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História Autoescola Fracassada - Compacto


Escrita por: Yarv

Notas do Autor


Batatinhas do meu coração' :3 Como vocês estão? Espero que bem, porque eu tô cheia de frio' e.e
Eu espero que eu não tenha demorado tanto para atualizar, e caso tenha peço perdão de coração! Assim como me expliquei para meus outros leitores, me bateu um bloqueio criativo maligno' :/ Mas eu sinceramente espero que este MEGA (gente, mais uma vez perdão! Juro que tentei diminuir mas não dá pra tirar nada! T-T Sorry!!!!) capítulo compense! Hoje, sem spoiler' XD
Quero agradecer de todo o meu coração aos 40 favoritos! Tekared (beijo Unnie!) tá de prova do quanto eu surtei quando vi! Eu amo vocês e amo escrever! Tô feliz pra cacilda e devo isso a Deus e a vocês! Obrigada mesmo! ♡
Bom, lhes desejo uma ótima (torcendo para não entediante) leitura! *3*
Milhões de BJokas! ♡♡♡

Capítulo 21 - Compacto


Dia seguinte...

Academia de Dança Gyeoul

 

...

Já tinha perdido as contas de quantas vezes pensou em bater a cabeça na parede. Mas só percebeu que ressaca era uma das piores coisas do mundo quando a melhor coisa do mundo quase fez sua cabeça explodir: Música. Xingou os amigos mais uma vez quando uma pontada atingiu o lado esquerdo da cabeça, proveniente apenas do chiado vindo de uma das salas de dança.

Hoseok já estava decidido: Não colocaria nem mais uma gota de álcool que fosse na boca. Mas infelizmente isso poderia se tornar complicado contando com os animais que tinha como amigos.

Amigos... Era estranho contando o fato que se conheciam a pouco tempo. Mas sentia uma segurança ao pensar assim deles.

Já ia se dirigir ao bebedouro para tomar 2 litros de água novamente, quando avistou Gina, sua recepcionista. Isso arrecadaria muitas perguntas por conta dos alunos, mas logo se decidiu que não conseguiria dar aula no estado em que se encontrava. O mínimo ruído causava uma explosão de dor em sua cabeça.

- Gina! - A baixinha de óculos parou e o encarou, escondendo as bolachas que comia. Hoseok não pôde conter uma risada ao se aproximar. - Não quero seu biscoito. Apenas um favor...

- Está certo. - Ela tirou os biscoitos de trás das costas e mordicou um. - Afinal você me paga pra ser sua recepcionista, não pra comer meus biscoitos.

Dessa vez o professor riu de verdade. Agora lembrava porque a tinha contratado: Sarcasmos e sinceridade numa baixinha japonesa de óculos? Irresistível!

- Cala a boca. - Ela fingiu estar ofendida, mas logo pegou um pequeno bloco de notas para anotar. - Quero que cancele todas as minhas aulas do período da tarde e a noite.

- Vai terminar o serviço no bar?

Ele a olhou espantado. Como ela sabia?!

- Você é uma bruxa ou uma recepcionista?!

- Recepcionista gostosa. - Ela o bateu quando ele gargalhou. - Acha que não sei reconhecer quando alguém está de ressaca?

- Então é pra isso que você usa meu dinheiro, safada?

Ela o encarou tempo suficiente para fazê-lo tentar conter a gargalhada sem sucesso.

- Quero saber qual o grau de confiança que você acha que eu estou te dando, Jung Hoseok.

- O mesmo grau dos seus óculos. Isso é: Pra caramba. - Ela o encarou antes dele completar: - Cega.

A gargalhada fez sua cabeça quase explodir mas o melhor foi a risada de Gina.

Simplesmente a melhor recepcionista que alguém poderia ter.

- Faz o que eu pedi, O.K. escrava? - Gritou já do fim do corredor.

- Vou enfiar aquele som no seu... - Ela se deteve ao lembrar de algo e correr atrás de Hoseok. - Espera! Tem um recado!

- O que?

- Uma garota... Acho que é uma aluna. - Suspirou, mas não conseguiu lembrar o nome da mesma. - Ela chegou faz umas meia hora. Mas o que eu mais achei estranho foi que ela nem mesmo me pediu informação de onde você estava, praticamente saiu correndo para uma das salas e ficou por lá mesmo. E apesar de eu não lembrar o nome dela, sei que ela tem aula com você. Se não me engano está na sala no fim do corredor.

Hoseok levantou uma sobrancelha. Sua primeira aula no período da tarde seria dali a quase... Verificou o relógio. Uma hora! E era com...

Jane.

Disse a Gina que iria ver quem era e agradeceu. Finalmente a dor de cabeça parecia ter se acalmado um pouco.

Mas se surpreendeu ao chegar perto da porta. Alguém estava... Chorando. E estava bem perto daquilo virar soluços.

Preocupado, abriu a porta e se surpreendeu ainda mais. Quer dizer, não esperava vê-la ali... Pelo menos não agora e naquele estado.

Jane estava sentada no canto da sala, contra uma das paredes. O espelho que ficava de frente para ela refletia uma imagem muito diferente da garota que ele conhecia: Seus ombros sacudiam devido ao choro e ela segurava o celular com força entre as mãos. Não parecia que iria sair dali tão cedo.

Com cuidado para não assustá-la, se aproximou e sentou ao lado da garota. Ela não pareceu notar sua presença.

- Jane... - Sussurrou e repousou uma das mãos em seu ombro.

Mas isso já foi o suficiente para fazer a garota pular com o susto. Apesar das lágrimas cobrirem boa parte de seu rosto, prontamente reconheceu Hoseok o que a fez adquirir um tom quase escarlate.

- H-Hoseok? - Gaguejou, encarando o mesmo com olhos arregalados. - O que está fazendo aqui?

O professor não conseguiu conter o tom irônico ao responder:

- Sou a faxineira daqui esqueceu?

Jane o encarou por longos minutos, o que o fez se arrepender quase que instantaneamente pela brincadeira. Mas um pequeno sorriso nasceu em seus lábios.

