Uns 5 dias depois…
São o quê? 4 da manhã? Meu celular tocou e eu acordei num pulo, porque logo pensei na possibilidade de ser algo sobre o Lu.
— Alô?
— Xiumin é o Tao.
— Puta merda! Como tá o Lu?
— Ele piorou, não sei como…
— Droga — comecei a chorar.
— Quando você conseguir ajeitar tudo vem correndo pra cá… Eu vou tomar conta dele enquanto isso.
— Tá bem, obrigado…
— E me desculpa de novo… — Tao desligou.
Eu já tinha quase tudo resolvido em questão de documentos, quem iria ficar com o gato e tals, só faltava comprar as passagens que eu pretendia deixar para um horário decente.
Mas agora aqui estou eu, às quatro da manhã procurando passagens para Xangai com um litro de coca-cola do meu lado.
— Mas será possível que não tem nenhum vôo? — me perguntei tomando mais um gole enorme de coca, eu já estava a quase uma hora procurando e não tive nenhum resultado.
Depois de mais meia hora e um litro de coca eu achei exatamente a ultima passagem do vôo de amanhã.
— Porra, mas é meio-dia…
Mesmo assim eu comprei a passagem e então mandei uma mensagem pro Tao.
Eu: Arranjei passagem pra amanhã
TAO: Q hr?
Eu: Saio meio-dia
TAO: Puta merda
Vai arrumar suas coisas logo
Eu: Mas me passa o endereço do hospital
TAO: N precisa, eu te busco no aeroporto
Aí vc fica no hotel aqui da frente
Eu: Vc pensou realmente em td? ‘-’
TAO: Só n pensei noq vcs vão fazer quando o Luhan conseguir se mexer
Pq isso é nojento
Eu: Pqp kkk tu nunca transou não?
TAO: Lógico q sim
Soq é meio horrível pensar em coisas tipo o Luhan te chupando
Pqp eu pensei.. QUE CENA HORRÍVEL
Eu: Kkkkkkk eu to indo arrumar a mala
Flw
TAO: Fala a vdd
Vc foi bater punheta pq tbm imaginou
Eu: Na vdd n kkk mas mesmo se eu fosse n teria problema nenhum
TAO: N mesmo kkk
Agr vai arrumar suas coisas
Comecei a tirar algumas roupas do guarda-roupa sem nem olhar direito o que tava pegando, deixei tudo em cima da cama e fui pro banheiro, peguei as coisas que precisava como escova de dentes, shampoo, entre outras coisas.
Continuei correndo pela casa para juntar tudo o que ia levar e logo coloquei tudo na mala.
— Finalmente… — me joguei na cama olhando o horário no celular. — Sete e dez..?
Não ia dar tempo de dormir, então eu já mandei uma mensagem pro Lay.
Eu: Vc tem q buscar o ChimChim ainda hj
Lay: Ta bem
Eu: A chave vai tar naquele vaso do lado da porta
Mas quando vc vier leva a chave com vc pelo amor de deus
Pq eu n sei quando volto
Lay: Okay okay..
Eu: Cuida bem desse gato
Ele é muito importante
Lay: Mas vc nem gosta dele
Eu: Agora eu gosto
É meu filho tbm
Lay: Seu filho te odeia
Eu: E seu “pai” te odeia, e aí?
Lay: O Sehun não me odeia
Eu: Tadinho :’) é iludido
Lay: Eu? Iludido?
Eu: Nn
A minha vó
Lay: A sua vó é mesmo
Pra achar q tu é hétero
Eu: ACHAVA
Eu contei pra ela do Lu e virei basicamente órfão de avó
Lay: Agora é pobre q nem a gnt kkk
Eu: Nn, eu guardei muito dinheiro
Dá pra viver tranquilamente alguns anos
E tbm ainda tenho minha mãezinha querida <3 posso pedir dinheiro pra ela se precisar
Lay: Retiro oq disse
Vc continua rico pra caralho -.-
Eu: Eu só sou prevenido
Senão ia tar na merda
Lay: A loja abriu, preciso trabalhar agora
Vou falar pra Maddu buscar ele e eu pego a noite
Eu: Ta bem então
Flw
São sete e meia da manhã… E o que faz uma pessoa que nem eu as sete e meia da manhã? Isso mesmo, ela levanta a bunda da cama e vai comer.
