História Auditory Hallucination - O que eu sou para você?

                        POV Yerin

A música agitada e dançante fazia impossível não se animar naquela festa. O DJ sabia mesmo o que fazia, todos dançavam como se não houvesse um amanhã, e claro, eu e Taehyung estávamos dançando também.

O sorriso quadrado de Tae era contagiante e ele fazia questão de sorrir largamente, entusiasmado. Não posso negar que sou meio ruim com danças mas dessa vez eu apelei, como era um pouco estranho dançar aquelas músicas junto com outra pessoa, eu fiz uma dança maluca e que o fez rir mais alto. Meus dedos balançavam no alto enquanto eu mexia o corpo desengonçada, ri alto quando ele me imitou, fazendo a mesma coisa.

Nós dois estávamos nos divertindo bastante, menos quando eu acabava por deixar meu olhar cair sobre alguém mais distante. Baekhyun acenava para um grupinho de garotas e eu bufei de raiva, revirando os olhos. Ok, por que isso me importa?

Tae me pegou de surpresa quando me puxou pela cintura e desferiu um selinho rápido, envolvi meus braços em seu pescoço e devolvi o selinho, sorrindo.

- Taehyung?! - Um homem elegante gritou do nosso lado por causa do som alto, fazendo Tae me soltar.

- Eu volto em 10 minutos, tudo bem?! - Ele me deu um beijo na testa e foi até um balcão onde serviam bebidas, junto com dois homens. Mais um terceiro homem os esperava sentado, tomando um gole de alguma bebida em uma pequena taça. Eu sorri fraco e cruzei os braços, enquanto esperava.

- Yerin?! - Uma voz feminina chamou minha atenção, procurei com os olhos e uma garota loira e um pouco mais baixa do que eu estava parada na minha frente. Ela gritou mais uma vez, colocando a mão no ouvido. - Seu nome é Yerin, certo?!

- Sim, quem é você?!

- Podemos conversar em um lugar menos barulhento?! - Ela apontou para a saída do bar e eu assenti, seguindo-a até lá. Quando finalmente conseguimos um pouco de paz, ela me encarou de braços cruzados e o olhar semicerrado.

- Como sabe meu nome? - Perguntei.

- Tenho meus contatos. - Ela sorriu fraco. - Eu quero falar algo com você, sobre o Baekhyun oppa...

- Baekhyun...? - Franzi o cenho.

- É, meu Baek oppa. Ele não me atende esses dias porque tá ocupado, me disseram que é por sua causa...

Me senti incomodada pelo jeito que ela falou dele, não sei o porquê. Ela me lançou um olhar um tanto assustador, se aproximando de mim.

- Desculpa, eu não sei do que tá falando...

- Olha, eu não quero ter que te fazer mal. - Ela deu um passo para frente me fazendo recuar um passo para trás automaticamente. - Eu gosto muito do Baek oppa, Yerin. Eu o amo. Nunca senti algo assim antes por ninguém, por favor, não estraga isso...

De assustadora ela passou para um olhar triste em questão de segundos, e tenho que dizer, foi tão convincente que eu me senti mal por ela.

Abaixei a cabeça e senti minha mão ser puxada bruscamente por alguém, arregalei os olhos e ergui a cabeça para ver o que estava acontecendo. Baekhyun me puxou pela mão de forma brusca, sua expressão era de raiva e ele parecia soltar fumaça pelo nariz, claramente irritado, puxei minha mão mas ele a apertou com força impedindo de me soltar dele.

- Baekhyun oppa? - A garota tentou chamar a atenção de Baek, mas ele bufou e a ignorou completamente.

- Yah, Baekhyun, o que tá fazendo? - Puxei minha mão mais uma vez, em outra tentativa falha de me soltar, ele me segurou firme e me levou para perto de um sinal de trânsito, em frente a uma faixa de pedestres. O céu estava totalmente escuro, as nuvens carregadas de chuva se aproximavam com pressa, e o clima ficava cada vez mais frio.

Baek parou de andar subitamente, permanecendo de costas para mim, ouvi ele respirar fundo e puxei novamente minha mão da dele com mais força, conseguindo me libertar.

- Ei, me solta! O que acha que tá fazendo?! - Agora não era só ele com raiva aqui.

- Aish... merda... - Murmurou, passando as mãos nos cabelos. - O que tava fazendo com a Taeyeon?

- A garota de antes? Eu não a conheço, ela me chamou e disse que queria falar algo comigo! - Respondi irritada. - Nem sei porque tô te dizendo isso, aish...

- Verdade... - Ele bufou. - Não tem que me dar satisfação, não temos esse nível de relação mesmo, não é? Desculpa incomodar. - Baek cerrou os punhos e saiu dando passos pesados, mas senti a necessidade de chamá-lo, queria uma explicação para aquela ação idiota dele.

- Baekhyun...!

- O quê? - Ele parou de andar e virou apenas o rosto em minha direção. - Menti por acaso?

- Não! Não mentiu. - Fiquei cabisbaixa, eu realmente não conseguia entender Baekhyun. Me segurei para não xingá-lo de todos os palavrões que eu conseguisse falar, eu já estava no meu limite, só queria entender o porquê ele sempre fica desse jeito do nada. - Por que? Por que você tá tão irritado? Por que sempre fica assim, agora? Sinceramente, eu não te entendo. Por que me confunde tanto...

Fechei os punhos, murmurando a última frase, rezando para que ele não a tivesse escutado.

- Por que fico irritado? Você realmente não sabe? - Ele riu soprado, olhando para o lado. - Por sua causa... - Seu rosto se virou para mim e eu congelei. - Por sua causa me sinto frustrado, me sinto prestes a enlouquecer o tempo todo, você realmente... me tira do sério!

- Frustrado com o que?! Eu não consigo entender... - Franzi o cenho, completamente confusa. - O que eu fiz? O que eu fiz pra voc...

Fui interrompida de uma maneira que eu não esperava, pelo menos não naquele momento. Sem permissão, ele colocou suas mãos uma em cada lado do meu rosto e o puxou para si, seus olhos se fecharam e seus lábios encostaram nos meus, fiquei com meus olhos arregalados e levei minha mão até seu peito tentando empurrá-lo para longe, mas foi em vão. Meu corpo não estava mais respondendo por mim, meus olhos pesaram e se fecharam involuntariamente, minha mão que deveria tê-lo empurrado agora segurava sua camisa com força e quando percebi, era tarde demais, eu estava correspondendo ao beijo.

Sim, eu correspondi, por incrível que pareça não consegui relutar, simplesmente aconteceu de um jeito que eu não esperava.

Uma melodia doce e melancólica ao mesmo tempo soou em minha audição.  Eu não sabia ao certo se era em alguma caixa de som da rua, alguém ali perto ouvindo ou mesmo uma melodia criada em minha mente, como aconteceu da última vez, na montanha. Só sei que combinava exatamente com aquele momento. Baek se afastou lentamente, deixando nossos rostos ainda próximos o bastante para que nossas respirações se mesclassem, como se fossem uma só. Permaneci de olhos fechados, explodindo em emoções e sentimentos que eu nunca senti antes, suas mãos em minhas bochechas as aqueciam naquele frio, e senti seus lábios tocarem os meus de novo, dessa vez de uma forma mais carinhosa.

- Foi isso que você fez... Você me fez dependente, me fez pensar e acreditar em possibilidades que nunca achei que fosse pensar um dia... - Sua voz saiu quase como um sussurro e entreabri meus olhos, vendo que ele estava com os dele fechados. - Eu me liguei à você de um jeito que me tornei incapaz de voltar atrás, não entende?

- Não... Eu ainda não te entendo... - Ele entreabriu os olhos e nossos olhares se cruzaram intensamente. - Não entendo porque isso não faz sentido algum.

- É verdade, não faz sentido algum... Nunca fez, desde o começo. Isso que é o mais frustrante. - Ele baixou o olhar. - Tudo por você...

Fitei seu rosto, observando cada detalhe que eu podia. Não consegui decifrar sua expressão, mas me dei conta do que estávamos fazendo. Percebi os olhares curiosos sobre nós dois, assim como percebi a besteira que eu estava fazendo. Baekhyun provavelmente só estava brincando comigo, me usando como ele faz com todas as outras e ele estava ali só esperando eu cair na dele para poder rir e me dizer o quanto sou patética por pelo menos ter pensado em acreditar nisso tudo.

- Não, Baekhyun. Você só dá suporte ao seu ego gigante. - Eu o empurrei com força, fazendo ele se afastar. - Isso tudo é ambição, porque você não se contenta em não ter todas.

- Certo. Eu sou assim. - Ele bufou, mantendo um sorriso debochado no rosto. Eu tinha razão, então... - Eu sou ambicioso, me sinto obcecado, e tenho um ego enormemente absurdo, é impossível negar. Sempre quis me saciar com quantas garotas pudesse ter, mas você acabou aparecendo e me fazendo sentir o que sempre evitei, até pensei que estivesse louco, sabia que fui em um psiquiatra?! - Ele riu soprado e encarou o chão. - Não era pra ser assim mas ultrapassou meus limites, e sim, a culpa é sua.

- V-Você... Baek, eu... - Abaixei a cabeça, minha voz saiu fraca e fiquei sem reação.

- Eu não terminei. - Ele deu um passo à frente e me fitou.

- Para. - Olhei de relance. - Eu sei que esse é só mais um dos seus joguinhos, eu te conheço muito bem pra isso...

