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História Autoescola Fracassada - Em Branco


Escrita por: Yarv

Notas do Autor


Amores mios! <3 Que passá? Não sei falar espanhol não tá, só pra deixar claro! KKKKKK
Genteeee *O* Eu juro pra vocês que a intenção não era que o capítulo ficasse tão grande assim! Mil perdões e juro que da próxima vez tentarei acalmar esses dedinhos nervosos, rsrs' Eu me empenhei bastante em escrevê-lo, já que a criatividade estava decidida a me zoar e vir só em momentos que eu não podia escrever' :p Fazendo prova, vê se pode?
Mas bom, eu espero mesmo que ele não tenha ficado entediante e caso vocês não suportem me avisem para que eu possa concertar!
Agradeço de coração aos 33 favoritos! Sério, eu surtei quando vi as notificações... Vocês não tem ideia do quanto eu sou bobinha e fico feliz com coisas que os outros consideram patéticas! Obrigada de todo o meu coração!
LEIAM ESSES AVISOS, POR FAVOR:
* Quando o nome do personagem estiver ao lado desse símbolo "(...)" isso significa que estará na visão do personagem, mas nas minhas palavras!
* Em Itálico ficarão: Pensamentos, lembranças, mensagens e Palavras não usadas lá. O último vocês verão hoje' :)
* O ponto de vista da Agnes será sempre sem indicar o nome dela como é feito com os outros.
Espero que vocês tenham entendido, e caso tenham alguma dúvida é só falar!
Milhões de BJokas e ótima leitura! <3

Capítulo 18 - Em Branco


Naquela noite...

Casa Jeon

...

 

Revirou os olhos quando mais um zumbi comeu o cérebro de um personagem que ela havia gostado. Por isso não gostava de filmes com zumbis: Logo que você se apaixonava ou achava um personagem relativamente "legal", o mesmo tinha seu cérebro comido. Ou o pescoço... Não importava, tudo terminava com sangue falso (mas bem realista) jorrando na câmera.

Estava naquele momento da vida em que se perguntava porque aceitou assistir um filme de Zumbis com Jungkook. Ele era tão inebriante que a fazia esquecer de quais maneiras havia chegado naquela situação.

Olhou para o garoto que parecia muito concentrado na gritaria e nos órgãos expostos. Sorriu ao perceber que seu ódio por Zumbis era o amor de Jungkook.

O moreno a encarou, não deixando seu sorriso passar despercebido.

Ele nunca deixava.

- Do que está rindo? - Murmurou, pegando mais um punhado de pipoca do pote entre as pernas de Jane.

A mesma se aninhou ainda mais em seu peito e olhou pela janela.

- Nada... Só acho essa porcaria sem graça.

- Porcaria?! - Exclamou indignado fazendo a garota rir ainda mais. - Isso é demais! Olha a vantagem de assistir filmes com Zumbis: Até os figurantes demonstram emoção. Às vezes até mais que os atores principais...

- Eles são obrigados a demonstrar emoção! - Opinou Jane, ainda sorrindo. - Quem ficaria sem expressão ao ter seu cérebro comido?

- Os funkeiros, já que eles não tem cérebro... - Murmurou Jungkook, para logo depois os dois caírem na gargalhada.

- Não me diga que a Agnes está se contaminando?

- Sei lá... Um dia ela estava dançando uma música estranha lá no quarto. - Jungkook inclinou a cabeça como se refletisse. - Estava mexendo a bunda de uma maneira estranha... A música falava alguma coisa de "onda".

Os dois deram de ombros.

- Ela... Sente falta do Brasil? - Perguntou Jane preocupada.

Não lembrava exatamente de quando conheceu Agnes, mas sabia que já fazia muito tempo... Tempo o suficiente para chamar aquela estranha de irmã. Depois de rolarem no chão se estapeando por Jane ter chamado a atual amiga de "leãozinho" as duas viraram companheiras inseparáveis. Bom... Até fazerem os benditos 19 anos, pois com eles vieram as responsabilidades e incertezas da vida adulta. Por mais que trabalhem na mesma empresa, tem sonhos completamente diferentes: Agnes quer seguir sua carreira de direito... E bom.

Ela não tinha muita certeza do que queria até começar as aulas de dança com Hoseok. Nem a ideia de crescer naquela empresa a animava.

Estava se apaixonando secretamente pela dança...

Jungkook suspirou. Parecia meio... Inquieto.

- Eu não sei. Sei que ela é feliz aqui, disso eu não tenho dúvidas mas... - Olhou para um ponto distante, pensando na irmã crescida. - Ás vezes encontro ela procurando coisas sobre a família ou sobre o País, por mais que tente disfarçar me lançando um sorriso amarelo e fechando o Notebook imediatamente. A cultura, as pessoas... Tem vários amigos de lá, e apesar do sotaque ela fala português muito bem. De vez em quando arrisca fazer algumas receitas, como o famoso "macarrão com salsicha".

Jane gargalhou ao ver Jungkook falando "português".

- É bom pelo menos?

- É sim. - O garoto sorriu. - Mais o que eu mais gosto é... Como é mesmo? Covinha... Copinha...

- Coxinha! - Gargalhou Jane, não acreditando que Jungkook tinha simpatizado tanto com a culinária brasileira.

- Isso! - Olhou para a garota arqueando a sobrancelha. - Como você sabe?

Jane abriu um sorriso malicioso. O preferido de Jungkook.

- Ela levou um dia para o almoço na empresa. Estranhei o formato engraçado, mas não pude deixar de provar... Realmente é uma delícia!

Sorriram e logo voltaram a assistir o filme.

Bom... Era o que Jungkook queria. Mas logo que falou da irmã, se lembrou de um assunto pendente.

Até hoje não sabia se sentia culpado ou aliviado por não ter contado de uma certa ligação recente dos pais.

