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História Awakening - Oh, God, what have I done?


Escrita por: mryiero

Notas do Autor


Hey, mais uma short fic, que era pra one shot, mas eu não sei fazer one shot, então aturem minhas short fics.
Bom, como algumas migas leitoras sabem, essa one/short é baseada no recente encontrinho do OTP, cujo Frank disse que ocorreu, etc, etc.
Como é BASEADO, quero pontuar algumas mudanças claras aqui. Aliás, o fato de que TUDO É EXATAMENTE IGUAL como aconteceu na vida real, antes de mais nada.
A não ser o fato de que eles não são casados e não tem filhos. Não gosto de mexer com essa parte da vida dele, respeito, etc, então decidi que eles apenas se tornaram dois adultos solitários ao longo dos anos e que coisas aconteceram para contribuir com isso.
Essa é a única coisa que deve ser pontuada ao ler isso, de resto, imaginem os dois como estão exatamente agora. Nada de Gerard bonitão Era Revenge, nada de Frank porra louca da vida e maquiado, etc.


Espero que gostem disso aqui e aguardem o restante dessa história ao longo dessa semana <3

Capítulo 1 - Oh, God, what have I done?


 Parte 1.

 

 

 A minha voz desapareceu, perdida em um mar de escuridão... Okay, não escuridão de fato, mas de lembranças que eu havia massacrado dentro de mim, até o último segundo em que tentavam me arrebatar e me levar para um passado que eu infindavelmente tendia a pender do “nunca mais irei falar nisso” para o “preciso falar e pensar nisso incessantemente”. Eu precisava.

 Então a canção fluía, guiada por palavras que eu não havia tido a chance de gritar ou, até mesmo, aquelas que havia cansado de repetir olhando para ele. Expor toda a agonia desde que chegamos “ao fim”. Eu era repetitivo, um bebê chorão que se fechava em estúdios, criava e gritava músicas sobre sentimentos que nunca iria superar. Nem escrevendo repetidamente sobre vários nuances de toda a dor que um dia havia sentido.

 Mas que o destino visivelmente fazia questão de atirar diversas vezes diante dos meus olhos, a cada segundo em que eu acreditava não mais ser um fracassado ou me libertava do aglomerado de insegurança e ansiedade que transbordava em mim. A vida de Frank Iero era um vasto campo de paradoxos, cruelmente plantados e criados por uma só pessoa.

 Gerard Way.

 Ele e seus olhos de tormenta, incapazes de se decidirem sobre o que queria cultivar em mim. Ora sorrisos e a ideia de me tornar o seu companheiro inseparável, inatingível e que pertencia somente ao seu lado... Ora um lixo descartável, que seria reciclado em um próximo sorriso radiante que me lançava ou composição sobre nós dois que queria me mostrar. Músicas que gritavam o nosso amor, mas que Gerard sequer se dava o trabalho de enaltecer na vida real, da mesma forma com que fazia nos palcos. Como se toda aquela paixão só existisse na ficção ou em minha cabeça.

 Como se eu não a visse em seus olhos, quando eu tentava me relacionar com outras pessoas... Ou quando chorava, tirava minha armadura, minha máscara e abaixava as armas, cessando aquela batalha de quem aguentaria mais dor. Eu parecia mais forte, ainda que tão baixo e delicado, mas sempre perdia no primeiro round. Minha casca era muito pequena para toda a solidão e abandono que sentia.

 E o filho da puta estava certo ao que teimava tantas vezes em me provar que era real. Pois estava bem ali, quando abri meus olhos, finalizando aquela música com um gemido sofrido... Toda a paixão que eu ridiculamente mentia para mim em dizer que havia morrido com aquela mensagem de cinco linhas postada em um site.

 O pé na bunda duplamente tomado por Frank Iero. E ambos vindos de Gerard Way, a melhor pior coisa que aconteceu na minha vida.

