História Através da Porta - Capítulo 1: Como você entrou aí?

— Bom dia! — Toriel manifestou-se, depositando um beijo na testa de Frisk a fazendo acordar.

— Bom dia... — Frisk disse sonolenta, mas com um sorriso no rosto. 

— Vamos tomar café! Vai falar com Sans hoje? — Toriel questionou, sentando-se na cama ao lado da filha.  

— Vou! — Gritou e saiu correndo em direção ao chuveiro, enquanto a albina ria da empolgação costumeira da garota. 

 Essa história é interessante! Frisk chegou ao subsolo com seus oito anos de idade. Tudo aconteceu bem padrão, ela caiu, encontrou Flowey, e conheceu Toriel, a guardiã das Ruínas e sua mãe adotiva. 

 Mas não era como você esperava. A menina não saiu das ruínas. Ela não aguentou ver Toriel triste com a sua saída, e resolveu ficar. Mas é claro que ela vai sair! Se não, qual graça teria essa história? Para entenderem melhor, vamos voltar um pouquinho no tempo! 

[...]

Frisk se sentia meio tonta, ela não se lembrava de absolutamente nada. Seu corpo doía muito, como eu vim parar aqui? Se perguntava. Por sorte, estava viva, pois foi uma queda e tanto! Levantou-se, batendo com as mãos nas roupas, seguindo por um caminho escuro. Estava curiosa, e ao mesmo tempo apreensiva, mas com certeza seria melhor explorar, do que ficar sentada onde caiu, esperando a ajuda que provavelmente não viria. Ao andar um pouco, se deparou com uma flor dourada, muito parecida com as que haviam amortecido sua queda, só que era maior, e bem mais bela. 

— Opa! Como vai? Sou Flowey, a flor! — A flor se manifestou, fazendo Frisk se assustar. Ela questionava como uma flor poderia estar falando com ela, será que estava ficando louca? — É sua primeira vez no Subsolo, não é? — A flor interrogou. — Alguém tem que te ensinar como as coisas funcionam por aqui! — Completou. 

Após suas palavras, tudo ficou escuro, e a frente de Frisk, um estranho painel se abriu. Ele continha quatro botões, sendo nomeados como: Lutar, Agir, Item e Piedade. 

 — Está vendo esse coração? — Frisk assentiu com a cabeça. — Essa é a sua alma! — Falou animado. — Sua alma pode ficar mais forte se você conseguir bastante LV! — Completou, fazendo a garota adquirir uma expressão confusa. 

— Lv...? — Murmurou. 

— O que LV significa? LOVE é claro! — Disse, dando um sorriso paciente. — Aqui! Me deixe compartilhar um pouco com você! — Completou. 

Dito isso, algumas sementes brancas começaram a flutuar em sua direção, elas pareciam inofensivas, então Frisk as pegou. Se arrependendo em seguida, as sementes tinham-na machucado muito! E seu HP de acordo com o painel, estava em um. Outro ataque, e ela morreria. Dirigiu seu olhar a Flowey, que a encarava com um sorriso maldoso e uma expressão diabólica, se divertindo com o sofrimento da garota. 

— Idiota... — Riu fraco. — Neste mundo é matar, ou ser morto! Por que alguém desperdiçaria uma chance como essa? — Completou, conjurando mais de suas sementes, jogando-as para cima de Frisk. 

A menina fechou os olhos, esperando seu inevitável destino, e quando percebeu, as sementes magicamente haviam sumido. Uma voz doce ecoou pelo local, e ela sentia sua visão ficando turva. Tudo estava ficando escuro, e a última coisa que ouviu foi: 

— Não se preocupe, pequena. Irei cuidar de você... 

[...]

Onde estava? Jurava que havia morrido. Estava com medo, e seu corpo já não doía mais. Um silêncio confortável pairava. Levantou-se, aparentemente, havia sido colocada numa cama, muito confortável. Atravessou um pequeno corredor, e ao final dele, avistou uma senhora, um tipo de cabra?

Ela parecia tão serena e concentrada em seu livro, mas desviou seu olhar para Frisk assim que a viu se aproximar. Toriel explicou várias coisas para a menina, lhe ofereceu Torta, um lugar pra ficar, estava se sentindo acolhida. Mas sabia que mesmo devido as circunstâncias não muito boas em que se encontrava na Superfície, tinha de voltar, sua mãe devia estar preocupada!

Logo flashbacks de tudo o que ocorreu passaram por sua mente. Encarou seu vestido amarelo, que estava manchado de sangue, e se pôs a chorar, sentou-se no chão em prantos. Enquanto a guardiã tentava acalmá-la. 