- Joguinhos? - Riu abafado. - Yerin, eu confessei pra você, bêbado, mas confessei. Te evitei a todo custo, senti vergonha, senti medo, porque confessei como uma criança, um verdadeiro bobo, e não como homem. Eu fugi porque me senti um idiota por nem mesmo conseguir me confessar direito pra garota que gosto.

- O que... - Arregalei os olhos e entreabri a boca quase formando um "O" perfeito. Minhas mãos agarraram na barra de meu vestido e engoli seco, incrédula. Pensei ter ouvido errado e desviei o olhar para o chão, apertando as pontas do meu vestido com força.

- Pronto, falei. Eu gosto de você, Yerin. Gosto tanto que odeio te ver feliz com outros, odeio te ver e não poder te tocar, odeio tanto quando me evita, odeio ainda mais te evitar, odeio até te ver irritada e emburrada com outros além de mim. Ainda não ficou claro?

- B-Baek... - Fiquei imóvel, minhas palavras falharam e meu coração parecia querer sair pela boca gritando histericamente. Eu levantei a cabeça em sua direção, devagar, e percebi seus olhos lacrimejando, aquilo me causou um impacto ainda maior.

- Eu não sabia que podia querer alguém tão insanamente, como quero você. - Ele se aproximou mas eu o empurrei com a palma da mão.

Aquilo não fazia sentido nenhum, eu estava mais confusa do que já fiquei em minha vida toda. Respirei fundo, sentindo meu corpo trêmulo de nervosismo, um frio percorreu meu corpo e dei um passo para trás. Um turbilhão de pensamentos vieram em minha mente, lembrei de Taehyung na mesma hora e no quanto aquilo estava errado. Não posso namorar alguém e deixar que Baek me beije sempre que uma oportunidade aparecer. Minha consciência já estava pesada demais para permitir isso, aquilo era um erro.

- Baekhyun, eu não sei o que tá acontecendo, você me deixa confusa, sem reação, eu... namoro. Namoro com o Taehyung, isso não tá certo...

- Você realmente gosta dele? Vai me dizer que não sente nada, nem mesmo um pouquinho que seja, por mim? -  Ele me encarou sério e eu abaixei a cabeça, encarando o chão.

Eu não conheço meu sentimento por Taehyung com 100% de certeza, mas eu sei que sinto algo forte por ele. Tae me fez sentir o amor e carinho que pensei que nunca mais teria, em todos esses anos. As minhas memórias e lembranças passaram por meus olhos como se fossem um filme, fazendo meus olhos marejarem. Levei a mão até meu rosto, abaixei a cabeça e segurei o choro que queria sair sem que Baek percebesse. Eu gosto de Taehyung, mas não posso negar que sinto algo por Baekhyun, não posso negar que ele mexe comigo de certa forma e me confunde, apesar de na maioria das vezes que ficamos perto eu querer xingá-lo, algo nele me prendia... mas...

Isso é impossível.

"Eu gosto muito do Baek oppa, Yerin. Eu o amo. Nunca senti algo assim antes por ninguém, por favor, não estraga isso..."

As palavras daquela garota loira vieram à tona outra vez, eram palavras sinceras, me fazendo hesitar ainda mais e finalmente perceber que aquilo não daria certo. Mesmo que eu queira me arriscar e deixar esse sentimento me fluir, eu não podia.

Eu simplesmente não podia estragar o que tenho com Taehyung por algo tão arriscado como Baekhyun, muito menos podia estragar a vida amorosa de uma garota que mal conheço. Aish, malditos sentimentos. O que eu mais podia fazer?

- Baek, desculpa...

- Yerin, por favor... pode dizer tudo menos "desculpa", não me diga que sente muito, eu...

- Eu não posso... - Dei um passo para trás. Eu tinha que por um fim nisso, mas por que doía tanto? Tomei coragem, e disse uma das maiores mentiras que eu poderia dar como desculpa naquela hora. - Não vou alimentar seu ego nem suas brincadeiras, não quero participar dos seus jogos de conquista.

Eu o fitei e ele abaixou a cabeça imediatamente.

- Já disse que não é assim, não são jog...

- Para, não quero mais ouvir. Encontre outra pra brincar, eu me recuso. - Eu o interrompi, andando para frente e esbarrando em seu ombro, mas ele me impediu de andar mais. Fui surpreendida com sua mão na minha, a chuva fina e gelada caia sobre meu rosto e cabelos, não me virei e me mantive na mesma posição. Mordi meu lábio inferior por dentro e fechei os olhos.

- Não vai, por favor... - Ele apertou minha mão e suas palavras fracas fizeram meu peito doer. Pela primeira vez eu quis segurar forte sua mão, me virar e contar tudo que sinto de uma vez  por todas, mesmo que estivesse confusa e uma bagunça total. Fiquei em silêncio por alguns segundos, levei a mão livre até meu rosto enxugando uma lágrima insistente e puxei minha mão da sua.

Caminhei sem olhar para trás, passando a mão em minhas bochechas. Eu nem sabia mais se aquilo eram lágrimas ou gotas de chuva, possivelmente os dois...

- Droga... - Murmurei com dificuldade, me escorando na parede de uma loja qualquer.

Eu já estava andando na chuva fazia uns 20 minutos, graças à essa chuva, ninguém notou meu choro abafado. Aliás, com aquele temporal, poucas pessoas estavam na rua além de mim.

- Baekhyun realmente... Isso não faz sentindo... - Balbuciei, falando comigo mesma. Eu ainda não conseguia acreditar no que ele tinha dito minutos atrás e em como aquilo tudo tinha me afetado dessa forma. Fechei os olhos e passei o polegar em minha bochecha, fungando.

Coloquei a mão em meu peito e respirei fundo, mantendo os olhos fechados, e desejando que aquele dia fosse apagado.

                   POV Jungkook

Suspirei alto, com meus olhos fechados. Me remexi dengoso sobre o estofado, quando o outro tirou a revista de cima do meu rosto.

- Levanta daí, Jungkook, acha que tudo vai se resolver se você ficar esparramado no sofá da escola com uma revista pornô cobrindo a cara? - Sehun disse e eu resmunguei, puxando a revista de volta.

- Você tirou da página, idiota. E não é pornô, é cultura erótica. - Folheei a revista com tédio, colocando na página que estava antes, o que tinha nela eu prefiro deixar em anonimato... Coloquei de volta no rosto e suspirei.

- Deixa ele, Sehun. Deus ajuda quem cedo madruga.

- Quê? Lay, qual o sentido disso?

Segurei o riso, e respirei fundo tentando me controlar e ficar sério de novo, mantendo meu rosto depressivo. Com certeza a língua coreana atrapalhava Lay, o chinês da escola, nas conversas. Mas isso aí já era um absurdo, ele sempre fala coisas nada a ver.

- Jeon Jungkook, levanta a bunda daí e chama ela pra sair de um jeito civilizado. - Sehun deu um tapa em meu rosto, por cima da revista e eu resmunguei.

- Não vou fazer isso. - Murmurei, tirando a revista e a jogando em Lay, que fez uma expressão engraçada.

- Então vai tomar no... Espera, tira essa revista dele. - Sehun apontou para minha preciosa edição limitada da Playboy n° 5. 

- Deixa o cara se divertir. - Eu ri soprado, e estiquei as pernas no sofá.

- Você traumatizou aquele garoto do 1° ano A, naquele dia. Vai traumatizar o Yixing também?

- Quem é Yixing? - Franzi o cenho.

- Mereço... - Sehun puxou a revista da mão de Lay, e a jogou no sofá. Eu fiz careta para ele e beijei a capa da minha linda revista. Ele deveria agradecer por não ter amassado, ou eu amassaria o rosto dele com meu punho.

Me joguei outra vez no sofá, suspirando e voltando à minha mini-depressão. Eu estava em um dilema enorme. Sana, a japonesa pervertida daquela loja de penhores que encontrei outro dia, estava me deixando louco.

EU FUI REJEITADO, ACREDITA?! E não foi só uma vez, FORAM 5! CINCO! Sério, essa garota é doida, de verdade. Quem rejeita um garoto gostoso, lindo, sedutor, musculoso, boneco de porcelana e modesto que nem eu? Pff...

"- Não quero ser brinquedo de ninguém. Procure outra, ou compre uma Valentina no Ebay."

- Jungkook, depois me empresta suas novas amiguinhas pra eu ver como são...

- COMO EU IA SABER QUE VALENTINA É UMA BONECA INFLÁVEL?! - Eu dei um grito tão alto que Lay quase caiu da cadeira de susto, Sehun se explodiu nas risadas e eu emburrei o rosto.

Eu realmente fui procurar a tal Valentina no Ebay só por curiosidade, sem querer comprei uma dúzia dela, e depois descobri que eram bonecas infláveis, daquelas que aqueles nerds virgens compram por não ter mulher que os queira. Sério, uma dúzia... Aish. Sana me paga ainda por isso.

Fui tomar satisfação com ela sobre isso essa semana, e agora toda vez que ela me vê, tem uma crise de riso.

- Porcaria, maldição... - Bufei.

- Eu chorei, mano! - Sehun passou os dedos nos olhos e me mostrou que tinha chorado de tanto rir. Eu só não soquei o rosto dele ainda porque estamos na escola. - Baekhyun ainda não voltou? Espero que a Yerin esteja bem...

- Eu vou lá naquela loja hoje, vou pegar ela de jeito e mostrar que não preciso de Valentina nenhuma, ela vai ver... - Cruzei os braços sem ligar para o que Sehun dizia. A japonesa que me aguarde.

As aulas acabaram e eu tinha algumas horas antes de ir fazer o trabalho de literatura.

