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História Através dos seus olhos, e do seu coração - Capítulo-03- Agora ou nunca!


Escrita por: cassia_inez

Notas do Autor


Ola, desculpa a demora...
Vamos de cap?
Espero que gostem!

Capítulo 4 - Capítulo-03- Agora ou nunca!


Fanfic / Fanfiction Através dos seus olhos, e do seu coração - Capítulo-03- Agora ou nunca!

Rey

 

Olhei pela decima vez- eu acho-, o letreiro que dispunha dos horários de voo internacional. Conferi o meu passaporte, bagagem de mão, e passagens, já estava com o chek in pronto, e as malas despachadas.

Olhei para o cara ao meu lado, que me sorriu abertamente, provavelmente notando a minha tensão.

-Relaxa meu irmão!

-Eu estou relaxado!

-Não e o que o seu maxilar completamente contraído esta dizendo!-disse nos fazendo sorrir.

Sim, eu estou indo, estou indo para o Brasil, e seja o que Deus, quiser! Eu estava viajando, eu precisava fazer isso por ela, e por mim! E também, se não fizesse, acho que o Jack me esganaria.

***

Algumas horas antes...

-Você passou os últimos dois dias pensando, se vai ou não vai. Já decidiu?-ele estava no meu sofá completamente largado.

-Eu não sei Jack!

-Porra você e mais indeciso, do que uma mulher na frente de uma estante cheia de bolsas da gucci!

-Eu não sou indeciso!

-A claro, em relação a empresa, voce realmente não é! Mas, quando se refere a sua vida pessoal, caralho, da ate raiva!

-As coisas não são fáceis Jack, não e assim chegar la, pedir desculpas, falar que sinto a falta dela, e pedir para que ela volte comigo! Tirando o fato de que agora ela pode ser casada, e com filhos!

-Mas e se ela não for?

-A Juliana e uma mulher linda, decidida, inteligente. Ela e segura de si, e sexy pra caralho, acha mesmo que algum cara sortudo não tenha conseguido conquista-la ao longo deste um ano e meio?

-Voce não confia no seu taco?

-E claro que sim!

-Então?

-Uma coisa e confiar estando no minimo proximo da pessoa, e outra e confiar estando a quilômetros de distancia!

-Mesmo assim, eu acho que voce deveria tentar, deveria ir procura-la, conversar, não sei! Vai que da certo?

-E se eu encarar quase doze horas de voo daqui pra la, e chegar la, não sei, no dia do casamento dela?

-Para de ser negativo porra, que caralho! Se eu fosse voce já tinha comprado a minha passagem só de ida, e estaria fazendo a minha mala!

-Só de ida?-o encarei com a sobrancelha arqueada.

-E claro, voce tem um mês Rey, ou melhor, pouco mais de três semanas, por que uma semana voce passou apenas pensando! Mesmo que ela esteja se casando quando voce chegar la, estiver no altar, o Brasil deve ser lindo, e deve ter muita mulher gostosa! Na pior das hipóteses, voce volta no dia seguinte, e se quiser, com uma morena de parar o transito a tira colo!-desviou os olhos de mim, voltando a encarar o celular.

O pior de tudo e que ele quase sempre tem razão!

  Comprei a minha passagem na mesma noite com embarque para o dia seguinte, e arrumei as minhas malas durante a madrugada.  

***

Horas atuais...

Agora estou aqui, nervoso como um adolescente que esta indo encontrar o amor de sua vida. E certamente, tirando a parte de ser adolescente, o resto e a mais completa verdade.

Eu descobri que amo aquela mulher no dia em que entrei no meu quarto separado para pinturas, e vi que só tinha telas com o seu rosto, o seu sorriso, a sua alma. Quando eu senti que depois da sua partida, eu me sentira mais sozinho do que antes, e mesmo estando rodeado de pessoas, eu permanecia o mesmo Rey, de antes dela ter aparecido na minha vida. Na realidade, agora eu estava pior.

Acenei para o meu irmão, quando a ultima chamada do voo foi anunciada no saguão. Eu me acomodei em meu acento de primeira classe, com o coração batendo acelerado, eu o sentia vibrar em meus ouvidos.

