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História Autoescola Fracassada - Garoto Fragmento


Escrita por: Yarv

Notas do Autor


Sabe paixão? É o que eu sinto por este capítulo! <3 Simplesmente, um dos meus favoritos da história. E espero demais que vocês também amem, pois me empenhei muito nele!
Dica: Enquanto estiverem lendo, escutem uma música melancólica, lenta e ao mesmo tempo incrível. Enquanto escrevia eu escutava "Perfect" da Selena Gomez! É aquele tipo de música que a letra não tem nada a ver com a história, mas o ritmo a melodia... Eu simplesmente adorei!
E para não perder o costume, a tia vai ressaltar uns pontos:
• Prestem atenção aos detalhes. Eles serão muito importantes ao desenrolar da história... Sabe o Parque tanto citado também? Guardem esse lugar na mente de vocês! ;)
• A história vai ter sim esse ritmo mais lento que as outras, pois é extremamente necessário. Se eu for mais rápido, juro pra vocês que as coisas simplesmente não farão sentido. Então tenham paciência! <3 E não é só por isso que cada capítulo não será uma bomba... Principalmente depois desse, kkks'
Espero mesmo que vocês gostem... Atenção em?!
Milhões de BJokas e ótima leitura! <3

22 FAVORITOS!!!!! Um beijo enorme e um abraço de urso em vocês! Sério, eu estou muito feliz com esta história! :)

Capítulo 13 - Garoto Fragmento


Fanfic / Fanfiction Autoescola Fracassada - Garoto Fragmento

Ele podia muito bem ter dito alguma coisa. Gritado o porquê de eu estar ali. Me dado um soco.

Bom... Quem sabe ele não fez mesmo essas coisas?

Nunca vou saber pelo simples fato de não ter olhos para mais nada além de seu olho direito roxo e inchado. O sangue que ele inutilmente tentou limpar do canto da boca. As marcas vermelhas pelas bochechas...

Meu Deus. Eu estava certa ao pensar o quanto aquele garoto era absurdamente branco. Os ferimentos pareciam pisca-pisca em árvore de natal no seu rosto.

Fiquei ocupada demais pensando o que houve com ele, que nem percebi quando o mesmo se levantou e pegou o boné aos meus pés.

Yoongi havia me deixado em choque. E ao vê-lo quase virando a esquina, me assustei ainda mais.

- Ei! Aonde você vai?! - Gritei, literalmente correndo atrás dele em meio ao monte de pessoas que agora circulavam por ali.

Todos me encaravam como se eu fosse uma louca. Talvez eu era... E minha maluquice estivesse misturada ao meu coração mole. Sim, eu estava preocupada com Yoongi. Na verdade, eu me preocupo com todos.

A imagem de seus olhos vermelhos não sai da minha cabeça. Nunca imaginei que Yoongi fosse chorar... E se machucar daquela forma. Quando aquele garoto frio sorria deveria salvar meia dúzia de almas do inferno. Milagre!

- Aigoo! Você é rápido demais... - Murmurei mais para mim mesma ao tentar acompanhar seus passos apressados e vê-lo quase desaparecer por entre as pessoas. Se não fosse pelo boné, eu já o teria perdido.

E como se lesse meus pensamentos, ele estendeu a mão e retirou o boné.

E simples assim desapareceu no meio da multidão de ternos negros, vestidos e crianças chorando.

 

 

 

Depois de procurar em todos os lugares possíveis, sentei na calçada, engolindo o bolo que se formou na minha garganta. Nem mesmo o cheiro horrível que subia do beco atrás de mim distraiu meus pensamentos.

Eu... Nunca tinha visto um rosto tão abatido. Tão derrotado... Algo me dizia que aquelas feridas não machucaram só fisicamente.

Machucaram também seu coração.

Dei um beliscão na minha coxa como punição por não ter sido mais rápida. E dei outro por pensar mais nos outros do que em mim, e por ser tão sensível.

Suspirei e quase chorando (olha o sensível) dei outro imaginando ser o rosto de Yoongi e por ele ter feito alguma idiotice, seja qual for.

