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História Auditory Hallucination - Silêncio


Escrita por: taexxxxxie

Notas do Autor


AAAAAAAAAAAH -u-

Trouxe mais um capítulo, espero que gostem.

ah, só uma coisinha, caso queiram colocar as músicas que citei só para ouvir uma parte e entrar mais no clima, fiquem a vontade. ♡

Então sem muita enrolação, boa leitura! 《

Capítulo 4 - Silêncio


Fanfic / Fanfiction Auditory Hallucination - Silêncio

Minha cabeça parecia que ia explodir a qualquer momento. Passei o dia todo deitada na cama em meu quarto pensando no que Baekhyun havia falado hoje no intervalo. Fui pega de surpresa e acho que passei uns bons segundos sem reação enquanto ele me olhava intensamente sem nenhuma vergonha.

— Yerin? — ouvi Tae bater na porta e abri-la devagar. — Tá tudo bem? Posso entrar?

Eu estava jogada na cama, apenas de toalha fazia umas 3 horas só olhando o teto e pensando na merda que eu tinha feito em aceitar sair com Baekhyun. Bem óbvio que Tae não podia entrar naquele momento. Corri assim que a porta se entreabriu, a empurrei com força e logo a tranquei.

— Desculpa Tae, eu tenho que trocar de roupa primeiro!

— Hã? Ah.. er.. c-claro....d-desculpa...

Não podia vê-lo, mas pelo jeito que gaguejou, com certeza estava todo vermelho, era típico dele em horas como essa.

Pois bem, a merda já estava feita. Eu não podia voltar atrás, até porque a ideia que Baek havia dado não era tão ruim assim, o problema era ele mesmo, que iria junto.

 Vesti rapidamente uma saia preta, uma blusa um pouco comprida e um allstar comum, abrindo a porta do quarto.

— Yerin, me desculpa, eu não fazia ideia que você... estava.. ah, você sabe...

Eu ri do quanto fofo ele parecia. Não era raro ver ele daquele jeito, na verdade, o raro era ver ele com raiva mesmo, a não ser que se pronunciasse o nome de Baekhyun em voz alta, era tipo Valdemort.

— Tudo bem, acontece.

— Então... Você passou o dia todo no quarto, queria ver se estava bem.

— Ah, sim, e você? Parece um pouco nervoso.

— É que... não é nada, já que está bem eu vou pro meu quarto.

— Espera, Taehyung...

Ele deu meia volta para voltar ao quarto, mas eu o puxei fraco pelo braço, o fazendo virar o rosto e me olhar de relance.

— Você quer um sorvete?

— Sorvete?

— Não tô afim de ficar em casa hoje, queria tentar ir comprar um sorvete na praça, mas não sei como se chega lá... — sorri sem jeito colocando os braços atrás do corpo e olhando para o chão. Tae riu fraco e virou-se para mim afagando meus cabelos.

— Eu te levo, então.

— Mesmo? Obrigada.

Tentei conter minha animação extra ali. Pensei que os dias seriam mais animados e seria bem mais livre quando o vovô viajasse, mas me enganei. Tudo continuava do mesmo jeito. Eu passava o dia todo em casa, a única diferença era a paz reinando ali, e claro, o lindo do Taehyung dormindo no quarto em frente ao meu.

— Já está pronta?

— Sim, já podemos ir. Muito obrigada mesmo, Tae.

— Não é nada. — ele riu caminhando na frente.

  A rua estava calma. Por ser de noite, apenas algumas pessoas andavam por ali, entretanto as ruas estavam bem iluminadas. Diferente de onde eu morava em Busan, aqui a rua era cheia de flores nos canteiros.

— A quanto tempo trabalha pro meu avô? Quando cheguei aqui, você já era praticamente de casa.

— Desde que sai do colegial. Meus pais queriam que eu fosse para a faculdade, mas eu não dei muita bola. Conheci seu avô numa excursão do meu último ano de escola, quando saí ele me chamou para trabalhar com ele.

— Você deve ser bastante inteligente para ele te chamar sem ter faculdade...

— Não que eu me gabe, mas sempre fui bom nos estudos, principalmente em exatas e lógica.

— E como virou "guarda costas"? — eu o olhei de lado e ele sorria enquanto caminhava, seus olhos brilhavam talvez ao lembrar de como tudo aconteceu.

— O Sr. Shin sabia que eu não tinha ido à faculdade e perguntou uma vez sobre meus sonhos. Um deles era aprender Taekwondo.

Taehyung parou de andar se virando para mim, eu me virei também e seus olhos brilhavam ainda mais, dava para ver que ele se sentia muito feliz quando contava aquilo.

— Seu avô me colocou para fazer as aulas, pagou por tudo. Ele foi sempre cuidadoso comigo, isso é uma dívida que tenho com ele pro resto da vida.

Sorri e ele voltou a andar, indo um pouco mais na frente. Eu caminhava devagar, enquanto ele ia mais animado.

— Vocês devem ter se tornado próximos, não é?

Eu nunca fui muito próxima do vovô. Ele morou em Seul a vida toda e uma pequena parte dela no Canadá também, enquanto eu nasci e morei até meus 15 anos em Busan. Minha única família no país naquela época era minha tia SaeRo, mas eu nunca a chamei de tia e sim de bruxa.

Com 15 anos, meu avô resolveu ligar para minha existência e foi me buscar em Busan, Taehyung veio junto com ele. Foi aí que nos conhecemos, mas só agora que comecei a falar mais com o garoto de cabelos cor de mel.

