MAGGIE DARNIHGT
Encostamos na pedra os três ao mesmo tempo, com um suspiro nervoso. Ouve um chiado e a parede de pedra solida do pé do vulcão tremeu e se mexeu sob nossas mãos. Dei um passo para trás, tossi e tentei afastar a poeira que se levantava, igual aos outros.
- Meu Deus. – Carter riu atrás de nós, com um sorriso incrédulo. – Abriu-se uma porta na pedra solida do vulcão.
- Dios mio. Para de brincar, isso é importante. – falei investigando o buraco à nossa frente. Era, de fato, difícil de acreditar naquilo. Só se viam sombras, escuridão e poeira nada mais. Um cheiro de podridão chegou até nós e todos fizemos caretas.
- Eu acho que deveríamos entrar. Carter, você fica aqui. – olhei para Austin, para aqueles olhos azuis lindos que apesar da poeira eram brilhantes e luminosos. Ele nem acabou de dizer a última palavra quando o chão sob os pés dos três à frente (eu, Ashley e Austin) cedeu e os três caímos no buraco escuro. Não foi exatamente cair, a palavra que mais se encaixa com aquele momento e aquela sensação seria escorregar ou derrapar. O chão abaixo de mim rasgava minhas roupas e minha pele, fazendo-a arder e sangrar. Um grito continuo e distante se ouvia e meu próprio grito engasgado estalava aos meus ouvidos. O cheiro de algo podre só aumentou com a proximidade do local.
Uma imagem apareceu em minha mente; não, uma sensação como de estar em uma caverna, era frio e abafado, com o cheiro de poeira e podridão. Me perdi na sensação que mais parecia uma lembrança, tentei obter mais dela: formas, sons, qualquer coisa. Mas ela escapou de mim com água entre os dedos.
PUFF. O som abafado do meu corpo atingindo o chão duro e irregular chegou antes que a dor.
- Merda. – escutei alguém chingar. Poderia ter sido eu, mas a dor me entorpecia.
- Ashley? Maggie? – perguntou Austin com preocupação na voz. – Vocês estão bem?
Ouviu-se um resmungo perto de mim, provavelmente a Ashley.
- Que droga. Não consigo ver nada.
- Maggie? – eu não consegui formular palavras e Austin continuou preocupado. - Você está aí? Está bem?
Resmunguei algo e escutei um suspiro de alivio.
- Alguém quebrou algo?
- Puta merda! – exclamou Ashley. Rapidamente Austin perguntou o que tinha acontecido. – Achou que quebrei um unha.
Não consegui evitar, uma gargalhada escapou dos meus lábios e se juntou à dela enquanto Austin bufava.
- Vocês conseguem se levantar? – respondemos que sim. – Ok, levantem-se e andem tudo o que puderem a sua esquerda.
Fizemos isso. Estiquei meus braços aos meus lados e com o braço esquerdo senti uma parede. Logo senti a mão delicada de Ashley e a guiei até a parede e fiz o mesmo com Austin.
Outra sensação tomou conta de mim e guiou minha mão pela pedra, ela afundou em um buraco e a iluminação de tochas tomaram conta da caverna fria e abafada. Imediatamente lembrei da sensação que tive enquanto caíamos.
- Já estive aqui. – deixei escapar. E foi um erro. Ashley e Austin me encararam confusos.
Um corredor de pedra iluminado por tochas se estendia à nossa frente e eu sabia que era o caminho a seguir apesar dos outros dois corredores as laterais do principal. Algo me guiava e era como se de fato já tivesse estado aqui. Um tremor percorreu o meu corpo, algo me dizia que eu sabia o que iriamos encontrar no final do corredor.
- Venham. – comecei andar.
- Como você sabe que é por aí? – questionou Austin.
- Eu... é difícil de explicar. Só me sigam. – Austin olhou para Ashley procurando ajuda ou uma confirmação. Ela simplesmente deu de ombros e me seguiu sorrindo.
Andamos pelo que pareceram horas. Meus pés doíam e aposto que os dos outros também, mas eu sabia que tínhamos que continuar. Havia algo importante e misterioso a ser descoberto ao final do caminho.
Finalmente encontramos uma porta de madeira. Estava trancada. Austin esmurrou, empurrou e chutou até que ela cedeu e nos deixou entrar. O cheiro de podridão definitivamente vinha daqui, mas estava escuro e não dava para diferenciar nada. Peguei uma tocha e entrei no quarto. Era uma caverna enorme e era impossível ver o teto com as estalactites. Ele parecia perto o bastante para toca-lo, mas ao se esticar ele parecia estar mais longe que as montanhas, como um céu estrelado e inalcançável. Porém não foi isso o que me chamou a atenção; a caverna estava cheia de corpos deteriorados. Alguns pareciam ter eras ou décadas ali, outros pareciam mais recentes como anos antes.
- Então é por isso que aqui tem um cheirinho tão agradável. – falou Ashley com repugnância na voz. – Alguém deveria limpara isto aqui.
- Talvez houvesse nativos na ilha e os enterrassem aqui. – sugeriu Austin.
- Acho que é algo maior e mais assustador que isso. Olhem. – apontei para um dos corpos mais perto. Havia um colar com um pingente verde dependura no pescoço do cadáver. Levei a mão ao meu próprio pescoço e mostrei a eles o meu próprio pingente verde. Eram idênticos.
- Ya nos chingamos, guey. – murmurei enquanto me agachava para examinar o corpo. Claro que Ashley me entendeu, já que ela já tinha estudado comigo.
- Em outras palavras, estamos fudidos. – traduziu ela. No fundo da caverna havia uma pedra. Parecia um pilar, mas estava cortado ao meio. Ele era brilhante e parecia que algo estava escrito nele. Me levantei e comecei andar até lá com os outros no meu pé, quando toda a caverna tremeu.
- Meninas – disse Austin alarmado, - tenho a ligeira impressão que isto está a ponto de desabar. Que tal sairmos daqui?
Concordamos e corremos de volta onde tínhamos caído. Agora, em vez da rampa, havia uma escada que subimos em velocidade máxima. Pedras caiam ao nosso redor e levantavam poeira. O espaço estava cada vez menor e nós tentávamos aumentar o passo. O grito beeeem masculino de Austin nos faz rir um pouco e nos avisa de que algo aconteceu.
- Estou bem. – ele grita após alguns segundos e continuamos a correr.
- Quanto falta para chegarmos ao topo? – pergunta Ashley atrás de mim. – Esta porcaria parece nunca acabar.
- Falta pouco. Já consigo ver a luz do sol na saída. – e era verdade, não demorou muito para pularmos fora daquele buraco e a entrada se fechar com pedras pesadas. Os três desabamos aos pés de Carter, exaustos de tanto correr. – Por favor, não me diga que tentou entrar no buraco.
Infelizmente ele concordou com a cabeça um pouco envergonhado.
Deixei a cabeça cair na grama e minha respiração ofegante se juntar a de Austin e Ashley. O três estávamos com as roupas rasgadas sujas de sangue; Austin tinha um corte no rosto que ia do lábio até a bochecha que tinha algum liquido verde e sangue.
- Ash, você está bem? – perguntou ele com carinho. Ela falou que sim e ele se virou para mim. – E você, Maggie?
- Aham. – respondi me sentando. – E você? Você está bem?
Ele anuiu com a cabeça. Os três estávamos bem, os quatro alias. Mas... nossa única chance de tentar entender as coisas estranhas que estavam acontecendo se foi. A passagem estava bloqueada por pedras e o único que tínhamos trazido de lá eram mais dúvidas e incertezas. Bufei derrotada e me deixei cair de novo.
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