos sozinha. E, além disso, você não pode ficar sempre comigo, há outros pacientes no hospital, então, sim, eu pedi para que o Theo me fizesse companhia.

Por um momento, ficamos em silêncio, encarando um ao outro. Não compreendia aquele senso de proteção todo, como se eu não soubesse o que estava se passando.

- Certo Clara, se a visita dele te faz bem não vou questionar. - mesmo dizendo isso,  levou à tona algumas coisas, como " nossa, que sorte a dele, não é? Ser policial e ter tempo para visitas." ou " Não é por nada, mas prefiro muito mais a minha vida."

Compreendia então, que aquilo tudo não se tratava do meu bem estar, mas sim de ciúmes por parte do meu noivo.

- Sério que você está com ciúmes? Eu perdi a minha capacidade de andar mas, quem se importa? É uma ótima chance para trair meu noivo médico com um policial que eu acabei de conhecer! - eu tentei dizer isso no tom mais cômico possível, para não parecer que estava me lamentando ou brigando.

- Nossa, falando assim você me faz parecer um completo idiota. - Hélio disse, se inclinando para me dar um beijo na testa.

- Você passará a noite aqui comigo ou...?

- Quem dera... Só passei aqui para checar. Tenho alguns casos para consultar. Mas descanse, e amanhã nos veremos.

- Ok.

E assim, ele me deu outro beijo, dessa vez na minha boca. Depois, se retirou do quarto, não antes de apagar a luz. E eu, sozinha de novo, pegava finalmente no sono.

...

Em plena manhã de... Era uma quarta? Bem, já tinha perdido a noção do tempo, aquilo não importava mais. Só sabia que era uma manhã e que uma enfermeira me acordava para me preparar.

Teria a minha primeira consulta com um fisioterapeuta. Deveria me animar?

Sem notícias de Hélio ou de algum outro conhecido, aceitei a ajuda da enfermeira (a mesma que me acompanhara no dia em que acordei) para sair da cama e me sentar numa cadeira de rodas. Aquilo deveria se tornar comum para mim.

Ela perguntou se eu tinha fome e eu apenas respondi que estava bem.

"Caminhamos" pelos corredores do hospital, passando por muitas salas e pegando alguns elevadores. Aquilo era um labirinto.

Ao chegar na sala do fisioterapeuta, descobri que não era Dr., mas sim, Dra. De certa forma, me senti um pouco mais confortável.

- Ah, bem-vinda Clara! - a Dra. disse, toda animada ao me ver entrando na sala. - Meu nome é Sandra Pera, mas pode me chamar apenas de Sandra.

- Certo. Bem, você já sabe meu nome. - disse com um sorriso no rosto, apertando a mão de Sandra.

A enfermeira tinha deixado a sala, que era bem interessante. Era dividida em escritório e clínica. Eu me encontrava na parte do escritório, que tinha as paredes pintadas de um azul claro pastel, com uma grande janela atrás da escrivaninha, onde a Dra. estava sentada. Nela, havia um computador, alguns papeis e um abajur. No canto da sala havia um vaso com uma árvore, que parecia ser verdadeira, e na parede da direita, tinha uma estante, com várias gavetas e fotos em cima.

Já na parede da esquerda, tinha uma porta de vidro, que levava à clínica, com vários equipamentos distribuídos e, no centro, uma espécie de esteira com corrimão.

- Bem Clara, primeiro é importante que você saiba que as nossas consultas têm o intuito de não atrofiar os seus músculos e nervos. mesmo que você tenha perdido os sentidos motores e táteis, tentemos deixar as suas pernas "em uso" e "treinadas", caso alguma cirurgia apareça para reverter a sua condição atual.

Sandra parecia ser bem animada, porém profissional. Seu cabelo era liso e ruivo, sua pele clara. Seus olhos castanhos acompanhavam um óculos de armação dourada, que afinava seu rosto. Ela aparentava estar na carreira dos quarenta anos.

- Está pronta para começar a nossa sessão? - ela perguntou.

- Sim... Acho que sim.

Ela me levou até a clínica, onde eu fui generosamente deitada em um tatame. A Dra. dobrava minhas pernas, fazia massagens, usava aparelhos, e eu, não sentia nada, mas estava achando divertido.

- Lembre-se Clara, se você sentir alguma coisa, me avise.

- Certo. - eu sentia muita coisa, mas como era fisioterapia e não psicologia, guardei meus pensamentos para mim.

A sessão durou quarenta e cinco minutos. Eu participava de alguns movimentos, mas me senti na verdade bem inútil, sem o movimento das pernas.

Após o término daquela consulta, fiquei sabendo que aquilo se repetiria por um longo tempo. Que inferno.

Outro enfermeiro agora me pegava na sala da Dra. e me levava para o quarto. Quando lá chegamos, nos deparamos com a presença confortadora da minha mãe. O homem então nos deixou a sós, e disse que se precisasse chamar, ele estaria por perto.

A Sra. Moraes me forçou a comer o café da manhã que tinha sido colocado perto da minha cama. Foi com muito esforço que consegui terminar as torradas e o chá sem gosto, enquanto conversávamos,, Minha mãe parecia mais estável do que no dia anterior.

- Querida, você precisa tomar um banho... - ela disse com cautela, sabendo que eu não teria uma reação boa.

- E você terá que me enxaguar como um bebê, não é? - falei, novamente tentando não ser rude.