Me inveja saber que Tae é mais próximo do meu avô que eu, mas eu entendo, Taehyung é bem mais simpático do que sou.

— Bom, não muito. Ele é bastante ocupado, e eu apenas faço o meu trabalho.

Ele parece ter percebido que eu andava um pouco mais atrás e suspendeu seus passos, esperando que eu o alcançasse.

— Olha, é uma barraquinha de sorvete!

Taehyung apontou todo entusiasmado para uma barraquinha do outro lado da rua e me puxou pela mão até a mesma. Assim que chegamos, ele perguntou o sabor que eu queria e pediu duas casquinhas, a minha de morango e a dele de napolitano. Ele sorria igual uma criança.

Segundos depois eu finalmente me toquei de que ele ainda segurava minha mão. Foi uma sensação estranha, mas confortável, por isso não falei nada.

— Vocês são um casal muito bonito.

— Oi? — fitei o velhinho que espalhava sorrisos enquanto colocava as bolas de sorvete na casquinha.

— No meu tempo, andar de mãos dadas já era casamento. Espero que sejam felizes e tenham muitos filhos.

  O velhinho dava risadas amigáveis a cada frase e eu não sabia o que dizer, só vi Tae arregalar os olhos e suas bochechas ficarem extremamente vermelhas. Fiquei um pouco corada na hora, confesso, mas naquela situação eu não pude deixar de rir. Tae ainda não tinha processado tudo e suas bochechas pareciam queimar de tão vermelhas.

Ele me olhou sem entender o porquê eu ria, e foi só aí que ele percebeu que ainda estávamos de mãos dadas.

Taehyung soltou minha mão de imediato, o velhinho entregou as casquinhas e eu tirei do bolso o dinheiro para pagá-las.

— N-Não... eu pago. — Tae tirou a carteira do bolso e pagou, ainda estava constrangido, eu também estava já que o velhinho nos olhava como se fôssemos nos casar ali mesmo.

— Obrigada. — ditei, tomando uma das casquinhas de sua mão.

— Desculpa eu ter segurado sua mão daquele jeito, acabei esquecen...

— Relaxa. — ri. — Não foi nada de mais.

Avistei um parquinho ali perto e apontei para o mesmo, mostrando ao maior. Era um daqueles parques de criança, haviam balanços e gangorras.

— Vamos sentar ali um pouco, não quero ir pra casa ainda.

O vento frio fazia cair algumas folhas de árvores próximas dali, já era quase meia noite e as ruas já se encontravam mais vazias do que antes.Me sentei em um dos balanços e Tae sentou-se ao lado. Ficamos mudos por alguns minutos. Ainda era meio constrangedor, estávamos só nós dois ali e finalmente resolvi quebrar aquele silêncio.

— Você nasceu em Seul? — ditei, fitando meu sorvete.

— Não, eu sou de Daegu. 

— Ah... nunca fui lá. — mordi um pouco da casquinha e fitei o chão dessa vez.

— É uma capital muito boa, apesar de industrial também acho o ar melhor que o de Seul.

— O ar?

— Vai dizer que é a mesma coisa? Já que você veio de Busan, deve saber.

— É verdade, o ar lá é bem mais limpo.

— O céu também.

— O céu? — o olhei confusa.

— Não dá pra ver as estrelas no céu de Seul. 

Levantei a cabeça e olhei diretamente para o céu. Aquela imensidão toda, sem nenhuma nuvem e com um tom de azul escuro era lindo sem dúvida, mas não tinha nenhuma estrela sequer.

Em Busan, quando eu era mais nova, sempre olhava as constelações. Adorava ver as estrelas e às vezes passava noites em claro as observando. Era estranho para mim não ver nenhuma, e mais estranho ainda foi quando me virei e vi Taehyung me encarando com um olhar indecifrável no rosto.

— Faz falta? As estrelas, quero dizer. — perguntou.

— Não muito. É estranho, mas me sinto melhor assim. Não me traz muitas boas lembranças, sabe?

— Te lembra... seus pais, não é?

Taehyung sabia, pelo meu avô, que minha mãe havia morrido quando eu era pequena, mas não era por isso que me trazia más lembranças, a razão era outra, bem diferente.

— Ah, sim.. é por isso.

Menti. Não queria que ele soubesse. Não queria que ninguém soubesse. Aliás, eu nem queria lembrar daquilo, mas mesmo tendo passado esses 3 anos em Seul,  ainda lembrava em momentos como esse, em que algo me lembrava dele. Jun Hee

Eu jurei nunca mais falar o nome dele em voz alta e nem mesmo pensar nele. Aquilo vinha de uma longa história que fez parte da minha vida e era essa a parte que eu mais queria esquecer.

—Se não estiver se sentindo bem, já podemos voltar pra casa. — Tae já havia acabado com toda a casquinha e a minha teve que ser jogada no lixo porque deixei derreter tudo na mão.

Não estava calor, porém, mesmo assim, o sorvete acabou derretendo todo e Taehyung riu quando viu minha cara de tristeza enquanto eu o jogava no lixo.

Olhei o céu mais uma vez antes de irmos para casa, a lua já se escondia entre as nuvens e o frio da noite aumentava conforme os minutos se passavam. Agradeci por ser Taehyung a estar ali comigo, então pude segurar a lágrima que insistia em cair de meus olhos.
          

                     [...]

Sorri ouvindo o canto dos pássaros que pousavam nas árvores próximas. Eu estava sentada em um banco de madeira na entrada da escola, tinha chegado muito cedo e não havia ninguém ainda. Por que isso? Porque não consegui dormi depois daquela noite. Sempre que fechava os olhos, as cenas de anos atrás vinham em minha mente e me consumiam por dentro.

