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História Awakening - I'm awaking up asleep.


Escrita por: mryiero

Notas do Autor


PRIMEIRAMENTE FORA TEMER
SEGUNDAMENTE OBRIGADA PELO CARINHO, APOIO, DIVULGAÇÃO, AMORZINHO, XINGAMENTOS, SURTOS E TUDO MAIS.
TERCEIRAMENTE FRERARD IS REAL.
Quartamente, vou terminar de responder aos comentários ainda hoje, então sintam-se livres a continuar a disseminar amor aqui embaixo.

Esse capítulo é MUITO intenso, na real, eu sinto várias coisas, não só pelo OTP, mas por me identificar com ele em alguns aspectos, a respeito de coisas que aconteceram na minha vida, etc. Muito difícil ser Frank Iero mesmo.
Amo esse diálogo, por sinal, pois pontua muita coisa que eu acredito ter acontecido. Vale lembrar que aqui, a culpa parece ser do Gerard, mas o Frank dá ao entender que não foi bem isso, que era inevitável por algum motivo e eu coloquei dessa forma, pois é o que vejo por aí, pessoas acreditando que foi 100% ele, enquanto acho que existia algo muito maior. Então, eu não me aprofundei muito nisso também, afinal, o foco aqui é outro, né?

Espero que gostem desse capítulo e não me odeiem, amanhã tem mais. <3

Capítulo 2 - I'm awaking up asleep.


Parte 2.

 

 

 

- Não pense que me mostrar que ainda sabe qual é o meu café favorito vai me fazer ficar ameno com você. – Disse, assim que Gerard se sentou diante de mim com os dois grandes copos de café em mãos, apoiando-se sobre a mesa amadeirada, antes de arrastar a cadeira um pouco mais para frente.

 

 O cheiro de caramelo e chocolate me aguçou um tanto, aquele aroma característico de tardes em seu apartamento, onde nós dois nos aventurávamos a imitar os cafés de nossas cafeterias favoritas, falhando miseravelmente, mas nos divertindo como nunca. Lembrei do sorriso dele, ao que sujava seu nariz com chantilly e de como ele mudava da água para o vinho, quando eu me embrenhava em seus braços e limpava a pontinha do seu nariz com a língua, para em seguida, receber um beijo afobado, cheio de significado, que aparentemente havia morrido naquelas memórias de alguns anos atrás.

 Sem aviso e quebrando todos os meus pensamentos a respeito do quão havíamos sido felizes um dia, Gerard puxou o casaco do próprio corpo, retirando-o em um só movimento, ao que resmungava algo sobre o quão quente estava aquele local. Na verdade, eu tinha quase certeza de que era um plano maligno para me fazer olhar aqueles braços branquelos que eu tanto gostava de apertar e beliscar, na implicância que me cabia, e eu prontamente desviei o olhar deles e de sua camisa do Morrissey um pouco justa em seu atual corpo robusto.

 Não que eu reclamasse, eu gostava de Gerard em todas as formas corpóreas, era só que fitar as paredes repletas de quadros históricos e um papel de parede floral me pareceu muito mais seguro. A cafeteria era um estabelecimento pseudo cult demais para mim, com jovens e seus olhares presos aos seus respectivos celulares e notebooks... O que, em suma, era uma sorte. Ninguém havia reconhecido a mim e a Gerard e nós dois éramos os únicos que parecíamos aptos a ter uma conversa “olho no olho”.

 Por mais que eu duvidasse que olharia diretamente naquele par de esverdeados. Eu ainda tinha um pouco de dignidade dentro de mim.

 E, claro, não queria olhar diretamente para eles por mais do que cinco segundos. Da última vez que isso ocorreu, nós dois quase fodemos no elevador do prédio dele.

 Enfim.

