História Auditory Hallucination - Impossível negar

                     
                     POV Baekhyun

- Baekhyun... eu...

- Você o quê, Yerin? - Nossos olhos se encontraram, e não desviamos um segundo sequer.

Então seus lábios tocaram os meus de leve, selando-os demoradamente. Era tão doce, tão suave, tão viciante que eu não queria que acabasse, eu queria ficar daquele jeito para sempre. Quando Yerin pediu para aprofundar o beijo eu nem pensei duas vezes para ceder completamente. Suas mãos tocaram meu rosto carinhosamente e eu retribui, queria fazê-la minha e finalmente eu tinha conseguido.

- Baek? BAEKHYUN O QUE VOCÊ TÁ FAZENDO PORRA?

Ouvi um grito quase estourar meus ouvidos e dei um pulo tão alto que cai de cheio no chão. Entreabri os olhos e me levantei devagar, meu corpo estava dolorido pela queda, olhei ao redor e o quarto estava claro e iluminado.

- Yerin...? - Murmurei baixo tentando encontrá-la.

- Baekhyun você passou dos limites! - Arregalei meus olhos quando vi Sehun à minha frente passando a mão na boca com expressão de nojo e desgosto.

- Cadê a....

- Você tava sonhando com o quê em? Credo, você quase me beijou na boca, seu tarado!

Aí minha ficha caiu. Foi só um sonho, então? Claro, aquilo era perfeito demais para ser verdade eu já devia saber. Passei os dedos nos lábios lentamente, mesmo que sendo um sonho parecia tão real, os toques, os beijos, tudo.

- O que você sonhou que quase me estuprou aqui hein?

- Que horror, Sehun. - Me levantei finalmente acordado e me dando conta do que tinha acontecido. - O que tá fazendo aqui?

Coçei os olhos me sentando na cama e me acostumando com a claridade presente no quarto.

- Vim passar o dia aqui ou te chamar pra sair, porque você tá precisando.

- Não quero sair, quero ficar em casa e refletir minha vida. - Me levantei e fechei a cortina que provavelmente Sehun tinha aberto quando chegou e me dirigi ao banheiro.

- Você ainda tá péssimo cara, vai passar o domingo aqui desse jeito ainda? E como assim Baekhyun vai refletir na vida?

- Sehun... não me enche. - Abri a torneira e joguei água gelada no rosto para acordar completamente.

- Baek, o que você tem hein? Tá muito estranho...

- Sehun... - Enxuguei o rosto com uma toalhinha e me virei para ele que estava escorado na porta do banheiro de braços cruzados. - ontem eu fui no médico...

- Ah, é verdade, bem lembrado... e aí? No que deu?

- Então...

Eu estava com medo de dizer, isso nunca aconteceu comigo antes, então não era algo fácil de contar mesmo que Sehun fosse meu melhor amigo.

Ontem quando cheguei do médico, fiquei refletindo por horas, pensando naquilo, rejeitando aquilo. Não era para isso ter acontecido dessa forma, não era para eu estar me sentindo assim, eu não queria aceitar. Eu realmente achei que estava louco, aliás, ainda acho.

- Diz logo, Baekhyun. Tá me deixando curioso.

- O doutor disse que eu tô... - Dei uma pausa, eu não tinha certeza se era certo dizer isso, eu não tinha certeza de nada, na verdade.

- É grave assim?

- É sim. Pra mim, isso é quase uma sentença de morte. - Abaixei a cabeça e apoiei as duas mãos no mármore frio da pia.

- Deixa eu adivinhar, você gosta da Yerin, né?

- O que? Como sabia?

- Quem é que ainda não percebeu? Qual é Baek, eu sou seu melhor amigo, te conheço melhor que ninguém. Já tava óbvio.

- Nossa... mas... como eu faço pra controlar isso?

Eu queria controlar meus sentimentos, ou melhor, queria que eles sumissem. Depois de tanto tempo evitando, quebrando corações por diversão, pegando todas sem nenhum compromisso, o que estava querendo agora? Isso é um absurdo.

Não posso ter sentimentos assim. Me recuso. Nego de todas as formas. É impossível alguém como eu ter me apaixonado assim e logo pela Yerin que me rejeita de todas as maneiras possíveis. O que vou fazer agora? Não estava na minha lista de objetivos da vida sofrer por amor unilateral, eu não posso deixar que isso aconteça.

- Você é idiota? Não se controla, não dá pra simplesmente mandar nos sentimentos.

- Claro que dá Sehun, tem que dar.

- O coração não funciona assim... - Ele deu um sorrisinho.

- Coração é pra bombear sangue, os sentimentos ficam na parte emocional do cérebro. E o cérebro é meu, eu mando.

- Vai achando que é só assim viu... - Ele riu..- Você até acertou umas coisas, menos a parte que você que manda. Não dá pra mudar isso de uma hora pra outra.

- Mas dá, não é?

- Bom...

- Então tá fechado. Eu vou parar de gostar da Yerin, já tá decidido.

- E como vai fazer isso, garotão? Vai deixar de ir pra escola até o final do ano? Vai se trancar em casa até ter barba branca? Me poupe.

Sehun saiu da porta do banheiro e se jogou em minha cama. Eu tomei meu banho com a água gelada mesmo que estivesse um frio enorme. Merda. O que eu posso fazer então? Ela provavelmente gosta do Taehyung, tá me ignorando por mais de uma semana, nem liga para minha existência, eu sou só alguém que a incomoda e que ela odeia.

Ah, quer saber? Não vou ficar me remoendo nesse quarto por culpa da Yerin e desses meus sentimentos bobos que resolveram tirar uma onda com a minha cara. Não vou mesmo.

- Ei Sehun, vamos à um clube.

- Clube? - Ele se levantou bem depressa e me olhou incrédulo. - Tá falando sério?

- Vamos logo. Eu vou fazer esse sentimento sair a todo custo, e vai ser do melhor jeito, pegando várias. - Sorri de canto. Iríamos no meu clube preferido, ele fica aberto 24 horas e é cheio de "boas moças" que vão me fazer esquecer a Yerin rapidinho.

- É serio? A melhor opção que você conseguiu pensar foi um puteiro?

- Você vai ou não? Posso ir sozinho.

Peguei a chave do carro em cima da cômoda, eu já estava de volta à minha animação rotineira, minhas olheiras tinham sumido quase por completo e eu usava uma roupa arrumada, ninguém poderia dizer que passei a semana igual um louco trancado no quarto e Sehun me seguiu.

Não demorou muito para chegarmos no Diamond Club'z. Era o lugar que até de dia continua cheio. Assim que entramos, uma mulher já estava se esfregando em Sehun. Mordi o lábio inferior quando duas se aproximaram de mim. Fantasiadas de gatinho nem precisavam chegar tão perto para já me causar um tesão enorme, elas eram lindas, não tanto quanto Yerin, claro... AAh, por que estou lembrando dela? Aish...

Resmunguei alguns xingamentos e as duas garotas me olharam com raiva e saíram de perto. Ótimo. Caminhei de cara fechada até o barzinho do clube e me sentei em uma das mesas, Sehun tinha sumido, provavelmente já deve tá dando um jeito na loira que foi atrás dele. Eu estava sozinho, várias garotas acenavam e dançavam sensualizando, mas eu não via mais graça, comparava todas com Yerin.

- Oi, Baek... que surpresa te ver por aqui de novo, eu fiquei com saudades. - Uma voz manhosa arrepiou meu corpo, ela passou as unhas por minha nuca devagar e eu sorri de lado percebendo quem era.

- Yuri... - Suspirei seu nome e ela sorriu maliciosa em aprovação. Seu corpo moreno estava seminu, apenas de lingerie ela sentou em meu colo virada para mim e agarrou as mãos em meus cabelos, segurei sua cintura com força e ela deu uma rebolada que me fez gemer baixo.

- Eu estava com tanta saudade de você, meu amor, por que demorou tanto pra vir de novo? Queria me deixar louca, daddy? - Ela mordeu o lóbulo da minha orelha e meu Deus, como ela me deixa louco.

Eu vinha quase todas as noites nesse clube e sempre era atendido por Yuri, ela me fascinava, e me chamando de daddy me levava à uma tesão deliciosa. Era com Yuri mesmo que eu esqueceria Yerin. Meus dedos desenhavam as suas curvas, puxei seu cabelo um pouco para trás e comecei a distribuir beijos por seu pescoço.

- Yerin-ah... - Minha voz saiu rouca e imediatamente Yuri me olhou indignada.

- Yerin? Confundindo meu nome, daddy?

- An? Não acredito...

