História Aventura na ilha - A chegada

Maggie Darnight

         A luz do sol cálido batia em meus olhos. Os abri e observei sem entender o céu claro e sem nuvens. Tentei me levantar e quase cai de novo com a dor de cabeça. E foi aí que notei o ligeiro movimento de um lado pro outro e o cheiro de mar. Olhei ao redor e vi que estava em um pequeno barco. E não estava só.

            Observei atentamente cada um dos meus companheiros. Perto de mim havia uma garota com cabelos pretos quase lisos e um corpo de modelo, vestia uma calça preta justa e uma camisa rosa shock com uma jaqueta preta e botas lindas; parecia uma daquelas vadias da minha escola que seduzia os outros para não fazer nada e sempre se safava. A uns dois metros de mim estava um garoto alto com corpo atlético e cabelo loiro; seus músculos meio definidos transpareciam sob a camisa branca de algodão e trazia jeans rasgados, botas de couro pretas e uma jaqueta também preta. Seguramente esse aí era jogador de futboll americano e sua namorada era a vaca loira pintada com um quilo de maquiagem e roupas apertadas. Me estiquei mais para ver os outros dois garotos mais longe. Um era magro, pálido e com cabelo castanhos claro, parecia não dormir nem comer faz dias, mas ainda assim dava para perceber os ligeiros músculos dos braços e as visíveis tatuagens neles. O outro tinha pele morena e era literalmente feito de músculos com cabelos enroladinhos rente a cabeça e nariz chato. Os dois traziam tênis e moletons com calças de abrigo.

            Após a examinação meus olhos voltaram para o loiro com rosto contorcido pela dor. O que será que ele está sonhando? E enquanto eu o encarava seus olhos se escancararam. Ele olhou para o céu e o mar, depois para os outros e por último para mim. E ficou ai me encarando com seus olhos azul acinzentado. Eu conseguia ver o céu quando uma tempestade se aproximava dentro deles e... opa! Desviei o olhar me levantando lentamente e levando a mão à cabeça enquanto ela latejava e olhei por primeira vez para mim mesma. Trazia uns jeans pretos com uma camiseta cinza e uma jaqueta térmica com meus All Star preto.

            Havia algumas mochilas com os nossos nomes. A minha estava ao lado do meu pé. A peguei e olhei o que tinha dentro lançando olhares precavidos ao garoto loiro que também olhava a sua mochila. Abri a minha mochila e comecei a examina-la. Jazia um short jeans e outra blusa sob meu diário, uma botas de caça, umas barras de cereal, uma faca e uma caneta. Suspirei aliviada de ter meu diário e as lembranças de como chegamos aqui me vieram de uma vez só.

- Bom dia! – escutei entorpecida à garota se espreguiçar. – Onde estamos, hein?

            Os cientistas. Os soros. O avião. A ilha. O experimento. Meus pais.

- Droga. – chinguei baixinho.

- Ui, mal-humorada. – falou ela se virando para mim. E depois para ninguém em particular. – Então, porque não me dizem onde estamos?

- Talvez por que ninguém saiba. – falou o magrelo se levantando. Negão também se levantou, mas ficou calado olhando ao redor. – Bem, comecemos do início. Vocês tem comida?

            Eles eram bestas e levavam tudo na brincadeira. Olhei para o lado e vi que o loiro olhava para o horizonte. Sua mandíbula estava trancada aos dentes e seus músculos tensos. Ele tentou relaxar, mas era um mau mentiroso.

- Quais são seus nomes? – perguntou ele se levantando.

- Ashley Hills, prazer. – falou a garota.

- Max Wilson – falou o tatuado. E por ultimo o negao:

- Carter Blake. E o seu, loirinho? – perguntou sem emoção na voz.

- Austin Clark. – disse ele e se virou para mim esperando uma resposta. Senti todos os olhos atentos e curiosos em mim, me devorando com o olhar.

            Hesitei. Minutos se passaram, mas ainda brigava comigo mesma. E dos meus lábios secos saíram as palavras sem querer.

- Maggie. – falei em um sussurro alto o bastante para ser escutado no meio do nada.