  Como não dormi, aproveitei e vim umas horas mais cedo, andando mesmo. Andar um pouco me fez bem, principalmente por ser primavera e tudo estar cheio de plantas, flores e decorações bonitinhas.

  Resolvi então caminhar dentro da escola, sei lá, apenas deu vontade. Me levantei do banco e observei todo o local começando a andar devagar. Pela primeira vez, o silêncio reinava em Harlim School. Ainda mais pelo tagarela do Minhyuk não estar aqui aprontando todas.

  Entrei no corredor principal e andei em direção ao refeitório, que ficava descendo as escadas perto da sala do diretor. De longe, vi uma pequena sala embaixo das escadas. Nunca havia percebido ela ali antes, e como eu sou nenhum pouco curiosa, me aproximei abrindo a porta pela maçaneta gelada.

  Primeiro, olhei ao derredor para ter certeza de que ninguém estava ali e parecia tudo seguro.

  Quando abri, a sala estava um pouco escura mas bem aconchegante. Era simples e pequena, mas tinha bastante coisa ali dentro, como um sofá, uma tv, vários vídeo games e um frigobar.

Hesitei em entrar por não saber de quem era aquilo tudo, mas, não havia ninguém ainda na escola além do ahjussi da portaria e uma zeladora, e acredito que nada disso seja deles. Assim que entrei, derrubei um dos vídeo games espalhados em uma mesinha. Parabéns Yerin, parabéns.

O barulho não foi muito alto então só me abaixei para pegar o vídeo game - que por sinal parecia bem violento - e me levantei rápido.

— O que faz aqui?

Gelei. Alguém estava atrás de mim. E gelei ainda mais quando reconheci de quem era aquela voz.

— Eu perguntei o que você faz aqui.

Era Baekhyun. Me virei automaticamente e ele me encarava sério segurando a porta aberta.

— Não vi nenhuma placa dizendo que era proibido entrar aqui.

— Não é, pra garotos. Pra garotas é restritamente proibido.

— O quê? 

— Você é a primeira garota a entrar aqui. — sabia que era de se desconfiar ele estar sério por mais de 5 segundos, não demorou muito e ele deu aquele sorriso convencido dele.

— Sou a primeira?

— Sim. Nenhuma garota entrou aqui antes, interessante né? — Baekhyun falou enquanto se aproximava de mim lentamente. Eu dava um passo para trás a cada passo para frente que ele dava, até que uma hora encostei as costas na parede e ele se aproveitou disso.

— E por que garotas não entram aqui? É só uma sala normal...

— Não é uma sala normal, é uma sala onde todos os garotos vêm pra passar o tempo, aliás, nem todos os garotos. Apenas alguns podem entrar, também.

— Isso é algum tipo de regra da escola?

— É uma regra nossa, do meu grupo e do grupo do Minhyuk. Dividimos essa sala.

— Ah... Minhyuk.

— Você gosta dele? — Baek me fitou estreitando os olhos.

— Ele é meu amigo, então claro que gosto dele.

— Amigo? Hm. — pensou por alguns segundos cabisbaixo e voltou a me olhar. — Então, ainda não me disse o que veio fazer aqui.

Ele falava sério, mas ainda mantinha o mesmo sorriso no rosto e fixava os olhos em mim. 

— Eu só quis ver o que era, nada mais. Nunca tinha reparado que essa sala existia.

— Agora que reparou, vai vir aqui todos os dias? Posso até deixar você entrar... nos intervalos.

Baekhyun me lançou um olhar malicioso, e eu quis espancar ele. Aish. Ele sempre pensa malícia, já vi garotos pervertidos antes, mas Baek estava em um patamar muito avançando de perversão.

— Não, obrigada. Pode ficar com sua sala.

Tentei sair dali, porém fui impedida assim que ele me prendeu na parede, com um braço de cada lado do meu corpo me deixando realmente sem escapatória.

— Poxa. Sabe quantas garotas já pediram pra vir aqui? Você tem essa sorte e vai recusar?

— Eu por acaso ganhei na loteria? Ganhei um milhão de dólares? Um iate?

— Não, mas...

— Então vou recusar sim, sai.

O empurrei com força, mas ele nem ao menos mexeu um músculo. Suspirei e o encarei.

— Baekhyun, sai.

— Não quero.

— Saia enquanto ainda tô sendo boazinha.

— Boazinha? Nossa. — ele começou a rir , até caiu no sofá. Eu não sabia qual era a graça. Continuei séria e dei alguns passos para sair da sala, mas ele logo se levantou e impediu minha passagem ficando na frente. — Você não é nenhum pouco boazinha, devia já ter reparado.

— E você já deveria ter reparado no quanto é um babaca, então sai da minha frente.

— Já que você tá aqui vou aproveitar pra te lembrar. Não esqueça do nosso encontro hoje.

— Encontro? Que encontro?

— Esquecidinha você, hein? — o outro empurrou fraco a minha testa com o dedo.

— Aquilo não é um encontro, é pra um trabalho. Esquecidinho você, hein?

Tentei empurrá-lo pela testa do mesmo jeito que ele havia feito comigo, mas tive um pequeno problema. Ele era bem mais alto que eu. Quando fiz isso, eu praticamente cai em seus braços ficando com a cabeça apoiada em seu peito.

  Baekhyun me segurou pela cintura. De cabeça baixa, ele me olhava com um sorriso no canto dos lábios.

— Anã.

— Palhaço. — tentei me levantar, mas ele me puxou de novo e me fez cair no mesmo lugar de antes.