 

 

Ainda não acreditava que estava falando mesmo com ela. Se fosse um sonho, não queria nunca mais acordar... Perguntou sobre o pai, e seu coração se acalmou ao saber que o mesmo estava bem mas não poderia falar agora pois estava no meio de uma cesariana.

- Jungkook, você sabe assim como nós que não vai esconder isso dela por muito tempo. - Sua mãe suspirou cansada do outro lado. O garoto lutava para segurar as lágrimas... Não sabia que estava com tantas saudades. - Ela tem o direito de saber. Agnes não tem mais 8 anos... Sabe fazer suas próprias escolhas.

- Eu sei! - Respondeu, olhando para a sala vazia. Nunca quis tanto abraçar sua irmã e seus pais. Nunca quis tanto um almoço em família nos domingos como queria agora. - Ela é minha irmã... Ela é minha irmã!

- Filho, isso nunca vai mudar. - A mãe suspirou, mas Jungkook conseguiu ouvir a tremura de medo em sua voz. - Jeon Agnes... Ela sabe o que isso significa. Sabe o que somos...

- Ela é minha irmã... E ninguém vai tirar isso de mim. - Deixou que as lágrimas finalmente caíssem, molhando o piso da sala.

Não sabia como, mas sabia que a mãe estava sorrindo.

- Eu sabia que aquela cabeluda iria significar muito pra você... Eu amo vocês. Do tamanho de um caminhão cheio de água do mar.

Jungkook secou as lágrimas e não pode deixar de sorrir.

Quando tinham 7 anos, numa tentativa de fazer Agnes e Jungkook se entrosarem, a mãe os levou a praia. Agnes perguntava sobre tudo... Até mesmo um caminhão que passou na estrada ao lado do banque de areia, chiando feito um louco.

Ele pingava bastante.

E claro, Agnes perguntou o porquê.

A mãe sorriu e disse que ele estava apenas levando um monte de água. Agnes se encantou por duas coisas: O tamanho do caminhão (que na cabeça de uma criança de 7 anos era enorme) e a imensidão do mar.

Então sua mãe disse que ele levava exatamente aquilo: A água do mar.

Aquilo se tornou o infinito de Agnes, assim como o "eu amo vocês do tamanho do caminhão cheio de água do mar."

Naquela época esse infinito pareceu o suficiente. Mais do que o suficiente...

Mas agora, talvez por já terem conhecido problemas ou soluções maiores que um caminhão cheio de água do mar, isso parecia pequeno.

Perigosamente pequeno.

Jungkook sabia que a amava. Só não sabia se o infinito que tinham precisava ser um pouco maior.

Murmurou as mesmas palavras para a mãe e colocou o telefone de volta no gancho.

 

 

- Jungkook? Ei, está tudo bem?

O garoto piscou algumas vezes antes de voltar a realidade.

Não sabia se aquilo era uma lembrança ou uma culpa. Abriu um sorriso amarelo para Jane, que o encarava completamente confusa.

- Estou bem... - Se forçou a acreditar naquelas palavras. - Estou bem...

Conhecia a garota a tempo suficiente para saber que ela não acreditou em nenhuma letra do que disse. Mas ficou aliviado ao vê-la simplesmente dar de ombros e se espreguiçar.

- O.K. O filme terminou... - Riu do biquinho fofo que Jungkook fez ao ver os créditos subindo. - Graças a Deus! Estava pensando de irmos lá para o seu quintal. A noite está linda. Lua cheia!

Queria dizer a Jane que olhar para seus olhos verdes e brilhantes já bastaria. Eram estrelas lindas e incrivelmente curiosas.

Mas não disse.

- Tudo bem.

 

 

 

 

 

Como quase sempre, Jane tinha razão: A noite estava linda. Mais estrelas do que poderia contar e uma lua grande e brilhante. Tão bela... Colocou o polegar a sua frente e pensou em como seriam as noites sem aquela majestade.

Sem Agnes...

Jane.

Seus pais...

Uma merda, concluiu se sentando no pequeno banco de madeira que ficava ali. Logo Jane apareceu com chicletes compridos, um edredom quentinho e vermelho e as meias dele.

Sorriu e a aninhou em seus braços. Logo ficaria sem roupa já que a garota pegava quase tudo quando vinha a sua casa.

Se esquentaram com as cobertas, seus corpos e um silêncio agradável. O vento batia veemente sobre as árvores a sua frente e a rua quase não tinha movimento. Imaginou como deveriam estar as baladas do centro de HaeunDae...

Lotadas. Mas estava satisfeito ali... Em paz. E com uma companhia ótima.

Acariciou os cabelos negros da garota, recebendo um beijo no queixo.

Depois de um tempo, mais uma vez, Jane sorriu sem motivo.

E como sempre, Jungkook percebeu.

- Do que está rindo?

- Nada.

- Do que está rindo? - Insistiu, dessa vez com o tom levemente irritado.

Jane sorriu.

- Vai por mim: Você não vai querer saber.

- Se fosse pra eu não querer saber, você deveria estar chorando. - Sorriu mas viu que a expressão da garota se tornou séria. - O que foi?

Pensou várias vezes, mas acabou por murmurar:

- Porque parece que já demos um passo importante sendo que estamos exatamente no mesmo lugar?

Jane não fazia o tipo "filosófica". E Jungkook odiava quando ela queria inventar de ser uma.

- O que?

- Isso. "O que". - Ela suspirou, o deixando ainda mais confuso. - O que estamos fazendo? Eu não sei mais definir o que somos.

É. Aquele filme de Zumbis realmente não fez bem pra ela.

- Jane. - Fez questão de virar o rosto da garota para si. Sentiu o peito apertar ao ver aquelas esmeraldas marejarem. - O que está acontecendo?

- Nada. - Ela disse com pressa, antes de se levantar apressada. - E esse é exatamente o problema.

A seguiu para dentro da casa.

- Eu pensei que estava tudo bem... Não estou entendendo mais nada.