Parei de frente a loja e coloquei as duas mãos no vidro, aproximando meu rosto para tentar ver alguma coisa.

- Perdeu alguma coisa aqui?

- Não, não, senhor. É só que... - Me virei lentamente e engoli seco, vendo um homem bem forte e de cabelos grisalhos na porta da loja me encarando.

- Ah, veio aqui pela oferta de emprego, certo?

- Que?

- Entra aí. - Fiquei sem entender nada mas entrei mesmo assim, não sabia quem ele era mas dava um medo enorme. Acho que ele podia me esmagar com um murro só. - Qual o seu nome, jovem?

- Jeon Jungkook.

- Idade?

- 17... - Eu tremi quando vi o homem tirar um facão ensanguentado de dentro de uma bacia.

- Desculpe, eu estava cortando um frango pro almoço. - Ele parecia descontraído mas era assustador. - Meu nome é Eichi, sou o dono da loja. Você não vai ter que fazer muito trabalho, só ajeitar as coisas, limpar e etc. Coisas básicas e usar a força para levantar caixas e entre outros.

Ele realmente achava que eu estava ali pelo emprego que eu nem sabia que estavam oferecendo. Era uma oportunidade que eu não podia jogar fora, afinal, se eu trabalhar aqui vou poder ver a Sana todos os dias e tentar tirar uma casquinha, finalmente. É a vida trabalhando ao meu favor.

- O seu nome não parece ser coreano...

- Ah, não. Sou japonês, de Osaka. Vim ganhar a vida aqui com minha filha.

- Puta que me pariu... - Balbuciei de boca aberta.

- Disse alguma coisa?

- Não, nada... - Sorri nervoso, me recusando a acreditar.

- Você logo vai conhecer minha filha, ela vai trabalhar aqui junto com você. Vendendo. - Ele se virou e pegou o balde. - Sana! Vem aqui!

- Ainda falta 10 minutos pra abrir, pai! Mas que coi... - Ela arregaloi os olhos quando me viu e eu fiz o mesmo. Ela era mesmo filha daquele brutamontes.

- Ele é o novo empregado pra te ajudar. E tenta não deixar ele com medo, igual o Eunji, por favor. Se apresentem!

- S-Sou Jungkook... - Tentei sorrir, disfarçando que já nos conhecíamos.

- Sou Sana. - Ela desviou o olhar para baixo e minha visão foi tomada pela pilha de músculos ambulante.

- Espero que faça tudo direito... E mais, se tentar algo com minha filha ou ficar dando olhadas indecentes, vai se arrepender de ter chegado perto da loja dos Minatozakis. Fui claro?

- Claro. Claríssimo, mais claro impossível... - Eu falei tremendo, eu estar mais ferrado que isso também era impossível.

                      POV Yerin

Entreabri os olhos, me acostumando com a luz solar que invadiu o quarto quando Tae abriu as cortinas. Coçei os olhos e me levantei, me espreguiçando e bocejando.

Fiz um esforço para abrir mais os olhos e Tae veio até mim, me dando um beijo na testa e afagando meus cabelos.

- Bom dia! Sorte sua que não pegou uma gripe, depois de ter ficado quase uma hora naquela chuva. - Ele me deu mais um beijo na testa e eu sorri fraco, relembrando da noite passada.

Abaixei a cabeça, sentindo meu peito doer outra vez, nem sei como consegui dormir essa noite, mesmo tendo ido dormir tarde, anda foi uma noite que se eu pudesse apagaria de vez da minha memória.

Ontem, eu quase não chegava em casa, por causa da chuva. Tae me achou no meio do caminho e me fez várias perguntas, eu só disse que tinha ido falar com uma garota loira e a gente acabou brigando, eu nem mesmo sei o nome dela... Bom, eu não tinha mentido tudo, pelo menos. Só escondi a parte de Baekhyun na história, era desnecessário Tae saber disso e não traria nada de bom contar.

- Bom dia, vou me arrumar, desço em 10 minutos.

- Ok, amor. Não demore mesmo, porque já são 7:00 horas. - Ele sorriu e eu dei um pulo da cama, as aulas começam 7:30, ou seja, fodeu.

- Porra, Tae, porque não disse antes?! - Eu corri em desespero até o banheiro e ele riu alto, indo até a porta do quarto.

- Te amo! - Suas palavras me fizeram travar na porta do banheiro, apertei de leve a maçaneta e engoli seco. Não consegui responder à isso, mais uma vez. Isso deve ser normal, eu ainda fico nervosa e sou inexperiente quando se trata de amor e relacionamentos... Deve ser isso.

Tomei um banho rápido e me arrumei em 5 minutos, quase nunca passo maquiagem mesmo, amém que tenho uma pele boa ou eu estava ferrada.

- Vou ficar fora hoje até umas 17:00 horas. Tenho que ir ajeitar uns papéis da empresa, sabe como é né... Quando eu chegar, vamos tomar um sorvete, que tal?

- Se for de morango, já quero. - Concordei, adoro sorvete, é uma das minhas comidas preferidas desde pequena.

- Ótimo! - Ele me deu um selinho e eu desci do carro, depois de me despedir. Respirei fundo olhando para a entrada da escola e mordi o lábio inferior, nervosa.

- YERIN! - Minhyuk veio por trás animado e me deu um abraço, tirando que eu quase morri de susto, eu estava feliz de ser apenas ele. - Fiquei sabendo que você foi na festa ontem, nossa, podia ter me chamado né? Eu fiquei cuidando do ranhento do meu primo, aquela peste! Ele me fez comer pasta de dente de menta, acredita? Odeio ele. Ainda tinha aquel...

- RESPIRA MINHYUK! - Eu até perdi o fôlego só de ouvir ele tagarelando daquele jeito. Vi Jooheon chegar de longe já rindo e afagar meus cabelos.

- Também odeio o Minjae. Nossa, consegue ser mais tagarela e insuportável que o Minhyuk, fica longe Yerin. - Jooheon e eu rimos juntos, Minhyuk começou a tagarelar de novo.

- Advinhem! Hoje eu não tenho detenção! - Minhyuk disse entusiasmado.

- Que extraordinário. - Jooheon falou entediado.

- Mas ainda tenho que ir na diretoria.

- Por que? - Perguntei, estranhando.

- Acho que o diretor tá possuído por um demônio. - Minhyuk sussurrou para mim e Jooheon, eu ri baixo sem entender nada.- Sério! Ontem eu queimei a lâmpada da sala dele e ainda joguei espuma de carnaval, aquelas brasileiras, no chão da biblioteca. E ele não falou nada e ainda não me mandou pra detenção, com certeza tá possuído.

- Possuído tá você, que não para quieto. - Jooheon deu um tapinha na testa de Minhyuk que fez uma careta.

- Devia agradecer por não ir pra detenção, ao invés de achar ruim. - Eu ri e ele negou com a cabeça.

- E se ele tiver sido abduzido por alienígenas e na verdade quem tá aí não é ele, e sim um alienígena que devora humanos? Nunca se sabe.

Aquela animação dos dois me animou também, me fez relaxar um pouco e me distrair. Eu ria alto junto com Jooheon das besteiras que Minhyuk falava. Para o meu azar, Naeyeon faltou hoje, o que era muito estranho já que ela nunca falta a escola, a não ser por aquela semana que viajou com o pai e aquela sexta-feira que ela foi para Busan, no aniversário de morte do irmão dela. Eu não sei muitos detalhes, mas sei que fizeram 2 anos que ele morreu, ela não me contou como, mas enfim, não vou ficar perguntando essas coisas né? É recente, ela ainda deve se sentir mal com isso, era o único irmão dela e mais velho também.

Entrei receosa na sala de aula, o motivo nem preciso dizer... Olhei no lugar de sempre e Baekhyun estava de cabeça baixa, olhando para a janela. Suspirei aliviada e fiz o máximo para entrar sem ser notada. Assim que me sentei Minhyuk me cutucou no braço, chamando minha atenção.

- Aula de artes, por favor seja minha dupla, não quero fazer outro quadro depressivo. - Ele sussurrou e eu ri, assentindo.

- Bom dia classe! - O diretor apareceu na porta da sala, seguido pela professora de artes. Ele parecia bem animado, diferente de Minhyuk que estava congelado e de olhos arregalados, como a maioria da sala. - Tenho uma novidade!

Ele nem esperou a professora sentar e já foi até a frente, ficando no meio da sala e acordando um dos alunos que dormia na cadeira.

- An? Que? Puta que... quer dizer, luta, viram a luta de MMA na tv ontem? - O garoto acordou todo desconfiado, limpando a baba do rosto que escorreu enquanto ele dormia.

- A novidade é que vai ter uma aula de campo, no começo desse mês! - Todo mundo começou a comemorar e fazer festa, Minhyuk suspirou aliviado, provavelmente deve ter pensando que seria expulso. Suspirei também, ao ouvir a voz de Sehun atrás de mim.

- E aí, vai pegar quem esse ano lá, Baekkie?

- Eu não vou. - A voz de Baek saiu fraca, ele ainda devia estar de cabeça baixa então me virei disfarçadamente para trás na tentativa de ver algo e me arrependi na mesma hora quando o vi de braços cruzados e olhando para mim de relance. Sehun chamou sua atenção e eu agradeci mentalmente, me virando para a frente.

O diretor estava contando os detalhes, seria como um acampamento em uma cidade do interior, ou seja, adeus internet e sinal do celular. Isso deixou alguns alunos menos animados, mas durou pouco, acho que todos gostavam da ideia da aula de campo por aqui. Todo o ensino médio irá, será um final de semana inteiro, e serão 3 ônibus.