— Já chega de fugir, não acha?

— Não me enche. — fiz careta e o empurrei. — Se me dá licença, vou pra sala, bem longe de você.

— Se esqueceu que somos da mesma sala?

— Infelizmente, você acabou de me lembrar.

— Então vamos juntinhos. — Baek segurou minha mão.

— Yah! Você é carente, Baekhyun? Ou é só safado mesmo?

— Eu sou carente. — ele me olhou formando um beicinho triste nos lábios junto da carinha de cachorro abandonado. — Mas eu sou bem mais safado.

— Não sei pra quê eu ainda pergunto.

Soltei sua mão e caminhei até a sala de aula. Não demorou pra ele vir atrás e sentar novamente na cadeira ao lado, a que ele havia expulsado o garoto no outro dia.

— Ei, Yerin.

Eu o estava ignorando desde que chegamos na sala, uns 10 minutos.

— Y e r i n. Yerin, porra. Vai me ignorar até quando? Tá pedindo pra eu ser irritante, né?

— Mais ainda? Você consegue? — abri a boca fingindo estar chocada, e ele emburrou o rosto.

— Você não tem ideia.

— Para de ser chato e vai fazer algo de útil por aí.

— Use uma mini-saia, viu? Necessito ver.

— Do que você tá falando?

— Do nosso encontro. Quero ver você de mini-saia, nossa... Tô até imaginando.

— Pervertido. E já disse que não é encontro, é trabalho de escola.

— Foda-se o trabalho. Eu nem ligo pra notas.

— Eu ligo. E quero um 10, então se for pra irritar, nem vá.

— Você não pode ir ser mim, sou eu que conheço Seul como a palma da minha mão.

— Droga.

— Já sei onde vamos primeiro, no Lotte World.

— Lote o que?

— Lotte World, não conhece? De que planeta você é?

— Idiota. — murmurei.

Já sabem né? As aulas começaram e Baek não saiu do meu pé. Toda vez que eu olhava para Minhyuk, ele estava soltando faíscas pelos olhos encarando Baekhyun, que fazia o mesmo com ele.

Hoje o dia seria longo. 

Perguntei a Naeyeon o que era o Lotte World e ela me disse que era o maior parque de diversões da Coreia, e um dos melhores. Claro que eu não disse que iria lá hoje a tarde e nem disse com quem. Ela ficaria louca. A mesma coisa vale para Minhyuk.

— Ei, pode me dizer por que Baekhyun tá sentado do seu lado? — Minhyuk sussurrou para mim, me cutucando no ombro.

— Pode me dizer por que vocês brigam tanto? - indaguei.

— Não é óbvio? A gente se odeia.

— E por que?

— Longa história. Você não precisa saber, linda. — ele passou a mão em minha bochecha e sorriu. 

Baekhyun pigarreou forte. Ele olhava Minhyuk sério, quase não piscava. Ainda preciso saber o porquê desse ódio todo. O outro sorriu irônico para ele e me deu um beijo na bochecha, tipo, do nada. Fiquei bem surpresa, mas não mais do que Baekhyun.

Algumas pessoas nos olharam, inclusive Naeyeon e até o professor. Eu já devia estar corada uma hora dessas, enquanto Baek encarava Minhyuk que apenas sorriu vitorioso e se esticou pondo os braços atrás da cabeça.

  Depois disso, apenas congelei na cadeira. Não olhei mais para os lados e muito menos para trás, só me mexia quando Naeyeon me perguntava ou pedia algo emprestado. As aulas acabaram um pouco mais cedo porque o professor de Inglês faltou.

Comecei a andar até a saída, pensando em várias coisas, e uma delas era o trabalho de geografia. Aquela ideia de ter que sair com o irritante do Baek ainda não me descia. Tirei meu celular do bolso e o desbloqueei. Enquanto caminhava eu olhava se havia alguma mensagem ou algo do tipo, eu não tinha muitos números no celular, a não ser o do meu avô, Tae, e da Naeyeon.

Como eu esperava, havia chegado umas mensagens e elas eram de Taehyung, não cheguei a mesmo clicar para abri-las e ler, só senti meu celular ser puxado da minha mão de repente.

- Quem usa wallpaper de bolinhos em pleno século 21?

- ME DEVOLVE!

Queria me enfiar em uma nave espacial e ser mandada para Marte sem passagem de volta. Baekhyun segurava meu celular em suas mãos e minhas coisas vergonhosas como wallpapers de bolinho e de desenhos de " gatinhos-sorvete " estavam á mostra. Merda.

- Awn, ela é durona só por fora, mas olha que gracinha! - Ele levantou meu celular e quem olhasse ali veria meu wallpaper.

- ME DÁ ISSO!

Eu quase voei em cima dele e tentei pegar meu celular mas ele levantou o mais alto que podia, ótima hora para eu ser baixinha.

- Tenta pegar agora, princesa.

- Baekhyun, juro que vou te matar. Me dá isso. - Eu dava pulinhos tentando alcançar o celular.

- Se você me der um beijinho eu te entrego.

- Sonha. - Sorri irônica e voltei a ficar séria.

- Só um beijinho, igual aquele que demos no interv.......

Não fazia ideia de como consegui isso, mas eu dei um pulo e tapei sua boca com a mão e ele arregalou os olhos.

Baekhyun estava prestes a falar sobre aquele beijo do intervalo, na verdade, nem tinha sido um beijo mesmo foi mais um selinho roubado dele. Aish. Eu nem lembrava mais disso, maldito seja. Eu ainda estava com a mão tapando sua boca, seus olhos de arregalados passaram para um eye smile fofo e ele aproximou o celular do meu rosto. Assim que tentei pegar, ele o levantou de novo e apontou para minha mão em sua boca.