- Idiota. - Disse simplesmente.

Ele sorriu nervoso e encarou os reflexos no espelho.

Não sabia o porque de ela estar chorando, e tinha medo de duas coisas: Perguntar e sair como intruso. Não perguntar, e sair como despreocupado.

Optou pela primeira opção:

- O que houve?

Ela fungou e remexeu na mochila, até tirar alguns lenços de dentro.

- Se importar. - Começou a limpar o rosto. - É uma droga. Juntando o fato de que você descobre no mesmo dia que o amor não serve pra alguém como... - Ela sorriu para ele através do espelho. - eu.

Aquilo era extremamente confuso. Ela estava amando alguém?!

A única pessoa que tinha certeza que nutria sentimentos desse patamar, era sua mãe.

- Amor é pra gente séria. - Murmurou Hoseok, fazendo a garota rir.

- Ou pra gente que mereça...

- E no caso, quem não merece? - Indagou Hoseok, apoiando a cabeça contra a parede.

Jane o encarou através do espelho mais uma vez. Aquilo não deixava que seu olhar se tornasse menos intenso, mesmo que um vidro separasse o contato direto. Ela agradeceu internamente por isso. Sentia que só voltaria a chorar caso alguém a olhasse nos olhos e enxergasse sua alma...

Mordeu os lábios antes de criar coragem e tirar aquele peso que a sufocava. Não fazia ideia de quanto tempo ele estava ali, mas era pesado o suficiente para machucá-la ainda mais...

O professor esperou pacientemente até que a garota finalmente se pronunciou:

- Você lembra do Jungkook, não lembra?

Hoseok pensou por alguns instantes. Era muito ruim com nomes.

- Seu namorado? Porque é o único cara relacionado a você que eu lembro.

- É. E definitivamente ele não é meu namorado. - Ela suspirou enquanto Hoseok arregalava os olhos, surpreso. - Nunca foi.

- Mas naquele dia...

- Ele só queria que você soubesse que eu era "comprometida". - Ela o olhou achando graça. - Engraçado que no final de tudo eu é que acabei confundindo as coisas. Querendo mais atenção do que a nossa condição permitia...

- Espera aí! - Hoseok se sentia boiar literalmente naquela conversa. - Vocês são algum tipo de casal proibido? Tipo, os pais não deixam e aquela história clichê?

Jane abriu o primeiro sorriso sincero do dia.

"1×0 Jung Hoseok", comemorou internamente ao ver aqueles olhos verdes tão lindos emanarem um leve brilho.

Se ele estava feliz que ela não era comprometida? Bom...

- Não. Estávamos ficando a uns 3 meses... Mas a coisa saiu de controle. - Os olhos se encheram d'água. - Eu saí de controle.

Ele suspirou e segurou a mão macia dela.

- Por favor, não se culpe por se apaixonar. Pelo contrário: Se considere uma pessoa forte ao estar admitindo esses sentimentos. - Ela o encarou e se surpreendeu ao ver que ele sorria. - Tanto para você, quanto para o idiota. Porque ele é um idiota em dispensar uma garota incrível como você. Você é linda, Jane. Em todos os sentidos. Se não foi correspondida não é por ser o contrário: É porque essa pessoa não merece seus sentimentos. Ou não entende!

Um silêncio se seguiu enquanto ela absorvia aquelas palavras tão doces. O peso sobre seus ombros deslizou suavemente, mas despencou quando ele abriu o sorriso mais lindo que já vira.

Tudo em Hoseok parecia brilhar. De repente, ele era muito mais lindo que a primeira vez que o vira.

Por isso murmurou, completamente inerte:

- Você é lindo, Jung Hoseok.

Ele não se surpreendeu, já que também estava preso naqueles olhos que pareciam esmeraldas, frágeis e estonteantemente belas. De repente a ressaca já não era tão incômoda. Ver aqueles olhos voltarem a brilhar quase o fez pensar que estava bêbado novamente...

Não perceberam quando a distância entre eles foi diminuindo, imperceptível e perigosamente.

Jane precisava daquilo.

E Hoseok, merda! Queria aquela garota agora!

Ele foi o primeiro a fechar os olhos, deslizando os lábios suavemente pelos delas. Ela inspirou o ar que emanava de sua boca. Hoseok gostou disso. Gostou tanto que sorriu de olhos fechados.

Mal sabia ele que com esse simples ato, quebrou todo o controle que a garota tentava manter.

Jane tomou aqueles lábios com fúria e intensidade, sugando todas as coisas boas que aquele garoto lhe proporcionava. Só se deu conta agora: Fosse como fosse, queria aquele cara perto de si. Queria que ele a impedisse de respirar, não por sofrimento, mas por felicidade. E acima de tudo queria ver aquele sorriso que fora capaz de iluminar seus olhos...

Se sentiam flutuar sob a sala, tanto que nem percebeu o momento que deslizou para o colo do garoto. Suas bocas travavam uma batalha feroz, buscando o controle a todo momento. Para Hoseok não parecia o suficiente: Era muito melhor do que sua imaginação! Mas ainda assim não era o suficiente! Queria muito mais, queria sentir aquela garota de todas as formas possíveis.

Foram pegos por um sentimento imprevisível e devastador. Carência? Desejo? Paixão? Falta de controle? Nunca saberiam.

Suas respirações se tornaram uma, e Jane praticamente foi ao delírio quando o professor lhe deixou um chupão dolorido no pescoço. Sabia muito bem como aquilo iria terminar, mas nunca quis tanto que algo assim acontecesse...

Boom!

A porta foi aberta com violência e num barulho que dificilmente não seria escutado, ao mesmo tempo que o celular de Jane começou a tocar freneticamente. Eles não souberam de pularam de susto ou pelo encanto ter se quebrado de uma forma tão abrupta.

E que logo trouxe a consciência.

Jane até ficaria vermelha; se a ligação não fosse de Jungkook, ascendente de 20 mensagens do mesmo.