Mas que porra Yerin. Isso nunca aconteceu, confundir nomes de garotas era um pecado para elas. Eu devia estar mesmo louco por Yerin, ela não saiu da minha cabeça por nenhum momento, e quando saia, voltava em apenas segundos. Eu estava ferrado mesmo.

- Tudo bem daddy, pode me chamar do que quiser, eu sou sua. - Ela me beijou com voracidade mas eu recuei e a empurrei sem muita força.

- "Tudo bem?" Te chamei por outro nome e tá tudo bem pra você?

- Eu só preciso de você, amor. Quero te dar prazer, não importa o nome. - Ela me olhou com malícia e eu ri soprado.

- Se fosse ela aqui, já teria feito um barraco agora mesmo... - Eu ri baixo, sorrindo de lado.

- Que ela? Baekzinho, para com isso, hm? Que tal você me dar leitinho hoje, hein? - Ela deslizou a mão até meu membro mas eu segurei em seu pulso e me levantei puxando ela junto, depois a soltei a vendo quase tropeçar.

- Se enxerga, garota. Não tem orgulho próprio?

- Baek, qual o problema? Pensei que gostasse de mim... - Ela fez um bico e tocou meu peitoral, eu bufei e sorri de canto.

- Eu não gosto de você... - Tirei sua mão com o dedo como se estivesse com nojo. - Eu gosto da Yerin.

Soltei sua mão e ela me olhou com cara de tacho, comecei a andar para fora dali, não aguentaria mas nenhum segundo, tentei procurar Sehun mas não fazia ideia de onde ele tinha se enfiado então fui sozinho até o carro.

Me xinguei mentalmente pela merda que tinha feito. Dei alguns murros no volante e abri a janela para tomar um ar. Parece que não vou conseguir escapar tão fácil de Yerin, tinha algo nela que me deixava inebriado.

- Preciso de algo pra relaxar e me fazer parar de pensar nisso... - Suspirei e olhei o relógio, era de tarde já, perto de anoitecer. Eu tinha ficado algumas horas parado no tempo e girando por aí nesse carro. - Já sei onde vou...

                       POV Yerin

Já fazia uma semana que Baekhyun não aparecia na escola, Sehun veio alguns dias e eu hesitei um pouco mas acabei perguntando o porquê das faltas mas ele não soube responder. Por incrível que pareça, eu estava preocupada. Sim, e bem preocupada.

- Será que fui dura demais com ele...? - Minha voz saiu fraca. Eu encarava a tela do meu celular aberta nas mensagens que Baekhyun me mandou e eu não respondi. Será que ele ficou mal assim por minha causa? Bufei e joguei o celular na cama. Por que seria por minha causa? Ele deve estar ocupado fazendo a festa com outras garotas. Bufei outra vez ao pensar nessa ideia.

Peguei uma almofada e a abracei apertado, deitada na cama. Era domingo e eu não tinha nada para fazer, fiquei olhando para o nada desde que acordei, e vez ou outra, talvez quase sempre, fiquei encarando meu celular e pensando no que havia acontecido com Baek.

Certo, eu o evitei por uns dias, desde o... selinho que mais uma vez ele havia roubado. Mas o estranho é que minha raiva foi só no começo, depois eu fiquei envergonhada, eu sentia minhas bochechas queimarem toda vez que lembrava disso ou quando sentia o olhar de Baekhyun pairar sobre mim. E foi por isso que eu o evitei em todo lugar que ia.

Não queria que ele me visse ficar assim e era algo automático, eu não conseguia controlar e fazer parar. Eu devia estar doida mesmo já que meu coração estava acelerando com apenas um sorriso dele. Será que... não, impossível.

Peguei o celular outra vez e cliquei na caixa de mensagens de Baekhyun começando a escrever algo.

" Baek? Você tá aí? Eu..."

Não não, seria muita cara de pau mandar isso assim depois de mais de 10 mensagens ignoradas. O que eu estava pensando?

- Yerin? - Ouvi a voz de Taehyung e algumas batidas na porta, apaguei a mensagem de imediato e joguei meu celular na cama indo abrir a porta do quarto.

- Tae, o que houve? - Sorri para ele tentando disfarçar minha preocupação boba de segundos atrás.

- Eu tava pensando e... hoje é domingo não temos nada pra fazer, então que tal um cinema? - Ele sorriu sem graça corando rapidamente.

- Isso seria um encontro? - Eu sorri para ele que ficou ainda mais corado e assentiu com a cabeça.

- É... mas só se você quiser, é claro.

- Quero sim, Tae, vai ser bom sair um pouco.

Ele sorriu timidamente e afagou meus cabelos.

- Te vejo em meia hora então?

- Claro.

Fechei a porta e corri para o banheiro. Um encontro com o Taehyung? Sorri olhando minha imagem no espelho mas logo desfiz quando olhei para o meu celular pensando em Baekhyun outra vez.  Balancei a cabeça negativamente tentando me livrar desses pensamentos e fui me arrumar bem rápido, só troquei de roupas e fiz uma maquiagem leve. Eu já estava de cabelos arrumados e de banho tomado mesmo, então demorei uns 20 minutos para ficar pronta.

Abri a porta e Tae estava me esperando em frente girando a chave do carro.

- Você tá linda... vamos? - Ele estendeu a mão para mim e eu a segurei um pouco receosa, mas sorri.

Não demoramos muito para ir até o cinema, assim que chegamos quase ninguém estava lá, quase todas as sessões tinham se esgotado, apenas uma estava livre, só iam para aquela sala mais outras 2 pessoas. Tae comprou nossas entradas e as pipocas e entramos na sala que estava praticamente vazia. Apenas uma pessoa estava sentada lá no fundo. Sentamos no meio que era o melhor lugar e ficamos em silêncio esperando os trailers passarem. Era um silêncio meio constrangedor, eu não sabia o que fazer e nem ele.

O filme começou e Tae deu um sorriso fofo e animado, era um filme de comédia com seu ator preferido, de acordo com ele. De repente Tae sussurrou algo para mim, tocando em minha mão.

- Ei, recebi uma chamada da empresa, preciso atender. Se incomoda? - Eu neguei com a cabeça e ele se levantou com cuidado se abaixando mesmo que não tivesse ninguém ali. Eu ri baixo e enchi a boca se pipoca.

Alguém quase esbarrou em Tae quando ele saía. Era tão escuro que não dava para enxergar, mas ele se direcionou para a nossa fila e estava sozinho, sentou-se uns 3 bancos antes de mim e tinha um saco de pipocas enorme que me deixou de queixo caído, então voltei a prestar atenção no filme.

Tae já estava demorando demais para voltar, meus olhos começaram a ficar pesados e minha cabeça pendendo de um lado para o outro. Eu não dormi muito bem de noite então estava com sono e o clima e luz apagada do cinema me davam mais sono ainda. Cadê Taehyung que não volta logo?

 
                      POV Taehyung

Eu estava muito animado com aquele negócio todo de encontro. Não era o meu primeiro encontro, claro, mas era de longe o que eu fiquei mais nervoso.

Fomos em um cinema e iríamos ficar em uma sala quase que vazia, isso era um sinal dos deuses. Eu poderia roubar-lhe um beijo lá mas estava com vergonha até de segurar em sua mão. Calma coração, respira Taehyung.

Sentamos na fila do meio por ser o lugar melhor de sentar e assistir o filme, nem muito longe e nem muito perto. Era perfeito. Comprei uma pipoca para cada mas devia ter comprado uma da maior para ficarmos comendo do mesmo saco. Seria romântico e vem bem mais pipoca também. Mas enfim, o silêncio constrangedor chegou e ficou.

Eu estava tão nervoso que nem sabia o que falar. Quando o filme começou meu celular tocou e vi o número do Secretário Young, era algo importante da empresa com certeza, e por causa daquele maldito golpe estávamos tendo muito trabalho esses dias.

- Ei, recebi uma chamada da empresa, preciso atender. Se incomoda? - Fiquei meio receoso, era um encontro e deixá-la sozinha não era uma boa coisa, mas ela assentiu.

Saí quase que na ponta dos pés e desci a escada até a porta para ir para um lugar mais tranquilo que eu pudesse conversar. Acabei esbarrando em um homem com um saco de pipoca enorme e pedi desculpas saindo às pressas para atender o telefone antes que a chamada terminasse.

- Alô?

A voz do Secretário Young estava fraca e ele gaguejava tanto que eu demorei uma meia hora até entender o que ele estava falando.

" - Porra, você não me entende caralho?

  - Ei, eu sou seu superior sabia?