- Ah, não pode levar acompanhante como já sabem, e mais outra coisa, quem não for vai levar 0 na nota de participação.

O diretor saiu da sala sendo aplaudido por todo mundo, menos por Baekhyun que murmurava lindas frases como "Quem já viu aula de campo obrigatória?", " Nota de participação é o caralho!", "Que merda de aula de campo.", entre outras.

- Você vai adorar Yerin, Harlim School tem as melhores aulas de campo! - Minhyuk falou agitado. - Talvez Naeyeon não vá, fiquei sabendo que ela tá doente, mas enfim, vou ficar lá com você o tempo todo pra não ficar depressiva. Minha companhia é de ouro, mas não precisa pagar, é "de grátis" pra você, porque você é toda fofa! - Ele apertou minha bochecha e eu ri abafado, ou pelo menos tentei.

Minhyuk ficou tagarelando as aulas inteiras até o intervalo, junto com todos os alunos. Os professores mal conseguiram dar aula por causa dos comentários infinitos sobre a aula de campo.

Assim que o sinal tocou para o intervalo, todos saíram correndo para não pegar fila para o lanche. Eu não estava com muita fome então andei sem pressa pelo corredor, com as mãos nos bolsos da saia do uniforme.

Me sentei na mesa que sempre ficávamos e Jooheon já estava lá com sua bandeja de comida. Minhyuk chegou com a sua e sentou do meu lado. Na verdade, a bandeja dele parecia mais um banquete do que um simples lanche da manhã.

- Eu tava morrendo de fome! - Ele pegou uns bolinhos que pelo cheiro pareciam de peixe e os passou em um creme, comendo tudo.

- Eu também, e adoro bolinho de peixe com algas, olha esse ano a cantina se superou. Espero que a mulher da cantina namore pra sempre com o Sr. Namjoon! - Hoseok disse, sentando do nosso lado.

- E aí, meus queridos amigos do coração. - Sehun falou um pouco irônico e sentou na ponta da mesa, junto com Baekhyun, que permaneceu em silêncio e não falou com ninguém, apenas remexendo a comida de um lado para o outro em seu prato.

- Vão pra aula de campo? - Jooheon perguntou distraído com seus bolinhos de peixe.

- Ou isso ou um 0, então né... - Sehun respondeu, rindo baixo.

- Toma Yerin. - Hoseok cutucou meu ombro e me virei para olhá-lo. Ele segurava um bolinho melado no creme, com o hashi, erguendo ele e pedindo para que eu dissesse "Ah". - Você precisa comer alguma coisa!

Eu ri e coloquei o bolinho inteiro na boca, levando um susto grande em seguida que acabei me engasgando e tossindo sem parar.

- TÁ LOUCO! ELA É ALÉRGICA À CAMARÃO, IDIOTA! - Baekhyun bateu as palmas das mãos na mesa com força assustando todo mundo em volta, eu coloquei a mão no peito tentando parar de tossir.

- Mas o bolinho é de peixe... - Minhyuk falou inocentemente.

- Mas o creme é de camarão, mané... - Baek me puxou pela mão e botei força nas pernas para não desequilibrar e cair de cheio no chão.

Minha respiração começou a falhar, Baek me levou até um cesto de lixo e eu cuspi tudo dando batidas no peito, sentindo o gosto de camarão na boca. Fazia muito tempo que eu tinha sentido aquela sensação ruim.

- Vem. - Ele me puxou de novo, fazendo as outras pessoas nos olharem.

- O q-que... - Tentei falar mas minha voz falhou e comecei a tossir outra vez.

- Vou te levar até a enfermaria, calma. - Ele segurou minha mão com força, parecia preocupado por mais que estivesse de cara fechada. - SR. NAMJOON! Aquele inútil nunca tá quando se precisa, merda...

Ele me fez sentar na maca quando chegamos na enfermaria. O enfermeiro Sr. Namjoon não estava lá, Baek ficou estressado por isso e foi até o armário, tirando uma caixa branca e procurando algo por lá.

Pendi o corpo para trás fechando os olhos e me sentindo sufocada, sem respirar direito. Puxei o ar para o meu pulmão com a maior força que podia, meu corpo parecia queimar e minha vista estava embaçada.

- Toma, é um antialérgico. - Baek se aproximou me entregando um comprimido e um copo com água. Tomei a cápsula branca com um só gole de água, e respirei fundo.

Meu ar começou a voltar e minha respiração foi se reestabelendo gradativamente. Olhei para frente e Baek abaixou a cabeça, se escorando na mesa de vidro atrás dele.

- Como você...

- Sabia? Você me disse, lembra... - Verdade, eu tinha dito sobre minha alergia quando estava colocando aquele meu plano falhado em ação. Ele ainda lembrava disso...

Ficamos em silêncio enquanto eu me recuperava, Baekhyun fitava o chão o tempo todo e eu fazia o mesmo, de vez em quando levantando a cabeça para olhá-lo.

- Me desculpa... - Falei por impulso, sentindo um peso em minhas costas.

- Não, Yerin, já disse pra não pedir "desculpas" pra mim...

- Baek...

- E nem eu vou pedir desculpar por isso.

- "Isso"...?

- Não tenho culpa dos meus sentimentos serem esses, e também não me arrependo.

- Do que você tá falando? - Franzi o cenho, me tocando depois qual era o assunto.

- Esquece...

Mais uma vez o silêncio entre nós perdurou, aquilo era agoniante, de certa forma. Eu não sabia o que falar e nem o que fazer.

- Sinto um cheiro de casal no ar... - O Sr. Namjoon entrou na sala sugestivo.

- Diz isso pra ela então. - Baek bufou, me encarando de braços cruzados e com um bico de raiva nos lábios.

- Não acredito! - O Sr. Namjoon parou na frente de Baekhyun, incrédulo assim como eu. - Foi finalmente fisgado e levou um fora? É isso mesmo? Uau!

- Ah, qual é... - Ele revirou os olhos e dei um pequeno pulo para sair da maca. O Sr. Namjoon foi até o balcão e pegou a caixa de comprimidos. - Antialérgicos? - Ele indagou, olhando para a caixa em mãos.

- Ela é alérgica à camarão... - Baek disse, com o rosto virado e mais uma vez o Sr. Namjoon veio para a frente dele e bateu palmas.

- Nossa, Byun, tá me surpreendendo hoje! Nunca te vi se importando com outra coisa que não fosse o próprio umbigo, isso é incrível! - Baek bufou com o que o Sr. Namjoon disse. - Sério, te ver sendo cuidadoso com alguém é novo pra mim.

Ele riu e se virou para mim.

- Srta. Shin, certo? Tome, vai precisar tomar mais uma vez. - Ele me entregou a caixa de comprimidos. - Mais cuidado da próxima vez.

- Aliás, na próxima vez, peça ao seu lindo e amado Taehyung pra cuidar de você! - Baek fez um bico, parecia aquelas crianças fazendo birra por doce, sabe?

- Na próxima vez é só me deixar morrer, pelo menos morro feliz! - Sim, fiz birra também. 

- Nossa! - Ele me olhou incrédulo. - Quem nesse mundo morre feliz, sua louca? Quer ir no meu psiquiatra?!

- Seu psiquiatra não é muito bom, visto que você continua sendo esse bocó de sempre!

- Awn, shippo! - Sr. Namjoon interrompeu, fazendo um coração com os dedos, eu e Baekhyun olhamos para ele com fogo nos olhos e ele engoliu seco, levantando as duas mãos. - Tá, não tá mais aqui quem falou, credo.

- E retire o que disse! - Baekhyun apontou para mim com o dedo indicador. - Não sou bocó nenhum!

- Já passa de um, e um bocó irritante. Podia entrar pro Guisness Book como a pessoa mais irritante do mundo!

- Aish...

- Deem pausa aí, vou pegar a pipoca. - O Sr. Namjoon falou indo até a porta e eu bufei. Ele se virou e olhou para Baekhyun. - Aliás, Byun, não sei o que te deu. Pensei que você nunca desistisse... - Ele sorriu e piscou para Baek, saindo da enfermaria.

Baekhyun olhou para o chão, calado. Ele parecia pensar em algo, levou sua mão até o queixo, passando os dedos ali, calmamente. Em seu rosto surgiu algo que me fez engolir seco. Ele sorriu de canto e virou o rosto lentamente para mim. Assim que ele deu um passo para frente, eu recuei um para trás.

- O que tá f-fazendo? - Perguntei, receosa.

- O que eu não deveria ter parado de fazer... O Sr. Namjoon tem razão, eu nunca desisti e essa não vai ser a estréia. - Ele se aproximou mais e eu acabei sem mais espaço para dar passos quando encostei o corpo na maca. Baek se abaixou, ficando da minha altura. - Yerin, quando eu finalmente me dei conta do que sentia por você, percebi que... você é a única que quero chamar de minha. E isso não vai mudar tão cedo. Se não confia ou acredita em mim, então vou deixar bem claro pra você e pra todo mundo que eu gosto de você, de verdade, e vou fazer você acreditar nisso.

                         POV Sehun

Andei de um lado para o outro, encarando a tela do meu celular. Faltava alguns minutos para o intervalo acabar e eu queria alguma notícia de Naeyeon. Ouvi que ela estava doente, talvez nem fosse para a aula de campo, ou seja, é grave. Ela nunca falta.