Sempre ele a estragar meu dia... Sempre!

Ignorei minha coxa que agora latejava, e limpei uma lágrima teimosa. Jungkook não falava demais... Minha mão era realmente pesada.

- Tão linda e chorando? Acho que as duas coisas não combinam.

Olhei para cima para ver o "flertador" de plantão.

De todas as coisas que eu tinha no momento, paciência não era uma delas. Pessoas feias é o que você menos vê por aqui então não me surpreendi ao ver que ele era muito bonito.

De terno... Agnes, vigia! Coloca a consciência na frente da sua queda por homens de roupa social!

- Hã... Obrigada. - Respondi apenas e olhei para o final da rua, numa expressão clara de que tinha encerrado ali.

Mas ele não desistiu. Esse era guerreiro!

- Esperando alguém?

Voltei a olhar para ele, sem sorrir.

- Não.

- Posso te fazer companhia?

Abri a boca para responder um "minha resposta é exatamente igual a anterior, então pode por favor me deixar em paz e beliscar minha coxa por estar sentada nesta calçada e não feliz e caminhando por aí?" quando uma voz interrompeu nós dois.

- Caramba, você é chata em?!

Pulei da calçada. Que por sinal estava quente, me dei conta agora.

Me levantei num salto e olhei para ele.

Yoongi não me encarava pelo fato de ter seus olhos nitidamente tapados pelo boné, assim como boa parte de seu rosto. Ele parecia um marginal e eu juraria que sua bolsa estava com drogas se não fosse pelo celo da farmácia.

Olhei para trás dele. É... No final do beco havia uma pequena farmácia.

- O que você ainda está fazendo aqui? - Perguntou no mesmo tom da casa do Namjoon.

Engoli em seco. Pelo visto nada havia mudado.

Abri a boca para responder mas novamente fui interrompida, dessa vez pelo carinha-lindo-de-terno.

- Abaixa o tom pra falar com ela. - Virei para trás. Nossa!

Yoongi se virou na direção do rapaz, parecendo notar sua existência só agora.

- Como é?

- Quer que eu repita mais de perto?

Coloquei a mão no rosto. E lá vamos nós de novo, não é mesmo Min Yoongi estressadinho?

- Quero sim... - Respondeu ele calmamente, o que me fez estranhar e encará-lo. Arregalei os olhos. - Mas tem que ser bem de perto mesmo...

Eu não sei o que ele tinha no bolso. Mas Yoongi estava com a mão lá e tinha o perfeito formato de uma arma.

Escutei o rapaz atrás de mim dar dois passos para trás. Até eu mesma tinha dúvidas se aquilo não era uma arma de verdade! Senti meu corpo petrificar no chão, mas o que eu queria era sair correndo dali.

- E-Eu... - Gaguejou ele, agora se afastando mesmo. Me leva moço! Esse cara é louco, tive a certeza agora! - Não precisamos nos estressar assim! Bom... Yumi, a gente se vê por aí tudo bem? Tchau.

Yumi?! De que raios de lugar ele tirou esse nome?!

O choque daquilo me fez despertar do choque inicial de Yoongi estar armado. Olhei enquanto o cara-lindo-de-terno virava a esquina.

Bom... Acho que Yoongi não vai mas atirar em ninguém.

Voltei meus olhos para ele, que continuava da mesma forma. A não ser pelo fato de que sua "arma" já não tinha mais formato.

Por via das dúvidas, decidi perguntar.

- Você tem mesmo uma arma?

Ele suspirou, parecendo que ia responder a pergunta mais idiota do mundo.

- Não.

- Ah...

Ficamos ali nos encarando por alguns minutos. Quer dizer... Ele poderia estar dormindo que eu não saberia. Aquele boné era inescrutável.

Ou melhor: eu o encarei, pois o mesmo olhou as horas no relógio e começou a caminhar para dentro do beco novamente.

Tomei um susto mas dessa vez fui rápida o suficiente e fiquei ao seu lado.