Eu a tirei de imediato e o encarei com ódio, ele voltou a mexer no meu celular e logo me entregou.

- Pronto. Teria sido mais fácil se você tivesse dado o seu, mas sabia que não faria isso.

- O meu o quê?

Olhei o que ele havia feito em meu celular e quase me engasguei quando vi um "Baekhyun meu mozão" salvo nos meus contatos. Era muita audácia. Ele saiu andando normalmente e eu mudei o nome para " Byun Babaca " e coloquei o celular de volta em meu bolso.

Vi Taehyung acenando de longe alguns minutos depois e corri até ele dando um sorriso largo que foi retribuído por ele.

- Como foram as aulas hoje Senhorita?

- Tae, nada de Senhorita.

- Desculpa, ainda não me acostumei. - Ele riu e abriu a porta traseira do carro.

Eu ignorei e abri a porta da frente e me sentei.

- Y-Yerin...

- Eu vou sentar aqui de agora em diante, não tem porque eu sentar sozinha atrás.

- M-Mas...

- Nada de mas. Vamos? - Ele sorriu sem jeito e sentou ao meu lado, no banco do motorista e fomos para casa.

 

                    POV Baekhyun
 

Eu não conseguia parar de rir daquilo fazia quase 20 minutos seguidos. Sehun me olhava sem entender nada e Jungkook ria junto mesmo sem saber do que se tratava.

- Como ela pode ser tão fofa irritadinha?

Falei recuperando o fôlego, mas toda vez que me lembrava do wallpaper eu ria. Era incontrolável.

- De quem você tá falando Baek? E do que tá rindo assim?

- Esquece... - Fui parando de rir aos poucos enquanto voltava com a respiração normal.

- E aê! - Suho chegou junto com Jackson. Sempre se atrasavam quando a gente se reunia na casa do Sehun.

- Fala Suho! - Demos um high five como sempre fazíamos e ele se sentou no sofá esticando as pernas em uma poltrona.

- Não vai falar comigo Baek? Nossa.

Jackson era o mais bagunceiro, teimoso do grupo, e também o mais dramático. Odiava ser ignorado.

- Jack, e aê. Como tá se saindo na escola nova?

  Antes nosso grupo era eu, Sehun, Jackson, Suho, Youngjae, Jimin, Jooheon, Lay, Xiumin e Jin.  Jackson e Suho tiveram que mudar de escola por causa dos pais deles, mas eles continuam se metendo em confusão toda semana. Depois que eles saíram, Jungkook entrou, ele era o mais novo de todos e era bem popular quando chegou na escola, por isso Sehun e Jimin chamaram ele.

  A saída do Jooheon é meio complicada. Tem a ver com Minhyuk e seu grupinho.

Quem não nos conheceu a uns dois anos atrás nem imagina que vivíamos juntos. Minhyuk e alguns do grupo dele, como o Jooheon e o Hoseok, não nos desgrudávamos.

O problema foi uma garota, Minhyuk gostava dela e eu acabei ficando com a garota e ela se apaixonou por mim, como todas fazem. Não é culpa minha, sem contar que também teve outros probleminhas a mais.

Depois que eu destruí o coraçãozinho dela, eu e Minhyuk passamos a brigar 24 horas por dia, ele resolveu deixar o grupo e Hoseok seguiu ele. Logo depois, Jooheon também.

Não foi uma perca muito grande, mas acontece que agora toda vez que me interesso por alguma garota, Minhyuk se intromete. Pena que ele não consegue nada. Eu sempre pego todas, e o plano dele falha.

Convenhamos, ninguém consegue negar o papai aqui, né?

- Ele já tá na detenção de novo. - Suho falou rindo apontando para Jackson.

- Mas você também tá hyung! - Jackson quase gritou indignado. Eu apenas ri, esses dois não tomam jeito mesmo.

- Vamos fazer o que hoje? Que tal uma pizza?

Eles conversavam entre si, eu nem me importei muito, peguei um copo de bebida e dei um gole enquanto olhava meu celular.

- Baek calado? É isso mesmo produção?

- Ei, Baekhyun, com quem você tá falando? Quem é a nova puta?

- Olha como fala das minhas garotas...

Sehun gostava de usar palavras pejorativas demais, não que eu me importasse com o que diziam das garotas que eu pego, eu só usava mesmo, para mim é um tanto faz.

- Tá, quem é a garotinha da vez? - Dessa vez foi o Jungkook que perguntou.

- Não interessa.

- Odeio quando você fala assim, hyung. Af. - Jungkook as vezes parecia uma criançona, não sei como deixei ele entrar no nosso grupo.

- Enfim Baekhyun, você vai com a gente né?

- Eu tenho planos hoje, aliás, agora.

- O que? Você nunca nega ir no clube. Sempre sai de lá com no mínimo duas garotas de acompanhamento.

- Disseram que hoje vai um grupo de modelos. - Jungkook cutucou Suho com o cotovelo.

Quando Jungkook começou a andar com a gente, ele era bem mais criança e tinha uns 15 anos, hoje ele tem 17 e eu transformei ele num monstro safado, sou uma ótima influência, que orgulho.

- Modelos é? - Mordi os lábios e pensei em ir, mas já havia marcado de sair com a Yerin para fazer o trabalho. Talvez aquela fosse a oportunidade de ouro de fazer ela ficar caidinha por mim. Eu ia mostrar que Byun Baekhyun não é "nada de mais" como ela disse.

