História Através da Porta - Capítulo 27: Pode me chamar de Rose.

Os dois foram seguindo em direção a casa sem dirigir uma palavra um ao outro, o caminho foi silencioso e constrangedor. Chara não esperava aquilo, e Asriel, menos, provavelmente foram levados pelo calor do momento, mas não se arrependiam nem um pouco. Depois de uma longa caminhada, finalmente chegaram em casa.

— Chegamos! — Chara gritou, enquanto fechava a porta. 

— Oh, finalmente! Onde está Frisk? — Toriel indagou. 

— Ela não tava com a gente. — Asriel disse.

— Tudo bem... — Suspirou. — Subam e tomem um banho, temos um jantar pra dar daqui a alguns minutos. — Respondeu a albina, em seguida correndo em direção à cozinha. 

Os dois se entreolharam por um tempo, até Asriel manifestar-se. 

— Bom eu vou subir e... — Disse.

— Eu também. — Respondeu.

Então os dois subiram as escadas, correndo, adentrando em seus quartos e trancando a porta.

[...]

Frisk correu o máximo possível para longe dali. Embora fosse seu lugar favorito não poderia ficar um só minuto a mais com Sans ali, provocando-a. Ela sabia como ele tratava as garotas com quem ficava, qual seria a garantia de que ele não faria o mesmo com ela? Ele sempre a tratou diferente das outras, mas a dúvida a perseguia. O que aquilo significou? Ele tinha achado bom? O que aconteceria agora? Muitas perguntas sem nenhuma resposta, apenas deixavam a garota mais confusa, tanto, que não prestou atenção no caminho e acabou tropeçando. 

— Argh, droga. — Bufou. Em seguida levantando-se e limpando seu moletom, pôs-se a correr em passos ágeis queria dar o fora dali o mais rápido possível. — Parece que vou chegar atrasada pro jantar da mamãe... — Suspirou, olhando em seu relógio. 

Mas por sorte, depois de passar um tempo visitando o Subsolo de vez em quando, decorou um atalho que a faria chegar em casa num piscar de olhos. Claro que, não era tão rápido quando o atalho que Sans a ofereceu, mas dava pro gasto. 

[...]

Assim como Frisk, Sans, também estava cheio de dúvidas, várias perguntas que poderiam ser imediatamente respondidas, questões que poderiam simplesmente ser resolvidas, se Frisk deixasse seu orgulho um pouco de lado... Mas talvez a garota estivesse fazendo a coisa certa, afinal, se comprometer com alguém que já está "comprometido" é bem ruim. Ele se sentia péssimo, deveria ter cortado laços com Chloe antes de dar um passo enorme na amizade dos dois.

— Eu sou um babaca... — Suspirou. 

Perdido em pensamentos, colocou as mãos em seu crânio. Balançando a cabeça em seguida, para esquecer dos pensamentos negativos que dominavam sua mente. Ouviu um som em meio as flores. 

— Quem está aí? Frisk? — Indagou levantando-se. — É melhor aparecer. — Uma de suas órbitas adquiriu um tom azulado. — AGORA! — Gritou. 

— Se acalme meu jovem. — Um ser encapuzado saindo da parte escura do local, revelou-se.

— Quem é você? — Indagou confuso. 

— Eu sou RiverPerson. — Disse, retirando seu capuz, revelando uma mulher que aparentava estar no auge dos 40, parecia bastante jovem para sua provável idade. Tinha longos cabelos castanhos, e olhos grandes e dourados, lábios carnudos e corados, ela o lembrava alguém. — Mas pode me chamar de Rose. — Sorriu gentilmente. 

[...]

— Só faltam alguns minutos para as oito e não está tudo pronto! — Toriel disse nervosa.

— Acalme-se, Tori. Vai tomar um banho e se arrumar, relaxe um pouco. Eu termino por aqui. — Asgore sorriu gentil.

— Obrigada Asgore, mas não precis-... — Toriel dizia, mas foi interrompida. 

— Sem mas, Toriel. Pode ir. Eu assumo daqui. — Disse sério Toriel sorriu, e balançou a cabeça, logo depois saindo da cozinha e subindo as escadas. 

Asgore tirou uma lasanha do forno, colocando-a na mesa. Desligou o forno, e algumas bocas do fogão que esquentavam outros complementos para o jantar. Pegou alguns pratos de porcelana, copos, e talheres, os arrumando perfeitamente na mesa. Ouviu um barulho na porta. 