O beco não era tão ruim quando você entrava nele, o que me surpreendeu.

- O que está fazendo aqui? - Perguntei, olhando em volta à procura de algum estuprador ou algo do tipo.

Yoongi parou de repente, o que me fez trombar com seu ombro.

Ele me encarou. Ou pelo menos era o que parecia.

- Eu que fiz essa pergunta. - Murmurou e cruzou os braços. - Não tem nada melhor para fazer do que me seguir garota?

Fiquei sem palavras, apesar de não ser o que parece. Mas tudo aponta que eu esteja o seguindo.

Também cruzo os braços, mostrando indiferença. Acho que é a melhor forma de escapar deste situação e dessa pergunta.

- Eu não estava seguindo você.

- Sério? Ah é, esqueci que tínhamos marcado um jantar aqui. Desculpe querida.

Revirei os olhos, o ignorando. Já que eu tinha pelo menos um pouco da atenção de Yoongi faria minhas perguntas.

- Como fez aquilo? - Estava realmente curiosa. Foi assustador.

Ele levantou um pouco mais o rosto, revelando um pequeno sorriso convencido. Mesmo que seu lábio estivesse cortado, não deixou de ser fofo.

- Anos de prática. Namjoon sempre dizia que eu tinha cara e jeito de marginal... Só uso isso a meu favor quando quero.

Não posso deixar de sorrir também. E sentir um pouco de pena do rapaz...

- Isso é muito estranho... Mas mesmo assim obrigada.

Ele ri e se vira.

- Não me agradeça, querida. Só fiz aquilo porque ele me incomodou... - Ele para e dessa vez vejo seu rosto. O peguei desprevenido naquele momento, mas agora a máscara de frieza está perfeitamente no lugar. Junto com os ferimentos... - Aliás, me deixe em paz. Por favor. Como pode ver, não estou num bom dia hoje.

Ele se vira e volta a caminhar.

Fico parada, pensando no que eu estou fazendo ali.

Ah, dane-se!

Mordo os lábios e corro atrás dele.

- Qual foi o dia que você esteve num bom dia? - Exclamo quando estou quase o alcançando. - O dia em que você não saiu de casa e estragou o dia de alguém?

Ele para.

E não, não acho que minhas palavras tenham realmente o atingido.

Apenas sinto que esse garoto precisa da minha ajuda. Pelo menos neste momento.

- Eu não pedi para que você viesse atrás de mim. - Ele diz calmamente. - E não jogue o fato de você ser insuportável sobre mim.

Solto uma gargalhada sem humor.

- Eu sou a insuportável aqui? Tem certeza, Min Yoongi?

- YOONGI! - Ele berra, se virando abruptamente. Quase caio com o susto e o encaro com os olhos arregalados.

Ele pisca, parecendo se dar conta só agora do que fez. Sua respiração se tornou entrecortada e ele luta contra lágrimas invisíveis.

Seu rosto é pura dor. Sinto que levei um soco no estômago.

- Yoongi... - Ele sussurra, olhando para algo atrás de mim. Olhando para o passado, o que causou esse estrago em seu rosto... - Meu nome é Yoongi.

Mais uma vez ele se vira e caminha.

Devo ser mesmo insuportável, porque corro atrás dele novamente.

- MAS QUE MERDA! - Ele grita, mas já estou preparada. O ódio de Yoongi é direcionado apenas a mim. - Agnes, eu não estou brincando. Se chegar perto de mim mais uma vez, eu vou socar você.

- Então teremos que comprar mais remédios. Porque com essa bagunça na sua cara, não vai sobrar nada desse aí.

Fico feliz que minhas palavras o fazem relaxar. Seu olhar se suaviza e ele vira para o outro lado, para que eu não veja que minhas palavras o fizeram bem.

Mas eu já vi. Suspiro, sorrindo.

- Por mais confuso e insuportável que você possa ser, quero te ajudar. - Gosto como as palavras saem com facilidade da minha boca. É exatamente isso que penso de Yoongi... Uma pessoa que precisa de ajuda. Sorrio irônica. - E você não sabe fazer um curativo descente.

