Eu não tinha noção de nada, não sabia quanto tempo já havia se passado desde o momento em que entrei naquele maldito lugar. Adele havia sumido, e além dela apenas um enfermeiro mal humorado apareceu, não disse nada, por mais que eu perguntasse não consegui que ele respondesse, ele apenas deixou uma bandeija com comida e se foi.
Me movimentava por todo o quarto, indo para lá e para cá, estava a ponto de arrancar cada fio de cabelo que ainda tinha.
Quando o silêncio ameaçou me enlouquecer de verdade fui surprrensdiada por uma visita repentina.
Entrando despreocupadamente pela porta, dois homens pararam diante de mim. Um deles era baixo e vestia um colete vermelho e ao seu lado percebi a figura de um outro homem que aprendi a odiar.
Callum com as mãos enfiadas nos bolsos olhava para mim desafiadoramente, um sorriso descarado brincava em seus lábios.
-Quanto tempo, não é mesmo Senhorita Chapman ou melhor. Senhora Vause.- Eu o encarava de pé, sentindo todo ódio que era capaz, contendo cada célula do meu corpo para não esgana-lo.
- O que faz aqui?
- Apenas uma visita, nada demais. Sinto por não ter desejado meus pêsames pela perda de sua esposa, creio que não tenha sido fácil.
- Seus... Pêsames? - A repulsa que Callum me fazia sentir não tinha tamanho.
-Exato! Pêsames, condolências... Essas coisas que fazemos aos mortos. Uma morte trágica devo confessar, e ainda ter que lidar com a traição da sua amada. Diga-me, o que foi pior?
- Não seja indelicado, Callum. - O homem que acredito ser o Dr. Troy se manifesta.
-Apenas uma curiosidade. - ele se aproxima. - Piper, sei que nunca fomos muito próximos, mas saiba que sempre admirei seu esforço para se manter ao lado de Alex, mesmo sabendo o quanto ela era desejável por tantos outros. Eu observava os olhares que ela ganhava, homens e mulheres babando por ela. Você não acha injusto ter tanta beleza? - A expressão de Callum ficava cada vez mais confusa.
- Não é hora para isso Callum!
-Quando será a hora? Quando Troy?
- Está assustando a Senhora Chapman.
- O que está acontecendo? - pergunto.
- Você sofreu um pequeno ataque de stress e está aqui para relaxar um pouco.
- Não sofri ataque algum, Adele fez tudo.
-Adele? Você parece meio confusa, acho que sua medicação deverá ser dobrada.
- Não preciso de medição! Ele, ele é o louco. - Aponto para Callum- Ele tentou matar Alex!
- Tentei? Não, não.. Meu bem, eu consegui matar Alex e você não terá um destino muito diferente, acredite o que passou não é nem metade do sofrimento que planejei, minha maior vingança contra Alex será fazer você enlouquecer aos poucos e quando se cansar de viver estarei aqui para lhe dar o descanso eterno. Ninguém irá resgata-la, você é minha Chapman, minha.
Quando os dois finalmente saíram me deixei chorar, o medo instalado no meu sangue, eu estava apavorada, mas o temor não era exatamente por mim, mas por Alex, se Callum descobrisse que ela estava viva iria atrás dela novamente. Ele parece ter enlouquecido totalmente, não havia sanidade em seus atos e nem controle em suas ações.
- Por favor, não venha, Alex... por favor, por favor... Não venha.
****
Encontrei fácil a casa em que Adele vivia, ela facilitou muito ao escolher uma casa em um bairro tranquilo, um pouco de força e logo a porta dos fundos foi aberta, não havia ninguém para ver, ninguém notara a invasão. A casa era bem arrumada e limpa, notei que ela é do tipo que não deixa nada fora do lugar. Do lado de fora uma forte chuva deixou o dia escuro e melancólico, raios riscavam o céu. Ainda estava observando a sala quando ouvi o som de um carro, me escondi atrás da cortina. O som da chave girando na fechadura fez meus batimentos aumentarem. Ela entrou, via suas pernas por uma pequena abertura, ela carregava algo que não consegui identificar, ouvi seus passos ao subir a escada, preparei a arma, ela poderia ter uma e não pensaria duas vezes antes de atirar em mim.
Logo ela estava de volta, passou diretamente para a cozinha. O som de talheres e água na pia, depois algo sendo cortado... De repente tudo ficou em silêncio, um silêncio sepulcral, a casa era como um túmulo enfeitado.
Mas logo o som de passos voltou a ser ouvido, um som que se aproximava até parar diante da cortina, eu vi seus pés descalços pararem a poucos centímetros dos meus.
-Saia!
- Tem certeza que deseja que eu faça isso? - Silêncio, vi quando uma faca de cozinha caiu, uma mão trêmula segurou no tecido da cortina e em um movimento bruto fui revelada.
-Você?
- Buh. - Adele deu dois passos para trás.
- Você está morta.
- Você nunca me pareceu ser uma idiota, não me decepcione agora.
- Fui ao seu enterro.
- Como pode ver seu irmão não fez o serviço devidamente.
-Não! Você não real, está morta... Morta!
- Permita que eu mostre o quanto estou viva.
Minha mão bateu na face direita de Adele fazendo seu rosto virar completamente, segurei a gola da sua blusa trazendo seu corpo para junto do meu, dou mais um tapa carregado de ódio.