E Hoseok até inventaria uma desculpa se a pessoa na porta não fosse tão inesperada quanto imaginava:

- Inko?!

 

 

 

&

20 minutos antes...

Casa Jeon

 

O que fazer quando não se quer (e não se tem) a companhia de nenhum ser vivo da raça homo sapiens por perto? Simplesmente a coisa que destruiu e ao mesmo tempo inovou a humanidade: Internet. O que na minha concepção, avaliando o meu atual estado, está se transformando numa grande e irrevogável merda.

Assim como tudo que ocorreu a partir do momento em que deixei Jin e Jimin no quintal, logo após a desgraça da noite anterior.

O que uma mulher forte e sensata como eu fez? Chorar até as tripas quase saírem para fora, arrependida demais e orgulhosa demais para voltar e pedir desculpas. Colocando o fato da sensação de se sentir um lixo. E claro: Jin chamando na minha porta até que eu dormisse. Nem percebi quando o mesmo foi embora e não faço a mínima ideia (por mais que esteja preocupada) do que houve com Jimin logo que eu subi.

Esperanças de um dia seguinte melhor e cheio de pedidos de desculpas?

Nada disso!

Assim como quase tudo na minha vida, ela decidiu brincar mais um pouco e desgraçar tudo: Acordei com uma dor de cabeça horrenda fora a dor que se instalava na minha barriga. A essa altura do campeonato eu já até sabia quem havia chegado para me visitar nesse mês e até mesmo comemorando por ter alguém para jogar toda a culpa das minhas ações vergonhosas do dia anterior.

Mas ao colocar o absorvente noturno depois de um banho relaxante me veio a mente:

E se esse sangue não for da linda que vem me visitar todo mês? E se ela for do estrago que Jin fez? E se eu estiver com uma hemorragia que vai me matar aos poucos e meus últimos momentos de vida serão me martirizando por não ter guardado minha castidade até o casamento?!

O.K. Isso aqui já não é mais TPM! É TPT! (tensão pós-transa)

Já que provavelmente eu estava com meus momentos de vida contados, decidi recorrer a algo que me desse um pouco de paz. Afinal, sabe-se lá pra onde eu vou depois daqui né? Melhor aproveitar a "tranquilidade".

E agora estou aqui, pendurada de cabeça para baixo em uma corda que está amarrada entre a porta do meu banheiro e a porta de entrada do meu quarto. Tudo que eu preciso fazer é encontrar a paz interior e esvaziar minha mente de tudo, deixando-a leve. Disse o site Budista que meu corpo ficaria leve também.

Será que eu estou gorda?

Será que foi por isso que minha primeira vez foi tão horrível?

Gorda... Feia... Gorda... Feia...

Quase perdi o equilíbrio e causei um traumatismo craniano, o que me obrigou a esvaziar mesmo a mente. O.K. Agnes. Imagine que você é magra... Mesmo que não seja.

E que você não é insensível.

Rancorosa.

Maldosa...

Coração impuro!

Idiota! Ah, como você é idiota garota!

TPMiosa! TPMiosa!

Meu Deus.

O que vai ser da minha vida? Ah é. Eu vou morrer em algumas horas... O que vai ser da minha pós-vida?

Eu odeio vermelho. Menstruação. Pênis e qualquer menção a assuntos similares.

Agnes, será que dá para calar essa mente por alguns minutos?!

Suspirei, tentando não pensar em nada. Fechei os olhos deixando que a brisa fresca da janela adentrasse e agitasse meus cachos. O.K... Você consegue fazer isso...

Respira... Inspira... Respira...

Ins...

O que?

Abri os olhos ao ouvir algo se quebrar. Algo de vidro! no andar de baixo. Mas o que mais me assustou e tirou definitivamente qualquer possibilidade minha de encontrar a "paz interior" foi os passos pesados e absurdamente rápidos subindo as escadas.

Em direção ao meu quarto.

Arregalei os olhos.

Droga! Acho que eu não tranquei a porta!

E antes que eu pudesse gritar para que quem quer que seja para não me matar com traumatismo craniano (eu já estava condenada), a porta foi aberta de supetão. Não vi nada.

Uma dor explodiu em minha cabeça, e antes que eu pudesse gritar fui jogada na mais profunda escuridão.

 

 

 

 

&

[...]

 

Alguém estava dirigindo e dessa vez não era eu. A estrada parecia infindável, com um sol lindo se pondo bem no meio do horizonte. Eu ria de alguma coisa. Eu estava feliz... Dirigir nunca foi tão libertador, mesmo que eu não estivesse no controle.

Eu confiava nele. Seja quem fosse.

 

 

Abrir os olhos nunca foi tão difícil. A mera tentativa a essa ação fazia uma dor quase insuportável explodir na minha cabeça. Gemi de frustração, e escutei algo rastejar pelo chão.

Parou bem ao lado da minha cama, com uma música estranha ao fundo.

Eu não sabia o que era mais estranho: Uma música ao fundo que agora parecia de um jogo ou seja lá o que estiver ao lado da minha cama.

- Está acordada?

Não pude evitar um sobressalto. O.K. É obrigatório eu abrir os olhos agora.

Com muito esforço - e dores pouco agradáveis - finalmente abri os olhos. Tudo era branco: Desde o teto até o cômodo em que eu estava. Mas não me demorei muito reparando nisso, já que meus olhos instintivamente se voltaram para o dono da coisa rastejante.

O que eu deveria tentar associar primeiro: Yoongi sentado ao meu lado numa cadeira de rodas ou eu estar, pelo que parecia, num hospital?

Minha expressão perdida foi o suficiente para fazer ele sorrir, se divertindo com a situação.

- Se lembra de alguma coisa? - Indagou, e sua voz reverberou pelo quarto.

Não me dei ao trabalho de lembrar ou tentar, já que toda a dor provinha da minha cabeça. Só para constatar passei as mãos no local, logo sentindo um curativo espesso.

Droga. O que foi que eu fiz dessa vez?