- Você não precisa entender. Afinal, já deixou as coisas claras várias vezes. - Ela apenas murmurava como se estivesse sozinha na casa e pegou o casaco em cima do sofá.

Jungkook segurou seu ombro antes que a mesma atravessasse a porta.

Se encararam. Odiava o efeito que os olhos escuros de Jungkook causavam em seu corpo.

- Preciso ir.

- Não, você não precisa. - Teve seu corpo pressionado contra a parede. - Esclareça.

Jane suspirou. Porque ainda perdia seu tempo? E mais: Porque ainda perdia seu tempo e se chateava com aquilo?

- Estamos ficando. Tudo bem... Gosto de te beijar. Gosto de transar com você. Gosto do simples fato de estar com você, Jungkook. - Ela o olhou nos olhos como se já tivesse falado o óbvio. Ele continuou confuso. - Aish! Eu não deveria gostar Jungkook! No máximo, o sexo! Mas eu gosto de estar com você! Só isso... E é aí que está o problema.

- Você está grávida?

Demoraram alguns minutos antes de associar as palavras: Jungkook pelo que tinha dito, e Jane pelo que tinha ouvido.

- NÃO! - Gritaram ao mesmo tempo, apavorados com aquela ideia simplesmente incabível.

- Lógico que não! - Exclamou Jane, como se quisesse espantar um fantasma assustador.

- Lógico que não! - Murmurou Jungkook, mais assustado do que qualquer outro dia em sua vida.

Jane suspirou. Já que começou, terminaria.

- Não estou mais satisfeita apenas com isso.

Demorou um pouco. Mas o rapaz finalmente entendeu.

Suspirou pesadamente, sentindo uma pontada na cabeça.

- Você quer conversar sobre isso de novo? - Murmurou, mas sabia que ela estava ouvindo. - Seu professor já sabe. Não é o suficiente?

Meio que já sabia que receberia aquele tapa no rosto.

- Se eu não sou digna do seu posto de namorada, tenho certeza que vai achar algo melhor em alguma esquina por aí. - Sussurrou Jane, com algumas malditos lágrimas escorrendo pelo rosto.

Pegou seu casaco e saiu.

Jungkook suspirou. Porque se sentia tão perdido?

E porque sentia que tinha perdido?

Lembranças dolorosas do passado insistiram em voltar, mas balançou a cabeça violentamente as expulsando.

Dane-se. Não iria deixar as coisas assim de qualquer forma... Por mais confuso que parecesse, Jane era diferente. Isso bastava para mantê-la bem perto.

 

 

 

 

 

&

Segunda

Eu sempre entendi a nossa amizade. Acho que a única que não entendeu foi você.

 

Aumentei a música clássica em um volume quase ensurdecedor. Continuei pressionando o botão mesmo depois que um som estridente soou anunciando que havia chegado ao limite. Eu queria chorar. Mas não iria.

Primeiro porque eu estava na faculdade, no meio de uma aula de Cálculos com um dos meus professores preferidos, Oroy. E a última coisa que eu quero é preocupá-lo com um problema que eu nem ao menos sei se é grande ou pequeno.

Se eu não estivesse relativamente ruim estaria rindo da cena cômica: Ele escrevendo no quadro e logo que abre a boca para explicar a matéria, a voz de uma cantora de ópera toma seu lugar.

Ri baixinho.

Mas logo a frase de Taehyung voltou a soar na minha cabeça e meu sorriso morreu.

Eu sempre entendi a nossa amizade. Acho que a única que não entendeu foi você.

Apesar de incomodada, saudei a prima de Taehyung, Suhun, da forma mais simpática possível. Colocando o fato de que na minha cabeça eu estava começando a odiar todas as "priminhas" do sexo masculino. Brinquei com Taenes enquanto os ouvia conversar sobre como estava seus pais, como foi a viagem e quanto tempo ficaria aqui.

Ótimo. Juro. Tudo estava perfeitamente bem até aí.

Devolvi Taenes a Taehyung, mas o mesmo disse que não precisava se despedir naquele momento já que iríamos para a sua casa. Eu estava muito cansada... Mas o que não fazemos por um amigo e seu sobrinho lindo?

Até aí tudo também estava bem.

Até eles não desgrudarem um do outro no caminho inteiro até a sua casa. Taehyung sorria como se o mundo fosse acabar, e Suhun sorria quase o tempo todo enquanto o abraçava.

O.K. Meu sangue não estava fervendo. Ele havia borbulhado e evaporado para o céu, virando uma chuva ácida e perigosa que queimaria Taehyung e sua priminha Suh!

Sim. Ela tinha um apelido também.

Respirei fundo quando finalmente chegamos a casa e tratei de me trancar na cozinha com a desculpa de que faria um leitinho quente para Taenes. Ele me olhou desconfiado mas não disse nada.

10 minutos. Era tudo que eu precisava para a desculpa mais esfarrapada, mas sempre infalível ser anunciada.

- Poxa. Minha mãe acabou de me ligar e disse que está precisando de ajuda com a casa... Tenho que ir!

Já estava caminhando em direção a porta, dando um beijo apressado em Taenes e sorrindo forçado para Suhun, quando Taehyung murmurou: "Mas sua mãe não era guerreira lá no Afeganistão?"

Gelei.

Ela era médica. E estava na África. Meu Deus.

O chamei discretamente com os olhos e expliquei que ela já havia voltado.

Taehyung me encurralou do lado de fora.

Revirei os olhos enquanto ele me dava um sermão dizendo o quanto minha desculpa era ridícula e do porque de eu estar assim. Óbvio que na hora do ódio acabei soltando todo o meu ciúme, dizendo que não sabia e não queria ele de tanta confiança com outras garotas.

Ele me chamou de possessiva. Disse que ela era uma prima muito antiga, e que eles sempre se trataram assim. Não sei o que me magoou mais.

Só sei que soltei palavras que me arrependi no minuto seguinte de dizer.

- Eu é que sou a possessiva?! Que eu saiba não sou eu que fica pulando feito um louco no meu pescoço!

