História Através da Porta - Capítulo 32: Abram essa porta agora!

Frisk encarava os dois irmãos, que se entreolhavam com uma cara de "Devemos contar?". O que apenas a deixou mais irritada, além de ter levado um bolo, ainda ficou sabendo da pior maneira que estavam mentindo pra ela. Cruzou os braços e franziu o cenho, a demora estava deixando-a impaciente, o que estava acontecendo, por que não desembucham logo? Pensava. Asriel tentava começar uma frase, mas gaguejava muito, ele estava nervoso e isso era nítido em seu rosto, até que Chara o interrompeu.

— Onde você tava, Frisk? Achei que seu encontro com o Sans era só as três e meia! — Disse cruzando os braços, mudando de assunto.

— Eu queria ir antes, pra fazer uma surpresa pra ele no trabalho dele... Mas me disseram que ele não foi trabalhar hoje! — Disse franzindo o cenho. — Mas... Espera aí! Como sabe do encontro? — Arqueou uma de suas sobrancelhas, cruzando os braços e fixando seu olhar em Chara. — Você entrou no meu quarto e leu o bilhete não é?!

— É... I-isso! Eu li o bilhete... — Disse desviando o olhar. Tentando disfarçar a mentira, pois Sans quem havia dito pra ela.

— Chara, já ouviu falar em privacidade?

— Eu sei Frisk... Mas você sabe como eu sou curiosa, então eu vi lá... E li. — Brincava com os dedos.

— Tudo bem... Isso não importa agora. Sans não estava no trabalho, e acabei de ouvir vocês dizendo que mentiram pra mim. Vamos lá, abram a boca. — Cruzou os braços, enquanto os irmãos se entreolhavam.

[...]

— Frisk, nós não estamos escondendo nada de você, então não temos o que falar. — Asriel disse. 

— Isso mesmo! - Concordou Chara. 

— Eu ouvi você falando: "Se a Frisk descobrir, vai saber que também mentimos pra ela!" — Frisk disse imitando Asriel, que revirou os olhos. — Você disse: "Também", e isso quer dizer que tem outra pessoa mentindo pra mim, e eu aposto que é o Sans! 

— Por que você acha que é o Sans? — Asriel indagou. 

— Porque ele mentiu dizendo que estaria trabalhando, e sei que ele não está! — Disse irritada. 

[...]

Chara não sabia o que dizer, Frisk era meio devagar pra algumas coisas, mas naquele caso, ela estava esperta até demais. Ela sabia que se ficasse mais um pouco ali, acabaria contando tudo para a irmã, e isso era algo que certamente não poderia acontecer. Ela tinha que pensar rápido, caso não fizesse algo, sabia que a morena descobriria por si mesma. Enquanto Frisk e Asriel discutiam, ela dirigiu seu olhar até a cômoda, ela teve uma ideia. A garota estava distraída com Asriel, Chara foi sorrateiramente até a cômoda, pegando uma chave dourada, escondendo em seu bolso, voltando até os dois. 

— Chara, me fala agora, o que tá acontecendo? — Ela já estava bem estressada. 

— Tudo bem. Eu falo. — Chara disse, encarando Asriel, arqueando uma de suas sobrancelhas, o mesmo já havia entendido o recado, pegando na mão de Chara. 

Chara dirigiu seu olhar até um quadro, fazendo Frisk olhar também, aproveitou-se da distração da irmã, para sair correndo, puxando Asriel pelo braço, e fechando a porta, deixando Frisk trancada do lado de dentro do quarto.

— CHARA, ASRIEL! ABRAM ESSA PORTA, AGORA! — Frisk gritava, batendo na porta com força, ainda bem que Toriel não se encontrava em casa, ou eles levariam um sermão enorme, e ninguém quer isso. 

— Desculpa, Frisk! Mas não vamos abrir! — Asriel gritou de volta. 

— Relaxa Frisk... Tira um tempinho pra pensar aí. — Chara disse sentando-se, encostando na porta, sendo acompanhada por Asriel. 

— QUANDO EU SAIR DAQUI, VOCÊS VÃO SE VER COMIGO! 

— Pois é... Mas enquanto você não sai, aproveita pra tirar um cochilo ai dentro! — Asriel disse rindo fraco, dando um highfive com Chara logo em seguida. 

[...]

— NÃO! ELA NÃO VEIO PRA CÁ! SERÁ QUE ELA DESCOBRIU ALGUMA COISA? — Papyrus dizia no telefone. 

— Eu não sei, mas tô preocupado. Nunca se sabe... Se tiver notícias, me avisa. Tô quase chegando. 

— TUDO BEM, QUALQUER COISA EU TE LIGO! TCHAU! — Disse guardando o telefone. 

— O que houve? — Mettaton questionou. 

— FRISK SAIU ANTES DA HORA! 