Uma aeromoça veio me oferecer uma taça de champanhe, mas a unica coisa que eu queria era um remédio bem forte para dormir, e só acordar onze horas depois. Em parte por que eu odeio voar, e também, para dissipar esta ansiedade que me acomete de forma inquietante.

Mexo em minha mala de mão a procura de qualquer coisa para me distrair, e ao encontrar um dos livros que tinha me lembrado de colocar na bolsa, eu acabei me dispersando por ali mesmo, e me entregando a leitura.

***

Já faziam algumas horas que eu estava naquele bendito avião. Já tinha lido o que restava do livro, estava na segunda vez que o meu celular repetia as mesmas musicas, as opções de filmes a bordo eram bastante insignificantes. Eu já tinha perdido as contas de quantas vezes já tinha ido ao banheiro, hora para algum tipo de alivio, hora simplesmente para esticar as pernas que doíam demais. Isso por que eu vim de primeira classe, que os acentos são maiores, se fosse de econômica, eu teria me sentindo como uma sardinha enlatada.

-Não consegue dormir filho?-olhei para o lado, e uma senhorinha muito simpática enrolada em um edredom me sorriu.

-Não!-lamentei.

-Medo de altura?

-Ansiedade!

-Amor?-elevei uma sobrancelha. Compreendo!-sorriu.

-Um ano e meio!

-Por que tanto tempo?

-Estava muito ocupado!

-Tão ocupado que não poderia ter reservado um pouco do seu tempo, e ir atras dela?-me olhou melhor ajeitando o edredom.

-Eu fui um estupido! Perdi muito tempo...

-Nada que não possa ser recuperado!

-Sera?

-Pensamento positivo meu filho, pensamento positivo.

-Não sei o que fazer!

-Seja franco com o seu coração, e leve flores!-sorriu. Ah, e beije-a!-agora foi a minha vez de sorrir.

-Obrigado!-me virei para frente quando ela fechou os olhos.

Beije-a!

E, eu pretendo.

Fechei os olhos e tentei mais uma vez relaxar, mais uma vez respirar fundo, e tentar esquecer por algum momento, que eu estava indo para vê-la.

***

Ouvi dizer que é outono no Brasil, por isso deve estar bem fresco.

Porem, o bafo quente e úmido que recebi na cara assim que pisei fora do aeroporto, me disse ao contrario. Não estava aquele calor infernal que faz em Londres no verão, mas, estava bem proximo, e olha que pelo que eu entendi, esta fazendo 23º graus. Definitivamente não pretendo passar por aqui no verão.

Pedi um táxi, e solicitei ser levado para um bom hotel no qual lhe forneci o endereço, em que tinha uma reserva.

Dei mais uma olhada nos dados que estavam escritos em um pedaço de papel, onde o meu irmão fez uma extensa, e detalhada pesquisa sobre a Juliana, aqui no Brasil. Acho que foi por pouco que ele não conseguiu o endereço de sua casa. Mas, o de seu serviço estava escrito em um papel entre os meus dedos.

Senti uma vontade enorme de ir dali mesmo ate a revista em que ela trabalhava, mas preferi tomar um banho antes, e comer algo, afinal, já são quase uma da tarde.

A cidade parecia ser bem empresarial, mas não deixava de ser muito bonita. Pelo o que o meu irmão disse, São Paulo, e a cidade mais populosa do Brasil, e o maior centro financeiro, corporativo, e mercantil da America do Sul. Certamente uma filial da Scott and Company, aqui, seria muito bem sucedida.

-Nem bem pisei aqui, e já estou pensando em trabalho.-balancei a cabeça tentando dar destaque a beleza da cidade.

-Non ducor, duco! -o taxista falou em latin, tomando a minha atenção para ele. Não sou conduzido, conduzo!-disse com um inglês carregado de sotaque.

-O que significa?

-E o lema da cidade! São Paulo e muito influente no mundo financeiro. Ela foi fundada em 1554 por padres jesuítas, ela é mundialmente conhecida, e exerce significativa influência nacional e internacional, seja do ponto de vista cultural, econômico ou político. Tudo bem que as empresas tomam conta do lugar, desta área em questão, mas os pontos turísticos são muito bons, e muito lindos! Quem sabe não queira alongar um pouco o trajeto, e conhecer um pouco mais da cidade?-me olhou pelo retrovisor, e arqueou a sobrancelha.

