História Azar no amor, sorte no azar - Capítulo Único

Ela estava aos prantos.

Sentada no meio fio da calçada não pode passar despercebida.

Chorava como se fosse seu último dia de vida e não tivesse o aproveitado.

Nem parecia que assim estava por causa de um amor.

Amor.

Amor talvez não fosse a palavra certa para definir o que Dean sentia por ela.

Mas ela…

Ela o amava.

Não. Ela o ama.

Taeyeon (amava) ama Dean como uma formiga ama açúcar. Açúcar. Dean era seu açúcar, o que fazia de Taeyeon aquele doce de garota. Apesar de todos dizerem que Dean era um delinquente grosso e filho da puta, Taeyeon sempre vira o moço como aquele que adocicaria sua vida.

No final, ele só salgou-a até Taeyeon não suportar e tentar tirar aquele sal, mas ele já impregnara no doce.

Taeyeon só pensava nele agora.

Se arrependia profundamente de terminar o namoro. Mas que adiantaria continuar aquilo? Não aguentava mais chorar por causa de Dean, chorou muito por ter terminado? Sim. Mas era a (provável) última vez.

Tirou a cabeça do esconderijo e olhou para a rua vazia a fim de encontrar uma barraquinha de comida. Nada. De repente olhou para o lado e sentiu falta de algo.

Furtaram sua bolsa.

Todos os documentos mais importantes estavam lá, sem contar seu celular e o colarzinho de dez dólares que Dean comprara para a garota.

Arregalou os olhos e olhou para todos os lados vendo se não estava perto e ela que esquecera que deixou ali não aqui. Nada. Apalpou os bolsos da calça e do casaco para ver se não havia nem o celular sido salvo. Tudo que acho foi uma Halls no bolso de trás da calça.

Taeyeon lembrou, num segundo, o dia de merda que teve, e logo voltou que teve. E as lágrimas foram rápidas a cair.

Se pelo menos tivesse acontecido tudo em dias diferentes. Ninguém merece perder o emprego, o namorado, os documentos e o celular no mesmo dia. Deus só podia estar brincando com sua cara. Sério, tanta gente má no mundo e Deus escolhe logo a doce Taeyeon para caçoar?

Quase caiu no chão de tanto chorar, mas lhe veio na cabeça que chorar não resolve porra nenhuma. Engoliu as lágrimas e seguiu até seu carro.

É, Deus estava de brincadeira com a cara de Taeyeon.

Estava quase virando a esquina quando caiu repentinamente. O salto havia quebrado. Caiu de cara no chão e, como se não bastasse, de cara num coco fresquinho de cachorro. Taeyeon levantou e sentiu uma vontade imensa de vomitar, mas aquilo seria a onda mais nojento. Deu um aleluia por não ter ninguém na rua. Pegou um lenço do bolso e tentou limpar o rosto.

Voltara a chorar indignada, revoltada, arrependida e, talvez, com raiva da vida. Só talvez, sabe? Só talvez.

Foi mancando até seu carro ainda com o rosto um pouco sujo. Chegara até onde havia estacionado e… onde está o carro? Pensou e quase deu um tilt , Deus devia estar se acabando de rir da situação. Sri carro havia sido rebocado Deus sabe porque.

Não aguentou nem mais um segundo, caiu de joelhos no chão e, ao invés de chorar, como havia feito todo o tempo, adormeceu. Era madrugada, estava tudo silencioso demais, os choros de Taeyeon com certeza foram ouvidos, assim como quando adormeceu e foi novamente de cara ao chão (Taeyeon pensou naquelas pessoas que gritavam perguntando onde estava o chão, tudo que ela queria era berrar isso, porque o chão parecia a perseguir aquele dia)

Você provavelmente acharia estranho uma moça caída na calçada com o salto quebrado, o rosto colado ao chão e excrementos de um animal na face.

Bem, que bom que Jonghyun pensou isso antes de entrar em casa logo que chegara da night. Pensou que seria uma bêbada, mas, fosse ou não uma bêbada, era uma menina muito azarada. Jonghyun levou-a para dentro tentando não acordar Key. Fracassou. Era meio difícil chegar cansado em casa e ainda carregando uma coreana que, pelo jeito, dava muito valor a comida.

-Que porra é essa, Jonghyun?!- Key perguntou logo que vira o amigo com quem dividia o apartamento chegando- Virou hétero?