 

- Eu não espero que café acalme você, nunca foi assim... – Gerard começou, ainda não ganhando minha atenção por completo, embora eu o escutasse com atenção, ao que encarava o balcão do estabelecimento, como se decidisse se pedia cookies ou não. Ele mexia em algo na bolsa que havia largado sobre a mesa (e que eu havia me segurado para não revirar, enquanto ele comprava nossos cafés – tão educado e adorável, nem parecia que havia quebrado o meu coração) e eu brincava com o canudo do café, antes de sorver o líquido lentamente, sob sua voz apressada e tensa. Okay, Gerard estava tramando algo de verdade. – E é por isso que eu trouxe isso aqui.

 

 Ótimo, ele ganhou meu olhar, que prontamente desceu para um pequeno bolo de cartas, este amarrado com uma fita roxa quase transparente, cujo Gerard empurrou em minha direção. Eu não sabia se olhava para os seus dedos bonitos e pálidos ou para a quantidade de envelopes que ali havia. Não contei, mas, por alto, passavam dos quinze ou vinte, me fazendo franzir o cenho.

 O que ele queria com aquilo? Eram cartas de fãs? A segunda pergunta sumiu de minha mente, ao ver meu nome escrito no topo do primeiro envelope com sua letra garranchosa, me alarmando ainda mais. Ele havia escrito aquilo? Gerard Way tinha cartas para mim?

 Meu impulso era tomar aquele bolo, abrir uma por uma e ler ali, bem na frente dele, mas, antes que eu me esgueirasse para tal, eu firmei minhas mãos contra o copo de café, ao mesmo tempo em que ele espalmava os envelopes, como se lesse a minha mente, me impedindo de toma-los sem tocar sua mão. Gerard sabia que eu não o faria, que, se eu o tocasse, seria um sinal de redenção.

 

- O que é isso? – A pergunta era idiota, claro, e ele respondeu com “São cartas, ora essa...” em seu ar irônico e bobão, apoiando os cotovelos sobre a mesa, enquanto se curvava para sorver um pouco do seu café. Eu sabia que era um cappuccino com chocolate amargo, principalmente quando ele gemeu (olha só se eu era obrigado a uma coisa dessas) de satisfação ao provar do seu café. Então, revirando os olhos, respondendo-o com insolência. – Realmente, Gerard Way, não havia remotamente pensado que poderiam ser cartas. Obrigado por pontuar isso.

 

- São respostas aos poemas que você fez para mim. – Ele respondeu, sem rodeios, enquanto eu encarava os envelopes expostos, prontos para que eu os atacasse e engolisse cada uma daquelas palavras. Não era justo... Não era nem um pouco justo que ele tocasse naquele ponto, na minha maior fraqueza... Nas minhas palavras, nos meus sentimentos. – Eu sabia que a grande maioria eram para mim, desde que você fez aquele site e achou que eu e milhares de pessoas não fossemos descobrir. – Eu estava pronto para jogar o café na cara dele, quando ele retirou um pouco a ironia de sua voz e, tão sensível a olhares, como eu, desceu o seu para os envelopes, ao que se enrolava nas próprias palavras. – Eu não tenho o mesmo dom pra poesia, como você, mas me senti no direito de responde-los de alguma forma... Só nunca criei coragem suficiente para te enviar essas respostas.

 

- Porque agora? – Minha pergunta foi imediata, ao que eu me adiantava para puxar os envelopes para mim, dessa vez não sendo impedido de tal. Gerard prendeu a respiração, ofegou e resmungou algo consigo mesmo, ao encarar meus dedos tatuados, me lembrando de que sua fraqueza era maior do que a minha. Ele amava cada traço no meu corpo, desde os feitos para ele em momentos de raiva, desde aqueles que eu apaixonadamente o mostrava, em diretas (ou diretas) a respeito do quanto me sentia. Marcas que ainda estavam em meu corpo, lembrando-me do quanto eu era bobo em acreditar que teríamos um “para sempre”.