-Bom...

-Ela conta com importantes monumentos, parques e museus, como o Memorial da América Latina, o Museu da Língua Portuguesa, o Museu do Ipiranga, o MASP, o Parque Ibirapuera, o Jardim Botânico de São Paulo, e a avenida Paulista. E claro, os eventos de grande repercussão, como a Bienal Internacional de Arte, o Grande Prêmio do Brasil de Fórmula 1, a São Paulo Fashion Week a Parada do orgulho LGBT...

-Senhor!-chamei a sua atenção. Eu adoraria conhecer todos este lugares, mas e que no momento estou realmente com pressa para chegar no hotel!

-Tudo bem!-ele se inclinou um pouco para frente quando o sinal fechou. Tome o meu cartão!-me esticou um cartão de visitas.

-Obrigado, sera útil!

-Disponha senhor!

Mais ou menos uns vinte minutos depois eu estava entrando na recepção do hotel, sendo recepcionado por uma jovem muito simpática, que não deixou o seu branco sorriso sair do seu rosto um só minuto.

-Boa tarde senhor!-o seu inglês era impecável.

-Boa tarde, eu tenho uma reserva no nome de Reymound Scott!

-Só um minuto senhor!

Olhei para o lado, e a outra recepcionista me encarava como se estivesse estática, parecia que a qualquer minuto um fiapo de baba escorreria de sua boca levemente aberta. Ela notou que eu a encarava, e piscando algumas vezes simplesmente desviou a sua atenção. Quando olhei para frente, a outra jovem também me encarava.

-Aqui senhor, e só assinar aqui, e aqui por favor.

-Obrigado!

Depois de tudo resolvido, senti os olhos das duas sobre mim, enquanto eu caminhava lentamente ate o elevador. Sorri, era legal saber que causava este tipo de reação nas mulheres. Só espero causar algo no minimo parecido na mulher que realmente me interessa.

Adentrei ao meu quarto de hotel, necessitava urgentemente de um banho, e de procurar esta bendita revista. Eu queria vê-la anda hoje, ainda esta tarde.

Tomei um bom banho, para retirar todo o cansaço de varias horas de viagem, senti o meu corpo relaxar enquanto a água morna caia sobre o meu corpo, deixando a tensão escoar pelo ralo.

Depois de pronto, eu decidi ir direto resolver o que tinha que ser resolvido. Sei que estava com receio antes de vir, mas, já estava aqui, e se cheguei tão longe, vou continuar com os meus planos. Mesmo com o estomago se corroendo em fome, eu decidi esperar, tinha a esperança de ao menos leva-la para almoçar, ou lanchar alguma coisa. Eu tinha esperança de que ela quisesse olhar para mim, falar comigo, qualquer coisa para mim, já seria maravilhoso.

Consegui um táxi na porta do hotel com a ajuda do segurança, entreguei o endereço da revista ao motorista, e ele me disse que em no máximo quinze minutos estaríamos em frente ao prédio. 

Os quinze minutos que se seguiram, eu fiquei com as mãos suadas, com a boca seca, com o coração acelerado, e a respiração descontrolada. Eu estava realmente nervoso, a culpa não e minha!

Estava em pé, em frente a calçada, depois de certamente dar uma ridícula, e enorme gorjeta para o motorista, afinal, ele estampou um sorriso de orelha a orelha quando disse que ele poderia ficar com o troco.

Pensei em entrar logo, porem a voz daquela senhora durante o voo, surgiu em minha cabeça. "Seja franco com o seu coração, e leve flores"

-Flores, onde posso encontrar flores?-olhei ao redor, e comecei a caminhar em direção a qualquer lugar.

Parei em uma banca de jornal, e me informei, porem o moço não falava inglês, agradeci da forma que dava, e continuei o meu caminho. E terrível estar em um lugar onde voce não é entendido. 

Depois de algumas tentativas, encontrei um jovem com um bom inglês, que me informou onde comprar as flores, na realidade, ele foi tão gentil, que me acompanhou ate a floricultura, e ainda me ajudou com a compra de um belo arranjo de flores amarelas, ele e a vendedora, garantiram que a Juliana, iria adorar.