Mordi os lábios e arregalei os olhos.

Droga. Senti que eles lacrimejavam novamente.

Eu sei o que meu tom denunciou: Que ele me fazia passar vergonha, que abusava de mim...

Que não me respeitava.

Taehyung olhou no fundo dos meus olhos. Pela primeira vez estava triste.

- Eu sempre entendi a nossa amizade. Acho que a única que não entendeu foi você.

Será que isso era verdade?

O que eu realmente sentia por Kim Taehyung? Será que era mesmo ele quem estava passando dos limites?

 

 

 

 

Pela primeira vez na história da humanidade, fui a primeira a sair da sala. Professor Oroy me lançou um olhar questionador, e eu não pude deixar de sorrir.

Ele era o primeiro Professor que me fazia enxergar os números com menos "monstruosidade".

- Vou ficar bem. - Murmurei, e foi o suficiente para ele puxar minha orelha como sempre fazia e me liberar.

Estava morrendo de fome. Não costumava comer muitas vezes no refeitório da escola, mas hoje era estritamente necessário ou meu estômago comeria meus rins.

Meus passos eram tão apressados que sem querer bati com força contra um ombro, fazendo minha mochila cair no chão.

- Droga! - Murmurei, me abaixando para pegar a mesma.

Mas infelizmente a pessoa teve a mesma ideia, fazendo nossas cabeças baterem uma na outra.

- Ai!

Arregalei os olhos ao ouvir aquele grunhido. Eu reconheceria aquela voz de pornô em qualquer lugar...

Levantei meus olhos para Taehyung, que me encarava igualmente surpreso.

Nos encaramos. Eu não fazia a mínima ideia do que fazer e tinha quase certeza de que ele estava me xingando em seus pensamentos.

Depois de uma eternidade, ele finalmente disse algo:

- Olha por onde anda.

Pisquei, só percebendo agora a merda que tinha feito.

Já estávamos "brigados". Eu não pedir desculpas era o cúmulo do absurdo!

- Desculpa, eu...

- Distraída. Como sempre. - Me cortou, suspirando para logo depois fazer uma reverência exagerada em direção ao refeitório. - Pode ir. Você deve estar morrendo de fome...

Revirei os olhos, o choque inicial de vê-lo ali passando aos poucos. Quer dizer... Eu meio que esperava que Taehyung estudasse ali, mas não no meu horário.

Se não bastasse Yoongi...

O encarei com uma expressão completamente séria. Ele olhou da mesma forma.

- Desculpa. - Murmurei, talvez um pouco baixo demais.

Ele sorriu. Mas vi que era forçado.

- Pelo que exatamente?

É Agnes? Pelo que exatamente?

- Bom... - Comecei, coçando a nuca e pigarreando. - Por... Você sabe.

Ele se virou na minha direção com os braços cruzados, claramente se aproveitando da situação.

- Não. Juro que não sei.

Abri a boca várias vezes, mas nada saiu. O que eu realmente queria dizer a Taehyung talvez o machucasse e eu claramente não estava pronta para isso. Só em vê-lo me olhar tristemente já foi a gota d'água...

Eu nunca havia tido um melhor amigo homem. Não tão íntimo assim... Jimin era apenas um amigo. Talvez tivesse sido um melhor amigo se meu coração teimoso não colocasse a ideia completamente idiota de se apaixonar.

Eu nunca pensei em Taehyung dessa forma. Mas não sabia o que minha mente aprontaria futuramente...

Eu tinha medo de estragar tudo mais uma vez.

- Eu não sei o que dizer. - Aquela era a coisa mais sincera que ele ouviria de mim.

Taehyung me encarou. E logo depois agarrou minha mão, a puxando para longe do refeitório.

- Ei! Eu estou com fome! Aonde está me levando? - Exclamei, mas o mesmo apenas continuava a me puxar.

Depois de alguns tropeços e minutos, finalmente Taehyung me soltou: Estávamos em um dos pátios principais da faculdade, mas uma área afastada com algumas árvores frondosas. Não tive tempo de dizer nada, pois meu corpo estava sendo pressionado com força contra a parede.

E quando sequer percebi estávamos nos beijando.

 

 

 

 

Algumas línguas já haviam passado pela minha boca. Não muitos e algumas mais marcantes que outras... Ah Seokjin, com aquele pedacinho de nuvem em forma de língua; O dia em que Jane me forçou a beijar o primo dela ou jogaria meus fones no vaso; Ou da vez em que eu e Jungkook bebemos vinho achando que era suco de uva e vomitamos ao perceber que estávamos nos beijando pela embriaguez; Ou da vez em que a língua da Lola entrou acidentalmente na minha boca.

Também tinha as imaginárias, como a dos atores de doramas e Park Jimin.

Mas nunca, em toda a minha sã consciência eu imaginaria estar beijando Kim Taehyung. Não! Isso era simplesmente... Incabível!

Não sei por quanto tempo aquilo durou e nem definir o que senti, mas só sei que minha mão voou na cara dele algum tempo depois.

Taehyung me encarou. Sequer esboçou alguma reação enquanto eu fervia de tantas perguntas.

O. Que. Está. Acontecendo?!?!

- Calma. Isso foi um teste. - Ele suspirou e passou as mãos nos rosto, finalmente fazendo uma careta de dor. - Logo depois que você foi embora, conversei com a minha prima sobre isso. Ela disse que achava que você gostava de mim além da amizade... E que talvez estivesse com vergonha. Claro que eu pensei: "Poxa, a Agnes estando a fim de mim?! Sem dinheiro envolvido nisso?"

Eu pisquei. Mais choque do que eu estava só com fio elétrico mesmo.

- Te beijei para ver se você ou eu sentia alguma coisa... - Ele coçou o queixo de maneira pensativa, o local do tapa começando a ficar vermelho. - Não foi ruim... Mas pensar em você dessa forma me causa calafrios. Prefiro apertar sua bunda.