Me levantei e segui até o carro deixando eles de lado que ficaram para jogar vídeo como fazíamos toda tarde.

Como eu sempre estou lindo e cheiroso, modesta parte, só liguei o carro e fui até onde marquei de encontrar a Yerin, em uma praça qualquer.

Assim que cheguei no lugar eu a vi. Ela usava um shorts jeans que marcavam na cintura e uma blusa branca. Pela primeira vez vi seu cabelo totalmente solto já que ela sempre fazia alguma coisa nele, como amarrar ou tranças.

É, ela estava linda. A olhei de cima para baixo mordendo os lábios e ela já fez uma careta quando percebeu. Acho que vou ter um pouco de trabalho com ela, mas vai valer a pena.

- Pronta pro nosso encontro?

- Já disse que isso não é um encontro.

- Sua chata. - Fiz um bico fofo, sempre funciona com as garotas, menos com Yerin, quase cheguei a pensar que ela não era humana uma vez.

- Vamos logo, quero voltar antes de escurecer.

- Sem graça, devíamos passar até a madrugada juntinhos.

- Você quer apanhar, Baekhyun?

- Não tá mais aqui quem falou.

Levantei os dois braços como se estivesse rendido e ri abafado. Ela era muito teimosa.

Entramos em meu carro e dirigi até a Lotte World, que ficava um pouco longe dali. Então liguei o som, já que ela não abria a boca e me deixava falando sozinho.

- Vamos ver o que tá tocando...

Quando liguei na rádio, estava tocando Jay Park. Segurei a risada igual um louco quando ela percebeu as letras da música. Eu sou um gênio.

Comecei a cantar as letras enquanto a olhava de relance.

- ~ E tudo o que resta é eu beijar seus lábios;
Deixe-me chamá-la de mamãe,
Porque estamos prestes a fazer um bebê.
~

  Bom, o resto da música dispensa comentários né? Principalmente o refrão.

  Eu não sabia se ela estava corada de vergonha ou de raiva, talvez os dois. Só vi quando ela mudou o canal do rádio e eu ri quando a outra música era Stop da Sam Brown, uma bem antiga. Ela ficou claramente nervosa e eu não pude deixar de rir, foi o momento mais estranho de hoje. mAquela música era bastante excitante, tive que me controlar para não fazer nenhuma besteira, não queria causar um acidente de carro.

- Droga, quando é que a gente vai chegar?

- Já estamos perto. Olha. - Apontei para a roda gigante que dava para ver de longe, já que era enorme.

- Uau.

Ela ficou boquiaberta e deixou um sorriso escapar, não pude deixar de olhar, e sorri de lado.

- Grande né? - Perguntei.

- É enorme.

- Hm, grosso também né?

- O quê? O QUÊ?

Quase bati o carro de tanto rir, ela gritou e queria sair, mas eu tranquei as portas, ela já tinha me fuzilado com os olhos antes porém dessa vez achei que seria fuzilado de verdade.

- Eu não sei por que vim com você até aqui. EU SOU LOUCA! OUVIRAM PESSOAS, EU SOU LOUCA!

Ela começou a gritar com o rosto na janela. Minha barriga já doía de tanto rir, finalmente estacionei o carro antes de causar algum acidente ali.

- Vem, louca.

Sai do carro e ela saiu em seguida fechando a porta do carro com tanta força que pensei ter ouvido um estalo. Meu precioso carro! De rir passei a querer chorar.

- Yah, meu Bad Boss! - Abracei o carro.

- Bad Boss? Não me diga que é o nome do carro...?

- Claro que é, meu bebêzinho. - Continuei abraçando o carro e a olhei fazendo careta.

- Eu realmente não sei o que tô fazendo aqui.... - Ela saiu caminhando para a entrada do parque.

 
                   POV Yerin

Eu já queria matá-lo, agora queria estar morta. Depois daquela piadinha dele do "Grande" eu pensei que não podia piorar.

Mas ele abraçou o carro, ABRAÇOU O CARRO. Quem abraça o carro e põe nome nele?

Como as garotas ficam caidinhas por ele, além de ser lindo, dar esses sorrisinhos seduzentes e saber se vestir muito bem, o que tem de mais? Muito idiota.

- Vai entrar sem mim, madame?

- Bom, eu queria. Mas você conseguiu me acompanhar infelizmente.

- Você deveria ser mais sensível, sabia? Fere meus sentimentos.

- Cala a boca ou eu volto pra casa de ônibus. - Eu o fitei séria.

- Agressiva.

Ele deu passos largos ficando mais a  minha frente e andou até a entrada do parque, comprando dois ingressos.

- Onde quer ir primeiro? Roda gigante? Montanha russa?

- Casa de sustos. - Olhei para ele dando uma risada maléfica.

- Não. Definitivamente não. Prefiro o carrossel, olha que lindo, cheio de pôneis.  - Ele correu nervoso até o carrossel e eu já sabia como me vingar de tudo, oh se sabia.

- Baekhyun... - Andei até seu lado e falei com a voz manhosa.

- O quê? Por que tá falando assim? Meu Deus, eu enlouqueci ela, senhor. Yerin, você tá bem?

- Baek... vamos na casa de sustos, por favor!

- Sem chance. Nunca. Olha os pôneis, Yerin, os pôneis, foco nos pôneis.

- Não ligo pros pôneis, gosto mais de unicórnios. Agora vamos, por favor. Hein?

Ele estava visivelmente nervoso, parece que achei seu ponto fraco, ele tinha medo da casa de sustos e não era pouco.