Ele se vira e dessa vez não esconde o sorriso, por mais que ele seja pequeno.

- Ainda não é da sua conta, ridícula.

- Cala a boca, babaca. - Exclamo a ando até ele, pegando a sacola da sua mão. - Quanto mais cedo terminarmos isso melhor. Afinal ainda temos aula.

Caminho para o lado oposto da farmácia, e apesar de xingar um pouco Yoongi acaba me seguindo.

 

 

&

Apesar de querer saber o que aconteceu ou com o que estamos lidando, fico feliz pelo silêncio que se instala entre nós no caminho até a Autoescola.

E apesar de atônito e assustado, Namjoon simplesmente nos deixa passar para os fundos do corredor assim que chegamos.

Enquanto caminho atrás dele (que agora retirou o boné), penso se Yoongi será louco o suficiente de aparecer neste estado na frente dos outros alunos.

Mas ele para um pouco antes de chegar a sala, e entra na parede.

Quer dizer... Descubro segundos depois que tinha uma porta que nunca percebi ali.

Ele a deixou encostada e entendo isso como um "entre". Apesar de que com Min Yoongi, você nunca tem certeza de nada.

Entro e fecho a porta atrás de mim, vendo-o jogado numa pequena poltrona no canto da parede com os olhos fechados. A sala é um pouco escura, com apenas duas lâmpadas pendendo precárias no teto. A não ser pela poltrona, o resto do lugar é empilhado por centenas de caixas e tem um leve cheiro de mofo.

Acho que estamos num reservatório, ou algo assim.

Por alguns minutos fico sem saber o que fazer e me sinto um pouco desconfortável. Ele também não mostra que vai se mover.

Yoongi abre apenas um olho.

- Vai ficar me encarando com essa cara de idiota ou vai fazer o que você diz ter vindo fazer?

- Aish seu grosso, deixa eu ver seu rosto. - Digo, mas não posso deixar de sorrir pelo seu tom rude.

Digamos que já estou familiarizada com isso.

Já que não há mas nenhum lugar para se sentar além da poltrona que Yoongi ocupou, me ajoelho a sua frente.

- Abaixe por favor. - Murmuro e ele prontamente obedece.

Tento não deixar nítido nos meus olhos o choque de ver suas feridas (e hematomas) mais de perto.

Seu olho direito está mesmo inchado, passando do tom vermelho para o roxo. Temos dois cortes: Um no lábio, e outro no canto da boca. Fora os vermelhões em cada bochecha.

Meu estômago se retorce. Ah Min Yoongi, o que você fez?

- Horrível, não é? - Ele murmura num tom baixo de pura amargura e um sorriso sarcástico. - Isso meio que já estava predestinado a acontecer... Até que demorou.

- Água morna.

Yoongi arqueia uma sobrancelha, confuso com minhas palavras. Pisco voltando a realidade.

Preciso de um pouco de ar. Isso tudo está me assustando.

- Água morna... - Murmuro, dessa vez me levantando e indo até a porta. Aperto a maçaneta com força. - Precisamos limpar os ferimentos primeiro, depois passamos o remédio.

Ele não diz nada. Então eu saio, deixando a porta encostada.

Não me surpreendo ao ver Namjoon apoiado na parede oposta a sala onde estamos, seu rosto contorcido em pura preocupação. Ao me ver ele pula imediatamente, com uma enxurrada de perguntas.

- Como ele está? O que aconteceu? É muito grave? Que merda o Yoongi fez dessa vez? - Abri a boca para tentar acalmá-lo, mas Namjoon já dava um soco na parede agora com muita raiva. - Aish! Porque sempre tão cabeça dura?! Eu disse para ele ficar longe daquele Parque! Ele sabe que eu nunca deixaria ele na mão, que eu ajudaria quando pudesse... E como pudesse.