  - Tanta hora pra entender e só entende quando eu xingo, pff.
  
        - Diz logo o que é, Secr. Young., eu tô ocupado no momento.

  - O Sr. Shin está passando uns apertos. Não conseguimos rastrear ainda o cara que nos deu o golpe então o processo está demorando mais que o previsto.

   - Entendi. Eu estou segurando aqui a empresa, e os trabalhos andam muito bem, porém tenho que fechar um contrato com a empresa do marketing e preciso que esse processo aí ocorra logo.

   - Certo. O Sr. Shin disse que você cuidasse de tudo aí e viajasse para cá. Precisamos de sua ajuda, Taehyung.

   - Mas... - Eu teria que sair da Coreia? Mas e Yerin? Não posso deixá-la sozinha...

   - Mas nada Tae, o Sr. Shin disse que a Yerin pode se cuidar sozinha na idade que está.

    - Quando irei?

  -  Próximo mês. Vai só passar uma semana, talvez duas, não sei. Depois você volta.

   - E o Sr. Shin?

   - Ele ainda tem negócios à cuidar.

   - Tudo bem então... Tchau. "

Viajar por uma semana ou mais e deixar Yerin não me fazia sentir muito bem... Pelo menos será no próximo mês, vai demorar um pouco mais de 3 semanas ainda. Droga, por que fui me apaixonar assim?

                      POV Baekhyun

Era o meu dia de sorte. Na verdade, não era não, aquilo foi só uma coisa sortuda no meio do meu incrível dia de azar. Eu tinha chegado no cinema e havia uma sala praticamente vazia. Isso era ótimo. Peguei o maior saco de pipocas que podia, eu adorava pipocas e isso ia me desestressar bastante.

Um maluco acabou esbarrando em mim na entrada mas eu dei de ombros e segui para o meu lugar, na fila do meio que é um dos melhores lugares para assistir à filmes. Havia alguém umas 3 cadeiras depois de mim, parecia uma garota sozinha, ignorei e suspirei de alívio que o filme estava começando ainda.

Passado uns 10 minutos já, eu não conseguia rir de nada no filme. As piadas não me faziam efeito nenhum. Coloquei o cotovelo sobre o braço da cadeira e apoiei a cabeça na mão, no maior tédio. Olhei em volta e ninguém estava ali, olhei para o lado e aquela garota de antes estava fofamente engraçada. Ela pendia a cabeça para os lados, para frente, e depois para trás e parecia dormir, me lembrou até o Yoongi que sempre faz isso nos cinemas. Eu ri abafado e a fiquei observando com um sorriso mínimo no rosto até que ela pendeu totalmente a cabeça para trás e com a iluminação do filme eu consegui reconhecê-la.

- Yerin? - Eu sussurrei bem baixo completamente surpreso. O que ela fazia ali?

Eu deveria estar imaginando coisas, era isso. Deveria estar tão obcecado, tão dependente dela que além de chamar outras pessoas com o seu nome eu também a via em outras agora.  Ri soprado e passei as mãos nos olhos para sumir com aquela miragem mas desfiz o sorriso assim que vi que Yerin continuava lá.

- Impossível... - Esfreguei as mãos nos olhos de novo, e de novo e mais uma vez. Como isso? Fiquei de boca aberta e tentando entender aquela coincidência nada estratégica.

Ela grunhiu e pendeu a cabeça para o lado outra vez, parecia que ia cair a qualquer momento então me levantei rápido e sentei do seu lado, apoiando sua cabeça em meu ombro. Yerin se aconchegou no mesmo e eu fiquei igual uma estátua. Meu coração palpitava acelerado e fiquei nervoso, mais uma novidade para mim. Então isso é normal de se acontecer perto de quem a gente gosta?

Respirei fundo e olhei para o telão, eu não sabia mais nem o nome do filme. Ela se mexeu e eu gritei mentalmente um "merda, merda, merda!", mas ela só colocou a mão sobre a minha e eu suspirei aliviado. Encarei sua mão em cima da minha e entrelaçei nossos dedos. Senti sua mão apertar a minha e sorri involuntariamente.

- Eu tô absolutamente ferrado. - Disse isso em meio a um sorriso. Não tinha mais jeito, eu finalmente admiti que gostava dela, e muito. Eu não posso relutar contra isso, é impossível, sem chance. Se antes queria fazê-la minha, agora eu preciso fazê-la minha, não dá mais, Sehun tinha razão.

Ouvi ela murmurar algo e mexer outra vez grunhindo um "Tae" e aquilo fez meu sorriso desaparecer de imediato. Eu só podia ser um idiota mesmo, como pude achar que ela veio em um cinema sozinha? Ela não era um babaca com sentimentos unilaterais como eu que vim sozinho em pleno domingo. Ri soprado e afastei sua cabeça para o outro lado soltando minha mão da sua.

Me levantei devagar e dei as costas, eu iria embora era o melhor que eu podia fazer, nem tinha assistido o filme mesmo então nem foi uma perda tão grande.

- Tae...?

Eu travei do jeito que estava. Sua voz saiu fraca por ter dormido esse meio tempo e tentei dar alguns passos para sair dali mas Yerin segurou minha mão e impediu que eu me movesse.

- Taehyung? Onde vai? Por que demorou tanto? - Cada palavra sua doía em mim, isso que é gostar de alguém? Odiei.

- Yerin... - Minha voz saiu rouca e mais fraca ainda do que a sua. Ela então soltou minha mão, deve ter reconhecido que era eu afinal. Comecei a andar até a saída sem olhar para trás nenhuma vez.

Coloquei as mãos nos bolsos e fiquei pensando o quanto eu era idiota e um trouxa, aliás, ela devia estar pensando isso de mim também nesse exato momento.

- Baekhyun!  - Senti algo me puxar pelo braço, era ela, parada atrás de mim. - Espera...

- O que quer? - Eu falei sério, me virando para ela.

- O que você tava fazendo... lá? Digo, do meu lado... - Ela parecia nervosa mas ao mesmo tempo confusa.

- Não importa. Tenho que ir. - Eu me virei voltando a andar mas ela puxou meu braço de novo e eu suspirei baixo.

- Por que faltou na escola esses dias todos? O que você tem?

- Não é como se tivesse preocupada... - Eu bufei, ela ficou em silêncio olhando o chão e voltei a andar.

- Mas eu tava. - Ela respondeu baixo mas o suficiente para que eu escutasse e parasse de andar, me virando outra vez para ela.

- Mentir é feio sabia... - Eu estava um pouco boquiaberta. Com certeza era mentira, ela não estaria preocupada, ela na verdade estava com o Taehyung em um encontro, por que ia se preocupar com o cara que odeia?

- Baekhyun, eu pareço tá mentindo? - Ela me olhou séria apontando para o próprio rosto com o dedo indicador. Eu fiquei cabisbaixo e vi ela se aproximar um pouco. - O que você tem? Por que faltou esses dias?

- Não importa. Eu... já vou. Pode voltar pra terminar o filme com o Taehyung.

- Ele não tá aqui. Acho que deve ter ido embora...

- E te deixar sozinha? Não é do feitio dele, ele deve tá por aí te procurando agora. Divirta-se.

- Baek... - Ela parou na minha frente quando tentei andar. - Eu... dormi no seu ombro agora, não foi?

- Digamos que estamos quites pela vez que dormi no seu ombro no carro. - Eu a olhei sério e ela riu soprado.

- Não vai me dizer o que tava fazendo? Nem o porquê de faltar a escola esses dias todos?

- Quer mesmo saber tanto sim?

- Quero.

- Ótimo. - Eu bufei de raiva. - Por sua causa! Eu faltei porque você tava me ignorando e eu pensei que fosse ficar louco. Foi totalmente sua culpa! - Ela me olhava estática enquanto eu falava aquelas palavras todas de uma vez só.

- O que...

- Foi culpa sua eu me sentir um maluco a ponto de ir procurar um psiquiatra, de estragar meus casos com outras e também de ter ficado 4 dias seguidos sem dormir! Foi culpa sua e só sua eu ficar louco pra fazer isso...

Eu nem parei para respirar direito, dei um passo para frente com tudo e segurei em seu rosto com uma mão em cada lado, fechei os olhos e estava feito. A beijei com afinco, com tanto desejo e com tanta vontade reprimida que ela nem conseguiu relutar até que eu parei para retomar o fôlego. Estava tão obstinado por aquele beijo que chegava a ser desesperador da minha parte.