Voltei para a frente do prédio novamente, e desta vez apenas entrei. Me identifiquei na portaria, e senti imediatamente os olhos curioso sobre mim, e alguns burburinhos, provavelmente também sobre mim. 

  "O senhor Reymound Scott, no Brasil, e na revista?"  

Ao ouvi o murmurio, um rapaz muito eficiente veio ate mim, a me guiar pelas pessoas que andavam despercebidas pelo hall do prédio ate um dos elevadores, e ele fez questão de me levar prontamente ate o andar que eu queria, e me garantiu que em minutos, eu estaria com a pessoa que eu estava procurando. No caso, ela.

Lembra quando eu disse que o meu coração estava na boca? 

Desta vez eu quase o vomitei. Sei que e ridículo o meu estado de nervosismo, mas da forma que ela saiu de Londres, realmente puta comigo, de não ter me procurado, e o pior, eu não te-la procurado, ela pode me receber de qualquer forma, inclusive com um milhão de pedras nas mãos.

Irrompemos por um enorme corredor, saindo em um salão enorme cheio de mesas com pessoas inertes em seus afazeres, que provavelmente nem sentiram a presença de outras pessoas caminhando entre elas. Isso que e profissionalismo.

-Senhor Sergio?-o rapaz chamou a atenção do homem que estava virado de costas para nos.

-Sim!-vi os olhos do homem se elevar ate parar em minha face. Ele deveria ter um metro de setenta, ainda sou um pouco maior do que ele. Senhor Scott?-pareceu surpreso.

-Boa tarde, eu queria muito falar com uma das fotografas de vocês, ela se chama Diniz. Juliana, Macedo Diniz!-apertei as flores em minhas mãos, ansioso pela resposta do homem.

-Claro!-ele pareceu engasgar um pouco. Obrigado Rodrigo!-dispensou o rapaz, e eu o agradeci por ter me trazido. Por favor senhor Scott.

Ele começou a caminhar, e eu o segui ate pararmos em frente a uma enorme porta de madeira, onde estava escrito em dois idiomas, a ocupação da pessoa la dentro. "General Director of Photography" sorri orgulhoso dela, ela merecia tudo de melhor para si, e sinceramente neste momento, eu queria muito ser um pouco deste melhor que ela tanto merece.

Observei o homem falar algumas palavras, e ao ouvir a sua resposta, eu senti o meu corpo inteiro tensionar. Era ela. 

Ele abriu a porta deixando que os nossos olhos se cruzassem, ela parecia estática, na realidade tão estática quanto eu. Os seus labios se movimentaram em algo que eu não soube decifrar, e eu senti a tensão pairar entre nos dois.

O homem disse mais alguma coisa, e em seguida saiu nos deixando sozinhos, ela dentro, e eu ainda fora da sala. Eu só queria olhar para ela no momento, vê-la, e admira-la.

Como voce esta linda meu amor, como voce esta radiante, tem estado muito bem pelo visto, e eu espero que isso não seja um novo amor em sua vida. Ela olhava para mim, e eu vi os seus olhos brilharem, ela iria chorar, e se ela chorasse, eu não sei se conseguiria me segurar.

-Entre!-a sua voz soou tão baixa que se eu não tivesse olhando diretamente para ela, certamente não iria entender.

Fiz o que ela me pediu, e fechei a porta atras de mim, nos dando um pouco de privacidade, já que vi alguns olhares mais curiosos em direção a sala. Dei dois passos a frente e continuei parado olhando para ela. A sua pele estava linda, ela estava mais magra, mas as suas lindas e deliciosas curvas que tanto amo, permanecem ali. Obrigado meu Deus!

-São para voce!-estiquei as flores, e ela desviou o olhar de mim, para elas.

-Obrigada!-deu um passo a frente pegando as flores, as cheirando distraidamente, vi um ensaio de um sorriso cortar os seus labios, e por um segundo respirei aliviado. Senta, deve estar cansado.

-Eu estou bem, só queria te ver!

-Me ver? Depois de tanto tempo? Alias, o que faz aqui?- a sua voz ainda era doce, mas tinha um tom de amargura, e receio.

-Aconteceram muitas coisas na minha vida...