- Namjoon! - Exclamo, e graças a Deus ele volta a realidade ao me ouvir. Eu até falaria que ele fica muito fofo corado, mas esse não é momento. Faço um carinho leve em seu ombro. - Calma Nam... Está tudo bem. Claro, ele se machucou mas está tudo bem agora.

Ele suspira e aperta minha mão.

- Obrigada Agnes. Me desculpa por isso... - Ele suspira e sorri sem graça. - Apesar dele ser o mais velho, eu é que tomo conta desse idiota. Isso nunca tinha acontecido antes...

- Eu também fiquei bem surpresa quando o vi. - Digo e sinto meu corpo estremecer ao lembrar quando encontrei Yoongi. - Mas não se preocupe. Vou cuidar dele.

- Você é incrível, sabia? Obrigada mesmo. - De todos os sorrisos, aquele sem dúvida era o mais fofo. - Sei que vocês não se dão bem, então obrigada duas vezes por aturar ele por mim neste estado.

- É doloroso... Mas com o tempo a gente se acostuma com Min Yoongi. - Nós dois rimos e lembro que Yoongi deve estar me xingando por tê-lo deixado esperando. - Ah! Quase que eu esqueço! Você poderia me arrumar um pano limpo e um pouco de água morna, por favor?

- Claro. Vem comigo... - Ele diz e o sigo para o escritório.

Depois de tudo pego volto para a sala, e como esperado Yoongi me dá um sermão sobre "deixar um ferido trancado naquele muquifo". Apenas o ignoro, e ajoelho a sua frente molhando o pano na água e começando a limpar suas feridas.

Só percebo que Namjoon está ali quando ele solta uma gargalhada fofa e gostosa, pelo gritinho ridículo que Yoongi soltou ao ter suas feridas tocadas.

- É uma gazela anoréxica? - Disse Namjoon, e até mesmo eu não consegui evitar uma risada.

Yoongi apenas o ignorou, agarrando meu pulso quando eu ia limpar a ferida na sua boca novamente.

- Isso é a mão de uma garota ou um gorila? Segura essa marreta, pelo menos um pouco.

Me solto e como punição pressiono o pano sobre sua bochecha, o fazendo urrar.

- Claro. Serei mais delicada.

Ele me xinga de algo que não consigo ouvir e decido terminar logo com aquilo.

Boa parte do sangue dos ferimentos em sua boca se secou ao longo do tempo... Limpo com cuidado, e fico mais relaxada ao ver que ele se acalmou e está de olhos fechados.

Deslizo o pano pela sua boca... O canto da sua boca... Suas bochechas... Até finalmente terminar e começar a passar o medicamento.

Minhas pernas começam a doer, então decido me apoiar em uma das suas pernas. Me surpreendo ao ver que o mesmo nem se quer ligou e continuo com o meu "trabalho".

Somente a pomada é mais branca que Min Yoongi, contando que nunca vi algo tão branco quanto ele. Sorrio, e passo um pouco na ponta de seu nariz.

- Eu não estou dormindo, idiota. Tira essa merda daí. - Ele murmura e eu suspiro.

- Você é chato, Min Yoongi...

Ele abre os olhos e me encara.

- Já falei que meu nome é Yoongi.

- Ah é? - Pergunto, irônica dessa vez me apoiando nas duas pernas. Ele não diz nada. - Que foi? Sua família te abandonou?

Ele sorri sem humor e encara um ponto distante.

- Depois que meu pai fez isso em meu rosto, sim, sou apenas Yoongi. Sou alguém sem família.

 

 

&

FlashBack On:

4 horas antes...

 

...

 

Nunca suava. Nunca mesmo. Era tão raro quanto sair no sol quente dos verões de Seul e não voltar quase que completamente vermelho.

Mas ele estava suando. E ainda por cima era um suor frio, que subia pela pele, descendo pela sua espinha.

Seria bom se fosse nervosismo... Mas era um misto de ódio e amargura.

Bagunçou os cabelos e se levantou num salto, cansado daquela palhaçada. Com certeza eles deveriam ter trocado a tranca dá porta, mas não custava tentar.

