— P-Para de me olhar assim! — Frisk disse cruzando os braços.
— Não posso evitar! Se você estiver grávida, não é do Josh! Já fazem praticamente oito meses! — Tentou não gritar, gesticulando com as mãos.
— O que você quer dizer com isso? — Indagou indignada.
— Que isso é uma coisa recente! Coisa de um dia pro outro!
— Você tá insinuando que eu te traí?
— E se eu estiver?! — Aumentou o tom de voz com uma expressão de raiva, mas logo a desmanchando ao ver a expressão de Frisk.
Frisk estava com os olhos arregalados, um olhar de indignação, estava prestes a chorar. Fechou os olhos e respirou fundo, lágrimas escorreram pelo seu rosto, virou a cabeça para o lado enxugando algumas lágrimas com a manga da blusa. Sans tentou se aproximar da garota, que recuou, dirigiram seus olhares até a porta, que Mettaton acabara de abrir.
— Vocês estão bem? Frisk? Você está bem? — Mettaton disse aproximando-se da garota, que desviou.
— Eu preciso sair daqui. — Disse rouca, andando em passos largos até a sala.
Frisk andava rapidamente, pegou a chave da casa e saiu andando apressadamente, sendo seguida por Sans.
— Frisk espera! — Chamou, indo em direção a garota.
— Não venha atrás de mim! — Respondeu zangada, andando cada vez mais rápido.
— Deixe ela ir, querido... — Mettaton disse segurando Sans antes que fosse atrás de Frisk. — Ela está brava, precisa esfriar a cabeça... — Suspirou. — O que aconteceu? — Questionou.
— Eu não quero falar sobre isso. — Murmurou e usou seus atalhos, indo para algum lugar, enquanto todos que antes estavam dentro da casa, se encontravam do lado de fora, observando a cena.
[...]
Todos encaravam a rua escura perplexos, o que havia acabado de acontecer? Eles estavam tão bem, o que causou a briga? Um silêncio constrangedor pairava, ninguém se atrevia a dizer nada, todos apenas se entreolhavam com expressões confusas, era agoniante.
— O que aconteceu? — Chara resolveu quebrar o silêncio.
— Não sei querida, apenas quando cheguei ao quarto, Frisk estava chorando e Sans parecia irritado. — Mettaton resolveu se pronunciar.
— Algo bem ruim deve ter acontecido pra deixar Frisk assim... — Asgore disse.
— Eu vou atrás do Sans. — Gaster pronunciou-se.
— EU VOU COM VOCÊ! — Papyrus se ofereceu.
— Também vou com vocês. — Mettaton se decidiu.
— Eu vou atrás da Frisk. — Chara manifestou-se.
— Nós vamos com você. — Undyne disse apontando para si mesma e para Alphys.
— Nós também vamos. — Asriel disse apontando para si mesmo, Asgore e Toriel.
— Bom, é melhor eu ir pra casa, já está tarde. — Muffet manifestou-se.
— Eu te acompanho. — Grillby disse levantando-se e ficando ao lado de Muffet.
— Eu também já vou indo, obrigada pelo convite, Papyrus. — Sarah disse sorrindo, e indo em direção ao seu carro, entrando no mesmo e saindo.
[...]
Frisk finalmente havia chegado em casa, destrancou a porta apressadamente, adentrando a casa em passos largos, indo em direção ao seu quarto. Jogou-se em uma das camas, forçando o rosto contra o travesseiro, para abafar o som de seu choro, o travesseiro já se encontrava encharcado. Poderia ter sido um dia feliz, se tivesse escondido melhor aquele maldito teste... Mas o que mais doía, era Sans pensar que Frisk havia o traído, se a conhecesse bem, saberia que a garota não se rebaixaria a tal ponto.
Tirou o rosto do travesseiro, encarando o quarto vazio e escuro, dirigiu seu olhar a janela, onde a lua estava maior do que de costume. Tateou a cômoda em busca de uma aspirina, chorar dava uma dor de cabeça enorme. Enquanto passava a mão pela cômoda, sentiu algo, era um porta-retratos, nele continha uma foto de Sans e Frisk alguns meses antes, fazendo caretas para a câmera. Ao lado do porta-retratos, um copo de vidro. A garota respirou fundo, encarando a foto.
— COMO ELE PÔDE ACHAR QUE EU TRAÍ ELE!? — Gritou com raiva, pegando o copo de vidro e o jogando no chão. Apertando os olhos com as mãos, voltando a chorar novamente. Uma mistura de raiva com tristeza, uma sensação horrível.
— FRISK! — Todos gritaram em uníssono, adentrando o quarto das garotas e abraçando-a.
— Não, gente! Eu tô bem!