-Shi- fez sinal -Achei ela aqui na frente, pensei que era uma pessoa muito azarada e quis ajudar.

-Pelo amor de GDeus, você tem que parar de se meter no azar alheio. Que isso na cara dela?! Bosta?

Jonghyun olhou e meneou a cabeça num sim que fez Key suspirar e mandar Jonghyun deixa-la no quarto do mais velho. Key, mesmo com nojinho, conseguiu deixar o rosto da moça sem nome cheirando a bebê, colocou nela um de seus pijamas e cobriu-a saindo do quarto para fazer um chocolate quente caso a garota acordasse (“caso “ não! Ela não morreu nem nada, mas o Key pensava meio assim)

Passadas algumas horas, Key dormindo no sofá pequeno e Jonghyun em sua cama dura, Taeyeon acordou se perguntando se aquilo era um sonho. Uma cama macia, cobertor quentinho, o rosto e o corpo limpinho. Percebeu que era real e abriu um sorriso, mas logo pensou quem teria feito aquilo. E se fosse um homem e que dela tivesse se aproveitado? Aquilo a preocupou muito, mas olhou ao redor e pensou que, fosse homem ou mulher, ia preferir se aproveitar de um macho. Não que o quarto fosse gay, mas havia uma foto no criado mudo de dois homens de terno num lugar que parecia um sítio, com um lago atrás. Esperava Taeyeon que um deles fosse quem a ajudou. Key ainda jurava todos os dias que ia tirar a foto dali, para ver se a dor passava, mas parecia que doeria mais esconder a lembrança de seu amor, de qualquer forma, Key lembraria dele para sempre. Desde sua morte foi assim, mas a indecisão em relação ao retrato continuaria.

Taeyeon levantou e foi até a porta, abriu uma fresta olhando para fora, abriu um pouco mais e colocou a cabeça toda para fora, não vira ninguém. Saiu a passos lentos olhando a sala ao redor, parou no sofá ao ver um de cabelos descoloridos dormindo neste com um lençol fino. Sorriu ao ver que era um dos moços da foto, mas logo a loirinha se sentiu meio culpada por aquilo, já que dormia na cama macia que provavelmente era do de cabelos descoloridos. Foi para o quarto nas pontas dos pés para não acordar o desconhecido e pegou o cobertor, voltou a frente do sofá da mesma maneira e cobriu o que dormia. Foi até a cozinha, mas ficou com vergonha de comer a comida de gente que nem conhecia, além de ter atrapalhado a noite de quem ali vivia. Ficou mais tranquila ao ver um bilhete embaixo de uma garrafa térmica.

“Come o que quiser, mas eu recomendo os light porque você tá um pouquinho acima do peso, né, querida. Beijos da Key >~<”

Taeyeon se sentiu mais a vontade apesar do comentário desnecessário. Mesmo para uma garota que havia sido caçoada pelo criador, Key não deixaria de jogar um pouquinho -só, pelo menos- do veneno que possuía. Abriu a garrafa térmica olhando tentando saber o que é, nada percebeu e preferiu cheirar, constatou que era chocolate quente e fez uma cara triste.

Dean odiava chocolate quente.

Antes que começasse a chorar novamente, o outro morador apareceu na porta de seu quarto.

-Oh, você acordou- disse o óbvio fazendo Key acordar- E você também, princesa.

-Que porra, Jonghyun, tem que falar alto logo de manhã?! Caralho, porra, merda, buceta.

-São meio dia e quarenta- Jonghyun respondeu

-Foda-se, está vendo que estou dormindo tem que manter essa maldita boca fechada.

Taeyeon olhava aquilo meio confusa. Aquele que acabara de aparecer não era o segundo indivíduo da fotografia.

-Key, não vê que a menina está aqui?- Jonghyun disse apontando para Taeyeon

Então este era o Key, mas quem era este segundo indivíduo.

-Garota, você está me devendo um milhão de wons por eu ter limpado tua cara e feito ela cheirar a bebê.- disse Key a menina que logo passou a mão no rosto. Taeyeon realmente acreditou no que o de cabelos descoloridos acabara de dizer, Key riu e voltou a dizer- Como você fez coco parar na sua cara?

-... Hum… eu cai quando o salto quebrou..

Jonghyun fez uma cara de dó e Key uma de nojo.