Yerin ficou completamente muda, ela estava ofegante juntamente comigo, eu ainda segurava seu rosto bem próximo do meu e nossas respirações se misturavam. Nossas testas estavam coladas uma na outra, entreabri os olhos e a vi com os delas ainda fechados. Eu estava em êxtase, sedento por mais um e por mais quantos eu pudesse dar. Aproximei lentamente meus lábios dos seus encostando-os levemente, eu queria um beijo calmo, sem pressa, doce como naquele sonho que tive. Mas dessa vez ela recuou.

- Baek...- Sua voz fraca soou e ela me empurrou ainda de olhos fechados.

Eu permaneci em silêncio e fiquei cabisbaixo, ela estava demorando demais para me bater e me xingar. Olhei de relance e ela olhava intrigadamente para o chão com os dedos sobre os lábios vermelhos por causa do beijo.

- Baekhyun? O que faz aqui? - Ótima hora para ele aparecer. Taehyung colocou o braço nos ombros de Yerin e me encarou com fogo nos olhos, e bom, eu fiz o mesmo.

- Isso é um cinema, o que acha que vim fazer aqui, jogar playstation? - Eu bufei e ele se virou para Yerin.

- Ele fez alguma coisa? Você tá bem? - Yerin o encarou com o rosto confuso e me olhou de lado, ainda com a mão nos lábios.

- O que acha que eu sou? Um monstro? Me erra, Taehyung. - O olhei incrédulo e ele me fuzilou com os olhos.

- Acho. Na verdade, tenho certeza. Vamos, Yerin. - Ele segurou na mão dela e a puxou. Eu ri soprado colocando as mãos nos bolsos e vendo os dois caminharem de volta para a sala de filmes.

Suspirei alto e sai dali, indo direto para o meu carro. Fiquei longos minutos encarando o volante, sem dar a partida ainda

- Eu não devia ter feito aquilo... - Murmurei com arrependimento, encostando a cabeça no volante. - O que vou fazer...? Seu idiota...

Liguei o som do carro para tentar ouvir algo que me tirasse daqueles pensamentos e uma música me chamou atenção, as vozes pareciam familiares, era uma banda coreana que eu adorava, Urban Zakapa. Eu ri abafado quando percebi que se tratava de No Way, uma música recente deles.

" Amando você 

Não me diga que está arrependida

Isso é para terminar de me afundar na minha depressão pós-merda? Só podia... Parecia que aquela música se encaixava perfeitamente comigo e com o que estava sentindo no momento, bati a cabeça algumas vezes no volante e me xinguei por isso.

- Senhor? - Alguém bateu na janela do meu carro. Me virei para ver e parecia um homem de idade, abaixei o vidro e ele me entregou um papel. - Parece angustiado... esse é um folheto de propaganda da Shirley Kim. Uma cartomante muito famosa, se quiser saber sobre seu futuro, e outras coisas. Passe por lá. - Ele se curvou e saiu.

Fechei a janela e encostei de novo a cabeça sobre o volante, agora encarando o tal folheto.

           " Shirley Kim, cartomante e conselheira espiritual.

Interpreto seu futuro com Tarô;

  Aconselho com uso da clarividência;

     Respondo suas dúvidas com certeza;

Endereço : *******************

Se não acredita, também não tem nada à perder "

Bufei, jogando o papel em qualquer canto do carro. Isso não passa de uma grande baboseira e enganação, apenas falta do que fazer. Resolvi voltar logo para casa, eu só queria chegar em casa e dormir como se não houvesse amanhã. Dei partida no carro e meu celular começou a tocar na mesma hora, era Sehun, conectei a chamada no carro e atendi.

- O que foi Sehun? 

- O QUE FOI?! Você me deixou plantado no clube, seu imundo!

- Calma Sehun, que agressividade. EU TÔ AQUI SOFRENDO, TÁ PORRA?

- O que houve? E por que foi embora? A Yuri falou comigo...

- Yuri... nem me fale dela.

- Uau, você tá apaixonado mesmo hein? Você adora a Yuri...

- Correção: adorava. E parece que tô sim, mas do que adianta? Ela gosta do Taehyung e até teve um encontro com ele.

- Encontro? Ele tá avançando... mas você não pode ter certeza de que ele não tá em um amor unilateral também...

- E o que quer que eu faça? Já até perguntei a ela mesma se gosta dele, ela nunca me responde, já é óbvio...

- Baekhyun, não tem nada de óbvio nisso. E mais, se ele tá avançando você vai simplesmente deixar? Avança também!

- Mas...

- Quem é você?

- O que?

- Quem é você?!

- Byun Baekhyun... - Balbuciei.

- O que? Não ouvi. Quem é você?!

- Byun Baekhyun! - Exclamei com raiva, Sehun tinha razão. Sou Byun Baekhyun e no meu dicionário não existe a palavra "desistir".

                        POV Yerin

Fiquei em silêncio durante toda a viagem de volta para casa. Taehyung me perguntou algumas coisas mas eu apenas assentia ou negava com a cabeça. Eu estava em estado de choque.

Nem consegui perguntar a Tae o porquê de tanta demora quando ele saiu do cinema. A única coisa que eu conseguia pensar era em Baekhyun e no que ele tinha feito algumas horas atrás.

Meu corpo estava pesado então bastou chegar no quarto que eu me debruçei sobre a cama e tudo que Baekhyun havia dito remoía na minha mente. O beijo... ele tinha tanto desejo que pareceu contagiante de certa forma, eu simplesmente não consegui fazer ele parar até que parássemos para tomar fôlego novamente. A conclusão que cheguei foi que eu não quis parar realmente, eu senti tanto desejo quanto ele estava sentindo.

- Yerin, pode vir aqui um minuto? - Ouvi a voz de Tae através da porta. Eu estava estática na cama e só disse para ele entrar, e foi o que ele fez.

Era a primeira vez que Tae entrava em meu quarto, ele parecia inquieto. Sorri minimamente e me sentei na beirada da cama então ele sentou do meu lado.

- Algum problema?

- Não, é que... desculpa ter estragado tudo. Não era pra você ficar assistindo o filme sozinha, eu...

- Tudo bem Tae, acontece... - Sorri fraco.

- Você tá chateada né? - Ele parecia triste, e ficou cabisbaixo.

- Não, claro que não. O importante é que não aconteceu nenhum problema grande, né? - Ele assentiu com a cabeça e me fitou.

- Você... o que conversou com o Baekhyun? Por que ele foi até lá?

- Eu o encontrei por acaso... ele tava na mesma sala que nós estávamos.

- Ah... que coincidência estranha...

- Verdade, eu não imaginava que... - Fui interrompida por um selinho roubado de Tae. Eu arregalei os olhos totalmente surpresa.

Ele se afastou um pouco e levou uma mão até um lado do meu rosto e o aproximou outra vez, dando outro selar de lábios mais calmo. Eu fiquei sem reação, Tae aproximou mais o corpo e levou a mão livre até minha cintura, aprofundou o selinho para um beijo quente e ele se inclinava tanto para frente que acabei caindo de costas na cama e ele ficou por cima. Seus dedos passeavam por meu corpo, ele deslizou uma trilha de beijos por meu pescoço onde deu algumas mordidas que me arracaram suspiros.

Me toquei do que estava acontecendo e tentei empurrá-lo mas Tae enrijeceu o corpo e passou a mão por minha coxa, a apertando firmemente. Sua mão que estava em meu rosto desceu até meu ombro e ele deslizou a alça de minha blusa vagarosamente.

- Tae... - Eu o empurrei novamente com mais força, aquilo era extremamente bom, ele tinha confiança em suas ações e seus lábios quentes e molhados causavam um arrepio maravilhoso de sentir, porém, eu não estava me sentindo bem com isso.

Além do fato de que sou virgem, aquilo era apressado demais para nós dois e eu sentia um peso que não sabia explicar. Eu queria, mas ao mesmo tempo não queria. Empurrei seu peito quando estava prestes a tirar minha blusa por completo e ele me olhou parando tudo que fazia e logo saiu de cima de mim.

- D-Desculpa Yerin, e-eu... - Ele ficou completamente vermelho. Mas não era de arrependimento, era porque ele viu que eu relutei contra. Nem eu sei como pude rejeitar, eu sou louca? Talvez.

- T-Tudo bem... - Eu estava ofegante assim como ele.

- E-Eu... desculpa.

Ele se levantou da cama e saiu do quarto todo desconcertante, obviamente envergonhado. Eu não estava diferente, e agora tinha certeza de que ele sentia muito mais que amizade por mim como Sehun tinha dito antes.

Subi a alça e fiquei parada igual uma morta tentando raciocinar o dia que tive hoje. Primeiro Baek e depois Tae. Mas por que eu resisti mais à Taehyung? O que me deu na cabeça para retribuir mesmo que por um instante as investidas de Baekhyun? Sou idiota à esse ponto?