— Cheguei. — Era Frisk. Asgore foi até a porta para recebê-la. 

— Oh, olá Frisk. O que aconteceu? Você está toda suja. — Asgore indagou. 

— Só um probleminha, nada demais. Cadê a mamãe?  

— Ela subiu, foi tomar banho. Acho que você deveria fazer o mesmo. — Riu fraco. 

— Concordo com você. — Acompanhou a risada. — Até o jantar. — Disse, em seguida subindo as escadas. 

[...]

Frisk subiu as escadas rapidamente, queria tomar um banho quente, o mais rápido possível. Foi até seu quarto, empurrando a porta com força, trancada. 

— Chara, você tá aí? — Gritou. 

— Só um minuto! — Gritou do lado de dentro, em seguida abrindo a porta. 

— Obrigada! Preciso tomar um banho urgente. — Frisk disse adentrando o quarto agilmente e retirando seus sapatos. 

— Frisk, preciso conversar com alguém. — Chara aproximou-se 

— Desculpa Chara, mas agora eu realmente preciso de um banho e... — Foi interrompida. 

— Asriel e eu nos beijamos. 

[...]

— Nunca te vi por aqui. Aliás, o que faz aqui? — Indagou. 

— Venho por motivos pessoais. Só estava passando, então te vi. 

— Certo. Eu adoraria conversar mas, estou atrasado para um compromisso, então... — Disse ajeitando sua jaqueta azul, preparando-se para pegar mais um de seus atalhos.

— Até breve, Sans... Tra la la... — Murmurou, sorrindo. 

— Espera como sabe o meu nom-...? — Dizia, até perceber que Rose havia simplesmente sumido. 

[...]

— VOCÊS SE BEIJARAM? — Praticamente gritou. 

— Shhh! Não grita! Quer que descubram?! — Repreendeu, colocando a mão na boca da irmã. Tirando em seguida. 

— Desculpa... É que estou recebendo muita informação num só dia. — Colocou a mão em sua testa. 

— Que tipo de informação? 

— Eu não quero falar sobre isso. Então, como aconteceu? — Perguntou. 

— Bem, nós estávamos no parque, ele estava desenhando, estávamos conversando, e então, nos beijamos. — Disse brincando com os dedos. 

— E vocês conversaram sobre isso? 

— N-não. 

— Vocês precisam ter uma conversa Chara! 

— Mas... Eu não quero ter essa conversa! 

— Você precisa, Chara. Esse é meu conselho, agora, vou tomar banho. Pensa bem no que você vai fazer. — Murmurou, adentrando o banheiro e trancando a porta. 

[...]

Asriel estava deitado em sua cama, encarando o teto, monótono. Será que fez a escolha certa ao decidir beijar Chara? Será que ela estava brava com ele? Como seria a relação deles á partir de agora? O vento que vinha do lado de fora da janela de seu quarto, trazia com ele, dúvidas e mais dúvidas. Ouviu batidas na porta. Murmurou um "Entra" e a mesma se abriu lentamente. 

— Asriel, sobre a coisa do parque, eu... — Foi interrompida. 

— Olha Chara me desculpa eu... — Também foi interrompido. 

— Não, tudo bem. Eu gostei. — Deu um sorriso meigo. — Mas precisamos conversar, sobre o que aconteceu. — Disse séria, se repreendendo mentalmente por estar seguindo o conselho da irmã, embora fosse o certo. 

— Tudo bem. — A porta foi aberta novamente, revelando Toriel. 

— Meninos, vamos todos descer, temos que esperar os outros lá em baixo. Frisk já desceu. — Toriel disse calma. 

— Ok. — Disseram em uníssono, enquanto desciam as escadas. 

— Depois terminamos a conversa. — Asriel murmurou. 

[...]

— Pap, você tem que ligar pro Sans! Ele está demorando muito, vamos chegar atrasados. — Mettaton disse. 

— ELE JÁ VAI CHEGAR. BOM, ENQUANTO ELE NÃO CHEGA... — Mettaton apontou para trás de Papyrus. — ESQUECE. 

— Sans! Por que demorou tanto? — Indagou Mettaton. 

— É VERDADE! ESTAMOS TE ESPERANDO HÁ QUASE MEIA HORA! É BOM TER UMA ÓTIMA DESCULPA E... — Foi interrompido. 

— Eu beijei a Frisk.