História Através da Porta - Capítulo 4: Me faça uma promessa.

— Droga... — Sans deu um longo suspiro. — Eu já suspeitava. — Completou.

— C-como assim, suspeitava? — Toriel disse, erguendo sua cabeça e encarando Sans. 

— Olha, ela achou um livro. O nome era A hist-... — Sans dizia, mas foi interrompido por Toriel.

—  A história dos Humanos e Monstros... — Toriel suspirou. — Eu devia ter escondido melhor. 

— Por que esconder o livro? Por que ela não poderia ver? — Sans indagou. 

— Esse livro, não ficava escondido. Mas com o passar do tempo, monstros das ruínas começaram a se lamentar, por toda essa coisa da barreira... E Frisk veio falar comigo, pediu para que eu fizesse uma torta, para alegrá-los. Foi ai que eu percebi que tinha que esconder o livro. Frisk é muito gentil, se ela soubesse que tem um jeito de libertar os monstros, ela faria qualquer coisa! Até mesmo abrir mão de sua própria vida. 

— Heh, isso é algo que gosto muito na Frisk. Ela pensa mais nos outros do que em si mesma. — Sorriu fraco, se lembrando das histórias que Frisk contava sobre ter ajudado alguém com problemas nas Ruínas.

— Frisk é uma ótima pessoa. Não quero que nada de mal aconteça a ela! — Toriel disse. — Sans, quero que você me faça uma promessa. — Toriel completou encarando Sans, mas voltando a falar antes que o mesmo dissesse algo. — Você não vai deixar nada de mal acontecer com Frisk, me prometa,aqui e agora. — Ela disse séria. 

— Eu prometo. 

[...]

Frisk, havia acabado de ter uma ótima noite de sono na pousada Snowed Inn. Apenas ficou por uma noite, pois era o máximo que podia pagar. Conheceu Papyrus, e Monster Kid. Achou estranho Papyrus não a reconhecer, pois como Sans disse uma vez, ele era um caçador de humanos fanático. Então pegou suas coisas e com o resto do dinheiro que lhe sobrara comprou alguns itens para recuperar seu HP.

Alguns monstros lhe atacavam no meio do caminho, mas a garota sempre os poupava, não queria confusão, ela estava oferecendo sua alma pacificamente para que Asgore quebrasse a barreira e libertasse os monstros. Ela não queria lutar. Enquanto andava, Frisk se encontrou com Papyrus, que a encarava atentamente, isso a intimidou um pouco.

— Uhh... Olá Papyrus! — Frisk disse amigável. 

— OLÁ FRISK... OU DEVO DIZER... HUMANA! — Papyrus disse apontando o dedo no rosto de Frisk, o que fez ela rir um pouco.

— Oh não! Você me descobriu! — Frisk disse, rindo. 

— POR QUE NÃO ME CONTOU QUE ERA UMA HUMANA? — Papyrus indagou.

— Eu achei que soubesse. 

— DESCULPE FRISK, MAS VOCÊ É UMA HUMANA, E EU O GRANDE PAPYRUS, TEREI QUE CAPTURÁ-LA PARA PODER ENTRAR NA GUARDA REAL! 

Após essas palavras, os dois entraram em modo de batalha, Frisk deu um longo suspiro. "Lá vamos nós!" Pensou. Papyrus a atacava cada vez mais, mas a mesma não revidava, embora estivesse perdendo muito HP. O mais alto continuava a atacar, até usar seu "Ataque Especial" que deixou a alma de Frisk azul, o que dificultou um pouco para ela, mas ela estava cheia de determinação.

Ela comeu, um pedaço da torta de Toriel, que a deixou com um pouco de saudades de casa. Mas ela não voltaria agora, talvez não voltasse nunca mais. A garota já tinha isso em mente, desde que teve a ideia de doar a sua alma. Então ela aproveitaria cada momento antes que chegasse ao castelo, para compensar seus dez anos presa nas ruínas. Depois de muito tempo desviando de variados tipos de ossos, Papyrus desistiu.

— EU NUNCA VOU ENTRAR NA GUARDA REAL... NÃO CONSIGO AO MENOS CAPTURAR UM ÚNICO HUMANO. EU SOU UM FRACASSO... NUNCA SEREI POPULAR, ENTÃO NINGUÉM VAI QUERER SER MEU AMIGO... — Papyrus murmurou cabisbaixo. 

— Não diga isso! Papyrus, você é um dos monstros mais legais que já conheci! Todos devem querer ser seus amigos! Você não precisa de popularidade ou de uma vaga na tal Guarda Real para que as pessoas gostem de você! Você é incrível! — Frisk disse, em seguida dando um abraço apertado em Papyrus, que retribuiu. 