- O.K. Pelo visto você não vai falar tão cedo. - Ele finalmente fez o favor de pausar a tal musiquinha no celular, me fazendo soltar um suspiro aliviado. - É o seguinte: Você foi assaltada no meio da rua e eu estava por perto. Tentei te salvar e infelizmente levei um tiro na coluna. Parabéns, agora você tem um professor paraplégico.

Se antes eu não tinha reação, agora eu estava totalmente mortificada. Fui tomada de pavor e antes que eu conseguisse me conter, lágrimas escorriam dos meus olhos e minhas mãos tremiam mais do que eu gostaria.

- Ah meu Deus! Ah meu Deus! - A dor na minha cabeça aumentava cada vez mais, mas tudo que eu queria era fugir dali e me auto-nocautear pelo resto da vida por ter causado tamanha atrocidade.

Eu só conseguia pensar nas maneiras que poderia ter evitado aquilo. Será possível que você nunca vai parar de atrapalhar as pessoas a sua volta, Agnes?! Por sua culpa o garoto será um inválido sem descendentes pelo resto da vida!

- AGNES!

Me assustei ao ouvir o grito de Yoongi. Minha visão já estava turva pelas lágrimas e as coisas só pioravam pela dor em minha cabeça.

Eu nunca o tinha visto tão nervoso; seus olhos demonstravam pavor e seu rosto estava vermelho. Antes que eu entendesse o que estava acontecendo, Yoongi me apertava num abraço que quase espremia minhas costelas.

- Meu Deus garota, eu estava só brincando! - Eu não sabia qual coração batia mais rápido: O meu ou de Yoongi. As lágrimas ainda desciam enquanto eu inutilmente tentava me acalmar, ao mesmo tempo que me agarrava desesperada a ele. Minha cabeça doía de uma forma absurda e eu ouvia somente fragmentos do que ele dizia. - Agnes, diz... Coisa! Eu estou... Agnes! Por favor! Olha, eu estou...

Fechei os olhos, finalmente conseguindo acalmar minha respiração. Eu temia que o estivesse machucando, mas eu precisava me agarrar a algo. Eu precisava sentir que não iria sucumbir naquela escuridão novamente... A dor parecia aumentar a cada mero esforço que eu fazia.

Afundei meu rosto no peito de Yoongi, agora sentindo seu cheiro completamente. Aquilo me enjoou um pouco, mas as batidas de seu coração chamaram a minha atenção...

Tum-Tum Tum-Tum Tum-Tum Tum-Tum

Rápidas, sem pausa nem descanso. Eu gostei daquele som... Gostei muito daquele som...

Tum-Tum. Tum-Tum. Tum-Tum.

Elas se acalmavam a medida que as minhas também se aquietavam. De uma maneira suave e delicada, se tornaram mais altas que as batidas na minha cabeça. A dor ia cedendo a medida que os batimentos de Yoongi iam se normalizando...

Tum-Tum. Tum-Tum. Tum-Tum...

A dor agora não passava de um mero latejar. Yoongi não fez menção de me soltar e eu não desejava isso. A paz que eu tanto procurei estava bem ali, no lugar que eu menos imaginei ou sequer pensei...

Dentro do peito de Min Yoongi.

E eu não sabia o quanto precisava disso até agora.

Eu me sentia consciente e inconsciente ao mesmo tempo. Para o bem estar da minha cabeça, nem sequer ousei abrir os olhos novamente. Apesar de a curiosidade estar batendo forte sobre o que realmente aconteceu.

E o que estava acontecendo!

Vez ou outra eu pegava no sono, e nas raras vezes em que estava consciente (de olhos ainda fechados) escutava pedaços de uma conversa e movimentações: Jungkook entrou e falou pouco, perguntando como eu estava. Sua voz estava estranhamente rouca... Jane entrou acompanhada de alguém que beijou minha testa rapidamente antes de sair. Namjoon foi o único que me fez sorrir e abrir mesmo que minimamente os olhos, já que o mesmo insistiu em verificar se eu estava mesmo respirando com direito a levantar minha camisa e colocar o rosto sobre as minhas costelas.

- Virou palhaço de hospital agora? - Perguntou Yoongi secamente, quando o mesmo fez cócegas na minha barriga me fazendo rir de verdade.

Namjoon apenas o encarou com desdém.

- Pra que se já tem você aqui?

Nam foi embora logo em seguida, deixando uma carta e um buquê de flores ao lado da minha cama que por sinal não eram dele.

Dramático? Muito. Isso que dá ter quase 50% do hall de amigos homens...

E eu simplesmente não conseguia desgrudar do peito de Yoongi. Não sei se era ele ou aquele perfume, mas era só encostar ali que em poucos minutos eu estava descansando. Deveria ter sonífero, só pode (o que não me surpreenderia nenhum pouco)...

Entre um cochilo e outro - eu queria saber de muitas coisas, inclusive a passagem do tempo o qual eu não fazia a mínima ideia - acordei com Yoongi deitado ao meu lado. Pelo silêncio que fazia no local supus que já deveria estar de noite. Me permiti sorrir por dois fatores: Minha cabeça não estava doendo. Yoongi era estranhamente fofo dormindo.

Os cabelos negros estavam jogados de modo desleixado pelo rosto, a respiração calma e cansada balançando a camisa preta. Um de seus braços apoiava a cabeça, enquanto o outro repousava ao redor da minha cintura.

Olhando para os cílios pequenos e o nariz menor ainda, me perguntei como havia chegado naquela situação. Não me lembrava de muita coisa, mas o suficiente para saber que Yoongi não estava presente quando seja lá o que for tenha acontecido.

Porque logo ele estava ali? E porque ele parece a pessoa que deveria estar ali?

Me surpreendi ao ver seus olhos se abrirem lentamente, e ele soltar um longo suspiro. Demorou alguns minutos até focar meu rosto e lembrar onde estava.

- Eu... - Bocejou. Na minha cara. Com um hálito não muito agradável. - Preciso mijar.

E simplesmente levantou, me deixando completamente sem ação.

Como gargalhar me dava dores, tentei diminuir o máximo possível. Sabia que aquilo não poderia ser tão perfeito...