 

- Eu fui ao seu último show, em Nova Iorque... – Eu sabia... Era ridículo como eu havia quase passado mal ao subir no palco, ao lado de James, e como eu infimamente me senti quase inapto a terminar aquele show da Death Spells. Era ele, a presença dele me bloqueando. Como aquilo poderia me fazer algum bem? – Você pode não ter me olhado, mas eu vi você... Vi seus olhos e percebi que eles precisavam de respostas. Dessas respostas. – Ele indicou os envelopes com um gesto de sua cabeça, os fios de seu cabelo bagunçando pelo ato, me fazendo agarrar os envelopes com as mãos fortemente, trancando a vontade de ajeitá-lo, de bagunça-lo... Que seja. Eu não me trairia daquela forma. – Respostas que nunca haviam vindo e que você pode lê-las agora, Frankie. – Não, não me chame pelo apelido, seu desgraçado bonito. Eu queria arremessar as cartas na cara dele, jogá-las no chão, pular em cima delas, chutar... Incendiá-las e fazer o mesmo com seu corpo. E aquilo não era ódio, acredite... Eu me conheço o suficiente para saber que aquilo era a maior prova de que eu o amava ainda mais, com cada parte do meu ser. Eu só o fazia da forma mais estranha e intensa possível. E talvez tenha sido isso que tenha fodido com tudo. Eu era intenso demais para alguém como Gerard. – Mas, não agora... Vamos conversar, não é? Colocar nossas vidas em dia, eu não tenho o mesmo hábito que você tem de dar uma olhada nas suas redes sociais, então eu preciso ser atualizado. – Como eu odiava aquele homem... Como odiava amar o fato de que ele me conhecia, de que não poderia me esconder em um buraco no fim do Sudão... Que ele iria me achar. E sorriria, como sorriu, ao ver a confusão que havia causado em mim.

 

- Como...? Eu...?! – Respirei fundo, pronto para abrir os envelopes, contra a sua vontade, mas ainda tão apto a discutir com ele, que até havia esquecido de continuar a tomar o meu café. Quem eu queria enganar? Nós dois iríamos estender aquele momento de todas as formas possíveis. A começar por não tomar o café de fato. – Não mude de assunto, Gerard.

 

- Como está o CD? – Ele iria mudar, ignorar tudo o que eu disse e me olhar como se eu fosse um experimento próximo a entrar em combustão. E eu iria, porém, para o seu desprazer, eu decidi entrar naquele jogo. Ele queria conversar? Pois eu iria.

 

- Ótimo, as letras... Eu sinto que estão fluindo melhor do que o primeiro. Menos rancor, sabe? Anda me ajudando a entender o porquê de certas coisas terem acontecido. – Arquei uma das sobrancelhas, quase vitorioso com a indireta tão direta, bem recebida por ele, que prontamente resolveu tomar seu café, enquanto eu apenas continuava, dedilhando a fita que prendia os envelopes com lentidão. – Então, os dias no estúdio estão sendo uma nova terapia. É bom me sentir vivo, bom saber que eu não estou parado só me lamentando por um fim que era inevitável, não é mesmo? – A culpa não era só dele, todos nós sabíamos que um dia aquilo iria acontecer, que o desgaste estava bem diante dos meus olhos... Eu só não aceitava forma como aconteceu. Talvez nunca fosse aceitar.

 

