História Através da Porta - Capítulo 3: Ele não é mau, apenas não tinha escolha.

— Ok. — Se sentou ao lado de Frisk. — O que quer saber? — Completou.

— Quem é Asgore? Toriel vive dizendo que eu não posso sair por causa dele! Que caso eu saia ele me mataria! O que eu fiz pra ele? Por que ele é tão mau? — Frisk disse gesticulando com as mãos. 

— Asgore é o nosso rei. você realmente não prestou atenção nesse livro, né? — Sans riu um pouco no final da frase, abrindo o livro em uma página que Frisk não conseguiu distinguir. — "O único jeito de sair, era por uma barreira. Que só poderia ser quebrada utilizando sete almas humanas, e a alma de um monstro." — Sans disse fazendo uma voz medonha. — Você é uma humana, Frisk! Asgore precisa da sua alma pra quebrar a barreira! Ele não é mau, apenas não tem escolha. — Completou, devolvendo o livro para a garota. 

Não disse mais nada. Apenas ficou encarando o livro, pensativa. Ela se sentiu mal pelos monstros. "Eu passei apenas algum tempo nas ruínas, achando que minha situação era ruim, mas olhe pra eles, estão aqui a mais tempo do que posso contar!" Frisk pensou. 

— É ISSO, SANS! — Frisk se levantou e gritou assustando Sans.

— Ahn... o quê? — Disse se recompondo.

— O meu sonho! Aquele sonho não foi em vão! Eu sou o futuro da raça! Da raça dos monstros! — Frisk disse dando pulinhos. 

— O futuro da raça? — Sans estranhou.

— Você realmente não prestou atenção nesse livro, né? — Brincou, imitando a voz de Sans. — Eu tenho esse sonho desde pequena, eu achava estranho, mas agora vi que ele tem um propósito! Tudo isso que aconteceu comigo, já era planejado! Eu tinha que cair aqui! Toriel só me atrasou não me deixando sair! — Frisk completou.

— O que você tá pensando em fazer? — Sans disse se levantando. 

— Eu vou dar minha alma para Asgore, para ele quebrar a barreira. — Sorriu, encarando o amigo. 

— O QUÊ? — Sans gritou. — Frisk, isso é suicídio! — Completou.

— Sans não é suicídio. É o que eu nasci pra fazer! Eu só existo por um motivo e é esse! — Cruzou os braços. 

Sans pegou a mochila de Frisk, guardando o livro dentro da mesma, a colocou nas costas de Frisk. Pegando na mão da garota e os levando de volta ao corredor onde a porta ficava. 

— Você vai subir lá pra cima, e vai esquecer dessa ideia! Você sabe quantos monstros tem por aí que querem te matar? Eles te trucidariam antes que chegasse ao castelo! Agora sobe. — Mandou, apontando para as escadas. 

— Você não é meu pai! — Disse cruzando os braços.

— Tchau, Frisk. — Sans disse e simplesmente sumiu, provavelmente indo de volta para sua casa.

Então se rendeu, subiu as escadas, fazendo o mínimo de barulho possível. Felizmente, Toriel estava dormindo, então nem deve ter percebido que Frisk havia saído. Então foi para o seu quarto, fechando a porta e deitando em sua cama, estava exausta. 

[...]

Sans não havia ido para casa, estava andando por Snowdin. Todos esses anos que falara com Frisk, ela nunca tinha dito algo assim. Não podia deixá-la entregar sua alma a Asgore! Era mais seguro para ela que ficasse nas ruínas, com Toriel. Então voltou ao lugar onde havia levado a garota. As Echo Flowers ainda repetiam a doce risada da mesma, o que fez Sans dar um sorriso, sem ao menos perceber. Decidiu voltar para casa, estava exausto e precisava descansar.

Ao retornar de volta para a casa, Sans abriu a porta cautelosamente para não acordar Papyrus. O que foi em vão, pois o mesmo estava bem acordado esperando Sans no sofá da casa.

— SANS, ONDE VOCÊ ESTAVA? VOCÊ SAIU E NÃO AVISOU, EU FIQUEI PREOCUPADO! — Papyrus disse se levantando do sofá e encarando o irmão. 

— Foi mal Bro, eu dei uma saída pra esfriar a cabeça, heh, nada demais. — Disse piscando para o mais novo. 

— POR QUE TENHO A MÓRBIDA IMPRESSÃO DE QUE VOCÊ FEZ UMA PIADA? — Praticamente gritou, subindo as escadas, logo parando antes de chegar ao topo. — IREI DORMIR, CASO ESTEJA COM FOME, O GRANDE PAPYRUS DEIXOU ESPAGUETE PARA VOCÊ NA GELADEIRA, É SÓ ESQUENTAR NYEHEHEHEH! — Completou e entrou em seu quarto, fechando a porta.