Abri a boca. E comecei a gargalhar.

Porque aquele garoto simplesmente não existia. Kim Taehyung seria um namorado perfeito demais... Preferia ele sendo perfeito como meu melhor amigo.

- Porque você simplesmente não me perguntou? - Murmurei, o abraçando.

Taehyung sorriu e pousou seu queixo na minha cabeça.

- Se eu disser que não pensei nisso você vai acreditar?

- Não.

- Então deixa assim mesmo.

 

 

 

 

 

Infelizmente Taehyung veio apenas acertar alguns papéis do seu novo horário: Noite. Estava com esperanças de que aquele estranho caísse na minha turma ou até mesmo no mesmo horário. Mas nem tudo são um mar de flores...

- Ah! Ainda não te perdoei! - Ele gritou do portão, antes de sumir pela esquina.

Suspirei e revirei os olhos. Ele era um louco e eu que teria que batalhar para ter aquela amizade completamente de volta? Ele tem sorte de eu gostar de coisas difíceis.

Finalmente meu dia terminou, e me permiti sorrir verdadeiramente na volta para casa.

Claro que a mensagem de um certo "Kim" ajudou bastante...

 

Pelo que estou vendo aqui precisamos de molho choyo, cenouras e meio KL de salmão.

Cardápio da noite: Jantar japonês na Coréia do Sul com o cara mais gato da Coréia do Sul e do Japão.

Estou te esperando aqui em casa. Acho que tem tudo isso no Mercadinho da Esquina...

Beijos! <3

 

J

Sorri e dei meia volta, indo em direção ao "Mercado da Esquina". Apesar do nome super "original", o mercado é super popular aqui no bairro de HaeunDae e também conhecido pelas melhores marcas de sorvete daqui. Tudo que você imaginar existe nesse lugar...

Adentrei o lugar ouvindo o tilintar dos sinos na porta. Fui direto para a sessão de frios.

 

 

&

Mercado da Esquina

Yoongi (...)

 

Não podia acreditar. Não devia acreditar. Mas o principal: Não deveria se importar.

Mas porque aquilo estava incomodando tanto? Porque desejou nunca ter ido ao Pátio naquele dia?

De todas os caras que imaginou que Agnes ficaria, Taehyung era o último deles. Apesar de todo cuidado extremo e das carícias, achou que tudo nunca passaria de uma amizade forte e maluca. Pra ser sincero ainda esperava o dia em que Taehyung entraria pela porta declarando oficialmente que era gay.

Mas não... Pelo visto ele era bem "hétero". E bem esperto também.

Taehyung não seria louco de brincar com ela desse jeito, seria? Aish! Porque ficou observando os dois se beijarem?!

Suspirou e agarrou seu chocolate sem açúcar, indo em direção a sessão de frios para pegar um café gelado.

Onde Agnes acabava de virar o corredor. Virou a cabeça naquela direção, mas só viu a caixa atendendo alguns clientes.

Balançou a cabeça, não sabendo nem ao menos porque ela estava quente.

 

 

Jungkook (...)

 

Jane gostava de chocolate? Com certeza sim. Que ser humano sem coração não gostaria de chocolate?

Zumbis.

Sorriu, mas logo seu sorriso morreu ao lembrar da noite anterior.

Porque era tão difícil dizer o que realmente sentia? Porque às vezes não sabia o que sentia?

Será que aquilo... Será que tinha algo a ver? Agnes pegou trauma de carros. Ele poderia muito bem ter pegado trauma de garotas depois daquela experiência...

Um leve toque em seu braço o fez se virar, no mesmo momento em que Yoongi virava o corredor.

Arregalou os olhos, não acreditando.

O que ela estava fazendo ali?! Definitivamente zumbis existiam porque aquela garota era de um passado tão distante que só poderia ter voltado dos mortos.

- Kookie-ah! É você mesmo! - Exclamou com aquela voz fina e agora irritante.

O abraçou, enquanto o mesmo continuava sem reação.

Maldito seja o 1° grau do ensino médio...

 

 

 

Jane (...)

 

Passou ao lado da sessão de chocolates e não pode evitar um espirro. Porque alergia a uma das melhores coisas do mundo? Nem tudo era um mar de rosas nessa vida... Aliás, também não tinha muita simpatia pelas mesmas.

Morar sozinha tinha suas vantagens e desvantagens e com certeza aquele era o momento das desvantagens... Tudo que queria naquele dia era deitar na cama, xingar Jungkook e assistir doramas.

Mas como a vida não colabora, o desejo de lasanha veio e já que não havia mais ninguém para comprar foi ela mesma.

Se arrependeu não ter trago um casaco, pois novamente estava com frio ao chegar perto das geladeiras da sessão.

Hoseok virou o corredor, com papel higiênico em mãos.

Jane se virou e foi na direção da promoção das lasanhas de um locutor com a voz gostosa.

 

 

 

Taehyung (...)

 

Além de comprar chocolates e café gelado, o que mais gostava naquele mercado era os minutos que tinha como locutor usando a desculpa para o que estava lá de que alguém estava o chamando e ele o substituiria no intervalo.

Soltou uma risadinha ao ver o jovem de óculos fundo de garrafa ir para os fundos do mercado. Ele sempre caía. Trouxa da vida...

Lasanha. Com certeza essa merecia uma promoção!

- Olha a lasanha, feita especialmente pra você e sem papelão! Essa é de confiança! - Exclamou no microfone, vendendo a mesma por metade do preço. - Está acabando em? Corre aqui e garanta a sua lasanha de qualidade e cheia de colesterol!

Não estava acabando.

E ele sabia que sua voz chamava mais atenção que a própria lasanha...

Só trocou um pequeno flerte com olhos verdes.

E... Que bundinha...

Quando o "fundo de garrafa" voltou revoltado, largou o microfone e seguiu aquela bundinha...

Opa! Tinha ido ali para comprar o leite de Lori!

Foco, Taehyung, Foco!