Taehyung tinha sinceridade em seus sentimentos, Baekhyun podia muito bem estar apenas querendo me usar, ter como mais um de seus troféus, essa era a minha certeza de antes, porém com as palavras que ele disse hoje tudo ficou confuso.

"Estragar meus casos com outras" O que ele queria dizer com isso? Ele estaria rejeitando outras garotas por minha causa? Não, isso é um absurdo, ele não faria isso. É egocêntrico e mulherengo demais para fazer algo assim.

Suspirei alto e olhei para o teto. Eu me sentia completamente confusa e tinha a maior impressão de que tudo isso só vai piorar.

                    POV Jungkook

- Boa tarde Jungkook!

- Boa tarde, Sr. Kim, vim dar uma olhada nos jogos novos. - Sorri e ele sorriu de volta.

O Sr. Kim já era tão acostumado a me ver ali que nem perguntava mais o que eu queria e nem se eu levaria alguma coisa. Ele era o dono de uma das maiores e mais famosas lojas de jogos para consoler e tinha uma variedade infinita de opções. Eu adorava passar as tardes ali, e sempre comprava algum jogo novo.

Fiquei olhando as prateleiras procurando algo novo que me despertasse o interesse, e acabei achando, mas não foi um jogo.

- Posso ajudar? - Um garoto de cabelos claros chegou à minha frente, ele tinha a maior cara de entediado.

- Procurando algo para saciar minhas vontades...

- Já encontrou?

- Encontrei você. - O olhei malicioso e me arrependi na mesma hora. O que caralhos eu estava fazendo?

- O que? Você... - Ele me olhou estranho e depois riu.

- Desculpa. - Eu ri sem graça.

- Nada não, eu gostei. Bem direto. - Ele riu. - Qual seu nome?

- Jungkook.

- Jeon JungKook?

- É, como sabe? - Franzi o cenho.

- Ah, é do grupo. - Ele riu. - Sou Yoongi, amigo do Baekhyun.

- Você também é do nosso grupo?

- Sou sim.

- Ah, prazer! - Estendi a mão.

- Prazer só de noite, lindo. - Dessa vez ele que me olhou com malícia me fazendo excitar. - Opa, parece que despertei um amigo acordado aí. - Ele sorriu malicioso e se aproximou deslizando mão pelo meu abdômen até meu membro que já era perceptível a ereção.

- Você parece o Jimin, provocador. - Mordi o lábio inferior e ele apertou meu membro me fazendo gemer rouco.

- Jimin... ele é bom de cama.

- V-Você já...ah... - Ele estava me estimulando propositalmente, eu estava tão excitado que mal respirava mas Yoongi estava inalterado.

- Já transei com ele? Já sim... - Ele apertou meu membro outra vez e eu gemi abafado mordendo o lábio. - Ele que me fez perceber que era bi, ele tem esse poder.

Yoong riu e me empurrou para trás de uma prateleira velha, a loja estava vazia e o Sr Kim nunca vem até essa parte aqui, só cuida do caixa.

- O que você.. ah... - Abafei o gemido outra vez, Yoongi atacou meu pescoço com chupões enquanto estimulava meu membro por cima da calça jeans, imagens de Jimin e Xiumin vieram em minha mente e eu gemi rouco, minha tesão por tudo era ouvida em meus gemidos abafados para que ninguém escutasse. Yoongi riu baixo e se afastou. Eu o olhei repreensivo mas ele riu soprado e colocou as mãos no bolso.

- Então, você anda tendo casos com Jimin? Pensei que ele namorasse Xiumin...

- Você vai mesmo parar depois de me deixar ereto assim?

- Vou. - Ele falou com deboche. - Tenho namorada. E prefiro ela do que você.

- Nossa. Deseretei.

Ele riu e pegou um dos jogos da prateleira e me entregou.

- Toma, esse aqui é lançamento. E cuidado com esse seu "amiguinho" que ereta fácil aí viu? Principalmente perto de Jimin e Xiumin, vai te causar muitos problemas. - Ele riu outra vez e saiu normalmente, nenhum pouco afetado. Mas eu estava totalmente excitado.

Precisava de toques imediatamente, mesmo que fossem os meus. Mordi os lábios e caminhei até um corredorzinho perto do banheiro, não havia ninguém ali, me encostei em uma parte do lugar que ninguém me veria e abri o zíper da calça, a abaixando um pouco junto com a cueca box.

Gemi rouco quando meu membro ereto saiu para fora e eu comecei a tocá-lo com movimentos de vai e vem. Eu estava sedento por prazer.

- O que é... - Uma voz feminina ecoou pelo corredor e me fez parar o que fazia. Olhei um pouco assustado e vi uma garota de cabelos alaranjados tapando a boca com as mãos. Ela estava imóvel e de olhos arregalados me olhando. Não era por menos, eu estava me masturbando em uma loja de jogos.

Mordi o lábio vendo que ela era muito bonita, estava de saia curta o que me proporcionava uma visão maravilhosa de suas coxas. Ela riu soprado e se aproximou ficando bem perto de mim.

- Quer ajuda? - Ela tocou com as unhas na minha glande e eu gemi alto. Sua mão tomou o lugar da minha e começou a fazer movimentos rápidos, pendi a cabeça para trás enquanto gemia abafado. Vi ela se abaixar um pouco e tocar meu membro com a ponta da língua o que me levou à loucura. Ela abocanhou o mesmo e fez movimentos vagarosos, me torturando com a língua.

A puxei para cima com força e a ataquei com um beijo quente e feroz. Sua língua se enroscava na minha me deixando mais excitado ainda. Eu a prensei de costas para mim na parede e  levantei sua saia, a garota já estava sem calcinha me fazendo suspirar de tesão. Roçei meu membro em sua entrada molhada e ela gemeu baixo.

- Qual o seu nome? - Eu sussurrei mordendo seu lóbulo.

- Seulgi... - Ela falou entre um gemido rouco.

- Meu nome é Jungkook. Agora geme meu nome pra mim.

                    POV Baekhyun

Cheguei cedo na escola, por volta de meia hora antes e fui ajeitar a sala de aula. Yerin chegaria em 10 minutos então eu fiz o mais rápido que pude e fui para a salinha de jogos. Era muito cansativo fazer aquilo, imagino fazer isso todos os dias, por isso eu subornei o professor para me deixar fora dessa.

Me sentei no sofá e coloquei as pernas em cima do centro de vidro, exausto de tanto arrastar cadeiras.

Coloquei a mão no bolso e retirei a maldita pulseira de dentro. Eu a carregava para praticamente todo lugar comigo, parecia um amuleto. Ainda sentia vontade de entregar à Yerin mas não tinha mais coragem, acho que nem sei como ela vai me encarar hoje na escola depois do que eu fiz ontem.

Me xinguei mentalmente e fechei os olhos imaginando aquele beijo acontecendo outra vez. Eu fazia aquilo de 10 em 10 minutos. Parecia que eu estava em uma overdose, totalmente dependente.

- Baek? O que tá fazendo? - Abri os olhos e bufei ao ver Minhyuk na porta.

- Vaza. Cheguei primeiro.

- Cara, por que você tava beijando o vento? Você bebeu logo de manhã? 

- Minhyuk, vaza! - Joguei uma almofada nele que apenas desviou.

- Pra que essa agressão? Vim só pegar uma coisa que esqueci...

- Pega e vaze.

- "Vaza", "Vaze", "Vaza" - Ele tentou me imitar e entrou na sala. - Fala outra palavra, que dor de cotovelo é essa aí?

- Não te interessa.

- Tô "vazando" já. - Ele pegou algo do centro e foi embora deixando a porta aberta. Suspirei alto e me levantei para fechá-la mas o sinal para as aulas começarem soou.

                       POV Yerin

Cheguei cedo na escola como de costume, eu estava vindo arrumar a sala essa semana no lugar de Naeyeon, já que ela viajou com os pais e só volta semana que vem.

Estranhamente quando entrei na sala tudo já estava arrumado. Agradeci mentalmente e sentei no meu lugar de sempre. Não fazia a mínima ideia de quem arrumou a sala, mas muito obrigado, me poupou um trabalho enorme!

Abaixei a cabeça na carteira e automaticamente imagens de Baekhyun se formaram em minha mente. Eu já estava cansada de lembrar dele toda hora, mas era involuntário. Eu tinha tantas dúvidas formadas em minha cabeça que até pesava minha alma.