Isso me preocupou bastante e eu estava a ponto de delirar, encarando o número dela em meus contatos. Eu nem sabia mais se esse ainda era o seu número, claro, já se passou 1 ano desde que terminamos de vez, ela pode muito bem ter trocado.

Peguei uma flor branca que estava em cima da cômoda, sabe se lá o porquê, e comecei a arrancar pétala por pétala.

- Ligo, ou não ligo, ligo ou não ligo... ligo. - As pétalas acabaram e me deparei com o "ligo". Que azar.

Bom, talvez ela tenha mesmo trocado de número, ou seja, vale a tentativa. Cliquei em seu número e alguém atendeu na 3° chamada.

  " - Alô?

    - A-Alô? - Falei nervoso ouvindo a voz de um homem velho.

    - Falar com Naeyeon, certo?

    - An? Ah, não! Eu só... - Pensa em alguma coisa rápido, idiota! - Eu... Ah! Sou um colega da escola dela, me pediram pra saber se ela tá bem...

    - Ah, entendi... Bem, ela tá melhorando aos poucos.

     - O que ela tem?

     - Hepatite A, não é grave, mas é contagioso, ela só precisa ficar em casa alguns dias...

     - Ah... - Por sorte não é Hepatite C, amém. - É mais ou menos quantos dias?
  
      - Uma semana, talvez.

      - Hm, ok, quem fala?

      - É o pai dela. - Engoli seco e meus dedos começaram a tremer como se eu tivesse tendo uma convulsão.

      - Desculpe o incômodo, senhor. Obrigado. - Desliguei na velocidade da luz e me joguei no sofá, ouvindo o sinal tocar para o fim do intervalo. "

Jungkook abriu a porta e jogou um pirulito na minha direção.

- Vamos logo. - Ele estava com um porulito na boca também e logo atrás dele estavam Jimin e Lay, peguei meu pirutilo e sai, indo para a sala de aula.

Avistei Baekhyun descendo das escadas, provavelmente vindo da enfermaria. Ele esbanjava um sorriso safado de lado diferente de hoje mais cedo, que parecia que alguém tinha morrido. Aconteceu algo que o deixou de bom humor assim tão rápido?

- E aí, o que foi? - Coloquei meu braço envolta de seus ombros e ele fez o mesmo comigo.

- Ah, nem te conto... - Ele sorriu largamente e logo ficou sério. - É sério, não vou te contar. Você é pé frio.

- Nossa Baek. - Eu dei um tapa na sua cabeça e ele riu, todo feliz.

Entramos na sala e tirei a embalagem do meu pirulito, olhei de relance para Jungkook e ele estava com um sorriso malicioso olhando para o fundo da sala. Ele olhava para um garoto que se não me engano se chama Youngjae. Nossa, me arrependi de ter olhado.

Youngjae estava com um pirulito na boca, ele fazia movimentos com a boca de vai e vem, lentamente, sorrindo malicioso para Jungkook. Meu Deus, o menino era o rei dos héteros e agora tá desse jeito, quem diria... Vírus Jimin da bissexualidade se espalha viu.

Me virei para frente outra vez e vi toda Yerin desconfiada, ela parecia nervosa com alguma coisa. Abaixava a cabeça e levantava, várias vezes seguidas.

- Bom dia meus anjos! - A professora Chayoung entrou na sala falsa como sempre. Quem não sabia que ela nos odiava? Ah, me poupe. Ela colocou um monte de livros em cima da mesa, e arrastou uma caixa com mais um monte de livros dentro. - Tenho um trabalho para vocês.

Mais trabalho, virou festa? Todo mundo passando trabalho e mais trabalho, quanto trabalho. Falei muito a palavra trabalho né? +1.

- Quero 4 grupos de 5 e um de 6. Vocês vão se reunir hoje e trazer amanhã. Quero coisas criativas sobre esses livros, seja o que for... - Ela distribuiu os livros e saiu dividindo os grupos. - Último grupo, o de 6: Sehun, Jungkook, Baekhyun, Lay, Yerin e Yoona.

Ótimo, melhor grupo:

Eu, o lindo.
Jungkook, o safado.
Baekhyun, o pervertido preguiçoso que vai fazer eu, o lindo, fazer o trabalho dele sozinho.
Yoona, a falsa e patricinha que paga de santa.
Lay, o lesado que só entende 80% de coreano.
E Yerin, a paciência em pessoa, falando ironicamente.

Prevejo um lindo e maravilhoso 10...

Yerin se virou para nós, que estávamos todos no fundão e fez uma expressão de desgosto, depois olhou para frente e viu Yoona, pintando as unhas de rosa na sala. Tenho pena da coitada da Yerin.

                    POV Baekhyun

Que ótimo, mais um trabalho. Acho que os professores fizeram um complô contra nossa sala, não é possível. Vou ter que reprovar pela 3° vez? Aigoo...

Mas nada podia estragar meu mais novo bom humor! Dessa vez, eu faria tudo certo e vou tentar ser menos irritante, como a Yerin diz que sou.
Percebi realmente que não posso desistir, escorei as costas na cadeira e me lembrei do dia em que fui ao cinema e acabei encontrando Yerin lá.

Lembro bem, ela estava dormindo na hora do filme, sozinha. Foi uma das coisas mais fofas que já vi,  também foi quando percebi que eu gostava dela demais mesmo e que não podia deixar isso de lado. Eu não podia desistir dela, e não vou.

Parece que o reinado do pegador Byun Baekhyun acabou mais cedo do que se esperava. Talvez uns 20 anos antes... Mas enfim, quem sabe eu me arrependa no futuro ou não, pelo que vou fazer. O que me importa agora é o presente, e não vou hesitar em dizer à todo mundo o que sinto, não dessa vez. Foda-se Taehyung, foda-se Taeyeon, foda-se garotas bonitas do Hawaii e as super modelos da Espanha, ai... Tá, foco Baekhyun, Yerin vale mais que todas elas.

Respirei fundo e me concentrei. Primeiro eu tinha que contar à Sehun, ele era meu melhor amigo e ainda não sabia, porém vou deixar isso para depois. Sehun é mesmo pé frio e vai me dar azar, ah, sei lá, vou deixar bem na cara e uma hora ele vai descobrir, não pode ser tão burro assim, né?

- Bacon, Cenoura, Biscoito, Lay a batata chips, uau, tô feita! - Yoona falou, arrastando sua cadeira até o círculo do nosso grupo.

- Que receita é essa? - Eu bufei.

Como eu odeio a voz dela, mano. Ela é linda, mas ó, é insuportável. Patricinhas são muito desagradáveis, ficam pintando as unhas na sala de aula e falando coisas do tipo:

" Ain, você assistiu o America's Next Top Model?! "

Olha, não sou obrigado.

- Quem é a Cenoura? - Jungkook riu abafado.

- O Sehunnie, né amor? - Ela segurou no braço de Sehun e eu ri da expressão que ele fez.

- Amor? Te dei essa intimidade quando? Eu hein... Desgruda. Yerin, vem pra cá!

- Aish, tem que chamar ela? - Yoona revirou os olhos.

- Por que, linda? Te incomoda? - Eu falei irônico.

- Claro, não gosto dela. Ela tem amizade com quase todos os garotos lindos e populares de Harlim. Sem falar que fiquei com menos dois pontos em gramática porque ela me corrigiu na aula.

- Se você é burra não é culpa dela. Incomodados que se retirem, eu que agradeço. - Fiz um coração com os braços sarcasticamente e ela bufou.

- Fiquei com um grupo maravilhoso, e peguei o melhor livro, que coincidência... - Yerin falou, arrastando sua cadeira até nosso círculo.

- Pegou o pior livro?! - Sehun olhou incrédulo.

Yerin colocou o enorme livro em cima da mesa de Jungkook, que era o que estava mais perto, e sentou-se na cadeira.

- Onde vamos nos reunir? Espero que não seja longe e que tenha piscina. - Yoona falou, infelizmente ela fala, aigoo...

- Pode ser na sua casa, Yerin? - Sehun perguntou e Yerin assentiu, sorri malicioso pensando no que eu faria. Provavelmente Taehyung vai estar lá, aquele obstáculo da minha vida, mas vou dar um jeito.

- YERIN ME AJUDA! - Ouvi de longe a voz de Minhyuk choramingando, junto com Hoseok.

Ri baixo vendo eles em círculo com os piores alunos da sala, tinha um lá que fazia pacto com o "coisa-ruim", pelo que dizem. Coitados.

                             (...)

- Vem logo, Bacon!

- Para de me chamar de Bacon, inferno. - Eu bufei jogando o travesseiro em Sehun.

- Então anda logo, caralho. Todo mundo já deve tá na casa de Yerin. - Ele andou até a porta do meu quarto resmungando e eu peguei as chaves em cima da cômoda.

- E por que você não foi direto pra lá ao invés de vir aqui? - Fiz careta, seguindo direto até o carro.

- Porque eu quis ir com você, algum problema?

- Sehun, você é gay não é? Pode falar, você tem um crush em mim né? Eu vou entender.

- Tá repreendido, sangue de Buda tem poder!

- Você não era Cristão? - Eu ri, entrando no banco do motorista.

- Já te repreendi em nome de Jesus e não adiantou, tô vendo se Buda resolve. - Ele fez uma cara de nojo para mim e eu ri alto, dando a partida.

- Vamos logo, budista junior.

- Vê se não sai nos murros com Taehyung, viu? Por favor.

- Sehun... me erra. - Revirei os olhos.

- Baek, vocês dois não são mais adolescentes na puberdade. Você não tem mais 15 anos e ele não tem mais 17. Já deu essas brigas.