— Eu sabia que isso não ia dar certo... Sans não deveria ter ido até lá! Deveria ter ficado em casa. 

— AGORA ELE NÃO PODE VOLTAR ATRÁS... É SÓ TORCERMOS PRA FRISK NÃO SUSPEITAR DE NADA. 

[...]

Undyne e Alphys estavam sentadas na sala, assistindo a um filme de terror, Alphys não era muito fã, mas gostava de assistir. Era um kit completo, almofadas confortáveis, um cobertor quentinho, uma companhia especial, pipoca, refrigerante, doces... Estava perfeito, tudo que se precisava para fazer uma sessão de filme em casa. Era um momento crucial do filme, bem clichê a propósito, o assassino estava prestes a conseguir entrar na casa, para fazer sua primeira vítima, a protagonista estava assustada, não sabia onde o serial killer se encontrava, isso só aumentava a tensão, até que ela se virou dando de cara com o mesmo, e o telefone tocou na mesma hora, foram dois sustos em um. 

— AAAAAAAAAAAAH! — As duas gritaram. Pararam ao perceber que se tratava do telefone, riram e Alphys levantou-se para atender. 

— Alô? 

— Alphys, querida! Oi! 

— Ah, oi Mettaton! 

— Frisk está aí com você? 

— Frisk? Não. Por quê? 

— Lembra daquilo que te contei, do Sans? 

— Ah sim lembro. Ele foi lá hoje?

— Exatamente. 

— Frisk descobriu? 

— Não sabemos, o que sei é que ela saiu mais cedo, então estava torcendo pra ela estar ai com você... 

— Não, ela não veio aqui. A única pessoa aqui comigo é a Undy. 

— Oh querida, me desculpe por atrapalhar! — Mettaton disse dramaticamente, era nítida a malicia em sua voz.

— Não é isso! Só estávamos vendo filme! — Sentiu seu rosto esquentar.

— Sei... Desculpe atrapalhar o "Filme". — Deu ênfase na palavra filme. 

— Tudo bem... — Revirou os olhos. 

— Bem, desculpe querida! Ligo depois dando notícias! Beijos. — Desligou a chamada em seguida. 

— O que ele queria? — Undyne indagou.

— Queria saber se Frisk estava aqui. — Respondeu, entrando debaixo do cobertor, juntando-se a Undyne. 

— Ah certo. Então... Undy? — Riu fraco, arqueando uma de suas sobrancelhas. 

— Qual é? É só um apelido. — Encostou a cabeça no ombro de Undyne. 

— Tudo bem... Alphie. — Disse, em seguida, beijando a bochecha da mesma. 

[...]

— Até outro dia. — Disse acenando da porta. 

— Sério, muito obrigado, não sabe o quanto eu tava precisando disso. — Sans murmurou, suspirando. 

— Não se preocupe, Sans. Se precisar de qualquer coisa, me procure. — Disse entrando em sua casa, deixando Sans sozinho com seus pensamentos.

Era quase hora do encontro com Frisk, ele estava nervoso, a garota havia saído mais cedo de casa, e se ela suspeitasse de algo? Frisk odiava mentiras, e Sans sabia disso muito bem. Ele andava na rua, ensaiando suas falas, embora tenha passado o dia pensando no que dizer, não tinha certeza de que havia decorado. Ele estava muito longe de casa, estava cansado de ter corrido até lá, e provavelmente chegaria atrasado, o que mais o preocupava, era se Frisk havia descoberto alguma coisa. Então decidiu ligar para Chara, para que a mesma desse notícias do paradeiro de Frisk. 

[...]

Frisk estava jogada em sua cama, olhando pro teto, enquanto ouvia Chara e Asriel conversando do lado de fora. Estava entediada, até que ouviu um barulho, um toque para ser mais exata, o celular de Chara estava tocando.

— Ouviu isso? — Chara perguntou para Asriel.

— Sim. Não é o toque do seu celular? — Asriel disse. Logo em seguida, Frisk ouviu Chara batendo em seu shorts, provavelmente para sentir se o celular estava em algum de seus bolsos. 

— Frisk! Meu celular tá aí dentro! Quem é? — Questionou, percebendo que havia esquecido o celular dentro do quarto trancado. 

Frisk foi até o mesmo, percebendo que era Sans quem ligava. 

— É o Sans! — Gritou de volta, o celular ainda tocava. 

— FRISK! NÃO ATENDE ESSE CELULAR, É SÉRIO! — Chara gritou. Por que ela não podia atender? O que estavam escondendo? Ouvir aquela frase vinda de Chara, apenas deu a Frisk mais vontade de atender, e assim o fez. Atendeu, sem dizer uma só palavra. 

— Chara! Finalmente atendeu! eu acabei de voltar da casa dela. Frisk voltou pra casa?

— Sim, Sans. Ela voltou pra casa. — Frisk disse fria no telefone. Sans ficou sem resposta, por alguns segundos.