Os primeiros dias foram ótimos, Frisk aprendeu muitas coisas, e conheceu novos monstros pela Superfície, sendo sempre gentil e amigável com os mesmos. Mas o tempo se passou, e tudo nas Ruínas parecia tão pequeno e sem graça... Um tempo se passou, e Isso levou a uma discussão entre a garota e a guardiã. Levando a consequências drásticas, e quando pôde perceber, uma batalha entre ambas havia se iniciado. 

— Você é só uma criança! Não sabe os perigos que existem através dessa porta, não posso te deixar sair! — Suplicou, conjurando algumas bolas de fogo, que Frisk conseguiu desviar com tamanha facilidade, surpreendendo a albina. Mas uma delas, acabou acertando a garota, deixando-a muito machucada. — Frisk! — A guardiã correu até a garota. — Venha, me deixe te curar. 

— Eu, não quero mais sair... — Disse chorosa, e logo sentiu as lágrimas passeando por seu rosto. Toriel a abraçou. 

— Um dia, você poderá sair... Mas só quando estiver pronta e apta a sobreviver sem a minha ajuda. O menor descuido, e Asgore lhe matará. — Murmurou, apertando a garota ainda mais em seus braços. 

[...]

A curiosidade é algo forte dentro de todos nós, não importa o quanto tente lutar contra, ela sempre acaba vencendo. E para Frisk não era diferente. Desceu as escadas, encarando a enorme porta roxa a sua frente. Puxou a maçaneta com toda a força que podia. Trancada. Bufou, mas já imaginava que Toriel não a deixaria aberta, com receio de que a garota fosse contra suas ordens e saísse. 

 — Droga. — Resmungou, dando um chute de leve na porta. Encostou na mesma, descendo com as costas até chegar ao chão, sentou-se encostada na porta. — Lá fora não deve ser tão ruim assim! Por que simplesmente não posso sair? — Indagou em voz alta, em seguida arremessando uma pedrinha contra as escadas que havia acabado de descer. 

— Uuh... Tem... Alguém aí? — Uma voz um tanto grave se pronunciou, fazendo Frisk se assustar. 

— O-oi! Eu sou... Frisk! Quem é você? — Disse encostando a cabeça na porta, para ouvir o outro ser com mais clareza. 

— Hey, Frisk! Eu sou Sans. 

 [...]

A garota tomou um banho demorado, logo saiu do banheiro, colocando seu traje costumeiro. — Havia ganhado de presente de Toriel, um suéter azul, com duas listras roxas. Toriel era uma boa costureira, e sabia costurar algumas roupas simples, que ficavam lindas aos olhos de Frisk. — Arrumou os cabelos, e ajeitou sua franja. Desviou seu olhar ao relógio, que marcavam sete e meia. Correu até a cozinha, apressada. 

— Sente-se, Frisk! Eu fiz torta! — Toriel disse, com um sorriso paciente em seu rosto, depositando o prato com o doce, á frente da garota.  

— Uau, está muito bom! - Sorriu, dando outra garfada na torta. 

— Obrigada, Frisk. — Riu fraco. — Está animada? Amanhã é um grande dia, não é? — Finalizou. 

 O que aconteceria amanhã? Oh, amanhã Frisk completará dezoito anos. 

— Ah sim, é verdade. — Disse monótona, brincando com o garfo.

— Já fazem 10 anos... — Toriel disse nostálgica. Em seguida retirando os pratos da mesa. — Bom vejo que já terminou. Mande um 'oi' para o Sans! — Ela completou.

 — Pode deixar! — Frisk disse depositando um beijo estalado na bochecha da guardiã. — Até mais tarde! — Completou. 

[...]

— Olá Sans! — Disse animada, era legal finalmente conhecer alguém novo. Já estava cansada das piadas de sapos que Froggit sempre fazia quando se encontravam, e Napstablook, nunca mais apareceu. 

— Uow, eu nunca tinha visto nada sair daí, muito menos entrar. Acho que essa porta não é aberta há anos! Como conseguiu entrar aí? — Questionou. 

— Eu não sei... Só me lembro de ter caído!

Várias conversas aleatórias, acontecerem nesse longo período de dez anos. Ela contou a Sans tudo que havia acontecido quando caiu no Subsolo, sobre Flowey tê-la atacado, Toriel não a deixar sair... Frisk e Sans cresceram. E a amizade dos dois também, eles se tornaram melhores amigos, inseparáveis! A não ser por uma porta... Mas eles conversavam todos os dias, e sempre tinham assuntos que gostavam de discutir. Frisk mal esperava pelo dia que poderia sair dali e abraçar seu melhor amigo, o qual só podia ouvir a voz. 

Até que Sans, teve uma ideia.