- Yerin, olha, algodão doce! - Ele correu até o carrinho de algodão doce e pediu dois.

- Eu não quero algodão doce, quero ir na casa de sustos.

Ele me olhou sério e me entregou o algodão doce.

- Tantas coisas, e quer ir justo lá? Aquilo é do demônio. 

- Só uma vez. Depois vamos em qualquer brinquedo que você quiser, ok?

Ele ficou pensativo e dessa vez acho que vai funcionar. O problema é que eu fiquei um pouco receosa quando ele sorriu de lado.

- Você promete que vai, em qualquer um que eu quiser?

- P-Prometo. - Fiquei desconfiada, mas precisava ver ele se assustando com os palhaços e fantasmas, não podia perder essa chance.

- Então vamos. - Ele me puxou pela mão e andamos até a casa de sustos.

Ele sorria de lado, mas sorria de nervoso mesmo. Entramos na casa, e ele apertou minha mão forte.

Tudo estava escuro, apenas algumas luzes de vela iluminavam fraco o lugar e dava para ver teias de aranha por todo lado.

- Ainda dá tempo voltar, por que a gente não vai no tiro ao alvo?

- Já entramos, agora vamos até o final, não seja medroso.

- Mas, AAAAAAAAAAAH! - Ele deu um grito enorme e apertou minha mão se escondendo atrás de mim.

- Baek... é só uma sacola.

Peguei uma sacola plástica que havia sido soprada até a cabeça dele, provavelmente alguém deixou voar enquanto estava aqui.

- Ah, uma sacola. Eu sabia. - Ele riu desconfiado e voltou a ficar do meu lado.

Eu devia ter pego meu celular para gravar tudo isso, foram as melhores cenas que já presenciei. Baekhyun se assustava com qualquer coisa que se mexia, deu um soco em um dos palhaços e pediu desculpas se ajoelhando e gritando: "Não me mata, não mata!" depois chegou até a chorar um pouco quando se assustou com um daqueles "fantasmas virgens" japoneses.

  Eu nunca ri tanto na vida. Valeu a pena ter vindo, queria que todos vissem o poderoso casanova Baekhyun se assustando até com a própria sombra.

  - Eu... te... odeio... - Baek recuperava o fôlego de olhos fechados.

- É recíproco.

- Ok, agora vamos em tudo que eu quiser. Começando por aquela beleza ali. - Ele apontou para uma barraca de beijos perto da roda gigante.

- Quando levou aqueles sustos deixou seu cérebro cair? Não vou ali nem morta.

- Você prometeu.

- Escolhe outra coisa logo.

- Ok, ok, então vamos no...... Viking?

- Tudo bem. - Eu não tinha medo desses brinquedos então nem ligava, o único que eu não gostava muito era a roda gigante. Acho que porque todas as vezes que fui, deveria ser com meus pais, mas acabava indo sozinha.

  Fomos em quase todos os brinquedos, só faltava a montanha russa e a roda gigante.

 - Vamos na montanha russa e depois vamos voltar pra casa. - Ditei.

- E a roda gigante? Ela é o principal.

- Eu prefiro... não ir nela.

- Tem medo de altura?

- Não é medo, eu só... não gosto mesmo.

- Vamos em tudo. Primeiro a montanha russa.  Já paguei, e você me fez ir na casa de sustos.

- Que teimoso.

- Não mais do que você, certeza.

Andamos até a montanha russa, e a fila não estava tão grande como quando chegamos no parque. Assim que entramos, a trava de segurança abaixou.

- Não tem medo desse? As garotas geralmente têm.

- Já deve ter vindo aqui com metade das garotas do mundo né...

- Na verdade só vi aqui com minha mãe, umas duas vezes.

- Ah...

- Mas sempre que aparecia um rabo de saia, eu olhava. Não é culpa minha.

  Eu ri e então a montanha russa começou a se mover, segurei firme na trava de segurança e observei todo o local enquanto o brinquedo subia e ficava mais alto.

- Pronta?

- É só uma montanha russa.

- Não, não é só uma montanha russa.

Ele sorriu de canto e de repente o brinquedo começou a se mover bem rápido, só que para trás. Quase tive um ataque cardíaco.

Aquele devia ser o pior brinquedo. Ele dava zigues-zagues, indo de trás para frente e voltando para trás. Eu quase morri e Baekhyun só fazia gritar e rir da minha cara.

  Quando descemos, eu estava super enjoada e tonta, porra, ele podia ter me avisado antes.

- Você tá bem? - Me virei para Baek com vontade de xingá-lo, mas não consegui.

Pela primeira vez ele estava sorrindo, não aqueles sorrisos irritantes de lado ou aqueles sorrisos maliciosos. Ele estava sorrindo, de verdade, e seu sorriso era lindo desse jeito. 

- O que foi? - Ele perguntou ainda sorrindo e acariciou minha bochecha.

Voltei do êxtase momentâneo e suspirei quando ele voltou a sorrir de canto. Que dom de estragar as coisas.

- Podemos ir embora agora? Ainda tenho que começar a escrever o trabalho.

- Depois da roda gigante.

- Eu já disse qu... - Ele me interrompeu.

- A roda gigante é essencial se quiser ver a geografia posicional do lugar, ver as pessoas, e etc. É o ponto principal pro trabalho.

Ele tinha razão. Aquilo ajudaria muito, e daria para ver o parque todo. Eu não podia relutar, então só concordei, era para o bem do nosso trabalho, não é?

- Vamos, antes que anoiteça.