Olhei de relance para a porta e Minhyuk tinha passado pelo corredor, será que foi ele que arrumou a sala? Depois tenho que agradecê-lo por isso. Cochilei um pouco antes das aulas começarem e senti uma mão pousar em minhas costas e me fazer um carinho tão gostoso que me fez sorrir em aprovação. Levantei um pouco e vi Minhyuk sentando atrás de mim, ele estava de cabeça baixa mexendo no celular enquanto acariciava minhas costas.

- Oi... - Coçei os olhos e ele levantou a cabeça sorrindo.

- Acordou dorminhoca?

- Sim. - Sorri para ele e me espreguiçei.

- Arrumou a sala cedo hein? Quando cheguei aqui você tava dormindo... Naeyeon viajou mesmo?

- Hã? Pensei que... - Então não foi Minhyuk que limpou a sala?

- Pensou que o quê?

- Nada... por que chegou cedo hoje?

- Esqueci esse livro na sala de jogos, fui lá buscar. - Ele mostrou um livro que estava em seu colo. - Baekhyun tava lá, então nem fiquei muito tempo e vim até aqui.

- Baekhyun já chegou, cedo assim? - Será que foi Baek? Não pode ser... por que ele faria isso sozinho?

Enfim, fiquei pensando nas possibilidades de quem tinha arrumado a sala para mim naquele dia. Meu olhar rondava entre Hoseok, Sungmin um garoto todo fofinho da sala e que competia com Hoseok para saber quem era mais fofo, Minho mais um garoto da sala, mas meu olhar sempre parava em Baekhyun no final.

E pior de tudo, ele sempre estava me olhando, então nossos olhares se cruzavam vez ou outra. Ele tinha uma expressão indecifrável, seu olhar era intenso e ele estava sério, entretanto não parecia com raiva, era uma seriedade tranquila e relaxada.

- Quer uma foto minha de presente de natal? - Baekhyun sorriu de canto.

- Quero uma foto sua pra mostrar ao assassino profissional que vou contratar. - Sorri irônica.

- Se quiser, te dou uma foto minha pra você por na sua estante de casa, aposto que quer isso né? - Ele me lançou um beijo usando a mão e eu ri soprado, ouvi Minhyuk suspirar de longe.

- Minha casa não precisa de espanta fantasmas. A sua precisa Minhyuk? - Me virei para o mesmo sorrindo irônica e Minhyuk estava com a maior cara de tédio e bufou.

- Vocês dois estão me enchendo o saco. - Ele fez careta e voltou a mexer no celular escondido do professor.

- Você que me enche o saco, Minhyuk. Tá incomodado mete o processo.

- Não fala assim com ele, seu projeto de bacon. - Eu bufei dessa vez e Baek me olhou incrédulo.

- Sehun vai morrer pelas minhas mãos. - Ele rangeu os dentes.

- Como se fosse só o Sehun que percebesse que o seu nome parece "Bacon". - Eu ri abafado.

- Estou atrapalhando a briga do casalsinho aí? Querem ter uma DR, então saiam da sala. - O professor JiHong falou bem alto e claro, todos os alunos ouviram, uns riram e outros fizeram um "WOOOW" em uníssono. E como sempre, algumas garotas resmungaram.

Eu tinha quase certeza de que estava um pouco corada, olhei para Baekhyun e ele estava perfeitamente normal e sorrindo de canto para mim.

- Até o professor nos shippa Yerin, colabora. - Ele falou em alto e bom som, todos fizeram um grande "WOW", até o professor fez, e eu quis socar a cara de Baek.

- Idiota. - Abaixei a cabeça e a apoiei sobre os braços, eu devia agora estar bem vermelha, na verdade, um próprio pimentão vermelho gigante. Ouvi um suspiro de Minhyuk e um "Boba" quase que balbuciado por Baekhyun.

Ele deveria estar adorando isso tudo, claro, fazia isso quase todos os dias menos nessa semana que ele não veio, deveria estar com saudades de me perturbar. Mas parecia que quem sentiu mais falta disso foi eu que sorri de cabeça baixa.

Logo a hora do intervalo chegou e eu tinha que ir no laboratório de química pegar uns tubos de ensaio para o professor, ele pediu esse favor para mim e Minhyuk, só que o mais velho teve que ir para a detenção no intervalo. O diretor estava irado com Minhyuk já que ele tinha espalhado penas de algum bicho por toda a sala da professora megéra. Eu ri por 10 minutos seguidos quando ele me contou o que tinha feito. Acho que Minhyuk não vai tomar jeito na vida nunca.

Coloquei as mãos nos bolsos da saia do uniforme e prossegui até o laboratório, eu não sabia muito bem onde estavam todas as coisas então tive que procurar em todos os armários até encontrar os tais tubos. Não foi muito fácil e nem rápido, eu quase derrubei eles quando fui pegar pois estavam em uma prateleira bem alta.

Já com os tubos pequenos em mãos eu desci as escadas com cuidado para não cair e quebrar tudo. Várias pessoas andavam de um lado para o outro no corredor. Jooheon acenou para mim quando me viu descendo as escadas, seus cabelos antes vermelhos agora estavam tingidos de castanho claro, parecia ainda mais fofo.

- E aí, Yerin!

- Jooheon, como vai?! - Dei um abraço de leve nele enquanto ele afagou o topo de minha cabeça.

- Bem, e você? Eu soube que Baekhyun voltou pra escola, se sente menos preocupada? - Ele riu abafado e eu arregalei os olhos.

- Como você... ?

- Eu vi você conversando com Sehun outro dia. Parecia bem preocupada com o Baek. - Ele riu outra vez.

- Você viu coisas demais. - Eu ri tentando disfarçar.

- Tudo bem, vou indo agora. Boa sorte. - Ele riu e acenou em despedida.

Caminhei pelo corredor evitando de esbarrar em alguém e quase derrubei um dos tubos quando Baek chegou de repente e me assustou. Ele estava de punhos cerrados dando passos pesados e parou bem à minha frente.

- Baek...

- Silêncio. Eu vou falar agora. - Ele foi curto e seco, rangia os dentes e parecia nervoso.

- O que você tá faz...

- Eu disse silêncio. Vim aqui dizer que se você tá pensando em me ignorar de novo, eu não vou deixar. Goste do Taehyung ou não, eu não vou desistir fácil! - Eu fiquei imóvel e de olhos arregalados, ele falava com raiva mas era explícito que estava mais do que nervoso. - Toda vez que você tentar dar um passo pra trás, eu darei um passo pra frente. Se tentar fugir, eu vou atrás. Então não se preocupe, não precisa vir até mim, deixe que irei até você.

Sua voz suavizou no final mas ele continuava sério, eu fiquei totalmente confusa e não consegui falar nenhuma palavra. Ele saiu do mesmo jeito que tinha chegado, de punhos cerrados e dando passos largos indo em direção ao refeitório.

- Mas o que foi isso? - Tentei entender o que tinha acabado de acontecer e ri soprado, o que ele queria dizer com aquilo tudo?  - Mas o que...? Ele é louco mesmo?

- O que houve? - Minhyuk chegou por trás e eu me virei despregando os meus olhos da visão das costas de Baekhyun saindo.

- Acho que Baekhyun ficou louco.

Ele olhou por cima de meus ombros e pareceu tão confuso quanto eu.

- O que ele fez agora? - Minhyuk perguntou, mas eu não falei nada apenas ri confusa e voltei a olhar a entrada do refeitório. Baekhyun estava mais estranho que o normal dele.

- Ah, aqui os tubos, pode levar ao professor? - Eu entreguei os tubos sem nem mesmo tirar os olhos de onde estava.

- O que você tem Yerin? - Eu ria abafado enquanto ainda tentava entender tudo e decifrar as palavras ditas antes.

- Nada... nada não, Minhyuk... - Suspirei e o olhei, ele franzia o cenho e eu ri.

- Tudo bem então, até mais. - Ele pegou os tubos de minha mão e saiu em direção à sala dos professores. Não queria ir ao refeitório já que Naeyeon não tinha vindo, então fui para a sala e me sentei na cadeira, só havia uma pessoa no fundo dormindo então dei ombros e fiquei por lá mesmo.

                            (...)

As aulas já tinham terminado, avistei Tae na entrada da escola e ele estava rodeado de garotas flertando ele, porém ele estava cabisbaixo e nem ligava para elas. Eu ri baixo e caminhei até ele que assim que me viu deu um abraço bem convidativo.

- Como foram as aulas?

- Normal. Nada de mais, sempre a mesma coisa. - Ri soprado e entrei no carro.

- Nada de interessante hoje? - Ele sorriu entrando no carro e dando a partida.