Olha só esse quadril...

 

 

 

Hoseok (...)

 

Por mais que tentasse, uma simples ida ao mercado virava sempre uma compra de mês. Deixava tudo para última hora até seu último macarrão instantâneo acabar...

Se conformou de que tudo aquilo não caberia nas mãos e tratou de pegar um carrinho. Uma garota de cabelos cacheados avaliava o preso dos molhos com um carrinho vazio a sua frente.

Lançou seu melhor sorriso, tanto por ser uma mulher bonita quanto por querer muito aquele carrinho.

- Com licença. - Ela o olhou. - Você vai usar esse carrinho?

Agnes sorriu empurrando para o garoto de sorriso encantador.

- Não. Pode ficar.

- Obrigada!

Jogou tudo ali dentro, fazendo-a sorrir ainda mais.

- Seu sorriso é bonito... - Disse tranquilamente e sinceramente.

Ela se remexeu um pouco tímida, mas logo seu sorriso alargou e murmurou:

- Mas nada comparado ao seu.

 

 

Destino era destino... E corredores de mercados eram inspirados neles. Por mais voltas que se dê, tudo dá exatamente no mesmo lugar.

Ou no caso do Mercado, o caixa.

 

 

&

Hoseok era um cara maravilhoso. Não só pelo sorriso lindo e encantador, mas pelo jeito fácil em que ele guiava nossa conversa. Vez ou outra eu ria de suas piadinhas com os preço das coisas e no fim o ajudei a fazer a compra do mês.

22 anos, solteiro e professor de Dança. Se eu não estivesse "quase lá" com Jin, chamaria ele no Whats hoje mesmo.

Nossa conversa leve e descontraída seguiu na fila do caixa, comigo pedindo para que ele parasse de se apoiar tanto no carrinho ou cairia lá dentro.

Tudo estava tranquilo... Estar razoavelmente bem com Taehyung (até agora não sei muito bem como reagir aquele beijo), conhecer um garoto legal no mercado, chegar na casa de outro garoto maravilhoso e jantar com ele... Tudo bem.

Hoseok atendeu uma ligação, e nos devaneios dos meus pensamentos acabei ouvindo uma certa conversa atrás de mim:

- O que?!

- Cala a boca Jungkook, ela está aqui na frente... - Murmurou uma voz que logo reconheci e arregalei os olhos.

Yoongi?! O que ele estava fazendo ali?!

- Sério cara. Eu não entendi... Ou entendi? - Sussurrou meu irmão, me fazendo também ficar surpresa com a sua presença.

Sou sempre eu que faço as compras de casa, então o que ele também está fazendo aqui?!

Yoongi suspirou impaciente.

- Já que você não entendeu do modo simples, vou explicar do modo mais explícito possível: O Taehyung estava com a língua na garganta da Agnes.

- QUE?!?! - Berrei, virando para trás no mesmo momento.

A mulher que estava entre nós se assustou e chegou para o lado. Hoseok arqueou a sobrancelha mas continuo com seu telefonema.

Tentei me acalmar e digerir todas as informações: Eu havia beijado Taehyung. Não do modo como todos pensavam, mas... Ah meu Deus, e Yoongi havia visto!

Droga! Logo ele!

Nenhum dos dois se assustou com a minha histeria repentina. Jungkook me encara com uma expressão de "você?! Logo você?!" e Yoongi inescrutável como sempre.

Meu Deus... Isso está tomando proporções que eu nem imaginei! Depois de Jungkook sabe lá pra quem ele vai contar!

Suspirei e respirei fundo, para não voar na garganta de Yoongi.

- Você viu?

- Não. Estava fazendo meus vodu lá em casa e por um acaso isso apareceu na minha bola de cristal.

O.K. Eu já esperava uma resposta grosseira e irônica.

- Seja lá o que você tenha visto interpretou muito errado! - Me apressei em dizer.

Ele me olhou como se eu fosse a maior idiota do mundo.

- Sério Agnes? Sério mesmo? - Seu tom de voz aumentou um pouco, atraindo alguns olhares para nós. Mordi os lábios, tentando conter meu nervosismo. - Eu não saio beijando bocas por aí, mas sei exatamente o que é um beijo! E quer saber? Dane-se! Você não me deve satisfação nenhuma!

Senti meu estômago se contorcer. A pior coisa que poderia acontecer era uma interpretação errada daquele beijo... E Yoongi estava fazendo exatamente aquilo. Se não se importava, porque estava inquieto e irritado? Eu estava muito dividida entre dar um soco na cara dele ou dizer para ele calar a boca e dar outro soco.

Mas eu não consegui.

Pois do nada, Taehyung simplesmente brotou ao meu lado com os braços cruzados.

Deus. É uma festa surpresa pra mim?! Quem mais vai aparecer nesse mercado?!

- Não. Foi sim um beijo e eu gostei, mas não passou disso. Continuamos amigos. E você não tem nada a ver com o que quer que a gente faça... - As palavras de Taehyung saiam tão rápidas que não pude deixar de me encolher. - Incomodado? É só falar.

Yoongi retirou o boné, e só com aquele simples gesto percebi que a coisa talvez estivesse ficando mais séria do que deveria.

- Meninos, por favor... - Tentei.

Que surpresa! Fui interrompida imediatamente.

- Eu sei como você é, Taehyung. Só não quero que a Agnes crie ilusões na cabeça dela... - Ele me fitou por um instante e parecia que tinha medo das próximas palavras: - Ela também é minha amiga.

Por essa eu realmente não esperava.

Min Yoongi está preocupado comigo... Min Yoongi está preocupado com alguém! Ele me considera uma... Amiga!

Poxa, isso seria muito legal se não fosse assustador.

- Que? - Taehyung murmurou, e fiquei em dúvida se foi pela revelação repentina de Yoongi ou pelas palavras absurdas.

Espera... Ilusões?! Sério mesmo?!