- Não é minha culpa se ele tem 21 anos e ainda é infantil do mesmo jeito de quando tinha 17. Me dá um tempo, Sehun. Você sabe que foi ele que começou isso tudo. - Bufei, olhando o retrovisor lateral do carro.

Se tem um assunto que odeio falar, esse assunto é Taehyung. Parece que isso suga todas as minhas energias positivas, é impressionante. Já faziam 4 anos, e nós dois continuávamos na mesma

- Verdade, ele sempre foi um idiota, você se tornou idiota, é diferente né? Baekhyun, me poupe. E olha o gato!

- Eu tô olhando, calma!

- O GATO! SAI DA FRENTE GATO!

- EU NÃO VOU ATROPELAR O GATO, PORRA, TEM CALMA!

- MAS SÃO DOIS GATOS!

- DOIS?! - Eu pisei no freio com tanta força que até meu pé doeu. Graças a Deus que não tinha carros na rua naquele momento, ou o próximo lugar que nós dois iríamos ia ser o necrotério.

Estacionei o carro de frente à
casa de Yerin, era a minha segunda vez ali, a primeira foi na festa de despedida do avô dela. Aliás, já se passaram quase 3 meses, ele deve voltar no próximo mês ainda. Esse negócio de deixar Yerin e Taehyung morando na mesma casa sozinhos por tanto tempo me incomoda.

- Eu disse pra desviar do gato, seu malandro. Nunca me escuta...

- Você não me disse que eram dois, Sehun. - Apertei na campainha e uma senhora de cabelos brancos bem simpática abriu a porta e nos mandou entrar.

- Quanto garoto bonito! - Ela deu uma daquelas risadinhas de idoso. - Podem sentar ali na sala, já tem uma pessoa aqui.

- Olá, amores. - Yoona acenou, ela estava vestida de roupas de oncinha e eu quis vomitar.

- De todas as pessoas, logo você. -Sehun sorriu irônico, sentando no sofá.

A casa era enorme, maior que a minha talvez. Era bem arejada e com móveis clássicos e coisas antigas e elegantes, com tonalidades entre o bege e o marrom. Diferente da minha, que é mais moderna e toda branca.

Sentei em uma poltrona e percorri meus olhos por toda a sala, até que eles pararam na escada, vendo Yerin descer com livros e uma caixa com algo que não sei o que é. Me levantei para ajudar mas bufei ao ver Jungkook descendo as escadas com outras caixas e pegar a caixa da mão dela.

Por que aqueles dois desceram juntos? Aish... Olhei os dois se aproximarem com os olhos semicerrados.

- Ora, ora, se não é a minha garota junto com a bolacha maria. - Falei, cruzando os braços e os encarando.

- Bolacha teu cu. - Jungkook praticamente me empurrou uma das caixas. - Espera, quem que é sua aqui?

Ele me olhou e depois olhou sugestivo para Yerin. Bom, uma pessoa já entendeu... falta o resto do mundo só. Yerin me olhou incrédula e engoliu seco.

- E aí, Yerin. Precisa de ajuda? - Sehun se intrometeu e Jungkook pela primeira vez fez algo útil nessa vida dele.

- Precisa, tem mais três  caixas com materiais lá em cima, vai com ela Baekhyun. Eu tô muito cansado! - Ele me empurrou para perto de Yerin e me cutucou com o cotovelo, dando uma piscadela. Ri abafado e segui Yerin até as escadas, ela estava calada desde que cheguei, parecia que estava hesitando em alguma coisa.

- Onde arrumou tanto material? - Perguntei, tentando ver se ela falava algo ou só estava evitando falar comigo mesmo.

- Meu avó guarda...

- Ah... você vai usar pela primeira vez?

Ela só assentiu com a cabeça. Definitivamente, Yerin estava evitando falar comigo. O que eu fiz agora?

Peguei duas das caixas e quando fui pegar a terceira ela me impediu, pegando-a primeiro. Tentei pegar a caixa dela, mas Yerin se recusou.

- Eu levo, é pesada. - Tentei pegar a caixa outra vez.

- N-Não, eu levo. - Ela saiu apressada em direção às escadas. É impressão minha ou ela gaguejou? Hm...

- Pronto, tudo aqui? - Yerin olhou ao redor. Todas as caixas estavam no chão, e todo mundo sentou em volta, menos Yoona que insistiu em ficar no sofá para não sujar sua saia de camurça, enfim, ninguém liga para ela aqui mesmo.

- Tudo certinho! - Sehun disse, depois de conferirem tudo outra vez. - Melhor checar mais uma vez...

- Já conferiram isso 4 vezes, por favor chega. - Eu disse, suspirando de tédio. Olhei ao meu redor e nada de Taehyung por ali, sorri de lado, coloquei o cotovelo em meu colo e apoiei meu queixo na mão, encarando Yerin.

Provavelmente deixei escapar um sorriso bobo nos lábios e abaixei o olhar ao lembrar do dia anterior, desmanchando o sorriso. Meu coração doía sempre que eu lembrava disso, suspirei e levantei o olhar. Todos me encaravam sérios e eu franzi o cenho, confuso.

- Baekhyun, vai me responder agora ou tá difícil? - Jungkook me olhou de relance.

- O que foi? Sorry. - Respondi e me entregaram uma caixa cheia de papéis e alguns lápis, me pedindo para "redesenhar" as gravuras que tinham no livro.

Cada um ficou fazendo sua parte e eu suspirei de tédio. Estava tão chato que me levantei e todos me olharam. Fui até o aparelho de som que vi antes e o liguei, era igual o da minha casa então não tive dificuldades. Conectei meu celular e coloquei em uma música qualquer.

- Baek, eu preciso de concentraç...

- Foda-se Sehun. - Dei um sorriso largo. Lay começou a balançar o corpo enquanto fazia seja lá o que era naquela cartolina. Yoona olhava para a tela do celular de vez em quando, deixando o trabalho de lado.

- Aigoo... Eu tô rodeada de idiotas... - Yerin murmurou.

- Ei, eu não sou idiota! - Sehun exclamou, indignado e eu ri dele.

- Você repetiu o 2° ano Sehun, tu é burro querido. - Falei, terminando o primeiro desenho. Até que ficou bom.

- Eu sou burro? Falou o cara que repetiu de ano 2 vezes porque não sabe Teorema de Pitágoras!

- Cala a boca Sehun! Tu também repetiu de ano 2 vezes, seu filhote de demônio!

- Parem de discutir pra saber quem é o mais burro, os dois ficam empatados. - Jungkook resmungou.

- Pelo que acabei de ouvir, concordo. - Yerin disse, segurando o riso. - Repetir duas vezes, nossa...

- O que foi que tá com essa cara de enterro Jungkook, levou um fora? - Bufei de raiva e o garoto fez uma cara de choro impagável.

- O pai dela é um monstro! - Ele começou a choramingar e achei que ele fosse chorar de verdade mesmo, fiquei sem entender nada.

- A garota do Ebay de novo? - Sehun começou a rir.

- Ah, a Valentina?! - Lay exclamou, animado.

- Valentina? Que Valentina Jungkook? - Perguntei curioso e Kook começou a se debater no chão e choramingar ainda mais.

- Valentina é a garota que ele conheceu pelo Ebay! Né?! Ela deve ser estrangeira, aí eles se falam pelo Ebay. - Lay completou, distraído.

- Mas Ebay é um site de compras... - Franzi o cenho e Sehun teve uma crise de riso.

- Ué, você comprou a mulher, Jungkook? - Lay indagou confuso e eu não consegui deixar de rir também, mesmo sem entender nada.

- Pra aguentar ele, com certeza comprou numa Black Friday. - Yoona disse, mexendo no celular.

- Só se foi a Black Friday de halloween, pra vir uma dúzia de Anabelles! - Sehun disse e riu tão alto que pensei que ele fosse ter uma parada cardíaca ali mesmo.

- Dúzia? Dá pra vocês me atualizarem aí, por favor? - Eu cutuquei Sehun. Era inútil perguntar à Lay porque pelo visto ele tava mais confuso que eu. Sehun não parava de rir, Jungkook estava em posição fetal no chão e Yoona não dava um sossego naquele celular dela.

- MEU DEUS! - Yoona gritou e deu um pulo com o celular, me assustando. Ela é louca?! - VALENTINA É UMA BONECA INFLÁVEL?!

Yerim se explodiu de rir e eu olhei com desgosto para Jungkook, quando finalmente entendi a piada da Anabelle foi automático, eu ri que chorei!

Eu caí para o lado e coloquei a mão na barriga sentindo ela doer de tanto rir, igual todo mundo ali. Respirei fundo e tentei me acalmar. Senti algo encostar na minha outra mão e quando olhei era a mão de Yerin sobre a minha. Percebi que eu tinha caído com a cabeça em seu colo. Não sei se era só por eu ser um bobo apaixonado mas seu sorriso parecia ainda mais lindo desse ângulo, na verdade era lindo em todos os ângulos. Minha respiração estava um pouco ofegante e sorri involuntariamente sem desviar meu olhar dela.

Quando ela finalmente percebeu ficou claramente nervosa e virou o rosto para o lado. Levantei apenas minhas costas, ficando com meu rosto bem próximo ao seu e ela me olhou. Meu coração estava acelerado por dois motivos: Minha crise de riso de segundos atrás e nossa proximidade.

Olhei em seus olhos e mordi o lábio inferior, sorrindo de lado. Aproximei meu rosto do seu subitamente e ela recuou para trás.