- Maggie o quê? – perguntou Austin se aproximando de mim. Senti minhas bochechas queimarem e minhas entranhas se contorcerem.

- Só Maggie. – falei balançando a cabeça com a voz mais firme encerrando o assunto. Me virei e continuei examinando as minhas coisas. Não havia mais nada. Olhei no bote e vi remos e ao horizonte uma ilha. Peguei os remos e joguei um a Carter e fiquei com outro. – Querem sair daqui, não?

            Passamos horas remando, ou foi isso que pareceu com eles tagarelando o tempo todo. Não sai do meu posto e ninguém me tirou. Olhava a ilha fixamente na esperança de sobreviver a isto e algum dia ver meus pais novamente. Um toque me tirou dos meus pensamentos.

- Ei, porque você não descansa um pouco enquanto eu remo um pouco? – era Austin. Parte de mim queria joga-lo na agua e continuar e a outra parte queria chegar à ilha. Então... – Você deveria comer algo.

- Não estou com fome. – murmurei secamente. – Não estou cansada.

            Não vou olha-lo. Não vou olha-lo. No entanto ele levou a mão ao meu rosto e o virou. Encarei seus olhos profundos e, agora, escuros pelo que pareceram séculos. Me belisquei e tirei bruscamente sua mão do rosto. Me virei para a ilha e continuei remando. Ele soltou um suspiro de raiva que me deixou com um sorriso no rosto.   

- Max, terminou de descansar? – perguntou ele ao garoto que ria da rejeição dele. – Reme agora. – bufei.

            Ao meio dia já havíamos chegado à beira da ilha. Era linda. Tinha areia dourada até o ponto onde começava a crescer mata. E sua biodiversidade de plantas era fantástica.

- Ok. Todo mundo desça. – começou Austin de novo a dar ordens. – Para sobreviver temos que ter ordem. Ashley e Max, tentem fazer uma pequena cabana. Carter e eu vamos procurar comida e investigar o território. E Maggie... Ei, Maggie, volta!

            Ele saiu correndo atrás de mim. Enquanto ele dava seu discursinho eu troquei os All Star pelas botas, peguei minha mochila e levei comigo o arco e as flechas que estavam no bote. Estava entrando na mata quando ele me alcançou.

- O que você está fazendo? Temos que estar todos juntos. – ele falou caminhando ao meu lado enquanto tentava me parar.

- Desculpa, mas trabalho sozinha. – falei seca. Ele me segurou pelo braço e me virou para ele com uma força surpreendente. Me debati. – Me solta.

            Eu praticamente grunhi as palavras, mas ele não me soltou.

- Precisamos de você e você precisa de nós. Precisamos de todos. E necessitamos de ordem e confiança. – ah.... Que olhos lindos. Quer dizer...

- É aí que você está errado, menininho riquinho, eu não preciso de vocês. – falei lentamente para ele entender. Tentei me soltar e seu aperto só ficou mais forte.

- Estamos todos no mesmo barco, Maggie. Você queira ou não precisará de ajuda e sabe disso. Nos cuidaremos uns aos outros. – seus olhos e sua voz estavam duros, autoritários. Deu, foi a gota d’agua. Minha paciência com ele, acabou.

            Tirei a faca que tinha botado no bolso e fiz um pequeno corte no braço dele. Ele me soltou e o soquei na barriga empurrando-o contra uma arvore de tronco grosso. Apertei meu braço contra sua garganta e pousei a ponta da faca em seu abdômen. Tudo aconteceu tão rápido que ele balançava a cabeça sem entender. Escutei “Ôôôôôô” atrás de mim e risadas. Austin era mais alto, mas ele olhava para mim o que fazia seu rosto ficar mais perto do meu.

- Eu não preciso de uma babá, Austin. E não preciso de você. – cuspi as palavras e me joguei para trás continuando meu caminho para o coração da selva.

- Então eu vou atrás de você. Não vou... vamos deixar ninguém sozinho aqui. – ele falou indo atrás de mim. – Carter, fique aqui com Ashley e Max.

            Grunhi e sai a passos pesados.