História Através da Porta - Capítulo 28: Não posso mentir pra você.

— VOCÊ O QUÊ? — Praticamente gritou. 

— Sans, você tem uma namorada... Esperava mais de você. — Mettaton se manifestou. 

— Tecnicamente... Nós não namoramos. — Deu de ombros. 

— Como Frisk reagiu? — Indagou Mettaton. 

— Bem... Ela ficou um pouco chateada, porque eu a beijei, mesmo ficando com a Chloe. — Disse cabisbaixo. 

— EU ESTOU DO LADO DA FRISK! NÃO DEVERIA TER FEITO ISSO! — Papyrus cruzou os braços. 

— Você não entende, Pap! Eu simplesmente não aguentei, eu precisava fazer aquilo! 

— Depois conversamos sobre isso, já estamos atrasados para o jantar da Toriel, então vamos! — Mettaton disse, saindo pela porta. 

[...]

Alguns convidados já haviam chegado, conversando enquanto algumas coisas ainda não estavam prontas, além do pessoal de sempre, Toriel também havia chamado alguns dos antigos súditos, então a casa estava cheia. Sans, Papyrus e Mettaton ainda não tinham chegado, embora estivesse com raiva, tinha de admitir que estava preocupada. Ouviu batidas na porta. 

— Frisk, pode atender? Estou ocupada. — Toriel gritou da cozinha.

Frisk foi em direção da porta, abrindo-a. Dando de cara com Papyrus e Mettaton, estranhou que Sans não estivesse com os dois. Bem, até olhar para trás dos dois, mais especificamente no meio da rua. Sans e Chloe estavam conversando, ela não podia entender bem o que diziam, afinal estavam longe. Ele havia a trazido para a festa na SUA casa, logo após de beijá-la? Nunca imaginou o quanto ele pudesse ser tão cara-de-pau, mas já deveria suspeitar, conhecia sua reputação com as garotas da faculdade. Ela nunca sentiu tanta raiva na vida. Ela torcia mentalmente pra que um carro passasse por cima dos dois. 

— Frisk? Você está bem? — Mettaton disse, balançando a mão na frente de seu rosto, há quanto tempo ela estava encarando Sans? 

— Uh? S-sim estou bem, entrem. — Disse abrindo espaço para que os dois passassem, enquanto fechava a porta, dando uma última olhada para os pombinhos no meio da rua, enquanto se beijavam, o quão imbecil ele podia ser? 

[...]

— Chloe. entenda, por favor. — Suspirou, se soltando do beijo.  , criando coragem para dizer. — Eu não sinto nada por você. 

— Quem é a outra Sans? — Cruzou os braços. 

— Não tem nenhuma outra eu só... 

— É a Frisk, não é? 

— Eu só não posso mentir pra você.  

— Aconteceu algo que eu não saiba? — Arqueou uma de suas sobrancelhas. Sans respirou fundo. 

— Aconteceu. — Murmurou, recebeu um tapa logo em seguida, não se irritou, no fundo ele sabia o quanto merecia isso. 

Chloe saiu andando em passos pesados, ela estava bem irritada, afinal, ela tinha seus motivos. Sans estava sozinho, no escuro, com apenas um poste iluminando a garota que cada vez sumia mais na sombras enquanto andava. Ótimo, estava chovendo. Estava em um verdadeiro filme, e ele se sentia o vilão da história. Andou até a porta, batendo duas vezes na mesma.

— Sans, entre! — Toriel disse com um sorriso gentil, dando espaço para que o mesmo passasse. 

— Obrigado Tori. — Sorriu de volta, adentrando a casa. 

Seus amigos estavam na sala, rindo e conversando. Alguns conhecidos estavam perambulando pela casa, ou simplesmente encostados em algum canto. Mas quem realmente estava procurando, não encontrava. E nem sabia se ela iria querer vê-lo. Ela estava bem zangada, então provavelmente ainda estaria. Então foi em direção a sala, se juntar aos seus amigos.

Não pronunciava uma só palavra, apenas acompanhava a conversa e ria quando faziam alguma piadinha. Recebia olhares de Papyrus que diziam, "Vá falar com ela!". Mas ele não queria incomodá-la. Então foi até a cozinha, tomar um pouco de água. Afastar alguns pensamentos e aproveitar a festa que Toriel estava dando. 

[...]

Asriel aproximou-se de Chara cautelosamente, para que não percebessem, e para que não ouvissem a conversa. 

— Chara. — Sussurrou. 

— O que foi? — Sussurrou de volta. 

— Vamos terminar aquela conversa. — Disse apontando para as escadas. 

Os dois subiram para o andar de cima, adentrando o quarto das irmãs, e fechando a porta para que ninguém escutasse sobre o que seria dito ali e agora. Os dois sentaram-se na ponta da cama de Frisk, lado a lado, respirando fundo. 

— Tá, vamos conversar. — Chara encarava Asriel. 

— Não, não precisamos conversar, era tudo uma aposta. — Asriel disse cabisbaixo, suspirando. — Eu não gosto de você, só te beijei por curiosidade. Os lábios de Chara tremiam, e ela segurava o choro.  

Ele sentiu a mão quente de Chara desferindo um tapa contra seu rosto, correndo do quarto logo em seguida. 

Era melhor assim, se eles assumissem qualquer tipo de relacionamento, poderiam sofrer algum tipo de preconceito mesmo não sendo irmãos de sangue, sempre foram vistos assim. Chara parecia durona, mas Asriel a conhecia muito bem pra saber que era só fingimento, a garota era sensível até demais e isso poderia acabar machucando-a, então, era melhor fingir que nada havia acontecido, para não serem alvo de alguém com uma mente bem fechada. Provavelmente Chara iria ignorá-lo durante um tempo, mas era um risco que tinha que correr pela felicidade da garota. 

— Ela vai achar alguém melhor... — Disse deitando-se na cama, encarando o teto, suspirando e fechando seus olhos por um momento. 

[...]

O jantar ainda não estava pronto, ela precisava tomar um ar, apenas sentar-se na grama e fingir que nada havia acontecido, se livrar desses pensamentos. Cautelosamente saiu da sala, sem que ninguém a visse. Foi até o jardim detrás da casa, sentando-se na grama molhada, ainda chovia, mas não tanto como a alguns minutos atrás. Deitou-se colocando as mãos atrás da cabeça, olhando para o céu, a noite estava bonita, um vento fraco batia em seus cabelos, e nas flores do local, balançando-as. Fechou seus olhos por um momento, até ouvir um ruído. 

— Desculpe te interromper. — Disse baixo. A garota apenas ignorou, fechando seus olhos novamente. — Olha, eu sei que tá brava comigo... Mas pelo menos podemos falar sobre isso? — Indagou sentando-se ao lado de Frisk. 

— Não temos nada pra falar. — Disse ainda de olhos fechados, como se Sans não estivesse ali. 

— Você sabe que temos. 

— Por que não vai falar com a Chloe? Aposto que ela tem as palavras na ponta da língua. Bem, agora não mais, já que você as sugou. — Disse irritada, levantando-se. 

— Você viu aquilo? Foi ela que me bei-... Espera. Você tá com ciúme da Chloe?! — Disse rindo fraco. 

— Eu não vou ficar aqui ouvindo suas provocações, Sans. — Disse indo em direção a porta da frente da casa. Sendo puxada antes que chegasse. 

— Nós terminamos.