 E que, naquele minuto, me fez gritar de susto, diante do microfone rente aos meus lábios e arremessando o fone em meu ouvido para longe, como se visse uma assombração. Eu estava dentro daquela pequena cabine de gravação, preparando meu segundo (e fodidamente bom) CD, ao que o vi acuado, parado ao lado de Alexander e o nosso produtor, Jack, vestindo seu casaco acinzentado cheio de furos, que parecia recém saído do lixo, jeans folgadas e a barba por fazer, lhe dando ainda mais apatia do que a última vez em que o vi, em um de seus shows daquele CD duvidoso.

 Gerard estava sentado em um dos sofás diante do painel de controle daquela sala amadeirada e aconchegante, em um deja-vu de todas as vezes em que me olhava quando estávamos gravando alguma música para banda. Cheio de devoção e uma emoção que fluía dos seus olhos esverdeados, cravados em mim, até o meu corpo, que tremulou e basicamente não respondeu aos meus comandos a respeito de parar e retomar aquela canção do início, como era para ser.

 Eu caminhei, sem sequer notar, escancarando a porta da cabine onde estava (e que dava diretamente para a sala de controle do estúdio) e percorri um delicado trajeto até o sofá onde Gerard se encontrava sentado, cuidadosamente me olhando e não esboçando nenhuma reação que não fosse alívio em me ver, ao mesmo tempo em que eu entrava em pânico. E gritava, sentindo cada extremidade do meu corpo mandar sinais de que eu poderia escrever cinquenta canções sobre o quanto ele era um babaca, o quanto eu odiava ou declamar em poemas todos os erros que cometemos durante mais de doze anos, mas ele seria o único que iria fazer o meu coração bater tão forte quanto o compasso de todas as canções que eu havia escrito sobre ele juntas.

 

- O que você está fazendo aqui?! – Eu realmente gritei, fazendo Alex se aproximar, espalmando meu ombro com uma das mãos, resmungando um “Ei, Frank... Ele não fez nada, só...”, que grosseiramente respondi com meu olhar fulminante. Alexander era um bom amigo e tudo mais, mas Gerard... Gerard ali era sinônimo de que eu precisava bancar o demônio, caso não quisesse desfalecer. – Okay, certo, eu estou sendo um pouco grosso... Mas eu achei que você estivesse do outro lado do continente gravando... Desenhando... Sei lá o quê! Eu não sei mais a sua rotina, mas eu achei que nunca mais... Eu estou falando muito rápido. Eu vou calar a minha boca e você vai sair daqui. –Tagarelei, vendo-o arquear uma das sobrancelhas e prender alguma resposta muito bem dada dentro de si, ao que seus olhos esverdeados denunciavam que eu havia quase o irritado. Quase. Pois Gerard me respondeu, com toda a calma do mundo, com todo aquele lance de “good vibes” que um dia ainda iria me fazer esmurrar aquele narizinho muito do bonitinho.

 

- Tudo bem, eu só... Não quis interromper nada. – Ele se levantou, tomando a bolsa amarronzada ao seu lado, uma que eu conhecia muito bem e que vivia recheada de sketches, desenhos e rascunhos de letras de música. A que eu havia lhe dado em um de seus aniversários, quando percebi que carregava suas folhas para lá e para cá, as perdia e tinha crises de gênio artístico refazendo todo o trabalho perdido.

 

 E, enquanto pensava no quanto aquilo era um golpe muito baixo para mim, vi Gerard arrastar-se pelo chão entapetado da sala, direcionando-se para a saída, enquanto Jack me encarava alarmado e Alex fazia um sinal com uma das mãos, para que eu seguisse aquele homem de costas ligeiramente curvadas e aparência tão diferente de quando o encarei pela primeira vez e sabia que iria me apaixonar por seus cabelos escuros oleosos, seus olhos maquiados e seu sorriso insolente.