-Eu sei, agora voce e um respeitado CEO em Londres!-cerrou os olhos.

-Sou! Mas, por pura obrigação!

-Você foi obrigado?-sorriu com ironia, e aquilo me deixou entristecido.

-Quase isso!

-Para quem disse que não queria nada...

-E eu não quero!-a interrompi. Eu só estou la, por que prometi a minha mãe!-ela arregalou levemente os olhos, como se tomasse um susto.

-Ela...

-Não!- a sua voz vacilou, ao ouvir a minha negação. Mas esta muito doente.

-Eu sinto muito! E o que esta fazendo aqui, deveria estar com ela, não?

-Sim! Mas eu estou aqui, eu vim ate aqui por voce!

-Por mim? Volto a perguntar. Depois de tanto tempo?

-Eu não consegui vir antes, e todas as vezes que te liguei, não consegui falar!-ela encolheu os ombros.

-Como me achou?- a sua voz ainda era baixa.

-Meu irmão!

-Rey...

-Juliana, por favor, me deixe falar!-me aproximei dela a passos largos, a fazendo arregalar os olhos com todo o alarde possível. Eu sofri pra caralho, e estou sofrendo, desde que voce foi embora sem me deixar explicar!-os nossos corpos estavam perigosamente próximos. Eu fui um idiota, um babaca, deveria ter te contato toda a verdade logo? Sim, eu deveria, sou culpado disso! Mas tem uma coisa que eu não sinto um pingo de culpa! Eu não sinto culpa de ter te conhecido, de ter te tocado, passado dias ao seu lado, de ter sentindo o seu toque, o seu cheiro, a sua presença.-fechei os olhos quando senti o seu perfume me invadir. Eu sinto a sua falta!-abri os olhos, e os seus me encaravam. Eu me apaixonei por voce!-assumi, e ela mordeu os labios. Eu sofri cada segundo desde que voce veio embora, e eu só não larguei tudo e vim embora, por causa da minha mãe, ela descobriu uma doença muito seria, e precisou muito de mim! O meu pai simplesmente abandonou a empresa, e por ser o único qualificado, ela me pediu, quase implorou para que eu assumisse, e eu não tive como dizer não, precisávamos manter os recursos para ela, e bem, eu abdiquei de mim, de voce, e do nosso futuro por ela! Me perdoa Juliana?

-Rey.-ela olhava para os lados provavelmente sem saber o que me responder. Nos realmente precisamos conversar, as coisas não são mais tão fáceis assim...

-Merda!-passei as mãos nos cabelos, dando as costas para ela. Você tem alguém, não e?-eu não conseguiria olhar para ela se a sua resposta fosse positiva.

-Sim, eu tenho alguém que e muito importante para mim, uma pessoa que eu amo, amo mais do que tudo, neste mundo!-as suas palavras me acertaram como um soco extremamente forte, me senti indo a nocaute, completamente despedaçado. Rey.-ela tocou o meu braço, e eu apenas virei o rosto para ela. Vamos para outro lugar conversar?

-Ainda temos o que conversar? Eu disse tudo o que sentia, disse que sou apaixonado por voce, e voce me diz que ama outro! A culpa não e sua, eu sei, mas isso e...

-Por favor, voce ainda não ouviu o meu lado!-respirei fundo, já estava aqui, já tinha ouvido o que não queria, e me machucar mais, ou menos, acho que neste momento não faria diferença. Muito bem, vamos!-afirmei, indo ate a porta, a abrindo em seguida.

Segui na frente ate o elevador, não queria que ela visse em minha face a decepção que estava sentindo, a raiva de mim, dela, deste cara, de tudo. Eu vim de muito longe, foram doze horas de viagem, ansioso, tenso, mas no fundo, cheio de esperança. Porem, quando chego aqui acontece o que eu mais temia. Só me falta dizer que ela se casou, e esta gravida. Olhei de relance para a sua barriga, e bem, se ela estava gravida, seria de bem pouco tempo.

