História Aulas de Sedução para Piper - parte 2 (Desejos Insanos) - Quebra de segredos parte 1

- Irmã? Callum tem uma irmã?

- Adelaide Trainor. Uma mulher muito bonita, sofreu uma profunda depressão.

- Porque? - Indago ao homem.

- Ela era casada, parece que a esposa morreu em um  acidente, se não me engano ela também grávida de gêmeos, parece que uma das crianças sobreviveu, mas a Senhora Callum não estava em condições de cuidar, então foi internada aqui.

- Ela foi liberada faz muito tempo?

- Ela nunca foi liberada, ela fugiu ela

- Como?

- Simplesmente desapareceu.

- Mas ela não é perigosa?

- Apenas para ela mesma, tentou se suicidar algumas vezes.

Seguimos por largo corredor, Nathan falava sem parar, passávamos por longas portas todas com pequenas aberturas , quando chegamos a última porta do corredor Nathan retirou uma chave do jaleco, abriu a porta que surpreendentemente nos levou a uma segunda porta, essa tinha uma parte de vidro que permitia ver quem estava do outro lado.

- Vocês não poderão entrar, mas podem ver o Senhor Callum daqui.

Me aproximo e vejo um par de longas pernas esticadas, o pé esquerdo se move em um ritmo compassado, o corpo é magro, mas não consigo ver o rosto, o homem está lendo, o livro lhe cobre a face.

- Não consigo ver o rosto dele.- Digo e José se estica atrás de mim.

- Senhor Trainor?- José diz, mas o homem não parece ouvir.

- Ele pode nos ouvir?- Pergunto a Nathan.

- Sim.

- Senhor Trainor gostaria muito de ter uma conversa com Senhor.- Mais uma vez somos ignorados.

- Por favor , poderia  falar um momento conosco?- O homem permanecia alheio a nossa presença.

- Sinto muito pessoal, acho que é hora de ir.

Olho para José que parece tão frustrado quanto eu, Nathan abre novamente a porta e seguimos para a estaca zero, isso tudo não passou de uma perda de tempo.

- Esse não é o meu nome.

Paramos ao ouvir a voz em tom entediado, corro para porta do quarto de Callum.

- O que disse?

- Eu disse que esse não é meu nome.- O homem  continuava com o rosto oculto.

- E qual é seu nome?

- Não é Callum.

- E como devo chama-lo?

- Apenas não me chame de Callum.

- Bem, se você não é Callum o que faz no quarto dele?- indago.

- Ora, é pelo simples fato de não conseguir sair.

- Poderia abaixar o livro? Gostaria de ver seu rosto.

- Eu não sou quem procura.

- Apenas para uma formalidade.

- Acha que sou burro?

- Não, não...

- Muito bem. – ele abaixa o livro lentamente, seu cabelo preto mostra alguns grisalhos e seus óculos pendem do nariz, os olhos castanhos mostram enfado.- Satisfeita?

- Você não é Callum.

- Isso é evidente.

- Quem é você?

- Eu sou aquele que mantém as aparências.- Olho para Nathan.

- Tem certeza que esse é o quarto de Callum?

- Tenho.

- Então como explica isso?- José pergunta.

- Eu, eu não sei. O Dr. Troy é quem cuida desse paciente.

- Dr. Troy é um danadinho.- O homem diz rindo.

- Você tem certeza que Callum está internado nesse lugar?

- O nome dele consta na lista de pacientes.

- Quanta tolice. E evidente que Callum Trainor não se encontra aqui.- olhamos novamente para o homem.

- E onde ele poderia estar?

- Eu não sou vidente. Como poderia saber do paradeiro do queridinho do Troy.

- Quem trouxe você ?

- Vejo que vocês não são muito inteligentes, por isso falarei de forma bem resumida.

 Callum não está aqui porque alguém o tirou daqui, alguém que abre todas as portas. Agora saiam e me deixem no meu silencio.

- Espera! Como você sabe tanto sobre Callum?

- Porque ele é o novo eu.

 

Com isso o homem retorna para seu livro, tentamos conversar com ele novamente, mas ele nos ignorou totalmente. Seguimos mais uma vez pelos longos corredores, minutos depois já estamos no carro retornando para o apartamento de Nick, no caminho aviso Piper que estou bem e combinamos de nos encontrar mais tarde. Minha mente começa a trabalhar tentando encontrar uma solução para avalanche de informações que foi derramada sobre mim, enquanto José dirige sigo olhando pela janela. Minhas suspeitas sobre Callum ter tentado me matar agora estão concretas. Ele fugiu da clínica assim como a irmã e ...