Mas pacífico, com certeza. Era um recorde para nós dois.

 

 

 

 

 

Yoongi voltou para a cama minutos depois. O cavalheirismo e preocupação de minutos atrás (ou horas) foi assassinado no banheiro: Ele quase me derrubou da cama a pedido de mais espaço.

- Ei! - Reclamei, mas cheguei mais para o lado. Ele sorriu e por implicância jogou as pernas e os braços em cima de mim. - Eu sou a doente aqui! Respeita!

Sua risada balançou meus cabelos - que a essa altura já poderiam muito bem ser chamados de "ninho de pássaros" - e ele se ajeitou decentemente.

- Tive que aguentar você agarrada em mim que nem um filhote de macaco por quase um dia inteiro! Mereço um descanso!

Meu rosto ruborizou quase que completamente.

E a sua cota de vergonhas não para de crescer, Jeon Agnes! Parabéns!

Yoongi percebeu que me deixou sem graça e logo emendou, o que me surpreendeu bastante:

- Sossega. Não foi incomodo.

Caímos num silêncio constrangedor. Agora eu queria definitivamente que ele saísse o mais rápido possível dali. De preferência, pela porta que agora estava escancarada graças a enfermeira que acabava de entrar.

Arregalei os olhos.

Porta.

Corda.

Equilíbrio!

As lembranças voltaram tão rápido que quase me arrancaram o fôlego. Assim como a consciência da gravidade de tudo que estava acontecendo ali.

Eu caí de cabeça depois que alguém abriu a porta em que as cordas estavam amarradas! Eu abracei Min Yoongi por mais tempo que o necessário! Eu abracei Min Yoongi!

Se mata, Agnes, caso a hemorragia pós-transa não funcione até o fim do dia!

Gemi de frustração.

Jin, Jimin, Yoongi, Taehyung...

- Ag?

Taehyung?!

Levantei a cabeça tão rápido que até mesmo a enfermeira se assustou. E não era uma ilusão da minha cabeça danificada!

Taehyung estava parado na porta, uma das mãos no bolso da calça enquanto a outra segurava uma das coisas mais lindas do mundo. Pela sua expressão as coisas não iam nada bem.

Só percebi o quanto estava com saudades quando meus olhos se encheram d'água ao ver aquele rostinho maravilhoso.

E outro tão lindo quanto, só que em miniatura.

- Titia! - Exclamou Taenes, estendendo os bracinhos em minha direção.

Porque eu chorei? Sei lá. Mas eu estava com tantas saudades que os beijos e abraços não pareceram suficientes.

Depois que a enfermeira finalmente me analisou por completo e me explicou o que havia acontecido na minha cabeça - uma batida forte que ocasionou uma pequena lesão, temporária, mas que precisava ficar em observação - finalmente nos deixou a sós. Mal tive tempo de me despedir de Yoongi, pois quando olhei para o lado o mesmo já havia sumido.

Não demorou para que Taenes quisesse brincar com meu curativo e as outras coisas da sala. Mas percebi que Taehyung não estava nervoso por isso.

Eu sabia que as coisas não estavam completamente resolvidas entre nós. Mas arrisquei perguntar:

- Tae, o que foi?

Ele desviou os olhos de Taenes que bebia um vidro de soro fisiológico, e me encarou. Pela intensidade de seus olhos fiquei temerosa pelo que viria.

Coçando a nuca ele finalmente suspirou e murmurou:

- Não aconteceu nada com seu pescoço, né?

Eu já disse que amo esse garoto?

 

 

 

 

 

&

Dias depois...

Sábado

 

Taenes estourou mais uma bola que havíamos acabado de encher para ele, fazendo Taehyung soltar um palavrão baixinho. Tentei me manter séria ao brigar com os dois, mas tudo acabou com Tae mordicando o dedo que eu apontava para ele e Lori estourando mais duas bolas. Resumindo: Eu não tinha autoridade nem respeito.

E a festa de Nam caminhava, mesmo que lentamente.

Depois da minha alta do hospital (que se deu um dia após minha internação desnecessária), Taehyung quase cancelou a festa surpresa por conta da preocupação em relação a minha recuperação. Pois a médica havia advertido que por mais que tenha sido uma lesão sem gravidade eu deveria permanecer em repouso, evitando qualquer aborrecimento e até mesmo fones de ouvido. E eu até teria obedecido caso o Big Bang não houvesse lançado uma música nova logo no dia seguinte...

Graças a Deus pude trocar aquele curativo enorme por uma pequena gaze que era quase que completamente escondida pelo meu cabelo. E depois de Tae prometer a médica que iria cuidar de mim umas cinco vezes, finalmente fui liberada.

Não vejo Yoongi desde então, considerando que isso aconteceu na quinta-feira.

Jin muito menos. Ele me ligou algumas vezes, mas não tive coragem de atender. O que me aliviava era saber que ele entenderia que eu precisava de um tempo.

As flores eram de Jimin, com uma carta tão fofa pedindo desculpas que me segurei para não ser atropelada por ele dessa vez. Me senti muito culpada ao ler que ele não foi ao hospital pois achou que eu não iria recebê-lo e ficar ainda pior de saúde.

E Taehyung, bom... Praticamente se mudou para a minha casa e agia quase o tempo todo como uma enfermeira.

- Agnes, já tomou o remédio? - Indagou da cozinha enquanto eu tentava convencer Taenes que balões de borracha não eram de comer.

Me virei e arqueei a sobrancelha.

- Remédio? Que remédio?

Ele colocou a cabeça na porta apenas pra dizer:

- Eu sempre quis dizer isso.

Fiquei muito tentada a jogar alguma coisa nele, mas minha atenção logo voltou a Lori que enfiava três balões estourados na boca e saía correndo.

Depois de convencer ao meu bebê que batatas eram melhores que balões, fui surpreendida por uma visita inesperada.

- Preciso conversar. - Murmurou Jane logo que eu abri a porta, e o que mais estranhei foi que ela não saiu entrando como de costume.