— OBRIGADO FRISK! VOCÊ TAMBÉM É MUITO LEGAL E INCRÍVEL! EU O GRANDE PAPYRUS, SEREI SEU AMIGO A PARTIR DE AGORA! NYEHEHEHE! 

— Obrigada, Papyrus. Eu tenho que ir! Nos vemos depois, adeus! — Acenou. 

— Até logo, Frisk! — Papyrus se despediu e saiu andando, provavelmente voltando até a sua casa. 

Frisk continuou sua caminhada em direção ao castelo. Depois de um tempo andando, ela chegou onde Sans havia a levado, as Echo Flowers pareciam mais brilhantes do que a última vez que as viu. E parando em algumas, podia se ouvir a sua própria risada. Continuou andando, enquanto ouvia o que as flores tinham para lhe dizer, todas eram iguais, passando ao seu lado, ouvia-se a risada da garota. Mas uma EchoFlower em especial repetiu algo diferente. 

"...Por que tá fazendo isso comigo? Não percebe que me importo com você?!..."

[...]

Sans havia assistido toda a batalha entre Frisk e Papyrus, embora tenha prometido para Toriel proteger Frisk a qualquer custo, era seu irmão ali, mas não podia afirmar que não interferiu em nada. Guiou Frisk com sua áurea azul, ajudando-a a desviar dos ataques de seu irmão mais novo. Ficou feliz em ver Frisk apoiando Papyrus daquele jeito, as coisas que a garota havia dito a ele, só davam mais certeza de que Sans deveria proteger Frisk com tudo que tinha.

Continuou seguindo a garota, até chegarem as EchoFlowers,enquanto Frisk ia ouvindo uma por uma. Era incrível como ela se divertia fácil, e aproveitava cada momento. A alegria da morena era contagiante, qualquer um que a visse naquele momento estaria com muita vontade de sorrir. Frisk era feliz, não parecia se importar com o que estava fazendo, no entanto que deixasse as pessoas felizes, ela se contentava com pouco, e o pouco que tinha para oferecer era muito para os monstros.

Frisk ia andando, gravando uma mensagem diferente em cada EchoFlower. Coisas como: "Olá eu sou Frisk!" ou "Vou sentir saudades de vocês" mas o que mais chamou a atenção de Sans, foi a última mensagem que Frisk gravou na flor.

"...Olá! Eu sou Frisk! Sou uma humana! Tenho dezoito anos, e eu quero libertar todos vocês daqui. Lá em cima é bem legal, provavelmente será mais legal pra vocês do que para mim, já que eu tive alguns probleminhas lá... *suspiro* Mas tudo bem! Aposto que vocês vão gostar! Eu tenho que ir, o castelo é meio longe... Tchau pra quem estiver ouvindo isso!..."

Aquelas palavras mexeram com Sans, Frisk parecia não se importar com o que aconteceria, o importante é que os monstros estivessem felizes. Alguma coisa deve ter acontecido com a garota, por que mais ela diria que já teve problemas na Superfície? Mas o que será que houve? Sans só queria ir até lá e abraçá-la. Ela estava abalada mas mantinha-se forte, pois tinha um objetivo para cumprir!

E não desistiria tão fácil! Sans parou do lado da última EchoFlower do local, enquanto observava a morena se divertindo com as outras flores, sem se importar se alguém estivesse observando, afinal a garota estava apenas sendo feliz. Então Frisk deitou-se ao lado de uma EchoFlower, e começou a observar as pedrinhas brilhantes no teto da caverna. 

— Será que Toriel já percebeu que eu saí? — Frisk pensou em voz alta. — Vou sentir saudade da torta dela, do bom dia que só ela sabia dar. Ha ha... Vou sentir saudades daqui, de ouvir o Froggit reclamar das armadilhas das ruínas, da Toriel falando sobre sua obsessão por lesmas, de invadir a cozinha a noite enquanto a Toriel dorme... Das piadas do... Do Sans... — Frisk disse e deu um longo suspiro. — Bom Frisk, a barreira não vai se quebrar sozinha! Ainda tenho muito o que andar... — Ela disse se levantando.

Frisk conseguia deixar Sans emotivo sem nem mesmo perceber, e isso o irritava, ele se provou forte a vida inteira desde os acontecimentos passados em sua vida. E Frisk com algumas palavras de algum modo amoleciam o "coração" de Sans. Se ele pelo menos pudesse fazê-la desistir dessa ideia... Mas conhecia sua amiga o suficiente para saber que quando a garota colocava uma ideia na cabeça, ninguém consegue fazê-la voltar atrás. Sans ainda estava parado ao lado da última EchoFlower da trilha observando Frisk.

— Desculpe senhora. Mas Papyrus deve estar preocupado em casa. — Sans disse e encarou Frisk brincando com as Echo Flowers. — Por que tá fazendo isso comigo? Não percebe que me importo com você?! — Sans pensou em voz alta, antes de voltar á Snowdin.