- Ei... O que é isso...?

- Eu tô meio confuso... - Peguei sua mão livre e a coloquei em meu peito. Seus olhos se arregalaram e eu inclinei a cabeça para o lado, sorrindo minimamente. - Pode me dizer se isso é porque eu ri ou se é por você?

Sua mão estava exatamente no meu coração, as batidas rápidas só aumentavam por mais que eu já tivesse parado de rir. Não me importei com ninguém que estivesse ali perto, meus olhos só conseguiam ver Yerin à minha frente. Ela baixou o olhar para sua mão e ficou em silêncio por um tempo.

- É porque riu... - Ela virou o rosto para o lado e tentou tirar sua mão mas eu a segurei, fazendo Yerin me olhar outra vez.

- Tem certeza?

- Sai, Baekhyun. - Ela me empurrou com a mão e eu a soltei, sorrindo de lado.

- Mas é você que tá me segurando...

- O que?

Apontei com a cabeça para baixo, a mão dela ainda estava sobre a minha, como antes. Ela tirou de imediato e eu ri baixo vendo ela ficar corada. Não consegui desgrudar meus olhos dela, como podia ser tão fofa?

- Seu imbecil.

E amarga, ao mesmo tempo? Ri abafado e me virei, os outros ainda estavam rindo menos Lay, ele olharam para nós dois e depois desviou o olhar para baixo quando o peguei no flagra.

- Cheg... - Ouvi a voz de Taehyung e olhei para a porta, ele estava de olhos arregalados e boquiaberta. - Y-Yerin?

- Trabalho da escola, pensei que você fosse chegar mais tarde. - Ela se levantou e riu fraco, os dois se abraçaram de lado e eu bufei.

- Senhor, que deus grego. - Yoona estava boquiaberta olhando para Taehyung.

- Eles namoram, fica longe. - Jungkook sussurrou para ela, e ela fez uma careta voltando à olhar para o celular. Todos pararam de rir e cumprimentaram Taehyung, eu ignorei e me levantei perguntando onde era o banheiro.

- Que surpresa agradável... - Taehyung murmurou quando me viu ali, sorri de lado e me levantei, cruzando os braços.

- Infelizmente, você mora aqui... - Fechei os punhos e o olhei de relance, ele estava de cara fechada assim como eu.

- Onde é o banheiro mesmo? - Perguntei.

- Ela disse que no final do corredor sunbindo as escadas, também quero ir. - Lay se levantou e foi até as escadas, coloquei as mãos nos bolsos e o segui até o 1° andar.

Lay cessou os passos na minha frente e logo se virou, me olhando.

- O que foi? -  Estranhei e ele se colocou uma mão no bolso também.

- Eu sei que sou meio ruim em coreano, mas independente da língua o amor continua igual, e sei reconhecer um quando vejo. - Ele me olhou sério e nunca o vi falar com tanta certeza antes.

- Do que você tá falando, Lay?

- Você gosta da Yerin né?

- C-Como...?

- Eu vejo pelos seus olhos, e pelas suas ações. Você realmente gosta dela.

- Ela não gosta de mim, então do que adianta? - Dei de ombros e fui direto para o final do corredor.

- Quem disse que ela não gosta? - Lay perguntou e aquilo me fez parar de andar e encarar o chão.

- Ela mesma disse...

- E quem te garante que ela não mentiu? Baekhyun, pela primeira vez te vejo com um olhar diferente em relação à uma menina, e isso é ótimo! Não deixa isso passar desse jeito...

- Você entende alguma coisa sobre relacionamentos por acaso?

- Entendo. Eu amo uma garota faz anos, mesmo depois de tudo de ruim que aconteceu, continuo amando ela. Me arrependi muito por não ter lutado por ela como deveria e me arrependi ainda mais por ter deixado ela ir embora... Não seja idiota como eu fui, Baek. É melhor se arrepender de algo que fez, do que algo que não fez, vai por mim.

- Somos amigos faz 2 anos, desde que chegou ma China, por que nunca me contou?

- Você é a primeira pessoa pra quem eu tô contando isso, na Coreia. - Ele sorriu fraco e olhou para uma janela grande do nosso lado. - Por isso fui embora da China, pra não ter que viver vendo ela em cada esquina e me arrependendo de tudo que deixei de fazer por medo...

Abaixei a cabeça e refleti sobre o que ele dizia, cada palavra dele parecia doer em seu coração, dava para ver o quanto arrependido ele estava.

- Ela ainda mora na China? Se você já sabe disso tudo, por que não vai atrás dela? - Perguntei, tentando encorajá-lo.

- Eu não posso. Não mais...  Ela foi embora de um jeito que não dá mais para voltar. - Lay sorriu fraco, ainda olhando através da janela.

- Eu... sinto muito. - Entendi o que ele queria dizer, parecia história de dorama, para falar a verdade. Fiquei cabisbaixo e sem saber o que dizer.

- Por isso eu repito, Baek. É melhor se arrepender de algo que fez do que se arrepender de algo que podia ter feito e não fez. - Lay me olhou de relance e sorriu. - Não adianta beber o leite congelado.

- É "Não adianta chorar o leite derramado.", Lay. - Eu ri abafado.

- Ah, é? Pode ir ao banheiro, eu só queria dizer isso mesmo.

Ele desceu as escadas e eu fui ao banheiro, no final do corredor, quando voltei, todos estavam lanchando juntos.

- Você não podia ter arranjado um grupo melhor não, Yerin? - Taehyung falou me encarando sério. - Sem ofensa aos outros, é claro.

- Você não podia arranjar um namorado melhor, Yerin? Por exemplo eu. - Sorri sarcástico. - Com ofensa, é claro.

- Vocês se superam sempre, hein... - Sehun riu baixo.

- Calado, Cenoura. - Me sentei no sofá, cruzando as pernas e sorrindo de lado.

- Cenoura não, apelou! - Sehun me deu um tapa na nuca.

- Ei! Isso doeu! - Coloquei a mão em cima, massageando a nuca e fazendo uma careta de dor.

- Obrigada, meus apelidos são ótimos né?! - Yoona se gabou. - Mas tem outras coisas que faço melhor... - Ela sorriu maliciosamente para Taehyung que desviou o olhar, olhando para Yerin.

- Mereço... - Murmurei.

- Já pode ir embora, Baekhyun. - Taehyung falou, bufando.

- Ouviu alguma coisa, Sehun? - Eu fingi que não tinha escutado.

- Sem brigas hoje, por favor. - Yerin suspirou. - E troca essa música, Baek.

Eu ri soprado, a música que estava tocando era uma do Jay Park, a mesma que tinha tocado quando eu e Yerin fomos ao parque, meses atrás. Fui até o meu celular e sorri de lado.

- Vou colocar uma música que eu tô escutando muito esses dias, tô viciado... - Coloquei na música e esperei que a a letra começasse. Fechei os olhos e balancei a cabeça no ritmo, o nome dela era Your Girl de um grupo chamado Beatwin. Eu realmente estava escutando muito ela esses dias. Sorri e comecei a cantarolar a letra da música junto com os cantores.

" Eu tenho um crush por sua garota.
   Você é tão sexy.
   Nunca me senti assim antes.
   Seja minha garota, querida, desculpe,   meu amigo.
   Oh My God!
   Sua namorada é tão bonita.
   Sua namorada é tão atraente.
   Sem saber, meu coração está correndo
   Agora estou caindo em culpa
   Estou ficando louco, estou ficando louco!
   Sua namorada é tão...
   Eu quero roubar você. "

Sehun segurou o riso e Jungkook fez o mesmo, Lay e Yoona estavam sem entender nada e eu abri um sorriso largo e olhei para Taehyung que estava de olhos arregalados.

- Dedico ela em homenagem à certo alguém... - Sorri irônico e ele fechou os punhos, rangendo os dentes com força, o que fez Sehun rir alto junto com Jungkook. Funcionou do jeito que eu queria, Yerin parecia nervosa e desviava o olhar para os lados, Taehyung estava possivelmente com ódio, sorri vitorioso.

- Você... - Taehyung respirou fundo tentando se conter, apertando mais os punhos e olhou para Yerin de lado. - Vou tomar um banho rápido, volto já, antes que eu cometa um homicídio.
- Ele a puxou para um beijo de propósito e eu bufei de raiva.

- Espero que escorregue de cara no chão e fique deformado... - Resmunguei dando as costas e indo até a cozinha beber água antes que eu desse uma voadora em alguém.

Abri a geladeira e ouvi alguém pigarrear atrás de mim. Me virei e Yerin me encarava de braços cruzados e olhos semicerrados.

- O que pensa que tá fazendo?

- Bebendo água? - Peguei uma garrafa d'água e a sacudi para que ela visse.

- Não tô falando disso, Baekhyun. O que foi aquela mús... Esquece. - Ela fechou os olhos, respirando fundo. - Será que não pode se controlar?!

- Não, não posso. - Eu a olhei sério e dei um passo para frente. - Lembra de hoje na enfermaria? Então. Eu não vou medir esforços pra mostrar à todo mundo que eu gosto de você, queira ou não.

- Baek...

- Yerin. - Me aproximei ficando bem perto, ela engoliu seco e desviou o olhar para o lado. - Você não sente nada quando ficamos assim, perto?

- Do que tá falando? - Ela voltou a me olhar, olhei em seus olhos e me aproximei mais, abaixando um pouco a cabeça para que meu rosto ficasse na mesma altura do seu.

- Eu sinto meu coração querendo pular pra fora de tão rápido que bate, um desejo quase incontrolável e... - Dei uma pausa, abaixando a cabeça.