- Nadinha. - Desci o vidro da janela para que um ar fresco entrasse no carro.

- Quer sair hoje? Pra recompensar o fiasco do cinema... - Ele riu e me olhou de relance.

- Para onde?

- Hm... Lotte World, que tal?

- NÃO! - Eu quase berrei e ele se assustou.

- Não gosta de parques de diversões?

- Não muito... - Eu ri sem graça. Na verdade era por já ter ido lá com Baekhyun, não queria ir com Tae e acabar lembrando de outro em um encontro. Isso era desconfortável.

- Então... que tal o Coex Aquarium?

- O que é isso?

- É um dos Aquários mais visitados de Seul. Adoro ir lá, tem um túnel rodeado de água e vários peixes, até tubarão. - Ele falou bem empolgado e eu ri baixo.

- Então vamos lá. Nunca fui em um aquário. - Falei animada.

- Ótimo. Então vamos em casa almoçar e você se arruma pra gente ir, ok?

- O.k! - Eu estava ansiosa, realmente nunca tinha ido em um aquário mas sempre os via em doramas e em programas de variedade na tv. Dava para ver os peixes bem de perto pelos grandes vidros transparentes. Sem falar que era um ótimo lugar para encontros, sempre vão muitos casais.

                             (...)

Estávamos no carro indo para o aquário finalmente, eu tinha levado alguns longos minutos para escolher uma roupa que desse certo. Acabei por escolher um vestido soltinho azul bebê e coloquei um tênis branco confortável, me senti meio garotinha demais mas era um encontro, as mulheres vão em encontros assim, pelo que eu vi na internet.

- Já disse que você tá parecendo uma bonequinha? - Tae riu formando um quadrado com seu sorriso e eu ri junto. Ele estava bem animado e não parava de sorrir.

- Já disse 3 vezes, Tae. - Eu ri baixo e ele riu envergonhado.

- Ah, deixa eu colocar uma música aqui. É uma das minhas preferidas...- Ele inclinou o corpo tendo cuidado e olhando ainda para a frente evitando que acabasse causando algum acidente no trânsito. Sua mão procurou algo e tirou um pen-drive vermelho conectanto-o no som do carro.

- É de qual grupo feminino? - Eu ri.

- Não é de grupo feminino, é um K-indie. Adoro ela. - A música começou a tocar e era bem animadinha e lenta ao mesmo tempo, bem a cara dele, uma música bem leve e o instrumental era bem Indie mesmo, no violão. - O nome dela é Lemon Pie, já ouviu?

- O nome dela é Torta de Limão em inglês? - Eu ri abafado, era muito bonitinha.

- É do Standing Egg. Você precisa ouvir eles, é uma maravilha de banda Indie. A-M-O. - Ele soletrou e eu sorri do quanto ele parecia fofo. A música também tinha uma letra fofa e de amor, fiquei um pouco corada enquanto ele cantava distraído. A música combinava extremamente com ele, então fiquei o observando cantarolar animado até que ele percebeu e um rubor surgiu em suas bochechas.

- C-Chegamos. - Ele apontou para a janela e eu vi o nome bem grande "Coex Aquarium" em um letreiro luminoso. Eu estava ansiosa para ver como era por dentro.

Tae comprou dois algodões doces na entrada e me entregou um, segurou minha mão e entramos juntos. Agora sim parecia um encontro, diferente de ontem que ele teve que atender o maldito telefone. Seu sorriso não saia do rosto, sua mão segurava firmemente a minha enquanto olhávamos os diversos tipos de peixe bem de perto.

Finalmente chegamos no famoso túnel, as paredes e até o teto do túnel eram aquário, estávamos rodeados de peixes e tubarões, até cavalos marinhos e arraias enormes. Era incrível, parecia que eu estava mergulhando no mar só que sem me molhar.

Fiquei boquiaberta vendo um tubarão pequeno parado do nosso lado, Tae riu abafado e tocou minha bochecha com o dedo indicador.

- Quer que eu te levante pra você ver os de cima melhor?

- Eu... tô de vestido Tae... - Sorri sem jeito e ele quase morreu de vergonha. Ri alto vendo sua reação, ele coçou a nuca e encarou o tubarão.

- Então... er... tem uma loja aqui, vem, vou te comprar uma coisa... - Ele me puxou pela mão me levando até uma loja de lembrancinhas, tinha várias pelúcias de animais marinhos, e Tae saiu abraçando todas elas igual uma criança.

- Ah! Esse é muito fofo! Olha. - Ele virou-se para mim abraçado em um golfinho rosa claro.

- Você gosta de golfinhos? - Eu ri e ele assentiu.

- Mas eu gosto mais de leões, dizem que pareço um leão de pelúcia. - Ele riu e me entregou o golfinho. - Você gosta de golfinhos?

- Claro, quem não gosta? Eles são fofos. Igual pandas. - Tae estendeu a mão e  me entregou o golfinho de pelúcia, ele era um pouco grande mas sua pelagem era muito fofinha de pegar.

- É pra você. - Ele sorriu de orelha a orelha e depois pagou a pelúcia para mim. Fiquei abraçada nela o caminho todo, Tae ligou o rádio e colocou em um canal de músicas.

- Por favor que esteja tocando Twice... por favor, por favor, por favor... oh? Ah, I Feel You, essa música é boa também.

- Verdad... que? - Engoli seco quando aquela melodia invadiu o carro, o som estava relativamente alto então minha ficha caiu. Era aquela música...

- É de um cantor muito famoso aqui em Seul...

- Ele me persegue, não é possível, aish... - Murmurei cobrindo minha testa com a mão.

- O Hong Dae Kwang te persegue? Por que esse cantor te persegue?

- Que? Não, não é isso... - Eu acho que falei alto demais... estava falando de Baekhyun, por que justo essa música tinha que tocar agora? Aish...

- O que é então?

- Nada Tae. - Sorri e ele retribuiu o sorriso. Meu celular começou a tocar, olhei na tela e era Naeyeon. Que estranho, ela não deveria estar viajando com o pai?

" - Alô, Nae?

  - Yerin? Ainda bem que atendeu...

  - O que houve? Você não tá viajando?

 - Estava... cheguei hoje. Briguei com meu pai e... pode vir até aqui? Preciso conversar sabe...

  - Claro, onde você tá agora Nae? "

- O que foi Yerin, qual o problema com a Naeyeon? - Tae me perguntou enquanto girava o volante.

- Tae eu preciso ir até onde ela tá, pode me levar lá?

- Claro, onde é?

- Ela falou algo de " Summer Hawaii, em frente à um clube", algo do tipo...

-Ah, sei onde é... Mas o Summer Hawaii é um bar... vai mesmo lá?

- Eu preciso, minha amiga quer minha ajuda não posso dizer não.

- Então vou ficar lá com você.

- Tae, não precisa. Eu me viro, e Nae confia mais em mim do que em você... - Eu ri fraco e ele assentiu.

                            (...)

Taehyung me deixou em frente ao tal de Summer Hawaii, era um bar temático, tinha luzes coloridas e parecia bem animado. Entrei e avistei Naeyeon sentada sozinha tomando um gole de alguma bebida.

- Ei, por que um bar? - Sorri para ela que retribuiu com um sorriso fraco.

- Queria beber... senta aí. - Me sentei e ela pegou um copo e me entregou.

- Não bebo... quero dizer, não posso.

- Por que?

- Bom, eu fico meio descontrolada quando bebo.

- Então já bebeu? - Ela sorriu maliciosa. - Pensei que não bebesse por causa da idade.

Eu ri e empurrei de leve o copo, ela colocou a garrafa de volta na mesa e ficou cabisbaixa, parecia triste então eu resolvi beber com ela, que acabou se animando um pouco.

- Me conta, o que houve? - Perguntei, tomando um gole do que eu acho ser Soju, uma bebida destilada.

- Meu pai... eu briguei feio com ele dessa vez... ele quer me expulsar de casa.

- Nossa, por que?

- Eu acabei defendendo alguém que ele não gosta nenhum pouco, e daí a gente acabou brigando.

- Quem você defendeu? Um amigo?

- Isso não vem ao caso, é só que... eu tô com medo de ser expulsa mesmo, então vim beber e precisava desabafar. Obrigada por ter vindo, Yerin. - Ela sorriu fraco e encheu meu copo pequeno de Soju, dando um gole no dela.

                     POV Baekhyun

- Eu fiz merda... - Falei comigo mesmo olhando no espelho novo do quarto. - Não, Baek, você fez bem, agora você tem que avançar.... Mas, e se rir da minha cara..? Não vai, Baek, vai ficar tudo bem...