Descemos em silencio, e no térreo ela foi a minha frente, e eu a segui como um cão adestrado, atras de seu dono, com o coração desesperançoso, e cheio de solidão. Caminhamos pela calçada ainda na mesma configuração, ela na frente e eu atras, sem trocarmos uma palavra se quer, sem ao menos olhar um na face do outro. Isso era tão ruim, a minha vontade era de toca-la, abraça-la beija-la, e lhe pedir que deixasse quem quer que fosse para trás, e me desse uma segunda chance. Sei que e mesquinho de minha parte, mas eu estou começando a me sentir ainda mais vazio sabendo que não terei Juliana.

Ela entrou em um cafe, e logo uma jovem nos acomodou em uma mesa. O cafe era muito aconchegante, tinha um enorme salão, era bem decorado, e tinham muitas pessoas por ali, não seria conveniente aumentar o tom de voz.

-Diga, qual e o seu lado?-a questionei quando já tínhamos feito o nosso pedido.

-Bom, quando o seu amigo me contou sobre a sua perda, eu compreendi o fato de voce não querer ter falado, e algo pessoal, muito intimo, e mesmo o nosso grau de intimidade ser bastante elevado naquele momento, eu, certamente conviveria com aquilo, e te compreenderia no momento em que voce estivesse confortável para contar, ou não. Mas, o que me fez querer sair de la, e não olhar para voce, foi o fato de voce me incluir na lista de mulheres interesseiras...

-Ju...

-Por favor, eu te ouvi completamente muda, me ouça também?-ela pediu, e eu concordei. Eu me senti péssima, o homem que eu estava fazendo planos, me achava uma interesseira, achava que eu não precisava saber nada sobre ele, por que eu iria me interessar pelo seu dinheiro. Mas quer saber? Foda-se a sua conta bancaria!-ela me encarou, e eu senti um enorme alivio. Eu queria voce, eu estava apaixonada por voce, eu arrisco falar que...

-Amava voce!-falamos juntos, e os seus olhos mais uma vez se encheram como uma represa.

-Mas eu não poderia conviver com aquilo, eu não sou assim, não fico com alguém pelo o que ele tem no bolso, mas sim, no coração. E sabe o que eu mais adorava na sua casa?-balancei a cabeça negativamente. O seu colchão! O seu colchão, no chão, com voce ao meu lado. Os momentos em que passamos juntos, nos beijando, nos amando, e voce me conhecendo. Você me conhecendo, por que olhando para voce, agora, na minha frente, eu vejo que não te conheço, que nunca conheci...

-E claro que me conheceu!-me interrompi quando a jovem voltou com o nosso pedido.

-Sera mesmo?-indagou-me quando ficamos a sós novamente.

-Sou eu Ju! Sou eu, o mesmo cara, o cara que te levou ao Nacional, a feira, a cafeteria da igreja, e em vários outros lugares! Sou eu, o cara que deitou ao seu lado, e te amou! Amor, sou eu, o cara que continua apaixonado por voce desde o dia em que te vi! Amor, meu amor, sou eu, o cara que te ama, que largou tudo em Londres, para correr ate voce, e dizer que te ama! Juliana, eu te amo pra caralho, não sei a extensão de tudo o que sinto no momento, só sei que dói saber que vou voltar para Londres sem voce, saber que te perdi para outro cara. Eu sei que errei, eu assumo o meu erro, mas em momento nenhum eu te achei interesseira! Eu fazia isso sim, mas com as outras mulheres, não com voce. Com voce era outra coisa, eu me sentia bem, seguro, me sentia outro cara, me sentia outro Rey, Rey que se perdeu a anos atras, se perdeu com a morte da ex, e do filho que estava dentro dela! Você me trouxe de volta, voce me trouxe para a superfície, para a luz! E olhando para voce, tão linda, com os seus olhinhos cheios de lagrimas, assim como os meus estão, eu reafirmo, e assumo, que te amo, mesmo sabendo que não tenho mais chances com voce!

Pronto, eu disse, eu me externei, me abri, me declarei. Estou completamente transparente diante da mulher que eu amo, diante da mulher que mais me fez bem, e que eu perdi, que deixei ir embora pelos meus dedos.

Ela permanecia a me encarar, me olhar com os olhos represados, o nariz avermelhado devido ao esforço de segurar um choro, um choro que esta pronto para vir a tona, e eu sinto que estou exatamente como ela, engasgado, com um choro de angustia, e de perda na garganta.


Notas Finais


*-*


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