Ficou na porta esperando um convite.

Jane.

Convite.

Minha casa.

Jungkook!

Tem alguma coisa bem errada.

- Tudo bem. Entra aí. - Murmurei, e vê-la entrando com total timidez foi ainda mais estranho.

Ela não quis subir para o meu quarto, mas percebi o olhar preocupado que ela lançou na direção do quarto de Jungkook. E antes que ela perguntasse murmurei:

- Está tudo bem. Ele saiu com o Jimin.

Não sei porque, mas minha amiga começou a chorar. Mas isso não foi o que me assustou: Fui bombardeada com informações que quase me fizeram ter um ataque cardíaco. Jane falava tão rápido que no final eu estava tão nervosa quanto ela.

- Deixa eu ver se entendi: Você gosta ou ama o Jungkook, mas não sabe se ele tem coragem ou certeza se sente o mesmo por você. Você ficou triste com isso e foi chorar na sua escola de dança que por sinal tem um professor lindo e maravilhoso e que te entende muito bem. Ele te consola e quando você menos espera, vocês estão fazendo descendentes?! E no meio disso acidentalmente seu celular envia uma mensagem dizendo "Está tudo acabado entre nós, seja o que for que havia"?!

Eu e Jane olhamos para Taehyung, que magicamente apareceu na sala trazendo o resumo dos fatos contados. No início penso que minha amiga vai voar no pescoço dele, mas um pequeno sorriso se abre depois de alguns minutos.

- Isso aí. Menos a parte dos descendentes... Nós apenas nos beijamos.

- Apenas?! Então diga que vocês estavam apenas se despedindo com um "aperto de língua" já que a mão estava ocupada!

Dessa vez nós duas gargalhamos. Eu sonhava muito em apresentar Jane a Taehyung ou vice-versa, mas não imaginei que seria dessa forma.

E pra ser sincera estou adorando.

- Amiga, você sabe como meu irmão é. Está para nascer alguém mais orgulhoso que Jeon Jungkook! - Taehyung concorda comigo para aliviar Jane. - Ele vai entender...

- Não sei. E pra ser sincera eu não sei se quero que ele entenda. - Arregalo os olhos e Jane suspira, perdida. - O problema é que não foi um acidente. Eu gostei... Gostei muito daquele beijo.

Ficamos em silêncio por alguns minutos, ouvindo Taenes cantando a música de abertura de One Piece.

De repente, arregalo os olhos.

Espera...

- Jane, que horas você enviou essa mensagem? - Pergunto quase sorrindo.

Ela me olhar confusa antes de pegar o celular e verificar.

- Seja como for eu já disse: Sem querer deixei a aba aberta e acho que minha mão esbarrou e enviou. A mensagem estava escrita e eu realmente estava ponderando mandar. Mas não mandei por vontade própria! - Ela me encarou mas não precisou disso para eu saber que minha amiga falava a verdade. - Foi as duas e meia...

Não pude conter bater palmas.

Batata!

Aí está a peça que faltava para eu me lembrar: Jungkook recebeu a mensagem de Jane e ficou desesperado, tanto que provavelmente foi ao meu quarto pedir satisfações. Mas não sabia que eu estava fazendo merda (como sempre) e abriu a porta, causando toda a confusão que eu me meti.

Mas... E Yoongi?

Como ele soube e porque estava no meu quarto quase o tempo todo?

Depois de contar a história a Jane ela esclareceu o segundo fato:

- Lógico que depois da mensagem seu irmão não quis nem olhar na minha cara. Secamente, e como se tratava de você, ele pediu para eu ligar para um dos seus amigos e pedir para ir ficar com você, porque ele precisava sair para resolver algo e eu iria a sua casa pegar roupas para você. Enviei uma mensagem para a primeira pessoa que apareceu no contato: Yoongi. Desconfiei que fosse um dos garotos que estavam no mercado, então achei que você não fosse ligar.

Não pude deixar de sorrir ao ver Taehyung se remexer inquieto. Lógico que ele queria ser chamado primeiro.

Depois de tudo esclarecido e por muita insistência minha e de Taehyung, Jane ficou mais um pouco. Taenes era capaz de animar qualquer um e não foi diferente com a minha amiga, que não cansava de dizer o quanto ele era lindo e fofo.

Eu e Taehyung estávamos deitados no sofá, eu por cima das suas costas, decidindo os preparativos para a festa. Jane brincava com Taenes no tapete e pelo modo que os dois rolavam pra lá e pra cá desconfiei que era alguma coisa relacionada a cachorros.

Tudo estava bem...

Até meu irmão chegar de repente e dar de cara com Jane na sala.

Uma névoa densa e obscura pareceu baixar sobre o local enquanto os dois se encaravam. Fiquei imediatamente tensa e até mesmo Taehyung tirou os olhos do Notebook para observar, atento a qualquer coisa que saísse de controle.

Finalmente meu irmão cedeu. Subiu as escadas e não disse uma palavra sequer antes de fechar a porta do quarto com um baque surdo.

- Obrigada. - Minha amiga murmurou num fio de voz, antes de se despedir de todos e ir embora.

Não sei. Mas alguma coisa me dizia que essa história estava bem longe de acabar...

Não pude deixar de pensar se a minha também seria assim...

 

 

 

 

Ás vezes (com bastante frequência para ser sincera) eu me achava a pessoa mais azarada da face da Terra. Tinha conseguido um machucado na testa, brigar com um cara que provavelmente seria meu namorado se não fosse pelo desastre da noite anterior, brigar com outro cara que era extremamente fofo e não saber se odiava ou gostava do professor da Autoescola.

E ainda tinha o meu melhor amigo. Sério, eu precisava seriamente dar uma trégua nas amizades masculinas e socializar mais com o meu sexo.

- Acho que você é o único que eu nunca vou ter problemas, meu anjinho... - Sussurrei para Taenes que dormia tranquilamente depois de nos dar muito trabalho. Observei aquela coisa linda... - Você é a coisa mais linda, sabia? Acho que eu te amo...