Sim, eu estava completamente louco. Conversava comigo mesmo, em frente ao espelho recém comprado, sobre o que tinha feito mais cedo na escola. Yerin parecia ter se assustado com minha aparição repentina no corredor e obviamente com tudo o que eu disse. Pior, nem esperei ela dizer nada ou responder, simplesmente sai do mesmo jeito que tinha entrado.

- Você é louco Baekhyun... - Eu apontei para minha própria imagem refletida no espelho. - Sim, louco por ela...

Engoli seco e me levantei da cama, eu me sentia frustado mas era só lembrar do sorriso dela que me esquecia de tudo. Então naquela tarde resolvi visitar o meu mais novo grande amigo!

                            (...)

- Olá Sr. Baekhyun, o que veio fazer aqui?

- Oi doutor... - Sorri sem graça, coçando a nuca.

- Já disse que você está bem, vejo que descansou... parece bem melhor agora.

- É... eu nem devia ter te pagado pelo absurdo que disse da última vez... - Eu bufei.

- Que absurdo? Ah, estar apaixonado? - Ele gargalhou alto.

- Sim, e o maior absurdo de todos é que o senhor estava certo...

- Que ótimo! Então, já estão namorando?

- É por isso que vim aqui... acho que ela gosta de outro e eu acabei fazendo mais merdas do que de costume... O que eu faço agora, doutor?

- Você deveria ir em um psicólogo, eu sou um psiquiatra, Sr. Baekhyun. - Ele riu baixo.

- Mas... eu ganhei confiança no senhor, e não quero conversar disso com o trouxa do Sehun que é o único que sabe de tudo além do senhor. Acontece que tem o Taehyung que importuna minha vida, não aguento mais, o pior é que eles moram juntos, JUNTOS!

- Calma Sr. Baekhyun! - Eu estava tagarelando tanto que até eu mesmo me confundi com minhas palavras. - Eu não sou a pessoa mais aconselhável para te ajudar...

- Tudo bem... obrigado mesmo assim.

Suspirei fortemente e abaixei a cabeça, me levantei depois de me curvar para o médico e voltei para o carro. Encarei os freios e tentei pensar no que faria agora... Vi um papel amassado pelo chão e o peguei, ao abrir era a propaganda daquela cartomante. Será que... não, pff, não acredito nessas coisas. Mas...

Meu telefone começou a tocar e joguei o papel no banco do passageiro, na tela um nome conhecido apareceu. Um nome BEM conhecido e que me fez engasgar com a própria saliva.

"Sociopata"

Por que Yerin estava me ligando? O que deu nela?

  " - Alô?

    - Baekhyun? É você? - Não era a voz de Yerin...

    - Quem é?

    - É a Naeyeon.

    - A nanica? - Ouvi ela murmurar um xingamento. - Por que tá com o celular de Yerin?

   - Acontece que eu não sabia que ela era tão fraca com bebidas... já tentei ligar para o Tae mas só dá na caixa postal.

   - Bebidas? Espera... você embebedou a Yerin?

   - Ela só tomou 5 copos de Soju... mas... você vai ver depois, pode vir buscá-la? Você foi a única opção...

   - Confia em mim assim?

   - Você não teria coragem de usar uma garota bêbada, teria? Convenhamos...

   - Isso seria estupro, tenho nojo disso, enfim... onde estão?

   - No Summer Hawaii, tenho que ir agora então venha logo porque ela pode fazer uma besteira aqui sozinha... Tchau! "

- EI!! Desligou... essa put.. aish.

Summer Hawaii é aquele bar temático né? O que ela foi fazer lá? Argh. Agora estava bêbada, largada em um bar, isso não é costumeiro dela, nem sabia que ela bebia nessa idade. Eu tudo bem, tenho 19 já mesmo que a maioridade aqui seja 21, mas ela devia ter o que, 18?

Dei a partida no carro e segui até o local indicado, estacionei por perto e tentei procurá-la dentro do lugar, mas nenhum sinal dela.

- Onde Yerin se meteu? - Resmunguei e vi uma rodinha de caras no canto direito. Semicerrei os olhos e fiz um esforço para ver se era treta, porque amo treta né, mas ao invés disso algo me surpreendeu mais quando vi Yerin entre eles.

Eram 3 caras, todos a rodeavam e ela estava encostada na parede abraçando o próprio corpo igual uma criança. Um dos caras abaixou a mão e tentou levantar o vestido que ela usava. Cerrei os punhos e andei até eles furioso, desferindo um soco no cara que tentou levantar o seu vestido. Ele caiu no chão grunhindo de dor e os outros dois caras me encararam, mas dei de ombros. Me agachei perto de Yerin que tinha se abaixado de susto quando dei o soco no cara.

- Yerin? Você tá bem? - Ela me olhou confusa. - Vem.

Peguei sua mão e a ajudei a se levantar, ela apertou forte minha mão e olhou para a frente assustada. Me virei e meus olhos se arregalaram, os outros dois caras eram enormes, deviam ter uns 2 metros de altura e só tinham músculos por toda a parte. Engoli seco e olhei para Yerin.

- Só corre, ouviu? - Sussurrei e ela assentiu, me virei para os caras e sorri sem graça. Assim que eles deram um passo eu puxei Yerin correndo à toda velocidade para sair daquele lugar, eles nos seguiram até boa parte do caminho mas desistiram depois. Eu e Yerin acabamos nos perdendo e tínhamos que voltar para pegar meu carro.

Parei para tomar fôlego e ouvi um barulho. Yerin tinha caído de bunda no chão e parecia um bebê choramingando. Então ela era assim bêbada? Interessante...

- Tio Baek, me compra um Yakult.

- Tio Baek? Tá brincando....

- Vai Ahjussi, me compra um Yakult, hm? - Droga, ela sabia fazer aegyo.

- Eu vou comprar se não me chamar de tio, tem que me chamar de oppa! - Fiz um bico e ela sorriu toda fofa.

- Baek oppa, me compra um Yakult? - Quem resiste a isso? Puta merda.

- Vem, vamos comprar. - Estendi a mão e ela segurou sem hesitar, se levantando do chão.

Andamos até um mercadinho ali perto, podíamos estar andando de mãos dadas como um casal de namorados, mas com ela agindo feito uma criança parecíamos pai e filha. Aish, isso não era bom... aliás, era sim, será que peço para ela me chamar de daddy? Sorri maliciosamente com a ideia e mordi o lábio inferior mas depois balancei a cabeça negando esses meus pensamentos.

Comprei um Yakult grande e enfiei o canudo para ela poder beber. Fazia tempo que eu não via um Yakult na minha vida, a última vez devia ser quando eu tinha uns 13 anos... Entreguei a garrafinha para ela que estava sentada em um banco em frente ao mercado.

- Toma. Bebe tudo pro oppa ficar feliz, ok? - Sorri e ela retribuiu.

- Ok, oppa! - Era a coisa mais fofa do mundo ela me chamando de oppa, finalmente! Se eu perdesse a aposta do trabalho ainda ia estar feliz já que acabei de conseguir o que queria.

Me sentei do seu lado e apoiei os braços para trás, no banco. Fiquei a observando tomar o leite fermentado como uma verdadeira criança, ela parecia gostar muito.

- Acabei oppa! - Ela me entregou a garrafinha vazia.

- Ah... quer mais? - Ela negou com a cabeça, estava desequilibrando e parecia não enxergar direito devido ao álcool. Ela nem mesmo falava direito, balbuciava de um jeito engraçado e fofo.

- Obrigada, oppa! - Ela se aproximou e depositou um selar em minha bochecha, o que me fez ficar estático.

- Yerin... não deveria fazer isso com o oppa, o oppa é tarado. - Sorri maliciosamente e ela me olhou confusa.

- Oppa, foi só um beijinho. - Ela fez bico.

- Mas o oppa vai ficar querendo outro. - Sorri de canto, com malícia, e depois ri da sua expressão. Ela me encarou de olhos semicerrados e tentava se equilibrar para não cair. Vi suas mãos se aproximarem do meu rosto e apertarem minhas bochechas formando um bico nos meus lábios.

- Então Yerin vai dar outro pro oppa. - Ela se aproximou e selou nossos lábios de forma doce, meus olhos se arregalaram com sua ação mais logo eu os fechei. Nem mesmo me importei com o cheiro forte do álcool e nem com suas mãos apertando minhas bochechas. Era a primeira vez que ela me roubava um beijo e não o contrário, mesmo que sendo apenas um selinho, foi o melhor de todos os beijos para mim.