- Você é assim com quase todo mundo. Carinhoso, lindinho e tudo mais... Mas já pensou se ela interpretar isso de outra forma? Não agora, mas futuramente? Você nunca iria arcar com isso. Você ainda é um garoto Taehyung! Está brincando!

Por alguma razão meus olhos marejaram. Eu... Ainda não tinha pensado nisso. As possibilidades eram quase impossíveis, mas as palavras de Yoongi não era de todo falsas.

Não quis demonstrar mas me assustei um pouco.

- Brincar?! Você acha que eu realmente sou tão ridículo assim?! - O tom de voz do meu amigo tinha aumentado consideravelmente e já tínhamos uma boa platéia. - Cala a boca seu babaca! Uma coisa que eu sempre tive e vou ter é respeito! Principalmente com a minha melhor amiga!

Jungkook colocou uma mão na boca com uma cara de "nossa cara". Hoseok não sabia para onde olhar e estava tão constrangido quanto eu.

- Antes de ser melhor amigo dela, você é homem! Então não vem com a desculpa idiota de que aquilo foi só um beijo entre amigos!

Taehyung parou. Seus olhos se estreitaram e eu me preparei para o caso de ele voar em cima de Yoongi.

Um riso contido saiu de seus lábios.

- Espera aí cara... Foi você que começou com isso?

Foi muito engraçado ver Yoongi com os olhos arregalados. A melhor visão do dia.

Ele coçou a nuca e ajeitou o casaco.

- Não. Eu só queria...

- Toma leite!

Tudo aconteceu rápido demais.

Taehyung revelou de última hora um enlatado que estava em suas mãos, e como um ninja o abriu e jogou seu conteúdo em Yoongi.

Pela primeira vez, Yoongi estava preto.

Meu Deus. Aquilo não era leite.

Não fazia sentido.

Era pó de café.

O mercado inteiro parou. Uma caixa deixou alguns Wons cair no chão, e um bebê deixou a chupeta cair da boca.

Eu juro que estava dando para segurar as lágrimas e a risada. Estava difícil, mas estava dando.

Taehyung o olhava completamente atônito, assim como Jungkook que parecia se perguntar "o que estou fazendo aqui?".

- Caramba... - Murmurou meu amigo, mas com o silêncio sua voz reverberou pelo lugar. Ele encarou Yoongi. - Eu jurava que isso era leite em pó. Caramba...

Então Yoongi abriu os olhos. Ele estava preto.

Gente.

Eu simplesmente explodi e a risada estérica de Hoseok me fez chorar.

Meu Deus.

Eu ainda não havia me recuperado, quando Yoongi pareceu juntar todo o ódio de seu ser e soltou um grito de guerra correndo em direção a Taehyung.

Ele correu. Yoongi deixando um rastro de pó de café pelo mercado.

Meu amigo não conseguia parar de rir e olhar para trás, e por isso não viu a pirâmide de caixas de farinha de trigo a sua frente.

Gritei. E Hoseok caiu no chão numa risada maléfica.

Caixas e mais caixas voaram para todo lado e fechei os olhos ao ver Yoongi acertar o queixo de Taehyung com um soco. O mesmo revidou em seu nariz e assim seguiu com alguns chutes e palavrões, até um deles (não consegui ver quem pois uma névoa densa subia... Acho que era o pó...) ter a brilhante ideia de abrir uma caixa e jogar pó no rosto do outro.

Observei atônita, dizendo a mim mesma que se alguém perguntasse eu diria que não conhecia os doentes mentais.

Olhei para o lado a tempo de ver Jane surgir comendo alguns salgadinhos, os olhos brilhando de animação pela briga.

- Nossa! Eu só venho comprar uma lasanha e vivo uma aventura... - Comentou, logo depois percebendo quem sou eu. - Vaca! Agora que fui ver que era você...

- Eu também...

Não terminei.

Pois um dos pacotes de farinha acertou meu rosto em cheio e me derrubou no chão.

Abri os olhos e estava no céu. Bom... O céu não teria duas pessoas como Taehyung e Yoongi, que riam enquanto me observavam.

Pensava que era impossível aquele garoto ficar mais branco. Ele só não poderia ser confundido com o Penadinho, porque uma fina linha de sangue descia do seu nariz.

Assim como outra descia do canto da boca de Taehyung.

- O que vocês...

Não tive tempo de falar. Apenas obedecer.

E quando percebi tínhamos formado times e a "Guerra do Pó" havia começado, com pessoas fugindo como loucas do mercado.

Time Tráfico: Eu, Taehyung e Yoongi.

Time "Dona Lee e seus dois Maridos": Jungkook, Jane e Hoseok.

Kaya, que decidiu também brotar, quis brincar. Eu já disse que não suporto essa garota?

Jungkook cuidou disso... E recebeu um beijo de Jane.

A comemoração foi jogar mais pó para o alto.

Ignorei uma voz no fundo da minha mente que dizia: "O que vocês tem na mente?" e coloquei um pouco de farinha na cueca de Hoseok.

 

 

 

 

30 Minutos depois...

 

Eu estava morta. E pra quem me olhasse naquele momento diria, "literalmente".

Acho que tinha farinha de trigo até na minha alma. Me remexi um pouco inquieta tentando aliviar o desconforto na minha calcinha. E a vergonha e humilhação que eu estava sentindo naquele momento...

Estávamos cercados por alguns policiais locais. Eu sempre imaginei que se algum dia conversasse com a polícia seria para resolver alguma merda de Jungkook, ou para ajudá-los com o meu futuro posto de advogada.

Mas nunca imaginei que fosse para relatar o vandalismo em um supermercado chamado "Mercado da Esquina".

Ou para relatar a quase morte de Kaya, que neste momento graças a Deus estava a caminho do hospital.

Nossa intenção era apenas dar uns susto nela, já que nossos times estavam formados e ninguém mais queria adicionar ninguém. Então Jungkook pegou algumas pimentas enquanto fugia de um policial, e colocou no nariz de Kaya.