 Da mesma forma que me apaixonei por aquele Gerard, eu era louco pelo homem que vivia para sua arte, que havia cometido erros grotescos, que destruiu meu coração, mas que, ao mesmo tempo, o trazia de volta à vida mais uma vez. Ele poderia não mais usar aquelas calças apertadas, o “uniforme” dos palcos, mas eu via o mesmo Gerard de dez anos atrás em suas mãos delicadas, ao abrir a porta, nas camisas de banda que eu sabia que ainda usava por aí, em sua obsessão por café, e, principalmente, em querer evitar todas as discussões que eu amava começar com meus berros.

 Mas, ali, eu fiz diferente. Eu estava sob o efeito de alguma magia forte (vulgo “Eu nunca vou esquecer esse desgraçado"), quando o segui, empurrando a porta entreaberta e fazendo questão de pegar a minha mochila, largada no chão, ao lado desta, para tomar o caminho daquele corredor.

 

- Ei... Você... Ahn... Nós já estávamos acabando por hoje. – Disse, vendo-o parar, voltando-se para atrás, novamente aliviado. Gerard deveria pensar que eu ia deixa-lo ir, como da última vez que nos vimos, mas algo, naquele fim de tarde em questão, havia feito com que eu me iluminasse com algo. E eu não sabia se era o seu sorriso, quando consegui alcança-lo e caminhamos, lado a lado, em passos lentos pelo corredor. – Você nunca me interrompe de verdade e me deixa falar por horas, se bobear. Aliás, nunca interrompia. Passado. – Aquele era Frank Iero tentando apaziguar a merda feita, mas, ao mesmo tempo, sem deixar que ele esquecesse. Afinal, ele nunca esqueceria. Tanto quanto eu.

 

- Gosto de ouvir a sua voz e como parece que brilha e tem paixão por tudo o que cria. Ainda gosto. Presente. – Ele constatou, me deixando em um silêncio sepulcral e com um sorriso plantado nos lábios, mas que ainda não era sinal de que eu iria ceder fácil. Assim, persisti em não responder aquilo, imaginando que Gerard bruscamente mudaria de assunto. E, como o conhecia tão bem, o vi resmungar as seguintes palavras, um tanto quanto nervoso e gesticulando com uma das mãos, cuja a encarei com um desejo de entrelaça-la a minha, que fiz questão de reprimir. – Mikey me disse que você tinha alugado uma sala nesse estúdio e eu estou na cidade pra fechar uns acordos e pesquisar coisas pro meu novo projeto com a DC, então... – “Eu andei sabendo, você realizou o seu maior sonho.”, comentei, o fitando de soslaio e com um sorriso sincero, cujo Gerard retribuiu, enquanto eu tentava fingir, no meu âmago, que, na calada da noite e solitário em meu quarto, eu não fuçava cada rede social dele, cada artigo falando sobre Gerard, na minha forma tão atípica de saber se estava bem. Enquanto era muito mais fácil pegar o maldito telefone e ligar para o homem que eu amava. – Pode-se dizer que sim... – Vi que havia muitas reticências naquilo ali, mas não perguntei ou insinuei qualquer coisa. Nós estávamos seguindo diversos caminhos diferentes, não só em nossas vidas pessoais, mas também profissionais e eu realmente ficava satisfeito com seu sucesso, afinal, era o que ele queria desde quando era um adolescente gorducho: ganhar o mundo com seus desenhos.

 

- Você está indo para algum lugar? – Perguntei, sem saber o que diabos estava se passando na minha cabeça, onde o Frank estúpido e que o repelia havia parado, mas me conformando de que, quando Gerard sorriu e ajeitou os cabelos escuros com uma das mãos empurrando-os para trás, qualquer tipo de máscara desapareceria. Eu era transparente em olhá-lo cheio de saudade, vendo toda a solidão tão parecida com a minha resplandecer de seu rosto tão cansado.