Seu plano era sair o mais rápido possível dali. Afinal, tudo seria melhor do que ver o rosto decepcionado dos pais mais uma vez.

Suspirou e colocou a chave na fechadura.

E para sua imensa surpresa, a porta se abriu com um suave "clic".

Observou a porta encostada. Nenhuma voz do lado de dentro. Nenhum som.

Tudo parecia perfeitamente bem.

- Isso não é bom... - Murmurou para si mesmo, colocando os dedos sobre o metal frio da maçaneta. Tão frio quanto seu coração. - Mas o que mais pode te acontecer, Yoongi?

Empurrou a porta de madeira e entrou na casa.

Como era de se esperar da Sra. Min, tudo se encontrava exatamente no mesmo lugar. Ela adorava lembranças e nostalgias, e de alguma forma deixar a sala daquele jeito deveria lembrar o filho.

Yoongi sentiu uma pontada no peito ao pensar na mãe. Mesmo com todos os defeitos... Ela era a única coisa naquela casa que ele desejaria se despedir na madrugada chuvosa em que fugiu.

As gotas, misturadas as lágrimas o penetraram até a alma. Gotas frias... Grossas. Algumas, machucavam sua pele.

Mas hoje entendia que elas foram extremamente necessárias. Estava imune a tudo, pois ele era o próprio frio.

Tirou os olhos de uma foto sua com 5 anos sem um dos dentes da frente e olhou para o canto da sala.

Poderia ter uma multidão ali. Ele sorriria da mesma forma.

Apressou os passos, suspirando e deixando algumas lágrimas de felicidade cair. Deslizou os dedos pela madeira gasta de anos, e os teclados que começavam a amarelar. Tinha seu cheiro... Livros velhos, roupas sujas de lama e papéis novos. Tinha sua personalidade.

E o mais incrível: Seu amor. A única e verdadeira paixão de Min Yoongi. O único ser que tinha sua total devoção.

- Sentiu saudades? - Perguntou, não conseguindo tirar o sorriso bobo do rosto. Limpou as lágrimas, sentindo as mãos trêmulas. Era um reencontro de velhos amigos... O garoto frio e o piano desgastado. - Eu senti. Você não tem ideia do quanto.

Sem perder tempo, e de pé mesmo, começou a dedilhar aquelas teclas tão conhecidas.

Como se não fosse possível, seu sorriso se alargou ainda mais. Só o seu amor poderia fazer aquilo... Sentiu um calor familiar vindo do piano para ele, as lembranças maravilhosas que aquelas teclas lhe proporcionaram. O dia em que finalmente ficou mais alto que ele, e que não precisou das almofadas do sofá para ficar na altura certa...

A quanto tempo não sentia calor? Existia amor mais puro?

- Oh! - Alguém exclamou.

E simples assim, o encanto se quebrou.

Yoongi parou numa tecla grave, olhando para a porta.

Seus pais o encaravam. Sua mãe, como esperado, estava prestes a chorar.

Não sentia mais calor.

Suas mãos foram para o bolso, buscando conservar um pouco do calor que seu amado lhe proporcionou.

Mas... Ele se fora.

Já era inverno novamente.

- Yoongi... - Murmurou Sra. Min, depois de minutos torturantes. Arriscou alguns passos em direção ao filho. - Filho... O que você...

- Desculpe. - Murmurou, olhando para o piano. - Juro que não vim atrapalhar. Só buscar uma coisa.

Falou num tom normal, como pais normais falam com filhos normais.

Infelizmente, nada ali era normal.

E seu pai fazia questão de lembrá-lo disso.

- Você já está atrapalhando. - Disse firmemente, se dirigindo ao filho pela primeira vez.

Olhou para o pai. Para o rosto que era odiosamente parecido com o seu.

- Não estou. Porque em nenhum momento pensei em me dirigir a você. - Rebateu.

Sra. Min apenas ouvia, sentindo seu coração acelerar. Nada ali estava sobre seu controle, o que doía ainda mais.

Nunca estava.

O líder da casa riu sem humor.