— O que aconteceu, querida? — Toriel disse, afagando os cabelos da garota, e dando um sorriso compreensivo, porém sem se desfazer da expressão de preocupação que carregava consigo durante todo o caminho até em casa.
Frisk não respondeu nada, apenas olhou para um canto do quarto, brincando com os dedos, como se estivesse se sentindo horrível por dentro. Todos a olharam confusos, até Chara seguir seu olhar, e ver uma caixinha de teste de gravidez no chão, no local para onde a garota olhava. Chara encarou Frisk com uma expressão surpresa, a garota apenas desviou o olhar com uma expressão preocupada.
— Pessoal, podem nos deixar sozinhas um pouco? — Chara disse baixo, num tom quase inaudível. Em resposta os outros apenas levantaram e deixaram o quarto. Chara foi até a porta, fechando-a e trancando-a. Virando-se para Frisk e respirando fundo. Sentou-se ao lado da irmã, que evitava fazer contato visual, pegou nas mãos de Frisk, fazendo-a olhar para si.
— Você já fez o teste? — Questionou, Frisk apenas negou com a cabeça.
Chara suspirou, levantando-se e indo até o canto do quarto, onde se encontrava a caixinha, pegando-a, indo em direção a Frisk, sentando-se de frente para a garota e entregando o teste para a mesma, com um sorriso paciente. Frisk encarou a irmã, sorrindo de volta, um sorriso largo, enquanto algumas lágrimas ainda escorriam pelo seu rosto. A abraçou sussurrando baixo.
— Obrigada.
[...]
Sans estava deitado no sofá, monótono, encarando o teto e pensando nas palavras que tinha dito. A expressão triste que Frisk esboçou, ele nunca mais queria vê-la de novo. Aquela cena cortou seu coração, e ele se sentia horrível por tê-la causado. Brincava com os dedos, pensando no acontecido, pegou seu celular para olhar as horas. Duas e vinte e oito da madrugada. Sem ao menos perceber, pegou-se encarando o bloqueio de tela, que estampava uma foto tirada minutos depois dela ter dito sim.
Respirou fundo, ele namorava a melhor garota do mundo e havia sido um imbecil com ela. Normalmente se manteria firme, mas devido as circunstâncias não aguentou, desabou em lágrimas. Ela provavelmente poderia não querer mais vê-lo e só de imaginar isso, doía como uma facada. Ouviu batidas na porta, rapidamente enxugou as lágrimas, tinha de se recompor. Estampou o sorriso mais despreocupado no rosto, quem quer que estivesse na porta, tinha de se manter firme diante de quem quer que fosse.
Caminhou até a porta, abrindo-a, dando de cara com Papyrus, Mettaton e Gaster. Prometeu manter-se firme, mas desabou ali mesmo, recebendo não só um, mas três abraços de reconforto vindo dos mesmos. Os convidou para entrar, e explicou todo o ocorrido, prestaram atenção em todas as palavras vindas de Sans, até o mesmo parar de falar e ouvir o que eles tinham a dizer.
— Sans, querido... Você não devia ter dito isso! — Repreendeu Mettaton.
— Eu sei que não! Mas só de ter pensado em perder a Frisk, e ainda mais se fosse por uma traição, me deixou fora de controle! — Disse cabisbaixo.
— Eu entendo que você não gostaria de ser traído, ainda mais por alguém que você ama muito, mas você fez errado em não deixar Frisk se explicar, filho. — Gaster disse. Esse era o mal de Sans e Frisk, tiravam conclusões precipitadas sem ao menos deixar que o outro se explicasse.
— A HUMANA NÃO MERECIA ISSO, IRMÃO.
— Eu preciso me desculpar com ela, não é? — Todos assentiram com as cabeças. — E se ela não me perdoar? E se nunca mais quiser olhar na minha cara? — Questionou preocupado.
— Esse é um risco que você vai ter que correr... — Gaster disse suspirando.
Sans levantou-se, respirou fundo, organizando as palavras que diria em sua mente. Sorriu para os três. Indo em direção a porta, saindo da casa e fechando a porta atrás de si. E ao virar, se deparou com Chara, que segurava uma caixa de presente, e estampava uma expressão séria em seu rosto. Sem dizer nada, apenas entregou a caixa a Sans, que abriu imediatamente, encarando o que tinha dentro. Um teste de gravidez. O resultado?
Negativo.
Encarou o teste, se xingando mentalmente, enquanto Chara o fitava. Encostou na porta, descendo devagar e sentando no chão, com os olhos fixos na caixa. Abaixou a cabeça, olhando para o chão, nada foi dito por alguns segundos.
— Eu sou um babaca. — Disse suspirando.
— Eu sei. — Chara disse, colocando a mão em seu ombro.
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