- Isso é por beijar minha esposa. - mais uma bofetada, depois outra e mais outra, seu corpo
logo cai encolhido no chão.
- Levante!
Ela permaneceu deitada com o rosto entre as mãos, mas vi o sangue escapar por entre seus dedos, agarrei em seus ombros, mas dessa vez ela se defendeu. Uma unha afiada cortou meu queixo e rasgou a manga da blusa que eu vestia.
Uma luta voraz começou, nos estapiamos feito loucas, deixando toda raiva sair em nossos tapas e socos.
No girar dos copos coisas iam quebrando, o tapete era nosso ringue, girei ficando sobre Adele, ela tentava desesperadamente me derrubar, mas eu era mais forte, minhas mãos fecharam em volta do seu pescoço e senti um prazer indescritível ao aperta-lo.
-Me leve até Piper!
- Não, ela.. Esta... Esta.. Se.. Segura.
- Mentira! Diga onde ela está agora!
- Não! - O rosto de Adele ganhara um tom alarmante de vermelho.
- Me diga ou irei mata-la aqui mesmo. - Meus dedos afundando em sua pele.
- Callum... Callum.. vai.. vai....... mata-la... Se vo...cê apa...recer.
- E você fará questão de contar, não é?
Apertei o pescoço de Adele com ainda mais força, vi suas mãos perdendo as forças e seus olhos começarem a revirar, mas eu não me importava, o ódio me dava forças, eu iria mata -la ali mesmo, mas algo me impediu.
- Mamãe?
Uma garotinha abraçada a um enorme uso cor de rosa observava a cena assustada, soltei Adele e levantei levando as mãos ao rosto.
A menina corre apressada até a mãe que tosse freneticamente.
- Saia.. Saia daqui Margareth.- Adele diz ainda se recuperando.
- Mamãe, estou com medo.
- Vai.... ficar... tudo... Tudo bem.
- Seu rosto, você tá sangrando.
Olho finalmente para a menina, ela tenta limpar o rosto da mãe, seus olhos estão cheios de medo e suas pequenas mãos tremem. Me aproximo das duas.
- Não! Fique longe dela. - Adele tenta proteger a filha.
- Não machuco crianças. - Ajudo Adele a se levantar.- Me diga onde está Piper.
- Eu estou tentando protege-la, acredite.
- Não me faça perder a paciência!
- Callum me obrigou a fazer tudo isso. Ele tirou minha filha de mim, fiz todas aquelas coisas para ter ela de volta. - olho para a menina agarrada a perna da mãe.
- Tem sua filha, me diga como chegar até Piper.
-Posso ajudar você, posso até mostrar como tira-la de lá, mas tenho uma condição. Esconda minha filha, Callum não sabe que estou com ela, mas ele logo descobrirá, preciso que ela fique segura.
- Acha que vou cair nessa?
- Ele vai matar Margareth apenas para se vingar, por favor.
- Primeiro diga como tiro Piper daquele lugar.
- Antes de salvar Piper você precisa se livrar de Callum.
- Como faço isso?
- Lhe mostrarei como, mas primeiro esconda minha filha. - Vejo a menina ainda grudada em Adele, pego o celular e torço para Nick atender logo.
- Nick, preciso da sua ajuda.
****
Ela andava de um lado para outro, as vezes chorava e raramente dormia, o corpo esguio descansava na cama, mas logo se levantava e começava o andar interminável. Parando diante da pequena abertura cercada por grades que mostrava um pedaço mínimo do jardim ela se acalmou, a fraca brisa fazia seu cabelo balançar de leve.
De repente sua figura frágil e desolada me fez vibrar por dentro, os lábios dela pareciam lindos e perfeitos e cenas nada convencionais explodiram em minha mente. A nudez de dois corpos, Piper a ofegar enquanto um corpo alvo cobria o seu, os cabelos negros passeando pelos seios rígidos e gemidos roucos escapando. Como seria? Como seria amar aquilo que Alex amou? Desnudar o corpo de Piper e depois se apropriar dele. Será que eu poderia ser melhor? Será que Vênus a amaria como uma mulher? Uma mulher melhor que Alex?
A excitação se espalhou pelo meu corpo, o tremer incontrolável do desejo fazendo meu jeans se tornar um incômodo. Minhas mãos procuraram dar alento ao meu corpo, mas a fome pelo sexo que Alex teve não podia ser saciada dessa maneira. Eu necessitava fazer o mesmo, experimentar e chegar ao cume exatamente como ela deve ter chegado. Eu necessitava da aprovação da Chapman, que ela se desse desperadamente e encontrasse em mim a perfeição.
Abri a porta e entrei no quarto, o corpo que se tornara alvo do meu desejo desenfreado se voltou para mim. Seus olhos estão confusos e sua expressão logo mostra medo.
- O que faz aqui?
- Faça comigo exatamente como fazia com ela!
- Não sei o que quer dizer. - ela se escolhia no canto do quarto.
- Me ame como amou Alex, transe comigo do jeito que transou com ela. Toque em mim, me faça sua.
- Fique longe de mim!
- Me faça sua, por favor. - seguro em seu pulso. - Toque em mim!
Meus lábios cobrem os seus, um gosto salgado chega a minha boca, tem sabor de lágrimas e medo. - Não adianta chorar, só vou parar quando terminar de ter você Chapman, isso me tornará um pouco Vause, se eu amar o que ela amou serei como ela.
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