Sans se dirigiu até a geladeira, tirando de lá um prato de Espaguete com Almôndegas, esquentou a comida que seu irmão havia preparado. O gosto não era muito bom, mas dava pra engolir. Dizem que quando estamos com fome comemos qualquer coisa, não é mesmo? Depois que terminou, deixou o prato na pia e subiu em direção ao seu quarto. Deitou-se e acabou adormecendo, foi uma longa noite.

[...]

Sans acordou cedo, não que adorasse, mas era necessário. Alguém tinha que sustentar a casa. Se levantou, pegou seu casaco costumeiro e desceu as escadas. Sentiu um cheiro muito bom vindo da cozinha, estranhou, então seguiu o cheiro e viu que Papyrus estava fazendo torta. 

— Bom dia. — Disse se sentando á mesa.  

— BOM DIA SANS! — Papyrus se pronunciou enquanto mexia na torta que estava no forno.

— Que cheiro bom, do que é essa torta? — Sans disse esgueirando-se para enxergar o que Papyrus estava fazendo. 

— TORTA DE CARAMELO E CANELA.

— Isso me soa, familiar... Onde conseguiu a receita? 

— EU ESTAVA ANDANDO POR SNOWDIN, PARA COMPRAR INGREDIENTES PARA FAZER MEU MARAVILHOSO ESPAGUETE! ENTÃO CONHECI UM MONSTRO NOVO AQUI EM SNOWDIN, COMEÇAMOS A CONVERSAR E ELE ME OFERECEU UMA TORTA. EU COMI E ERA REALMENTE MUITO BOA, ENTÃO EU PEDI A RECEITA PRA ELE. — Papyrus tirou um pedaço da torta e colocou num prato para o mais velho.

— Papyrus, isso tá muito bom! - Sans disse dando uma garfada na torta.

— NYEHEHEHEH! EU O GRANDE PAPYRUS SOU O MELHOR EM FAZER TORTAS! BOM, AGORA TENHO AULA COM A UNDYNE, E PRESUMO QUE VOCÊ IRÁ TRABALHAR. ENTÃO QUANDO ACABAR COLOQUE O PRATO NA PIA, E A TORTA NA GELADEIRA, POR FAVOR. — Disse enquanto saía da cozinha e ia em direção a porta. Abrindo a mesma e saindo, para ter sua aula com a Undyne.

Terminou de comer, deixou seu prato na pia, e colocou a torta na geladeira, como seu irmão havia pedido. Então saiu e foi em direção a sua barraquinha de cachorro-quente. Como não haveria aula na escola do subsolo, muitas crianças iriam ficar andando por aí. E algumas delas poderiam ficar com fome, então era um bom dia para vender cachorro-quente.

O movimento estava fraco, mas Sans tinha que ficar ali, caso algum cliente aparecesse, demorou mas alguns clientes vieram, o movimento começou a melhorar, Sans já havia vendido mais de 30 cachorros-quentes. Estava feliz, era um novo recorde. Então um monstrinho apareceu em sua barraquinha para comprar cachorro-quente. Ele usava uma blusa listrada, azul com listras rosas. Deu a ele o cachorro-quente que o mesmo pagou, mas antes que fosse embora, o chamou. 

— Hey, Pivete. — Sans o chamou. 

— Oi? — Ele disse se virando para Sans.

— Onde comprou essa blusa? — Sans disse apontando para a blusa listrada do "garoto".

— Ah, eu não comprei. Um amigo me emprestou! — Ele disse.

— Amigo? 

— É! Ele é novo aqui em Snowdin! Eu tenho que ir, meus pais vão ficar preocupados... Tchau Sans! — O Monstrinho disse, saindo e comendo seu cachorro-quente. 

Então Sans juntou as peças. Um monstro "novo" em Snowdin. Um monstro que usa uma blusa listrada... 

[...]

— Que cheiro bom... O que é? — Sans perguntou a Frisk.

— Ah, é torta de caramelo e canela! Toriel fez pra mim, ela disse que hoje iria me ensinar a fazer! — Frisk disse animada. 

[...]

"EU ESTAVA ANDANDO POR SNOWDIN, PARA COMPRAR INGREDIENTES PARA FAZER MEU MARAVILHOSO ESPAGUETE! ENTÃO CONHECI UM MONSTRO NOVO AQUI EM SNOWDIN, COMEÇAMOS A CONVERSAR E ELE ME OFERECEU UMA TORTA. EU COMI E ERA REALMENTE MUITO BOA, ENTÃO EU PEDI A RECEITA PRA ELE."

"Ah, eu não comprei. Um amigo me emprestou!"

"É! Ele é novo aqui em Snowdin!"

[...]

Então Sans percebeu o que realmente estava acontecendo.  Foi o mais rápido que pôde de volta a porta, e bateu na mesma, ouvindo um barulho de choro, vindo de dentro. 

— Frisk? Você tá aí? — Chamou, a porta se abriu, revelando Toriel, que estava péssima, parecia que estava chorando há horas. — Oh, olá Toriel. Frisk está? — Indagou. 

— Frisk sumiu. Ela foi embora. — Toriel disse caindo ajoelhada na frente de Sans, ainda aos prantos.