- Dizem que as coisas mais bonitas tem um prazo muito limitado de validade. E fragilidade também. – A missão de Gerard era, definitivamente, me destruir, não era? Estava comprovado, ainda que ele não sorrisse e apenas carregasse consigo e suas palavras um pouco de melancolia. E lá vinha o maldito discurso carregado de uma vibe positiva que eu não conseguia entender. Como aquele homem que reclamava de tudo ao meu lado havia se tornado um tiozinho que enaltecia plantas e tomava chá? Eu definitivamente precisava parar de olhar seu twitter. – Mas são impactantes... Deixam uma cicatriz boa, sabe? Como aquela que você tem no joelho por ter corrido comigo naquele começo de show, carregando cases e amplificadores, tudo de uma vez... Você passou a apresentação inteira quase pulando em uma perna só, mas com o sorriso mais genuíno e sinceramente feliz que eu já vi na vida. – Respirei fundo e decidi que nunca mais olharia para Gerard Way na minha vida. Meus olhos se fecharam e eu lembrei de todas as canções de amor acompanhadas de toda a dor que eu sentia, que havia escrito para ele, para o homem que havia compartilhado aqueles momentos tão doces comigo e que havia me abandonado. – Eu vejo isso tudo dessa forma. Ainda dói, é recente, mas me faz sorrir e lembrar de cada brilho no seu olhar quando tocava, cada sorriso contagiante de Ray e toda a vivacidade de Mikey quando entrava no palco. Mas... Aconteceu. E foi a coisa... Foi a ideia mais incrível que nós tivemos. – E eu fui interrompido, ao lembrar de cada momento bonito ao lado daqueles caras, ao lado dele, por aquela palavra em questão. O que me fazia queimar e não com todo o amor que eu ainda carregava em meu coração tão teimoso.

 

- Odeio quando fala “ideia”. Era a minha vida, Gerard. Não uma ideia. – Retruquei, puxando o copo de café para mim, enquanto abria minha mochila com a mão livre, apenas para jogar a pilha de envelopes dentro da mesma, sob o olhar cauteloso dele. Não só com receio do que eu iria fazer com as cartas, mas pelo o que eu falava, sentido e com uma mágoa que ainda morava em mim. – Você não sabe o quanto... Aliás, eu não vou falar. Nós já tivemos essa conversa tantas vezes, que eu sei de cada mínimo detalhe de como ela vai acabar.

 

- Certo, você tem razão. Nós vamos acabar andando em círculos aqui e o que eu menos quero é fazer você se irritar agora. – Gerard disse com sua voz abafada pelo canudo do seu corpo de café e eu o imitei ao beber, um tanto quanto desconfiado de toda a sua calma em não queria iniciar uma discussão. Era certo que Gerard tinha dias bons e ruins e, para a minha sorte (e principalmente a dele), a primeira opção era o que reinava naquele dia. – Quero saber mais sobre o que anda fazendo... Meu irmão disse que voltou a se mudar.

 

- Voltei a morar em Nova Jérsei, eu me sinto mais inteiro por lá. – Observei meus dedos tocarem o canudo com delicadeza, ao que sentia todas as memórias boas da minha terra natal me fazendo acreditar que seguiria em frente, que daria certo, mesmo que sozinho em uma casa repleta de cachorros. – E eu fiquei sabendo que saiu daqui, de LA... Também vai se mudar para NJ e além de me atormentar em estúdios e cafeterias, você vai... – Iria começar a implicar, quando vi aquele sorriso e não só fui impedido de continuar por ele, mas por Gerard cortando toda a minha linha de pensamento e, mais uma vez, fodendo com o meu cérebro.

 

- Um apartamento em Newark. – Ótimo, isso queria dizer que havia a possibilidade de sermos vizinhos nos próximos anos, décadas... E que Gerard Way estava disposto a realmente me azucrinar por mais tempo do que eu havia previsto. Então, como se lesse a fúria que começou a me tomar, em como eu nitidamente deveria estar vermelho por inteiro, tentando aprisionar o Frank louco para gritar e cutucar aquele narizinho empinado maldito com a ponta do meu dedo. – Frank, por favor...

