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História Através da Estrada. - Embate de Gigantes.


Escrita por: GiovannaPotter

Notas do Autor


É, eu sei, eu demoro, eu não posto e afins. espero que gostem desse capítulo...

Capítulo 7 - Embate de Gigantes.


Tive que esperar mais alguns dias para receber a minha tão esperada alta.

Hélio ainda me olhava torto por ter sido contrariado (ou pelo fato de ter percebido que ele não é meu dono). Por mais que eu tentasse, toda a vez que me lembrava do "ocorrido do chocolate", meu sangue ferve de raiva e dor.

Mas tudo bem, nada poderia estragar o meu dia de alforria.

Logo de manhã, ao acordar, tentei sair da cama sozinha. Uma tentativa frustrada, já que me lembrei poucos segundos depois de iniciar o ato que não conseguia mais mexer minhas pernas. O costume ainda persistia.

Alguns enfermeiros passaram no meu quarto para me dar comida. Como era meu último dia no hospital, decidi ser comportada e fazer o que eles aconselhavam.        

Em torno das dez da manhã, minha mãe chegou ao meu quarto e começou a arruma-lo, juntando meus cartões e presentes em uma sacola.

- Que bonita essa caixinha de música! - ela disse ao abrir a gaveta da cômoda que ficava ao lado da cama. - Hélio sempre com muito bom gosto...

- Pena que não foi o Hélio que me deu este lindo presente. - respondi um pouco áspera, esquecendo que não havia dito a quase ninguém que aquela caixinha, na verdade, tinha sido um mimo de Theo. O motivo de não ter comentado era o meu desejo por evitar comentários sexistas dos meus pais e colegas, como "Mas seu noivo sabe disso?" ou "Para mim, quando se está em um relacionamento, só se tem amigos do mesmo sexo...". Pelo olhar de minha mãe, deduzi que um desses pensamentos rodeavam sua cabeça, mas ela me poupou de expô-los.

Mesmo inconscientemente, esperava que algum dos meus colegas ou amigos fosse me visitar naquela clausura, mas ao perceber que ninguém viria, me distrai com outros pensamentos. 

O fim da manhã e o início da tarde passaram muito lentamente. Os segundos eram densos e os minutos não pareciam passar. Minha ansiedade aumentava a cada instante, mas tentei me controlar ao máximo, imaginando como seria retornar para meu apartamento.

Por volta das 16h, a mesma enfermeira que me acompanhou no dia em que acordei e à minha ida para a fisioterapeuta foi ao meu quarto para fazer os últimos check-ups. Agora que tudo passara tão devagar, pude perceber que, além de muito bonita, nunca perguntara o nome da moça.

- Perdoe-me pela indelicadeza, enfermeira, - fui dizendo, tentando demonstrar toda minha humildade e vergonha por me encontrar naquela situação. - Mas, nunca fomos apresentadas de forma correta. Qual é o seu nome?

- Maria. - ela demorou para responder, aparentava estar surpresa pela pergunta. - Maria Antônia. - a mulher usava o cabelo curto que resplandecia um ruivo escuro muito bonito. Reparando, pela primeira vez, era uma pessoa muito atraente. Seu rosto de pele clara contrastava com os olhos escuros e seu corpo era escultural.

- Bonito nome, Maria. - ela apenas sorriu em resposta.

Tentei conversar um pouco mais para passar o tempo, mas ela parecia se esquivar de meus assuntos. Não a culpo, nem eu mesma gostaria de estar naquele papo.

Fiquei sozinha no quarto por um tempo, que aproveitei para tentar dormir mais um pouco (não que eu não estivesse descansada, dormir é a coisa que você mais faz em um hospital) e, quando acordei, finalmente chegara  hora de partir.

Entraram juntos no quarto minha mãe, meu noivo, Dra. Sandra e, para minha infelicidade, Dr. Fonseca.

- Bem Clara, parece que seu dia de ir embora chegou. - o Sr. dizia para mim com um sorriso forçado no rosto.

- Não há ninguém mais feliz por isso que eu, Dr. - respondi normalmente, enfrentando os olhares ásperos de Hélio.

- Acho que você sabe sobre as suas recomendações - ele dizia olhando não para mim, mas para alguns papéis que suspeitava que não pertenciam à mim. - Dieta rigorosa, nada de muitos esforços e "aventuras", idas frequentes ao fisioterapeuta...

- "Idas frequentes a fisioterapeuta" você quis dizer, certo Dr.? - Sandra havia interrompido a fala de José, com um tom um pouco severo.

- Sim, sim, claro, Sra. Sandra. Bem, não preciso dizer muito já que você tem a sorte de ter um noivo médico, não é mesmo Srta. Moraes? - ele dizia com um tom de petulância tão grande, mas parece que apenas eu percebia isso.

- Assim como ele tem a sorte de ser noivo de uma jornalista, acho eu. - pude perceber que Sandra sorrira depois de minha fala.

- É, deve ser mesmo. - e assim, a conversa morreu.

Dra. Sandra orientou mais minha mãe e H sobre minhas consultas do que à mim, isso porque nossas sessões já haviam sido discutidas entre nós e ela me poupou de repetirmos todo o combinado.

Logo, Maria entrou no quarto conduzindo uma cadeira de rodas, minha cadeira de rodas.

