História Através da Porta - Capítulo 33: Não seremos nós que vamos explicar.

— F-frisk? O-oi! Dormiu bem? — Sans disse nervoso. 

— Sabe Sans... Achei que você tinha mudado, aquelas coisas que você disse pra mim... Diria pra qualquer uma não é? Aposto que estava na casa de alguma ficante antes do nosso encontro, mas me faz um favor, volta e fica por lá mesmo. 

— Frisk você não entend-... — Tentou se explicar, mas Frisk já havia desligado o telefone. 

Jogou o celular de Chara em cima da cômoda, por um tris a tela não havia rachado. Ela estava muito mais zangada, se sentia traída embora nunca tivessem sido nada mais que amigos. Se jogou em sua cama, encarando o teto. Respirou fundo, ouvindo a porta ser destrancada. 

— Frisk! — Chara chamou abrindo e a porta e indo até a irmã, acompanhada por Asriel. 

— O que ele disse? — Asriel questionou. 

— Tudo que eu deveria ter suspeitado. — Disse fria. 

— Frisk... Não é o que você está pensando! 

— Chara, eu não esperava que você fosse esconder algo tão importante de mim! 

— Você vai entender tudo, eu prometo. Mas não seremos nós que vamos explicar. — Asriel disse, em seguida indo em direção a porta, sendo acompanhado por Chara, deixando Frisk sozinha no quarto. 

[...]

Assim que Frisk desligou o telefone, Sans estava assustado, ela nunca tinha sido tão fria assim com ele, com certeza estava morrendo de raiva. Ele torcia mentalmente para que ela o deixasse explicar. Se pôs a correr, teria que chegar o mais rápido possível a casa dos Dreemurr's. Mas parando no meio do caminho, dessa vez discando no celular de Asriel, não cometeria o mesmo erro duas vezes.

— Asriel? — Sans indagou, tinha que ter certeza de que era ele na outra linha. 

— Oi Sans. Sou eu. 

— A Frisk não me deixou explicar! Ela tá muito brava? 

— Olha, vou ser sincero, ela tá te achando um babaca agora. 

— Eu tô tentando chegar ai o mais rápido possível, consegue deixar as portas abertas pra mim? 

— Consigo, acho que você vai ter que adiantar aquela parte se quiser que ela te perdoe. 

— Tava torcendo pra não chegar a isso, não tão cedo... Queria me preparar antes, não sabe como eu tô nervoso...

— Eu imagino... Mas você consegue, já chegou em tantas outras garotas antes! Por que não consegue falar com a Frisk? 

— Com ela é diferente... 

— Nunca te vi assim, cara. Tão preocupado em fazer algo pra alguém que não fosse o Pap. Te desejo toda a sorte do mundo! 

— Valeu, Azzie! Tenho que prestar atenção no caminho, depois nos falamos! 

— Ok! — Disse desligando a chamada. 

Sans viu que se corresse, demoraria mais para chegar, afinal, não estava acostumado a fazer algo do tipo. Então teve que apelar para o atalho, embora sabia que gastaria muito de sua energia, que teria que guardar para mais tarde. O máximo que conseguiu foi se teleportar para a frente da porta da casa dos Dreemurr's, ele estava bem cansado, mas nada que um cochilo não resolvesse... Imediatamente subiu as escadas e vendo o quarto de Frisk com a porta aberta. Adentrou o mesmo, conseguindo imediatamente a atenção da garota, que ao perceber de quem se tratava, apenas virou a cara, ignorando-o. 

— Frisk...

— Você não precisa me explicar nada, eu já sei! — A garota era extremamente orgulhosa, e tirava muitas conclusões precipitadas. 

— Não, você não sabe! 

— Tudo bem. Então o que é? — O encarou. — Se eu não sei você deve saber, não é? Vamos! Me explique! — Cruzou os braços. 

— E-eu n-não sei como te explicar... — Disse cabisbaixo. 

— Exatamente... Você acaba de provar que eu estou certa, obrigada! — Disse sarcástica, se preparando para sair do quarto. 

[...]

Frisk andava até a porta, queria sair dali, não queria ver ninguém. Até que sentiu seu braço sendo puxado, logo depois indo parar nos braços de Sans, que a abraçou, fechou os olhos por um momento, e quando os abriu estava em Waterfall. Se soltou dos braços de Sans imediatamente. 

— Achei que não pudesse teletransportar! Pelo visto, mentiu pra mim de novo! — Exclamou, brava, e saiu andando em direção a saída mais próxima que conhecia.

— Frisk, espera! — Sans disse correndo atrás da garota, mas parando um tempo depois devido ao cansaço dos teleportes que havia feito. 

— Não! — Continuou andando. 

Sans não viu outro jeito, teve que apelar. Após alguns passos não sentia mais o chão, e sentia seu corpo mais leve. Sans estava usando dos seus poderes para impedi-la de sair. 

— Sans! Me coloca no chão agora! — Reclamou, enquanto Sans a trazia para cada vez mais perto. 

— Não. Você vai ficar paradinha aí! E vai me ouvir! — Disse e Frisk bufou, revirando os olhos e cruzando os braços. 

— Vai logo, eu quero ir pra casa. — Disse virando o rosto. 

— Tudo bem, por onde vou começar... O atalho, eu menti, não estava cansado, eu só iria usá-lo na hora certa, que era pra te trazer aqui. Sobre o trabalho, eu também menti, eu saí antes pra buscar uma coisa. — Encarou as orbes douradas da garota. — E sobre onde eu estava, era na casa de uma amiga, que tinha o que eu precisava, que era isso... — Colocou a mão no bolso, retirando dele uma chave prateada. 

— O que é isso? — Frisk questionou. 

— É a chave, daquela porta.

— A porta das ruínas... — Desviou o olhar. 

— Exatamente. Queria te levar lá, pra conversar, como nos velhos tempos. Mas descobri que Toriel havia dado a chave para essa amiga, então fui imediatamente atrás dela. — Disse sorrindo fraco, conseguiu arrancar um sorriso de Frisk, que se desmanchou rapidamente. 

— Eu não vou ir pra lá com você! Ainda estou brava! — Disse cruzando os braços e apertando os olhos. 

— Tem certeza? — Sans riu, sua voz parecia meio abafada, quando Frisk abriu os olhos, se deu conta de que estava do lado de dentro da casa de Toriel, de frente para a porta. Revirou os olhos, pelo menos Sans não controlava sua alma, então poderia se movimentar o quanto quisesse, o que seria em vão, pois para aquele lado não havia uma saída. 

— Sans, me deixe sair. 

— Não. — Disse debochado. 

Frisk apenas se sentou de frente para a porta, encarando-a, muito tempo havia se passado desde a última vez que esteve ali. Ela estava nostálgica. Deslizou seus dedos pelo mármore roxo, fechando os olhos por um momento, lembrando-se de tudo que havia passado ali, daquela porta em diante. 

 — Toc, toc. — Sans murmurou do outro lado, batendo de leve na porta. 

— Eu não vou brincar de "Toc Toc" com você! — Disse fazendo biquinho e cruzando os braços. 

— Toc, toc. — Insistiu, sarcástico, batendo novamente na porta. 

— Quem é? — Disse bufando, com o mínimo de animação possível. 

— Quena. — Disse. 

— Quena, quem? — Questionou, ainda sem nenhum pingo de animação. A porta abriu-se, revelando Sans, ajoelhado em sua frente, segurando uma caixinha aveludada preta, com um anel dentro. 

— "Quena" "morar" comigo? — Perguntou rindo fraco. Ansioso pela resposta.