 

- O que você quer?! Me destruir de novo?! Você não sabe o tipo de merda pela qual eu tive que passar por sua causa! E não só pela banda, por ter tirado o que eu mais amava fazer, das minhas mãos! Mas por... – Eu busquei ar, enquanto as palavras fluíam em rosnados, em um tom que era nítido que eu estava segurando e tentando manter, para não gritar, não quebrar aquele copo de plástico naquela cabecinha que parecia trabalhar em mil formas para tentar me trazer de volta. Mas não teria resultado, era no que eu estava acreditando. – Você me abandonou! – Os meus olhos não estavam lamuriando, sem sinal algum de lágrimas ou de que eu poderia abrir o berreiro nas próximas palavras. Ganhei um pouco mais de confiança, percebendo que Gerard ainda era capaz de me abalar (e muito), mas eu sabia que não poderia explorar aquele campo com a mesma curiosidade e avidez que anteriormente fazia. Ele precisava sentir a merda que havia feito. – Sem nenhum motivo aparente... E eu me culpo, me culpo até hoje por ter permitido que fizesse isso comigo.

 

- Você não teve culpa alguma, Frankie. – Ele começou, deslizando sua mão pela mesa, tentando encontrar a minha, porém, lhe dando um choque de realidade, eu requei, mostrando que aquele Frank não era o menino que aceitava dedos entrelaçados tão facilmente e que lutava para se defender de todo aquele amor destrutivo. – Você pode ser cabeça quente e se estressar o tempo inteiro comigo, mas... – Pude ver preocupação com toda aquela minha aversão, mas Gerard não se abalou, não nitidamente, e respirou fundo, agora me olhando nos olhos. E eu estava travando uma batalha árdua, pior do que a da Terra Média, para não ceder àquele contato visual. – Você é o único que me entende de verdade... Todas as crises de ansiedade, o bloqueio criativo... A vontade de sumir repentinamente do mundo e largar tudo... Você entendia cada parte ruim que morava dentro de mim e foi um erro meu, só meu, em contribuir pra que você me visse como um caso perdido e eu destruísse não só aquele projeto, mas... Você. Eu sei que destruí você. E você também me destruiu de volta, foi mútuo.

 

 Não queria admitir, mas ele tinha razão. Claro, em um milhão de anos, eu assumiria aquela verdade em voz alta: que eu havia sido idiota com ele, gritado coisas horríveis e quase partido para cima de Gerard, com um desespero que não cabia para um rapaz tão pequeno e que parecia tão esperto. Mas, quando se tratava dele, da nossa rotina, de nossas brigas, eu me tornava o ser humano mais estúpido do mundo.

 Sobre tudo o que eu havia tolerado de sua parte... Ele também estava certo. Eu era paciente, por incrível que pareça, e o seguia, a cada vez que se trancava no camarim e queria desistir de tudo... Eu o seguia, quando morria de medo de entrar em um avião e precisava dos meus beijos e abraços para se sentir confortável e continuar com a turnê ou uma simples viagem. Eu fiz tanta coisa por ele e ele por mim, que era covardia da minha parte presumir que Gerard não entendia a importância que eu tinha em sua vida.

 Ele sabia e era por isso que estava ali.

 

- Eu não consigo mais, Frank... Não sem você ao meu lado. – Gerard poderia ter todos os defeitos do mundo, me irritar e querer que eu tolerasse suas loucuras, mas, acima de qualquer coisa, ele era sincero. E, como já havia perdido a tal batalha desgraçada, eu o olhava nos olhos tão profundamente, que eu só conseguia ver a sua solidão. Tão mais sombria que a minha, tão forte... E me dizendo que aquele homem estava se esgotando.

 

- Pode, claro que pode... Você é autossuficiente, eu sou autossuficiente. Você viveu três anos sem mim, consegue viver mais três, dez... – Eu não queria soar rude, eu só... Queria acreditar naquelas palavras. Não éramos dependentes um do outro, longe de mim, eu havia vivido, vivido de verdade, longe de Gerard, mas... Quando se ama outra pessoa, além de si mesmo, quando a gente percebe que todos os sorrisos idiotas, os poemas exagerados e as músicas gritadas em uma manhã de domingo tem mais graça com aquele que sempre teve meu coração, ao meu lado... A coisa muda de cenário.