Rimos. Até ela começar a ficar vermelha e soltar uns barulhos estranhos, enquanto seu corpo exibia manchinhas estranhas.

Eis a surpresa: Além de ser a garota que dispensou Jungkook no 1° grau do ensino médio (ela gritou com ele na frente de todo mundo! Eu nunca havia visto meu irmão chorar e aquele dia foi a primeira vez...), também era a garota que tinha alergia a pimentas vermelhas.

Jane chorava dizendo que ela ia morrer, Taehyung olhava para o horizonte, Jungkook não parava de murmurar "eu sou um assassino, eu sou um assassino..." com uma voz super dramática digna de um Oscar e Yoongi mandava um dos policiais enfiar a arma no...

Enfim, fui a única sensata ali para ligar para a ambulância. E me entregar a Polícia.

O que fez Taehyung se entregar para me salvar, Yoongi se entregar para salvar Taehyung, Jungkook se entregar para salvar a irmandade e Jane se entregar por que eles eram uns idiotas.

Hoseok tinha um amigo na Polícia. E estava tentando resolver as coisas para nós neste momento.

E enquanto eu estava ali deitada no ombro de Yoongi, com Taehyung dormindo no meu ombro e uma das minhas pernas jogadas na dele pensei:

Como cheguei a esta situação Senhor?

Parecíamos drogados que tinham se empolgado tanto a ponto de querer batizar o corpo também, encurralados no fundo do supermercado. Suspirei e olhei para Yoongi, que brincava com uma linha solta na minha blusa.

- E aí? - Murmurei, tentando não rir do seu rosto quase que completamente branco.

Ele sorriu.

- Eu só vim comprar um café gelado... Meu Deus.

- E eu um molho choyo, cenouras e salmão.

- E o que vamos receber por isso? - Ele sussurrou indignado.

- A conta de uma tonelada de farinhas de trigo e uma pimenta vermelha pelos próximos 5 meses.

Rimos, mas de engraçado aquilo não tinha nada.

Estremeci ao pensar se realmente seria presa. A conversa entre Hoseok e seu amigo policial continuava tensa.

Suspirei e mais uma vez olhei para Yoongi.

Ele ainda estava sangrando.

Parou de brincar com a minha blusa quando viu que eu o estava observando.

- O que? Me achou bonito de branco? - Sorri de sua fala sem sentido.

- Não. Só quero impedir que você morra sangrando, já que provavelmente irá morrer de "intoxicação farinhosa".

Ele sorriu e peguei um papel higiênico escondido na blusa de Taehyung. O que?!

Comecei a limpar seu rosto... Involuntariamente lembrei do dia em que seu pai... Que aquele homem o bateu. As feridas de agora nem se comparam com aquelas. Mas sei que aquilo foi bem mais profundo do que aparentou...

E mais uma vez, me perguntei se Min Yoongi iria se curar.

Seu rosto voltou ao branco habitual e pressionou o papel no pequeno ferimento em seu nariz.

Então Yoongi simplesmente murmurou:

- Vai ser sempre assim?

O olhei sem entender.

- Como assim?

- Você... Sempre vai ficar cuidando dos meus machucados? - Sua voz foi morrendo aos poucos, até que fui obrigada a ler seus lábios.

Ele disse aquilo para que nem mesmo Jungkook e Jane que estavam conversando ao nosso lado conseguissem ouvir.

Por um momento, um breve momento, eu vi.

O coração do garoto quebrado. Em pedaços... A carência que ele teimava em esconder.

Yoongi só queria ser cuidado. Só queria alguém para xingar e zoar a hora que bem entendesse... Que estivesse mesmo ao seu lado.

Yoongi queria apenas um amigo.

Ele me mostrou seu coração. Tive certeza disso quando sua mão deslizou delicadamente pelo meu rosto, limpando um pouco do pó.

- É... Isso que amigas batatas fazem não é mesmo? - Sussurrei, presa naqueles olhos negros e repletos de mistérios.

Ele sorriu.

- É. Isso sim...

Yoongi se abaixou um pouco, para que eu ficasse mais confortável em seu ombro.

E nesse momento eu tive certeza.

Éramos amigos. Independente da sua crise de bipolaridade, do seu coração quebrado e do seu jeito amargo... Éramos amigos.

Batatinha e Garoto Fragmento. Que dupla!

A dívida ficou em € 716.67 wons*, dividimos de uma forma justa entre todos nós e que desse para pagar. O maior valor ficou com Hoseok, mas ele disse que tudo bem e que a academia dava um bom dinheiro.

E mais uma vez, tudo estava bem.

Até Namjoon aparecer lá também, com uma jaqueta de couro que deixava ele muito assustador e um olhar mais assustador ainda.

Ele fez questão de dar um sermão em cada um de nós, parando apenas em Hoseok porque não lembrava o nome dele e em Jane por ela ser... Mulher.

Eu também era mulher e eu levei um sermão! Indignada!

- O.K. - Ele disse, com as mãos na cintura e de frente para todos nós. Até Taehyung havia acordado, e tratei de cuidar do sangue em sua boca. - Quem vai limpar aquela bagunça?

Silêncio. Por mais ou menos um minuto. Queria ter dito que foi em homenagem as falecidas caixas de farinhas de trigo. 

Yoongi espirrou jogando metade do pó para cima.

Eu ri. Taehyung riu mais alto. Jungkook revirou os olhos assim como Jane.

Hoseok explodiu. Acabei de conhecê-lo, mas aprendi um valioso conceito: Hoseok não gargalha. Ele explode, assustando todo mundo.

E ninguém respondeu a pergunta.


Notas Finais


* 716.67 Wons, equivale (aproximadamente) a 2.000 Reais aqui no Brasil. Sim, nossa galerinha extrapolou um pouco KKKKKKKKKKKKKK'
Taca-lhe pó!
Te aguardo aqui em baixo! <3
Milhões de BJokas! <3 <3 <3


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