Os médicos, com exceção de Hélio, saíram do quarto. Minha mãe já tinha deixado a sacola com as minhas coisas no meu apartamento.

E de um momento para outro, a enfermeira estava me ajudando a sentar no meu novo meio de locomoção e mais rápido ainda, nos encontrávamos perto da saída do grande hospital.

"Adeus papel de parede monótono.". "Adeus cômodos desconfortáveis e feios.". "Adeus dias de uma Clara morta em uma cama ridícula.". Esta foi minha despedida surda e pessoal.

Raios de luz batiam em mim, mais fortes do que os que me alcançavam no quarto. Como aquela sensação era boa.

Porém, em antítese, os olhares desagradáveis de pena que eram conduzidos a mim me congelavam. Teria que aprender a lidar com aquilo.

H tinha terminado de preencher alguns documentos e minha mãe ia dizendo o quão bonita eu estava. Seus comentários me incomodavam bastante, mas eu nunca iria tirar o prazer que ela tinha ao falar de mim.

Íamos em frente, a caminho do carro de meu noivo, quando um homem vinha em nossa direção, apressado.

- Esperem, Clara! - era Theo, vindo até nós. Alguém além da dupla que convive comigo veio me visitar.

- Oi Theo! Caramba, você veio! - eu sorria bastante, porém meus acompanhantes se encontravam confusos.

- Não queria que você fosse embora sem me despedir. Inclusive, é um prazer em conhece-la, Sra. - ele dizia, se dirigindo a minha mãe.

- O prazer é todo meu. - a mulher dizia enquanto o moreno se curvou para dar um beijo em sua bochecha.

- E é um prazer revê-lo, Dr. - o policial continuou, agora se dirigindo ao loiro, que tinha cara séria e que apenas respondeu com um balançar de cabeça.

- Já estávamos indo para meu apartamento, finalmente. - disse, para cortar o gelo.

- Poxa, gostaria de ter chegado antes, só fui dispensado agora.

- Está de folga? - perguntei.

- Sim, dois dias.

Hélio sucumbiu o que pareceu ser uma risada mas Theodoro pareceu reagir indiferentemente a isso.

- Bem, vamos Clara, tenho que voltar para casa ainda hoje. - minha mãe disse, entendendo que aquele encontro não poderia se estender.

Quando estava no quarto, não imaginei como seria o meu retorno para casa na questão de locomoção. Ao me deparar com o grande carro que estava a minha frente, um suor frio e indesejado começou a escorrer pelo meu pescoço e minhas mãos começaram a tremer.

Talvez minhas pernas em circunstâncias normais também tremeriam dessa forma.

- Eu não consigo. - consegui projetar a frase em uma voz que saiu mais esganiçada do que eu desejava. Hélio já estava colocando minha pequena mala no bagageiro quando ouviu a frase.

- Como? Clara, não era o que você mais queria? - meu noivo perguntava, parecendo um tanto incomodado, como se estivesse lidando com uma criança que não quer mais ir ao passeio.

- Sim, é o que eu quero - disse, reunindo todas as minhas forças para enunciar o período seguinte. - Mas não desse jeito, não em um carro.

- Amor, eu tenho que voltar para o hospital ainda hoje, se você...

- Eu levo a Clara. - o policial enunciou, calando a todos. Minha mãe que já estava aflita agora parecia querer se esconder, como se uma bomba estivesse prestes a explodir.

- Não acho que seja necessário, agradeço à sua ajuda, mas ela é de minha responsabilidade. - ele dizia como se eu fosse uma criança muito pior do que a que não quer mais ir ao passeio.

- Na realidade, ela é de minha responsabilidade. Eu como policial fiz um juramento de proteger a todos os cidadãos e prestar a qualquer tipo de serviço.

- Mas como você disse, dia de folga, não é? - Hélio disse, batendo a porta do bagageiro, totalmente presunçoso.

- Bem... - Theo agora apresentava toda calma possível. - Eu não deixo de ser o que sou nos meus dias de folga, você deixa?

O clima ia ficando cada vez pior. Minha mãe que não gostava de brigas segurava fortemente em meu ombro.

- Eu vou com o Theo. - calei os dois homens e ganhei mais caras de surpresa me admirando. Todos estávamos em uma calçada em frente a um hospital em um empasse que poderia ser facilmente resolvido. - H, por favor, leve minha mãe para a casa dela e deixe as minhas coisas no meu apartamento. Será rápido e você não se atrasará para o turno, eu tenho certeza. Theodoro me levará a pé para casa. Demorará um pouco mas não é nenhum caminho de matar.

- Eu não vejo problema algum nisso. - minha mãe tomara coragem e se pronunciara. O loiro, que parecia bem furioso com a ideia, ao ouvir o pronunciamento da sogra cedeu ao meu pedido.

- Também não vejo problema, chegaremos o mais rápido possível. - Theodoro disse, concordando simpaticamente com a Sra.

- Então estamos combinados. - puxei o braço de meu noivo antes que ele abrisse a porta do carro para minha mãe entrar. - Faça isso por mim. - soprei em seu ouvido, dando-lhe um beijo de "até logo".

Assim, minha família entrou no carro e deram disparada para o caminho que eu e meu novo amigo faríamos.

- Well, follow that car! - Theo disse, começando a me dirigir.

 


Notas Finais


E então?


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