 

- Tem uma cafeteria na esquina, achei que se eu passasse aqui, você iria comigo lá. Sei o quanto gosta de chocolate quente depois de horas trabalhando. – Está vendo? Percebe como esse ser humano é incapaz de dar um descanso ao meu pobre coração? Gerard era demais para um Frank que queria esquecer tudo, mas que parecia querer esquecer muito menos do que eu, quando continuou a falar. – Nós podemos colocar a conversa em dia, já que você passou os últimos seis meses fingindo que quase não me beijou naquele camarim minúsculo.

 

 Ótimo. Ele tinha que lembrar, claro. Gerard não estava sempre com a bandeira branca estendida, claro que não... Aquele tipo de tormento, muito mal lembrado enquanto descíamos as escadas que davam para a saída do estúdio e que quase me fez sair rolando por elas, era a prova de que eu poderia ser grosso, estressado e estúpido com todo mundo, mas era ele quem possuía algum pacto com o demônio.

 Lembrei de quando relutei em assistir aquele show... De como eu quase gritei, quando um Gerard sorridente ao me ver, me puxou para o seu camarim mínimo naquela ainda menor casa de shows, e me abraçou. Um abraço tão forte, que era mais fácil eu ter tomado vários tiros com seus sorrisos direcionados ao mim ao longo do show, que era óbvio que eu não iria falar nada e tentaria juntar nossos lábios de alguma forma. Cheio de saudade e nostalgia, em flashes de bastidores de shows passados, de Franks e Gerards suados, se enroscado em algum canto, trancados em banheiros, nos ônibus das turnês ou até mesmo em corredores desertos, sem perder a noção de espaço, mas sem conseguir desgrudar um do outro por um segundo que fosse.

 E da mesma forma, nos separei, dizendo coisas que eu preferia não me lembrar e o fazendo me olhar em completo choque, antes de sair dali. Mesmo desaparecendo por meses, me pedindo desculpas por algo que eu havia provocado, eu o ignorei, agi tão cheio de mágoa, que não conseguia acreditar em como Gerard havia tido coragem de aparecer ali. Eu havia mandado o recado errado? Ou ele... Oh, não, seria loucura.

 Ou ele ainda me amava?

 

- Você sabe o porquê de eu ter o ignorado. – Comentei, fechando meus olhos minimamente, ao que ele abriu a porta amadeirada do prédio onde o estúdio se localizava, e eu encontrei a luz do sol, me fazendo resmungar. Pulei os dois degraus da escada que levava à rua, e o fitei parar diante do primeiro deles, sabendo que deveria esperar. Ele me conhecia tão bem, que já sorria antes mesmo de eu sentenciar que estava lhe dando alguma espécie de chance. – Um café, Gerard. Só um.

 

- É o suficiente para mim. – O sorriso se ampliou e ele desceu aquele degrau, indicando o lado da rua pelo qual deveríamos prosseguir. Eu sabia o caminho, mas deixei que me guiasse, enquanto buscava um maço de cigarros no bolso da jeans tipicamente rasgada que eu usava, levando aos meus lábios, ao que recebia seu olhar crítico.

 

 E, acendendo o cigarro, ergui meu dedo do meio em sua direção, sob o som de sua gostosa risada, ao que me empurrava sutilmente com um dos ombros, um efeito da bronca que queria me dar, a respeito de ainda fumar como uma chaminé, mas que segurava dentro de si. Porém, ele não era o único que aprisionava algo... Eu estava tremendo por dentro e por fora, seguindo aquele trajeto sem dizer uma palavra sequer, mas muito longe de ser uma situação estranha ou desconfortante.

 Gerard era o único em que eu podia confiar meu silêncio e, principalmente, minhas fraquezas.

 

 

...


Notas Finais


Devo postar a continuação amanhã ou sexta-feira, então, fiquem de olho. É bem simpleszinha, temos só mais dois capítulos, então não tenho muito mais a estender nisso aqui.

Nos vemos no próximo, manas. <3


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