- Se não se lembra essa casa é minha. E desde o momento que você se "rebelou", nada aqui pertence a você.

- Você está absolutamente certo, como sempre. - Yoongi se virou e acariciou seu piano. - Mas isso... É meu. Não tenho interesse nenhum em pegar uma mísera coisa a mais neste casa.

Se virou, já caminhando em direção a porta.

- Voltarei amanhã para buscá-lo com Taehyung.

A porta aberta. Ele indo embora. Tudo estava "bem".

Mas tudo pareceu desabar quando o pai agarrou seu braço.

Estava tão perto...

- Sua frequência na faculdade está diminuindo. - Murmurou o pai, a voz repleta de ódio. - Além do meu tempo, estou desperdiçando meu dinheiro com você?

Estava com medo. E por alguma razão idiota, sorriu.

E deixou que as palavras flutuassem a sua frente.

- Eu nunca vou ser como você. E nunca vou ser um advogado.

Não parecia a gota d'água para Min Yoongi.

Mas para Sr. Min... Estava acontecendo uma verdadeira enchente.

Mal teve tempo de pensar: Apenas teve seu corpo lançado contra o chão de madeira da sala. Mais uma vez não pensou, ao ter o rosto atingido por um soco.

E mais outro.

Por um momento ficou cego do olho direito, até perceber que havia sido mais um soco.

E outro.

E seu corpo era lançado no ar, chocando-se contra o piano.

"Desculpe meu amor", pensou ao ver uma chuva vermelha com gotas vermelhas.

Grossas.

E frias.

Estava começando a penetrar sua pele, seus ossos, chegando novamente a alma...

Era mais fria que a primeira. Muito mais fria...

Sua cabeça batia com força contra o piano, enquanto a mãe ajoelhada e chorando clamava para que o marido parasse com aquilo.

Ele obedeceu. Arfando, pareceu perceber somente agora o que tinha acontecido.

Yoongi se levantou, cambaleando e atravessou a porta. Vomitou um pouco de sangue no gramado.

Era difícil respirar. Era difícil viver.

Enquanto isso, o sangue vermelho pingava sobre o piano desgastado.

 

 

 

Ele retirou a camisa, enquanto contava a história.

Observei enquanto ele colocava a camisa de volta.

Ele apenas me mostrou, não deixou que eu cuidasse dos hematomas na barriga.

Minhas mãos trêmulas repousavam sobre o chão. Eu queria muito chorar...

De repente, tudo que eu sabia sobre Min Yoongi não fazia o mínimo sentido.

Ele se virou e sorriu.

- Obrigado. - Sussurrou, se abaixando até o chão onde eu estava. Sério. Eu estava literalmente no chão. - Está assustada? Desculpe.

- Quem é você? - Sussurrei, sentindo o gosto salgado das minhas lágrimas.

Ele sorriu de novo e se levantou.

- Sou fragmentos de um garoto enevoado. Sou pedaços... Feridas... - Ele bufou, ficando imediatamente irritado. - Enfim. Pra você, sou apenas um professor de Autoescola. Pense assim. Será mais fácil.

Ele foi embora.

Yoongi era tão pesado... Pois assim que saiu, eu consegui chorar.

 

 

 

- Ei! Você não tinha aula hoje? - Disse Jungkook, assim que atravessei a porta. Ele estava entre as pernas de Jane, que acariciava sua cabeça. - Chegou cedo...

- Cedo demais... - Disse minha amiga, e naquele momento vi que ela já tinha enxergado que eu não estava bem.

Sinceramente. Dane-se.

- Eu não estou bem. Por favor, não venham atrás de mim.

Subi as escadas e não olhei para trás.

Me joguei na cama.

Tentei dormir... Juro que tentei.

Mas os pedaços de Yoongi flutuaram até meu quarto, tomando meus pensamentos.


Notas Finais


U.u Sem palavras.
Vocês sabem que eu não sou de fazer isso, mas queria muitooo a opinião neste capítulo! <3 Aguardo vocês aqui em baixo! BJão! <3


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