Taenes entrou na minha vida de uma forma inesperada e maravilhosa (acho que é de família), e agora eu não conseguia mais me ver sem aquele pequeno. Queria acompanhar todos os seus passos, colher seus dentinhos de leite e brincar até ele não querer mais.

Fechei a porta do meu quarto com cuidado para não acordá-lo e voltei para a sala, onde Taehyung continuava com as suas pesquisas para a festa de Nam.

- Porque temos que comprar praticamente tudo preto? - Indagou quando eu cliquei encomendando bolas desta cor.

O encarei achando graça.

- Porque é a cor favorita dele?

- Então nem precisa gastar dinheiro. - Ele levantou as mãos para o ar antes de exclamar: - Faz bolo de fubá e apaga a luz! Pronto, tudo preto! Namjoon vai amar!

A gargalhada me causou algumas dores, mas não pude evitar.

Escolher coisas para festas com Taehyung era uma das coisas mais engraçadas e divertidas do mundo, mas nada se comparava a tê-lo ali novamente. Quase toda hora eu me pegava o observando comentar coisas aleatórias com um sorrisinho quadrado e lindo idêntico ao de Lori. Taehyung era sem dúvida especial. E acima de tudo, o meu melhor amigo.

Mas a saudade não era só dele...

- Tae? - Chamei, quando iríamos para o site das bebidas.

Ele não desviou os olhos do Notebook ao murmurar:

- Hum?

- Acho que estou com dor no pescoço...

Pensei que ele perderia o próprio pescoço, pois virou a cabeça na minha direção tão rápido que não pude evitar uma gargalhada.

- Dor? - Ele indagou com um olhar desconfiado.

- É. - E apesar do sorriso que insistia em brincar nos meus lábios tentei fazer uma careta de dor. - Aiii... Nossa, mal dá pra mexer...

Vi quando ele sorriu e se virou.

- Você mente pior que o Lori quando não quer comer legumes...

- Mas é sério! - Exclamei indignada e me pondo de pé a frente dele. Ele tentou mas seus olhos acabaram recaindo sobre mim. - Tae... Por favor. O.K., não tem dor. Mas tem saudade...

- Agora né? Porque antes nem lembrava de mim! - Ele voltou os olhos para o Notebook e revirei os meus. - Era só Fin pra cá, Fin pra lá...

- É Jin! E eu não parei de falar com você por causa disso! - Me apressei em dizer quando ele me fuzilou com o olhar: - Eu sequer parei de falar com você!

- Então porque parou de falar comigo?

Que vontade de dar uma bicuda, meu Deus...

- Você ouviu alguma coisa do que eu falei?

Ele apenas me ignorou e voltou a atenção para o Notebook.

Ah não! Eu não aceito ser rejeitada duas vezes!

Fechei o Notebook com uma força um pouco desnecessária e só pra me certificar, sentei por cima dele.

Taehyung me olhou completamente indignado. Mas eu não ligava, queria meu melhor amigo de novo! Completamente!

- O que você está fazendo sua vaca?!

- Pegando meu melhor amigo de volta! - Agarrei pelo colarinho da sua camisa o deixando ainda mais descrente. - Beija meu pescoço! Agora!

- Agnes, você...

- AGORA!

Taehyung se levantou tão de repente que por um momento toda a minha coragem fraquejou. Foi a minha vez de ficar completamente descrente quando ele simplesmente me jogou contra o sofá oposto ao que estávamos.

Não soube se gritava ou gemia quando um chupão dolorido foi deixado no meu pescoço. Eu definitivamente não estava entendendo o andamento da situação!

- JUNGKOOK, EU... MEU DEUS!

Não.

Não. Pode. Ser.

O.K. vida, já entendi que você ama me sacanear! MAS PODERIA DAR UM PERÍODO DE TEMPO UM POUCO MAIOR?!

Não pude evitar jogar Taehyung para o outro sofá só para constatar a desgraça aparente. Mas mesmo depois que eu me virei, custou muito para que acreditasse.

Jimin também.

- Agnes, por favor! Eu juro que dessa vez não fiz por querer! - Meus olhos devem ter denunciado todo o ódio que inflamou pois ele rapidamente emendou: - N-Nem da última vez, eu juro!

Suspirei cansada. Eu não queria repetir o mesmo erro de antes então decidi ignorar aquilo por hora e movi a cabeça na direção da escada.

- Meu irmão está no quarto.

Ele me encarou surpreso. Eu lutava muito para não ruborizar. Seja qual for o pecado que eu cometi contra ele em vidas passadas, com certeza estou pagando com juros!

- O-Oi?

- Some daqui Jimin, pelo amor de Deus...

- Não precisa.

Me surpreendi ao ouvir a voz do meu irmão, que agora descia as escadas. Não sei se ele ouviu a conversa mais aquilo só me fez ruborizar por completo.

Decidi que não abriria a boca mais naquela noite.

Ao ver meu irmão, Jimin novamente voltou a se animar. Taehyung só não tinha um bico maior que o de Taenes, quando não dávamos doce antes do almoço. Tentei conversar, mas ele se fingiu entretido com o celular.

Já estava quase me levantando e subindo para o meu quarto quando meu irmão soltou um grito.

Não muito masculino...

- Meu Deus! Meu Deus cara! - Exclamou enquanto olhava alguma coisa em um papel. O sorriso de Jimin quase cobria completamente seu rosto, irradiando orgulho. - Seu filho da mãe, você não está de brincadeira comigo né?

- Claro que não! Acha que eu me daria o trabalho de em pleno sábado vim nesse fim de mundo só para te contar? - Aquilo atiçou de vez minha curiosidade assim como a de Taehyung. - Cara, eu não sei como mas a gente vai!

Taehyung surpreendeu a todos nós quando deu um pulo do sofá e com um movimento rápido pegou o papel das mãos do meu irmão. Jungkook até reclamaria se não estivesse igualmente surpreso.

Os olhos de Tae iam se arregalando cada vez mais a medida que lia as palavra ali. A essa altura eu já tinha me levantado do sofá, tentando ver alguma coisa por sobre seu ombro - minha altura não cooperou em muita coisa.