- Meu Deus!

- O que foi?- José pergunta assustado.

- Callum fugiu e a irmã dele também.

- O que tem isso?

- E se eles estiverem juntos nessa?

- Mas Nathan disse que ela não é perigosa.

- Quem garante? Callum poderia convence-la .

- E agora o que fazemos?

- Vamos atrás do Dr. Troy, algo me diz que ele tem muitas respostas.

 

****

 

- O que acha Troy?

- Você está linda querida. Perfeita na verdade.

- Então porque não me sinto perfeita?

- Porque é implicante.-  Troy abre seu sorriso mais largo.

- E esse corpo, esse corpo me parece errado.

- Vênus, tenha paciência.

- Quando ocorrerá minha metamorfose?

- Logo, falta muito pouco.

- Serei exatamente como ela?

- Muito melhor, tenha apenas um pouco de paciência.

- Eu estava pensando sobre Chapman.- Esqueço meu reflexo no espelho.- Talvez ela possa viver, quem sabe para me completar. Dizem que não existe Alex sem Piper.

- Você deseja Chapman ?

- Não, mas ela seria o mais belo dos troféus , não acha?

- E enquanto a mim?

- Você seria meu amante.- Ele gargalha.

- Não me parece mau. Por hora tome esses remédios .

- Não!

- Vênus, por favor.

- Eles me prendem dentro de Callum, eu não quero ser Callum.

- Sua dupla personalidade anda aflorada. Callum conduzirá melhor as coisas.

- Logo não existirá mais Callum, logo serei apenas eu, sem jamais ir embora.

- Em breve minha cara, muito em breve você assumira sua verdadeira forma, sua beleza será radiante, será uma deusa.

- Mais bela que Alex?

- A mais bela de todas.

 

****

-Victor Troy é um psiquiatra que não deu muito certo, ele tem algumas pesquisas polemicas. Atualmente comanda um clínica  para pacientes muito exclusivos. -Nick dizia enquanto lia páginas e mais páginas sobre ele.- O cara parece ser mais doido que seus pacientes, não é de se estranhar que ele tenha aceitado Callum. As pesquisas dele envolvem motivação a agressividade, segundo ele é na fúria que o ser humano se revela, ele descreve o ódio com “ A porta para o eu verdadeiro” . Na minha opinião esse cara devia tá internado.

- Como vamos chegar até ele?

- Não acho prudente que Alex vá procura-lo. Creio que poderia fazer isso.

- Piper, já falamos sobre isso, você não irá se envolver.

- Pense comigo, eu seria a menos suspeita. Lembre-se que sofri um grande abalo com sua morte.

- No caso você necessitaria de um psicólogo.

- Será que vocês conseguem ser mais otimistas?

- Eu posso ir.- Viramos todos para observar Diego.

- Não!

- Eu posso parecer bem doidão sabe?

- Acredito que essa é uma missão para mim.- Nick diz fazendo uma cara de louca.

- Isso é bem convincente.

- Minha fama de mulher louca cruza fronteiras.

-Bem, você pode alegar alucinações e alto consumo de álcool .

- Isso é algo bem fácil de fazer, posso lutar pela existência de fadas lésbicas e sexy.

- Nick, não use suas fantasias sexuais para isso.- Digo.

-Estraga prazeres.

 

****

 

Dois dias após uma ligação ao consultório do Dr. Troy consegui uma consulta. Me dirigi até o luxuoso prédio , onde funcionavam diferentes empresas, ao sair do elevador me deparei com uma porta de cor berrante tendo as iniciais do Dr. Troy e mesmo antes que batesse a porta foi aperta por um homem com a mesma altura que eu.

- Nicole Nicols.

- Dr. Troy.

- Por favor, entre.-  entro no consultório limpo e bem arrumado.

- Pontual, gosto muito disso em um paciente. Sente-se.

- Obrigada.

- Bem, Nicole  me diga o que lhe trouxe até mim.

- Eu li sobre sua pesquisa, sobre o ódio ser uma forma de libertação.

- Ora, isso é realmente interessante.

- Li também sobre alguns pacientes seus, pessoas e suas feras.

- Vejo que aprendeu as frases de efeito. Você tem alguma fera aí dentro Senhora Nicols?

- Sim, me sinto constantemente sufocada.

- Pelo que?

- Minha separação e também a morte de uma grande amiga, creio que tenha ouvido falar sobre Alex Vause.

- Li uma coisa ou outra. Uma morte trágica de fato.

- Também sofremos um grande abalo com o acidente que envolveu um de nossos pilotos, Callum Trainor, que coincidentemente é seu paciente.