- E...? Baekhyun, eu ainda não te entendo...

- Nem eu te entendo...

- O que eu sou pra você, afinal? Talvez um troféu que quer exibir?! Não tenho tempo pra suas piadinhas. É muito fácil falar que gosta mas o que isso significa no fim? - Ela tentou me empurrar mas me mantive firme e a olhei nos olhos, segurando seu pulso.

- Sabe o que você é pra mim? - Ela me olhou e eu respirei fundo. - Yerin, eu nunca senti algo tão forte por alguém antes, o que sinto por você é tão inexplicável de um jeito que as vezes me frustra. Quando eu menos espero, sem querer, já tô pensando em você. Parece automático... Você significa tanto para mim que às vezes nem sei como lidar com isso.

- Baek, você só... só deve tá confundindo tudo. O que você sente é apenas atração, acho difícil de acreditar que... Eu...

- Até quando vai negar? A cada dia que passa eu vejo o quanto você se tornou importante pra mim, o quanto eu quero e o quanto eu preciso de você. E eu não quero mais sufocar esses sentimentos... - Ela abaixou o olhar, em silêncio.

Aquelas palavras todas me surgiram como um tsunami, eu estava super nervoso e meu coração ainda mais descompassado que antes. Eu senti necessidade de jogar aquilo tudo para fora, fazer ela acreditar.

- Yerin, olha nos meus olhos e você vai ver. - Ela levantou o olhar e nos encaramos, ela parecia confusa e hesitante ao mesmo tempo. Ficamos em silêncio por alguns segundos apenas nos olhando. - Não me diga que não vale a pena tentar, sabe que é verdade.

- Mas não vale. Isso é tudo uma confusão, só estamos perdendo tempo com algo que não pode existir, não entende?

- Por que foge tanto?

- Eu não tô fugindo...

- Tá sim. - Bufei e sai de perto, peguei a garrafa d'água e a abri, indo direto para a sala. Passei a mão nos cabelos, os jogando para trás e murmurei alguns xingamentos. Vi Taehyung descer as escadas e me encarar com raiva, eu o ignorei e peguei as chaves do carro.

- Onde vai Baek? - Sehun me chamou a atenção e dei de ombros.

- Vou esfriar a cabeça.

                     POV Yerin

Mas o que diabos estava acontecendo comigo? Fechei os olhos com força e apoiei os braços no balcão da cozinha.

- Eu tô fugindo...? - Murmurei bem baixo, comigo mesma. Passei a mão sobre a testa e respirei fundo. Talvez eu esteja fugindo, talvez eu realmente tenha medo de todo esses sentimento e todas essas palavras dele.

- Aconteceu alguma coisa? - Tae apareceu, indo até a geladeira e tirando um Banana milk de lá. - Toma.

Ele abriu a caixinha e me entregou a bebida. Tentei me acalmar mas provavelmente ele já tinha percebido algo de errado.

- É só estresse... Esse trabalho é pra amanhã. - Dei uma desculpa esfarrapada.

- Parece que o sorvete vai ficar pra amanhã também, né... - Ele sorriu fraco.

- Ah, tenho novidades. - Sorri fraco também, lembrando da aula de campo. - No começo desse mês vai ter uma aula de campo da escola, um final de semana inteiro.

- Sério?! Pra onde?

- Andong.

- O centro da cultura tradicional coreana, gostei, bem rural... - Ele riu. - Mas lá é muito bonito. Quando vai ser?

- Nessa sexta, dia 13.

- Sexta-feira 13?! Que horror. - Ele deu uma tremida no corpo e eu ri. - Pode acompanhante?

- Não, infelizmente. Mas Minhyuk disse que não vai me deixar sozinha lá, já que a Naeyeon não vai poder ir.

- Minhyuk? Menos mal, mas não fique muito próxima. - Ele riu baixo e ouvi passos atrás de mim.

- Yerin, nós já vamos. - Sehun disse, atrás dele estavam Lay e Jungkook.

- Ah, claro. E Yoona?

- Yoona já foi, amém. - Jungkook disse e eu ri, indo deixar eles na porta junto com Tae.

- Já que perdemos o encontro do sorvete, que tal um filme? Deixo você escolher enquanto faço a pipoca.

- Escolhe o filme, da última vez você queimou a pipoca e deixou ela só o pó preto. - Eu ri e ele emburrou o rosto.

- Nada disso! Já disse que foi sem querer... - Ele fez um bico.

- Eu sei, quem queima a pipoca querendo? - Ri mais alto e ele cruzou os braços, com o rosto ainda emburrado.

- Eu sei fazer pipoca, foi culpa do telefonema que recebi, ué. Eu vou escolher filme de terror se eu ficar aqui.

- Vai logo fazer a pipoca. - Eu engoli seco e ele sorriu vitorioso. Tae sabe que odeio filme de terror.

- 1 a 0 pra Taehyung! - Ele saiu correndo para a cozinha e eu fui até a sala escolher o filme. Coloquei em um de ação, já que nós dois gostamos e fiquei esperando ele chegar com a pipoca. Me escorei no sofá e pendi a cabeça para trás, encarando o teto e pensando em tudo que Baekhyun tinha falado mais cedo.

Aquilo estava mexendo comigo, mais ainda, para variar.

- Pronto. - Me ajeitei no sofá e Tae sentou com o balde de pipocas. - Deita aqui.

Ele colocou uma das pernas no sofá e ficou em uma posição em que eu fiquei na sua frente, com a cabeça encostada em seu peito. Aquela era a posição mais confortável que nós dois encontramos toda vez que íamos assistir alguma coisa na televisão juntos.

- Qual o filme?

- Train to Busan.

- O dos zumbis? Pensei que você tivesse medo.

- De zumbis? Não, e não tenho "medo" de nada, só não gosto de terror. - Enchi a boca de pipoca e ele riu abafado, me dando um beijo na bochecha.

Novamente, meus pensamentos voaram e me peguei pensando em Baekhyun e no que ele tinha falado.

" Yerin, eu nunca senti algo tão forte por alguém antes, o que sinto por você é tão inexplicável de um jeito que as vezes me frustra. Quando eu menos espero, sem querer, já tô pensando em você. Parece automático... Você significa tanto para mim que às vezes nem sei como lidar com isso."

- Tae... - Chamei sua atenção.

- O que foi?

- O que eu sou pra você?

- An?

- O que eu significo pra você? - Encarei o nada na minha frente esperando a resposta.

- Tudo.

- Só... tudo?

- Uhum. Você é tudo.

Fiquei calada e olhei para a tv. Eu realmente esperava mais dessa resposta. As palavras de Baek me remoíam por dentro, as de Tae foram tão normais, por assim dizer, que não me afetou em nada. Assim que o filme acabou peguei o balde vazio de pipocas para deixá-lo na cozinha e eu o coloquei na pia para lavar amanhã.

Tae segurou minha mão e me puxou para um abraço forte, me pegando de surpresa. Sua mão apertou minha cintura e a outra foi até o meus rosto, me puxando para um beijo demorado.  Envolvi meus braços em seu pescoço e ele me empurrou para a parede, descendo uma trilha de beijos quentes por meu pescoço, me causando um arrepio no corpo inteiro.

- T-Tae... - Minha voz saiu quase como um gemido baixo e parece que ele aprovou isso, vindo novamente me roubar outro beijo, mordendo meu lábio inferior como se fosse o dele.

- Y-Yerin eu preciso... - Ele falou ofegante, enquanto deslizava a mão por minhas curvas. Entendi o que ele queria dizer, era bem óbvio já.

Entretanto eu não consegui ceder. Não que eu não quisesse, mas meu medo era maior do que o querer. Eu namoro um garoto de 21 anos, 4 anos mais velho do que eu, deveria saber que ele não vai passar a vida inteira me esperando. Eu tinha que fazer algo, mas...

- Tae, eu... não posso. - Eu empurrei seu peito com um tanto de força e ele me olhou, ainda ofegante.

- Desculpa, Yerin, eu só... Eu sei que ainda não teve sua primeira vez, mas...

- Não é culpa sua... - Encarei o chão e ele se afastou um pouco. - Eu... vou dormir agora... - Eu precisava ir para o meu quarto sair daquela situação e me debater sobre a cama pensando no quanto eu fui patética em ter recusado. Como sempre faço.

- Eu sei que não é minha culpa... - Tae segurou minha mão antes que eu saísse da cozinha e o olhei de relance. - A culpa é dele, não é...?

- Quê? O que quer dizer com isso, Tae?

- Você gosta do Baekhyun...

Meus olhos se arregalaram e minha boca se entreabriu. Minhas palavras todas fugiram da minha boca e fique estática, sem saber o que dizer e nem o que fazer, meu coração estava acelerado à mais de mil e engoli seco. Tae desviou o olhar para o chão e soltou minha mão.

- Tae, v-você ficou maluco? Eu g-gostar do... pff, isso é idiotice. - Olhei para os lados nervosa, sentindo um peso em minhas costas e dei um passo para trás, sentindo minhas mãos suarem frio.

- Tem certeza disso? Pra mim parece que... - Ele suspirou e olhou para o chão. - A gente conversa outra hora, boa noite. 

Ele foi em direção das escadas cabisbaixo. Apoiei o braço na parede e fechei os olhos, puxando algum ar dali para que eu conseguisse equilibrar minha respiração de novo. Droga... Coloquei a mão em meu peito e repeti o processo, inspirando e expirando várias vezes.

- Será que... eu realmente... gosto dele?