- Essa... Essa empresa... - Ele não entregou o papel ao meu irmão, simplesmente o jogou no ar enquanto o fuzilava com os olhos. - Vocês tem uma banda?!

Jimin e Jungkook arregalaram os olhos quase que instantaneamente. Agora eu não entendia era nada do que estava acontecendo ali!

- Não é bem uma banda... - Meu irmão coçou a nuca um pouco desconfortável. - Quer dizer, é só eu e o Jimin. Bom...

- Deixa eu explicar. - Interveio Jimin, colocando as mãos no bolso e encarando Taehyung. - Não, não temos uma banda. De vez em quando o Jungkook ia lá em casa pra gente conversar e acabava que havia algumas músicas que nós dois gostávamos. Daí meu pai tocava no violão e ficávamos cantando na garagem, sabe, por diversão! Nunca foi nada sério!

- Aí do nada vocês são contratados para uma empresa musical? - Exclamou Taehyung, agora visivelmente irritado com a possibilidade do amigo estar mentindo para ele.

Jimin apenas negou, suspirando pesadamente.

- Não é nada disso, cara. Você também é meu amigo e coisas assim não acontecem de repente! Acha que eu esconderia algo desse patamar de você? Aliás, de vocês?!

A raiva de Tae vacilou por um momento e foi o suficiente para que Jimin prosseguisse:

- Minha mãe começou a trabalhar de secretária nessa empresa a uns dois meses e até aí tudo bem, já que eu não sabia muita coisa sobre ela. Só que um dia ela chegou de surpresa e por um acaso ouviu eu e Jungkook cantando na garagem. Ela afirmou com todas as letras que nossas vozes eram lindas e que ultimamente essa empresa, descobri ser musical, estava a procura de uns garotos da nossa idade para criar uma banda. No início eu e Jungkook não acreditamos muito e levamos na esportiva, mas minha mãe disse que "daria um jeito" de nos fazer ser notados. Ela disse isso a uns dois meses atrás e agora quando eu menos esperei, ela simplesmente apareceu com esse convite da empresa para uma audição!

Todos nós caímos num silêncio profundo. Eu tentava assimilar todas aquelas informações assim como os demais.

Meu irmão? Um... Cantor? Nossa! Isso nunca me passou pela cabeça!

Era um fato que Jungkook tinha uma voz muito bonita - eu e meus pais notamos isso quando ele fez 9 anos - mas não imaginei que iria tão longe. Mas agora com a possibilidade de isso se tornar algo maior eu não sabia nem ao menos como agir...

Taehyung quebrou o silêncio:

- Então porque não nos avisou? Não me avisou?

Jimin o encarou sem entender.

- O que?

- Você sabia que eu estava juntando dinheiro. Sabe que quando a empresa não chama, temos que pagar pela audição! Teria me poupado muito trabalho!

Arregalei os olhos. Agora tudo faz sentido...

Os horários extras, o trabalho excessivo, as horas sem dormir...

Tudo para pagar uma audição.

Ah, Taehyung...

- Eu sabia que você estava juntando dinheiro, mas não fazia ideia que era pra isso! - Dessa vez foi a vez de Jimin arregalar os olhos. - Espera aí: Temos? Você... Seu filho da mãe, você é quem está com uma banda!

Taehyung fraquejou por um momento e foi o suficiente para Jimin tirar suas conclusões:

- Filho da mãe! Você tem uma banda! E não me contou!

- E você tem uma dupla! E não me contou!

- O Yoongi também está metido nisso não é?! Belos amigos vocês são!

- Não vem querer falar de amizade quando você está escondendo alguma coisa muito maior!

- Maior?! O que aconteceu comigo foi involuntário! Vocês estavam tramando isso desde o início!

- Tramando?! Quem você acha que é para nos acusar assim?

- CHEGA!

Todos os olhos se voltaram para mim. Demorei alguns minutos para me dar conta que a dona do grito tinha sido eu.

Mas O.K. Vamos terminar com isso!

- Olha aqui! Será que dá para vocês se comportarem como homens adultos por pelo menos alguns minutos?! - Taehyung fez menção de dizer algo mas o silenciei apenas com o olhar. - Minutos preciosos que ajudariam vocês a usar uma coisa chamada cérebro! Banda daqui, dupla de lá, parem com essa palhaçada e juntem logo essa merda toda!

Nunca me senti tão orgulhosa de mim mesma, principalmente por deixar três homens "adultos" de queixo caído.

Um longo silêncio se seguiu até Jimin murmurar:

- Eu não tinha pensado nisso.

- Até que não é uma má ideia...

Todos nós praticamente pulamos ao ouvir uma quinta voz. E a surpresa foi ainda maior ao olharmos para ver quem era.

Yoongi tomava quase que completamente meu sofá, uma das pernas jogada no braço do mesmo. Eu até jogaria alguma coisa nele pelo abuso, mas estava surpresa demais para isso.

Senhor... Essas pessoas estão brotando do chão, só pode!

Gaguejei mas consegui dizer alguma coisa:

- C-Como você...

- A porta estava aberta. - Ele jogou os cabelos levemente úmidos para trás e me lançou um sorriso ladino mordendo os lábios. - Incomodada? Delegacia é logo ali. Vim avisar que hoje não vai ter aula...

- Eu entrei da mesma forma... - Murmurou Jimin, envergonhado e com as bochechas levemente coradas.

O.K. Eu desisto definitivamente de tentar entender esses meninos!

- Vou fazer café... - Murmurei antes de deixar a sala em direção a cozinha.

Não sem antes ouvir um Jimin animado dizendo que ligaria para a mãe naquele mesmo instante, pedindo o aumento das vagas para a audição.

Por alguma razão senti que aquilo não seria a única coisa que aumentaria daqui pra frente. E esse pensamento me fez sorrir.


Notas Finais


*K* e.e
Hehe'
Vejo vocês aqui em baixo!
Bjokas! ♡


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