-Caralho, melhor sair de perto antes que eu pegue o azar.- Key se virou e foi até seu quarto, mas logo voltou -Garota, eu deixo você ficar dentro da minha casa, deixo sua cara, não com cheiro de O Boticário, não com cheiro de Avon ou Natura, eu deixei cheirando a Channel, eu dei um banho em você, te botei num pijama limpo, lavo suas roupas e você nem para arrumar a cama?

O rosto de Taeyeon ficou vermelho como o cabelo de GDragon em Bang3x.

Jonghyun a olhou, ela já ia se dirigir ao quarto, mas Key a interrompeu.

-Jonghyun, vai arrumar aquela porra.- disse revirando os olhos, o mais novo logo obedeceu bufando- Suas roupas estão na secadora. -apontou para a área de serviço

Taeyeon não olhou para Key, parecia que ele emanava uma espécie de reiatsu maligna,e que ela era um mero shinigami de quinto esquadrão perto não de um capitão, não do capitão da primeira divisão, mas de um que cuidava da segurança do rei das almas.

Taeyeon foi pegar suas roupas e Key foi para o quarto, entrou no banheiro apenas para começar a encher a banheira e foi até a área de serviço onde Taeyeon estava olhando para dentro da secadora com uma expressão fofa que parecia curiosa. A guria nunca viu uma secadora? Key pensou fazendo uma expressão igualmente fofa, mas de “Hã”

-Guria, eu vou para o trabalho e te levo para casa, -Taeyeon o olhou- porque pelo jeito você não estava com nada além da roupa do corpo.- Key a fitou de cima a baixo- e para de fazer essa cara de vagabunda kawaii.

Key saiu deixando Taeyeon pensativa.

Vagabunda kawaii?

Você provavelmente acharia estranho dois loirinhos num carro cantando MC Livinho em plena segunda de "manhã" (porque para Key era manhã -ninguém merece trabalhar domingo de manhã) na Coréia.

Key era fã de carteirinha de MC Livinho, e Taeyeon, bom, Taeyeon entendia de outras línguas. A piranha viajada (como disse Key) fala dezenove funckings idiomas totalmente desnecessários!

-Não é desnecessário- a esse ponto Taeyeon já se acostumara com o veneno de Key

-Ah, sim, você vai estar de boas na rua e do nada esbarra com um… sei lá, alguém que fala latim? Não, né, migs, quantas pessoas você conhece que falam latim?!

-Minha amiga fala latim.- respondeu

-Manda ela tomar no meio do efinciter da pupila!- disse batendo no volante e Taeyeon riu -Falando em tomar no efinciter da pupila PORRA CARALHO ANDA LOGO FILHA DA PUTA -gritou ao motorista da frente

-Deve estar bêbado- Taeyeon perguntou

-Certeza que comprou carteira.

-Que? Isso não é crime?

-Então, eu acho que é, e acho que ele também sabe, né amor, assim, só acho que ele sabe, só acho.- Virou para a loirinha e fez um gesto com as mãos- Só acho. É só um achar.

Riu novamente e eles conseguiram sair daquele trânsito de Lúcifer.

Parecia que não teria tanto azar hoje.

-Então, o que aconteceu ontem para você ter esses olhos todos inchados, guria?- perguntou finalmente

-Fui demitida…

-É isso?!- bateu as duas mãos no volante

-Meu namoro acabou… e furtaram minha bolsa com tudo de importante… ai, depois de cair com a cara em cagada de cachorro eu vi que meu carro foi rebocado.

-Espero que azar não passe, guria, se passa, sai do meu carro.

Taeyeon riu apesar de ter sentido uma pontinha de dor.

Alguns minutos depois o carro parou na frente do apartamento da garota, Key, atrasado, deu um “tchau, bitch” e acelerou. Taeyeon ficou ali, o vento batendo em seus cabelos, infelizmente, sem levar a dor que rodeava a loira.

Foi só mais um dia de azar, Taeyeon não encontrou o amor de sua vida naquele dia depois do azar, quanto mais a semana, não, Taeyeon ficou anos o procurando, mas tudo que achou foram simples paixões que acabaram. Pelo menos agora tinha Key e Jonghyun. Taeyeon nem menos se lembrou dessa sorte no azar que passara, seu carro teve de volta, consiguiu outro emprego rápido e já planejava comprar outro celular mesmo.

Moral da história: sei lá, o que você achar que foi a moral dessa história.