 

- Não é fácil... Eu estou vivendo um pesadelo. – A frase foi um sussurro, algo que ele não queria admitir em voz alta, pois, eu sabia... Ele não era tão dramático quanto eu, mas Gerard sentia. Ele era muito mais profundo do que eu e todo meu drama. E eu vi, em seus olhos esverdeados, uma opacidade que sequer via em mim, em meus momentos mais escuros.

 

- Eu... Eu não quero mais sentir isso, Gerard. Prometi a mim mesmo que não iria doer mais... Que eu poderia olhar para você, conversar com você e iria sobreviver. Claro, iria me sentir nostálgico, mas chegaria em casa e passaria. Mas isso aqui... Está se tornando demais. Eu não quero quebrar novamente, consegue me entender? – Eu sussurrei e foi a minha vez de quase estender a mão para tocar as dele, espalmadas na mesa, como se pedissem por mim. Mas não o fiz, sentindo o meu próprio coração partir, enquanto tentava acreditar em cada palavra que eu dizia a ele. Embora o meu coração gritasse, incessantemente, um “Não seja idiota, Frank, você só pode ser completamente feliz com ele”, que eu me recusava a responder. – A queda é muito longa e você não sabe o quanto eu escalei, eu me fodi pra voltar à superfície e conseguir viver sem a ideia de ter você só pra mim.

 

- Frank, você sabe que não é o único, que eu não tenho psicológico pra isso tudo, mas eu... Eu quero tentar de novo. – E ele pouco se fodeu se eu havia recuado antes. Agarrou-me com uma das mãos, seus dedos entrelaçando-se aos meus, em um choque que me fez grunhir, porém não me afastar. A dor desapareceu, como se todos os tapas e socos daquela vida desgraçada nunca houvesse existido... Como se Gerard nunca houvesse partido e aquele toque fizesse todo o sentido do mundo. – Me prometa que vai ler essas cartas... Eu sei que você vai fugir, assim que eu largar a sua mão, mas eu quero que prometa que vai lê-las.

 

- Você... Sabe que eu sou... Curioso. Eu vou lê-las. – Afirmei, sem conseguir desprender meu olhar de nossas mãos unidas. Ele tinha razão, pela milésima vez, em falar que eu iria fugir quando me soltasse, mas por ora, nós dois não conseguíamos visualizar nada que não fosse aquela união entre nossos dedos, o polegar dele afagando as costas de minha mão, enquanto eu a sentia tremer por inteiro. Meus dedos apertando-o com uma necessidade de meses sem toques, sem promessas e toda a verdade que girava a respeito do quanto aquele homem ainda me amava. – Gerard? – Cuidadosamente, ergui meu olhar, a respiração tão conturbada quanto meus pensamentos, enquanto eu o sentia prestes a me largar, a me lançar para o mundo novamente. E, antes que o fizesse e, com isso, meus medos retornassem em súbito, ele me respondeu com um simples olhar... Agora tão brilhante e emocionado, que lá estava eu, sem armas, sem o muro que eu havia construído e acreditava ser forte o suficiente para bloqueá-lo. A realidade? Nunca havia existido muro algum. – Nada mudou.

 

- Nada mudou. – Ele afirmou e eu abri o primeiro sorriso sincero e radiante do dia. E era só dele, dele e do “Eu te amo” que havíamos dito do nosso jeito. Nada iria mudar, nem em um milhão de anos eu deixaria de me sentir daquele jeito, com todo o amor do mundo percorrendo o meu peito. – Nunca vai mudar, Frankie. 

 

 

...

 


Notas Finais


Talvez o próximo capítulo seja um pouco menos, mas é só uma finalização e eu acredito que tenha ficado boa a divisão em 3 partes, pois são 3 momentos.
1 - aquele baque
2 - aceitação
3 - não vou falar, porque é o próximo capítulo. <3 HUAHSUASHUSAHSA

Bom, espero que continuem gostando, manas ♥


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