História Awkward Docete - A tábua da jaqueta vermelha

Era um dia nublado. A palidez do céu escurecia as folhas do cedro que havia florescido próximo a minha casa. Mesmo assim, eu preferia seguir o roteiro que sempre fiz: primeiro, iria até o shopping, e compraria uma caixa de chocolate meio amargo; após, seguiria até a entrada do parque, tomando meu rumo e chegando ao destino. A visita até a casa de minha tia era mensal, e eu sempre levava algum docinho para alegrá-la, afinal, eu era a única companhia que ela possuía. Coloquei minha jaqueta vermelha com capuz, e segui o trajeto que conhecia.  Logo no começo da trilha, topei com uma bifurcação na rota. Resolvi seguir o lado esquerdo, pois me parecia mais seguro. Encontrei animais falantes, que me aconselharam a mudar de direção, afinal, eu estava "procurando encrenca" ao acessar aquele atalho. Preferi não ouví-los, e, baseando-se no meu desempenho em Geografia, escolhi continuar no trajeto. Senti que havia alguém me seguindo, mas ignorei quaisquer passos, acreditando que era só minha audição falhando. Senti algo no ombro, e, por puro reflexo, me virei para ver do que se tratava. Era uma figura peluda, e eu simplesmente não sabia como distinguir aquela criatura. Era o pé grande, ou o lobo mau? Eu estava ficando maluca? Será que aquilo foi efeito colateral do remédio que tomei pela manhã? Eu já não conseguia mais pensar direito e preferi verbalizar a confusão que estava sentindo. 
 

- Olá. Você pode me dizer se isso tudo for uma pegadinha, ou... eu estou mesmo aparecendo na televisão!? Me responde logo, por favor. 

Esperei um tempinho, aguardando alguma resposta ou reação, até que a "criatura" retirou a máscara. 

-Castiel? Eu gastei meus pontos de ação para nada!? - gritei, vermelha de raiva. 

- Não, tábua. Mas todo mundo viu esse seu desespero por causa de uma máscara boba. Olha só: a cor de seu rosto está combinando com meu cabelo! - respondeu, mandando as outras pessoas aparecerem enquanto caía na risada. - E então? Já se encontrou com aquela sua tia neurótica?

-  Não, mas eu ia fazer isso, até que você apareceu no caminho. 

-  Quem apareceu no meu caminho foi você. Esse é o caminho para minha casa. 

- Sua casa!? Quer dizer que você mora perto de minha tia? Desembucha aí o que você já falou para ela. 

- Que eu saiba, nada. Mas se quiser conversar com ela a respeito de minha pessoa, sinta-se livre.

De repente, vi um rosto aparecendo por detrás das árvores.

- Nathaniel? Venha logo aqui e me explique o que você está fazendo com esse tomate ambulante. - exclamei. - Tem mais alguém aí?

- Sim. Estávamos indo até uma festa-a-fantasia que minha irmã pestinha organizou. 

-Você e o Castiel... indo juntos a uma festa!? Me explica isso aí! Eu já estou cansada de surpresas e sustos por hoje.

- Sim. Ao menos temos um ponto em comum: eu não apoio as atitudes dela, e muito menos o cabelo de tomate.

- Ei! Eu não te dei o mínimo direito de falar assim comigo. Quer encarar, é? Cabelo de palha! - gritou Castiel. 

- Parem com essa "palha assada" e não comecem a brigar. Ninguém merece ter de assistir uma discussão por um assunto tão fútil desses no meio de uma floresta. Então... posso ir também? - perguntei, pensando que poderia encontrar Alexy e Rosalya naquela festa. 

- Sim. Seu traje é inovador, e eu nunca vi uma tábua fantasiada de chapéuzinho vermelho antes. Tenho certeza que vai chamar bastante atenção. - respondeu o cereja de bolo.

- Então ok, vamos logo, antes que a Ambre faça alguma besteira. - retrucou Nathaniel. 

- Mas eu tenho que aguardar até amanhã. Meus pontos de ação acabaram, e não posso me movimentar apropriadamente. Desculpa por lembrar disso agora. 
 

Ouviu um "ah, é" em uníssono. Detestava a sua tia feiticeira por causa da "maldição do P.A.". Mesmo que a poção tivesse sido administrada por um ledo engano, não aguentava ficar estagnada num local só, e queria imediatamente sair daquela floresta. Tentou arrancar as pétalas da flor da espécie flower pawer que havia guardado em sua lancheira, mas não ganhou nenhum ponto de ação.