- Sim, que coincidência.

- Soube que conseguiu avanços com ele.

- Desculpe, mas não costumo falar sobre outros pacientes.

- Entendo. Mas poderia me dizer ao menos se ele esta bem?

- Sim, ele vai muito bem.

- Ele está na sua clínica? Eu poderia visita-lo?

- Senhora Nilcos acabei de lembrar que tenho outro compromisso. Podemos remarcar essa consulta?

- Claro! Mas em relação a Callum?

- Outro dia falamos disso, tenha uma boa tarde.- Toda a cordialidade tinha sumido.

- Até Doutor.

Assim que saio avisto o carro onde Alex e José me esperam. Ando até eles olhando para todos os lados , ponho os óculos escuros.

- Você está chamando atenção fazendo essas coisas ridículas.

- Isso se chama estilo.

- Não estamos em um filme de espiões.

 - Você as vezes é um porre Vause.

- Não se preocupe Nick se eu morrer novamente tentarei retornar mais simpática.

- Ele está saindo.- José diz.

- Ponham os cintos pessoal, vamos ver onde o Dr. Troy nos levará.

 

****

 

O motor vibra com intensidade, meu corpo treme, aperto o volante e deixo uma leve pressão no acelerador, as luzes vermelhas se apagam e o momento tão esperado chega. Acelero rumo a mais uma vitória, deixo meus adversários para trás. As curvas sendo vencidas, as retas me levando ao limite da velocidade.

- Adele.- A  voz  surge de dentro da minha cabeça.

- Não, agora não.

- Adele..

A voz melodiosa vinha com uma perfeição assustadora, a pista de repente some dando lugar ao rosto dela, fecho os olhos tentando dissipar as imagens, mas tudo fica ainda mais nítido.

- Não é real, não é real.

- Adele..

- Vá embora!

Mergulho em um mar de lembranças, vendo novamente um passado glorioso e feliz onde eu era amada e amava sem reservas, brigo contra minha loucura interna, mas é impossível, pois me vejo correndo em sua direção. Ela está no jardim, seu vestido florido balança com o vento e ela chama por mim, sua mão esticada, estou chegando perto,  meus dedos estão prestes a tocar os seus... Entrelaço minha mão na sua, mas o toque não é mais o mesmo, a pele é ainda mais quente, macia e o cheiro que vem do seu corpo é diferente. Encaro seu rosto e ele também se transforma, o sorriso tímido de outrora agora é largo, e os olhos emanam um azul límpido .

- Piper...- digo em um sussurro.

Ela se aproxima, seus cálidos lábios tocam os meus, ela os move, seu gosto é doce e quente, sua língua chama pela minha enquanto suas mãos afundam em meu cabelo, meu corpo aquece como nunca aqueceu antes.

Desperto de um sonho, o corpo suado e o coração acelerado. Sento levando a mão ao rosto, tomo toda água que se encontra na jarra ao lado da cama. Minhas mãos tremulas seguram o copo, meu corpo sofre os efeitos do sonho e me deparo sentindo um intenso desejo, algo que havia deixado de sentir desde aquele terrível dia.

- Não, não... Isso não pode acontecer! Não agora, não com ela.

Não posso me apaixonar por você, não posso. Callum jamais permitiria , ele mataria minha filha. Ao lembrar do sorriso de Piper sinto novamente um palpitar frenético .

- Que droga!

Olho para o relógio e vejo que ainda é cedo, ela deve está no trabalho, preciso ve-la e saber se o que estou sentindo é real.

Pego minha bolsa e saio as pressas de casa, o Chapman´Bank  está parcialmente vazio, ao chegar ao escritório descubro que Piper já foi para casa, não desisto entro novamente no carro e sigo ate ela, em poucos minutos já estou batendo freneticamente na porta, Meg abre a porta  com uma expressão assustada.

- Olá Meg. Eu gostaria de falar com Piper.-

- Entre por favor, irei anunciar sua chegada.

- Não! Me diga apenas onde posso encontra-la.

 - Ela está na biblioteca.

- Obrigada.

Sigo ate a biblioteca, meu coração batendo rápido e a respiração rasgando meus pulmões. Abro a porta lentamente e vejo uma Piper aflita olhando pela janela. Resolvo seguir ate ela de uma vez, sem deixar chances para qualquer reação. Chego junto ao seu corpo rapidamente, minha mão segura em seu ombro virando seu corpo com rapidez, minha  outra mão enlaça sua cintura e com extrema felicidade vejo seus olhos  se fecharem a espera do beijo, mas antes que nossos lábios se toquem sua boca deixa escapar...

- Alex...