História Avatar a lenda de Wher: Livro 1 - Dúvidas

    Oque era mais irritante para Wher era o fato de não saber oque iria acontecer. Não fazia ideia do que viria adiante.

    Tinha muita coisa em sua cabeça, como a sua vida mudaria daqui pra frente, como foi dominar o fogo, como seria aprender diferentes tipos de dobra e o mais importante: Como ele poderia ajudar o mundo ?

    Rolou novamente na cama e após tentar mais uma vez fechar os olhos e tentar dormir, sem sucesso. Desistiu.

    —Não consegue dormir?— Perguntou-lhe San.

     Wher se assustou por não saber que San ainda estava desperto.

      —Te acordei?— Perguntou se sentando na cama.

      —Não.— Respondeu San  simplesmente.— Mas você parece com insônia.

      Wher suspirou.

       —É só... isso que tá acontecendo...

       —Quer conversar a respeito?

       —Tem... tanta coisa acontecendo, e tudo de uma só vez. É demais pra assimilar sabe? 

       —Quais pensamentos tem na sua cabeça?— Perguntou San.— Posso tentar te ajudar a responder.

       —Como vai ser minha vida daqui pra frente? Oque vai mudar...? Oque vai acontecer comigo...?

        —A lótus branco deve te levar para cidade república aonde deve começar seu treinamento. Acho que é isso...— San respondeu.

         —Aahh...

         Um silencio se alastrou por todo aquele lugar e o único som no qual poderia ser ouvido era o dos grilos cantando do lado de fora da casa.

          —Como? Como eu vou poder ajudar o mundo? Como vou fazer a diferença?— Wher perguntava fitando o nada. Perguntava mais pra si mesmo do que para San.

          San colocou a mão no queixo e parou para pensar por um momento.

          —Não sei.— Admitiu ele. — Acho que primeiro você teria que aprender os quatro elementos e depois recebe  instruções da lótus branco. Depois tentariam contato com o reino da terra e depois...

          —Oque?!! Isso levaria anos para acontecer.— Disse Wher se exaltando e pronunciando sua frase em um tom mais elevado do que deveria.

   —É... acho que sim.— San disse e desviou o olhar para baixo.

    Wher suspirou pensativo.

     —Mas eu posso estar enganado.— San apressou-se em dizer.— Pode ser que funcione de forma diferente já que a situação atual é meio... Caótica.

       —Certo...— Wher concordou sem muita confiança. Ele realmente esperava não ter muita credibilidade em Cidade República, provavelmente a lótus branco iria tentar resolver os conflitos de forma pacífica e isso talvez levasse anos, décadas talvez.

       —Cidade República não é tão ruim.— San disse tentando quebrar o clima.— Tem bastante coisa pra ver, e tem duas estatuas gigantes... suas. Cara, são incríveis.

        Outra ideia percorreu Wher e ele não pode deixar de perguntar:

         —Quando estiver em Cidade República. Onde poderia encontrar você? Tipo tem um lugar? — Wher perguntou.

         —Hã... Tem uma mansão na cidade... Dá pra achar fácil.— Disse San fitando Wher nos olhos. — Mas porque?

         Wher suspirou.

         —Iria ser chato não ter nenhum amigo quando for pra cidade.— Explicou Wher simplesmente mas San logo notou que em seu tom havia um certo “quê” de mentira mas resolveu não contestar.

          —Acho melhor irmos dormir. Vai ser um dia cheio...— Wher disse.

           —Claro.— San respondeu.

            Voltaram a se deitar em suas respectivas camas.

            [...]

            Wher não sabia se tinha ouvido direito. Na verdade torcia secretamente para que não tivesse ouvido oque ouviu.

            —O seu filho é o avatar, Marta. Temos agora alguma chance de crescer na vida!— Wher conseguia ouvir mas as palavras pareciam tão surreais. Tão distantes. Quase tão distante quanto estar ali.

            O capim em contato com a pele de seus tornozelos dava uma certa coceira mas o pior era oque as pessoas daquele vilarejo falavam. Wher não acreditava que fizeram uma reunião no meio da noite para falar... dele. Em como poderiam aproveita-lo, sobre como poderiam... usa-lo.

             O sangue subiu até seus ouvidos. Fervilhou em si. Uma raiva crepitou .

              Ele sentiu seu corpo todo tremer e uma energia se manifestar diante de si.

              Aquelas pessoas eram sua família, aquele lugar era sua casa e só queriam usa-lo, explora-lo. Wher sentiu raiva como nunca sentiu em toda a sua vida.

              Algo em seu peito aqueceu e ele sentiu vontade de explodir tudo. Esse era o único pensamento que lhe passava na cabeça, atear fogo em tudo!

               Quase dominou novamente o fogo mas algo o impediu.

                Sentiu um toque em seu ombro e por um momento se sentiu tão assustado que se esqueceu da raiva que sentia.

                —Vamos — cochichou uma voz no ouvido de Wher, que logo reconheceu como pertencente a San — Vão nos descobrir se continuarmos aqui.

                 Wher não entendeu como mas conseguiu assentir e seguir San para fora da floresta.

                 Andaram em silencio em meio a mata fechada e só pararam quando atingiram a trilha. Pararam pra descansar já que estavam cansados por sua caminhada em meio ao mato alto, dava pra notar de longe a falta de energia daquelas crianças visto que respiravam com dificuldade.

                San tomou um pouco de folego e falou com dificuldade.

                —Você tá bem?— Perguntou e depois respirou fundo novamente.

                 Wher tomou folego antes de responder.

                 —Não. — Disse simplesmente e se apoiou nos próprios joelhos.

                 —Ahh — San respondeu e puxou o arco que levava nas costas, só então Wher percebeu que ele o carregava junto com uma aljava com flechas, montou uma flecha e mirou em um lugar na mata fechada.  Wher ficou o encarando por um tempo sem saber oque ele ia fazer até que San disparou a flecha.

                 —Oque diabos está fazendo?— Perguntou Wher. Ainda estava com raiva, apesar de tentar não demonstra-la para San.

                  O garoto não lhe respondeu apenas armou outra flecha e mirou.

                  Houve apenas uns pequenos ruídos na mata e nada além.

                  —Consegue fazer um pouco de fogo?— Perguntou San a Wher.— Acho que vamos ser emboscados.

                  Wher tentou focar sua visão naquela região mas não conseguia enxergar, estava escuro, e a lua ainda nem tinha saído.

                   —Não sei como fiz naquela hora. É muito diferente da terra.— Queixou-se Wher.

                   —Não precisa ser pra lutar— San continuava com os olhos fixos no matagal. — Só ilumine um pouco.

                   Wher voltou a palma da mão para cima e se concentrou. Sentiu um calor vindo do seu estomago e este calor foi subindo até que chegou em sua mão e se incendiou. Uma bola de fogo havia se formado.

                   Wher sorriu orgulhoso pra si mesmo.

                    — Eu consegui!— Disse animado.

                    —Legal mas agora acho melhor você prestar atenção aqui. — San disse e só então Wher pode perceber que estavam cercados por homens de armadura.

                     Wher se virou e olhou para cada um dos homens. Eram muito mais velhos que ele e possuíam um porte físico muito melhor.

                      —É este aí Dick? — Disse um dos homens se virando pro que parecia ser o líder. — Não me parece muita coisa... — Zombou.

                      Wher sentiu uma louca vontade de fazer-lhe se arrepender, de faze-lo engolir as palavras.

                       —Não importa. Vamos pega-lo e dar o fora.— Respondeu o líder e se voltou para Wher. — Não me importa se a fonte errou ou não, vamos leva-lo embora.