Ele segurou minha mão, dessa vez sem puxar e nem ser brusco, ele apenas a segurou calmo e firmemente.

Andamos até a fila da roda gigante e esperamos uns bons 40 minutos até chegar na nossa vez. Era tudo bastante iluminado com luzes de led coloridas, bem divertido.

Me sentei no banco e ele sentou no banco em frente. Eu estava muito nervosa e não conseguia prestar atenção em nada do que ele dizia.

- Yerin volta pra terra. - Baek me cutucou no braço.

- Hã? O que? Ah..

A roda gigante começou a se mover e nossa cabine foi subindo, olhei pela janela e aos poucos fui lembrando das vezes que sonhei vir aqui com meus pais. Sempre que conseguia fazer eles irem ao parque acontecia algo, e eu acabava indo sozinha com a doméstica. Essa é a primeira vez que consigo andar nesse brinquedo, depois de mais de 9 anos.

- Aqui, Yerin, olha aqui.

Baek apontou para a janela do outro lado, deslizei pelo banco até o outro lado e vi o quanto o parque era enorme, era incrível. O sol estava se pondo ali assim a luz dava um efeito bem "mágico" no lugar.

Não pude deixar de sorrir. Era lindo, e estávamos quase no topo, cada vez que a cabine subia mais eu sentia um frio na barriga, devia ser normal, por causa da altura.

Assim que me virei, Baek me observava em silêncio, ele tinha agora um pequeno sorriso nos lábios, um sorriso doce e nada típico dele mas ele logo abaixou a cabeça.

- Você... nunca andou em uma roda gigante antes?

- Sempre quis... mas nunca consegui.

- Então sou o primeiro a te trazer aqui? - Ele sorriu de lado e voltou a me olhar.

- É...

Ele se inclinou, e pela cabine ser pequena, ficou com o rosto bem próximo ao meu e olhou fixamente em meus olhos mas eu desviei o olhar rapidamente.

Ouvi ele dar uma risada abafada e voltar a posição que estava antes, mas dessa vez encostou a cabeça na janela.

- Eu já vim aqui com minha mãe, nessa mesma cabine.

- ... sério? - Ele olhava pela janela e eu continuava o encarando.

- Sério... foi há uns anos atrás, antes dela falecer. - Ele sorriu minimamente.

- Ah, sinto muito... - Ele soava triste mas não tirava o sorriso do rosto nem por um segundo.

- Tudo bem, já faz muito tempo. Eu nem lembro direito. - Ele desfez o sorriso e voltou sua atenção a mim e se aproximou de novo.

- Acho que já estamos descendo. - Eu falei.

- Sim, estamos.

Eu não sabia o que fazer, nem o que dizer. Baekhyun estava se aproximando aos poucos e eu precisava fazer algo, então resolvi falar a primeira coisa que viesse em minha mente.

- Taehyung... você o conhece, certo?

Ele bufou e escorou as costas no banco.

- Taehyung trabalha pro seu avô, né?

- Aham. Ele me contou que vocês vivem brigando.

- Ele contou? Vocês parecem bem próximos... - Ele olhava a janela sério.

- Talvez um pouco.

- O que mais ele te contou? Não falou nada de mim, né?

- Só algumas coisas, como o seu cabelo pegando fogo.

- Filho da p... aish.

Quase dei uma gargalhada mas consegui segurar. Baek cruzou os braços e respirou fundo.

- Não se preocupe, não vou dizer a ninguém que usou peruca.

- Ah, maldito Taehyung. Até isso ele disse?

  O brinquedo parou e Baekhyun desceu na frente, ele tinha uma mistura de raiva com vergonha. Acho que além de Tae, eu era a única que sabia disso, isso é ótimo para usar como um suborno quando eu precisar.

- Tá com raivinha? - Quando falei isso ele se virou de uma vez só e sem querer esbarrou em uma velhinha que passava.

  Eu ri baixo vendo ele todo bonzinho se desculpando e ajudando a velhinha. Ele parecia outra pessoa, só até a velhinha sair e ele me encarar com um olhar mortal.

Sua expressão era igual de um bebê com raiva, ele fazia um bico que ao invés de assustador, era fofo. Ele se aproximou e sorriu, mas aquele sorriso de verdade, outra vez, e não os irritantes.

- Eu sou Byun Baekhyun, eu não sinto raivinhas. - Ele deu alguns passos, e se curvou ficando com o rosto perto do meu. - Tá ouvindo essa música, Yerin?

Eu estranhei, o que tinha a música? Prestei mais atenção e no som do parque tocava uma música, sua melodia era um meio termo entre o animado e o acústico, com instrumental de violão. Era bastante agradável, a letra e a voz do cantor deixava um sentimento bom no ar. Baekhyun continuava na mesma posição, bem próximo.

- O nome dela é I Feel You, do Hong Dae Kwang, você nunca ouviu?

- Não, é a primeira vez...

- Ótimo. Essa vai ser nossa música então.

- Do que você tá falando?

- A nossa música.

- Que nossa música o qu...

Não tive tempo nem para tentar entender aquilo.

Num piscar de olhos ele segurou a minha mão e me puxou para perto. Eu podia sentir sua respiração descompassada e seus olhos estavam concentrados totalmente em mim, aquilo fez um arrepio percorrer meu corpo e sem dizer uma palavra sequer, ele me beijou, mas dessa vez nada de selinho.

 

   


Notas Finais


Podem comentar o que acharam e o que pode ser melhorado também, vou ficar feliz em saber o que estão achando da fic.

E também, se encontrarem algum erro de digitação e etc, me digam que eu corrijo ❤


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