- Bem... Não será problema para mim. E você sempre foi e sempre será um bebê. - minha mãe disse com um sorriso no rosto, que não se encaixava no seu triste semblante. Seus cachinhos pretos e bem penteados não tinham a mesma vida que um dia já tiveram, mas seus olhos escuros e penetrantes ainda me transmitiam confiança.

Por fim, vencida, deixei-me ser levada ao banheiro e ser cuidadosamente despida.

Ela teve grande esforço para me sentar no banquinho que estava no chuveiro, mas consegui por fim, me manter firme ali. Então, de uma sacolinha plástica que nem tinha reparado a presença, minha mãe tirava meus pertences pessoais, incluindo meu shampoo, sabonete e condicionador.

Então começamos o banho, com o primeiro jato do chuveiro bem quente, ficando cada vez mais morno.

- Isso faz eu parecer uma criança, incapaz. - eu resmungava um pouco.

- Pare de se ver assim querida, você não deve ter pena de si. - ela me respondia, começando a lavar meu cabelo.

- Não tenho pena de mim, tenho pena de você e do papai. Eu fui muito bem cuidada e criada quando criança. Finalmente consegui meu emprego e meu próprio apartamento, dando para os meus pais o seu devido descanso. E então, isso acontece comigo, e parece que todo o seu esforço, por toda a nossa vida não valeu nada. Continuo sendo dependente de vocês, sem nunca poderem descansar.

Minha mãe ouvira em silêncio, enxaguando meu cabelo. Depois de um tempo, ela respondeu:

- Querida, ouça bem o que eu vou lhe dizer. Eu escolhi ser mãe. Quando se faz essa escolha, você tem que ter em mente que não terá privilégios ou facilidades. E não é uma escolha passageira. É para toda a vida. Quando se tem um filho, não há mais você em primeiro lugar. Todo o dinheiro, a comida, o lar que é seu, passa a ser da sua criança, e você tem o dever de fazer coisas extremas por ela.

- Se o filho sente fome - ela continuou - você tira do teu pão para alimenta-lo. Se ele tem medo, é no seus braços que ele encontra conforto.  Se ele precisa de ajuda, é você que deverá ajuda-lo. E isso não é só quando ele é pequeno. Isso serve para toda a sua vida. Só Deus sabe a aflição de uma mãe quando o filho está longe e você não sabe o que se passa. E só Deus sabe Clara, o quanto eu me preocupo com você e o pesadelo que foi quando soubemos do acidente. E só eu que sei que, o que eu devo fazer agora, é cuidar de ti, mesmo que pareça que o tempo parou quando você era pequenina.

Eu ouvi com muita atenção e lágrimas nos olhos, que se camuflaram com as gotas de água do banho.

Continuamos conversando, sobre como eu gostava que minha mãe penteasse meu cabelo ou que me pegasse no colo quando eu era pequena. No fim, foi um bom momento.

...

Após o banho, novamente em minha cama, minha me informou que teria que ir embora, mas que voltaria nos próximos dias, junto ao meu pai.

Eu sentia-me totalmente limpa, por um momento fora do hospital, porém, novamente sozinha. Hélio passou uma vez no meu quarto para me dar um beijo, mas logo foi embora.

Eu já tinha decorado todos os canais da televisão e já sabia os turnos dos enfermeiros que vinham me checar. Então, recebi a visita de Theo, acompanhado a uma mulher, que não sabia quem era.

- Oi Clara. Atrapalho? - disse Theo, apenas com a cabeça dentro do quarto, mostrando sua presença.

- Nunca, entre!

- Clara, deixa eu te apresentar. Essa, é Milah, a outra policial que me auxiliou no seu resgate. Ela queria te conhecer então...

- É um prazer Milah! Nem sei como dizer o quanto eu sou grata a vocês dois, pelo que fizeram por mim.

- Bem, foi só o nosso trabalho. - a policial sorria. Era muito bonita, com cabelo cacheado, de pele negra, vestia a mesma farda que Theo. - Sem querer me gabar, mas se não fosse por mim, Theodoro nem estaria aqui hoje.

- Claro que não. - o policial esnobou e nós duas rimos.

- Desculpe a pergunta, eu não tenho nada o que me intrometer mas, vocês são... - a mulher não me deixou terminar.

- Cruzes, não! - ela ria da pergunta. - Não é por falta de vontade do Theodoro aí, mas sabe como é, eu e ele temos... Os mesmos gostos.

- Eu nunca me interessei por você! - Theodoro contestava.

- Uhum...

Nós três conversamos por um bom tempo, na verdade, ouvindo mais a Milah contar como ela conheceu o pobre Theodoro e como ele se tornou um grande homem depois de sua influência,  mas estava tudo bem, eu ter a companhia deles era ótimo e as histórias me distraiam muito. Porém, logo depois do almoço, eles tiveram que voltar ao trabalho.

- Ei, Clara, qualquer coisa... Caso você se sinta sozinha ou precise de ajuda, me liga, tá? -  Theo disse. Nós já tínhamos trocado os números mais cedo. - Quer dizer, nos ligue. - ele corrigiu, olhando para Milah,

- Pode deixar!

E assim, os dois policiais deixaram o quarto.

Eu, por fim, apenas queria tirar o gosto horrível do almoço da minha boca, então, rezando para que ainda estivesse lá, passei minha mão debaixo do travesseiro, e lá estava, a caixa de chocolate que tinha ganhado ontem.

Começava a comer, como se não houvesse o amanhã, até que a porta e abre novamente.

- Mas que droga é essa? - era ´meu noivo, e eu teria que me explicar.


Notas Finais


E então???


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...