Então eu criei coragem, levantei da cama peguei a mala e fui lá pra baixo. Fui direto para a cozinha, catei um pacote de salgadinho e fui pra sala ver TV.
Depois que terminei o salgadinho fui tomar banho, me vesti e então fui ajeitar aquelas coisas do ChimChim, tipo ração e outras coisas.
— Oito e quarenta… — pois é, eu não parei de olhar o relógio nenhum segundo.
Eu acabei saindo de casa as nove horas. Coloquei a mala no carro (sim, eu tenho um carro, nunca uso, mas tenho) e fui dirigindo até Incheon.
Pulando trajeto, check in e outras enrolações do tipo (porque ninguém quer ver Xiumin quase tendo que ficar pelado porque foi barrado mil e quinhentas vezes no detector de metais… quer dizer VER a gente quer, mas ler isso vai ser chato)
Pulando também o vôo pra China, porque né…
Enfim, pulando tudo que não tenha interação entre pessoas
Eu: Tao, cheguei
TAO: Tá bem, to quase chegando
NÃO SE MEXE
Eu: Ta bem
Eu to no portão 5
TAO: Okay, eu devo tar aí em meia hora mais ou menos
Eu esperei por tipo, uns quarenta minutos e então o Tao brotou na minha frente muito do nada.
— Xiumin!
— Que susto, caralho! Quer me matar?!
— Eu não, credo! Bora lá — ele me chamou indo em direção à saída, e eu o segui.
Fomos até o carro, coloquei minha mala para dentro e então entramos no carro.
— O hospital é muito longe daqui?
— Um pouco… Que horas são?
— Oito e dez…
— Vish…
— O que foi?
— A essa hora você não vai conseguir entrar, vai ter que passar no hospital só amanhã.
— Que bosta… Mas como é que ele tá?
— Na mesma…
— Eu tô com medo de ele não acordar…
— Eu podia te dar uma moral e falar “ele vai acordar sim, relaxa”, só que eu também tô me cagando!
— Você é sincero até demais…
— Eu sei.
— Mudando de assunto, o Kris têm aparecido?
— Não, ele tá meio que tentando resolver tudo sozinho enquanto eu fico com o Luhan… Ainda hoje eu volto pra lá, eu só precisava que você viesse.
— Então por que já não me deixou vir logo?
— Porque não ia adiantar em nada se você não estivesse seguro, por isso eu tava dando o tempo de o Kris levar eles pra outro lugar.
— Ah tá, entendi…
— Porra, tu já falou com a sua vó sobre o Luhan?
— Já, ela quase me bateu e eu virei “órfão de avó”
— É pecado rir? — ele disse segurando o riso.
— Mesmo se fosse, você segurar o riso não ia mais salvar sua alma.
— Ah então beleza — ele começou a rir muito da minha cara. — Me diga, como é ser pobre?
— Eu não tô pobre, tenho dinheiro ainda.
— Mas uma hora a fonte seca.
— Aí eu recorro à minha maravilhosa omma.
— A tia vai mandar você ir se foder.
— Eu sei, mas depois ela vai me dar dinheiro e eu vivo bem pro resto da vida.
— Se quiser dividir a mãe comigo eu agradeço.
— Mas eu não quero, fica com a sua e eu fico com a minha.
— Egoísta.
— Seu cu.
— Meu cu não tem nada a ver com isso!
— Foda-se. Tamo chegando?
— Não.
— Que bosta.
— Eu sei.
Ficamos em silêncio o resto do caminho até pararmos em um hotel de frente com um hospital.
— Tao, uma pergunta — falei tirando o cinto.
— Diga?
— E se não souberem falar inglês no hospital… o que eu faço?
— Entra correndo e se tranca no banheiro até pararem de te procurar — ele riu.
— Eu tô falando sério!
— Eu também tô! Com certeza tem alguma criatura que fala inglês lá, deixa de ser idiota!
— Ai… — falei saindo do carro.
— Eu vou contigo, talvez agora você precise de mim — ele saiu do carro também.
— Ué, por quê?
— Digamos que nesse turno só tem gente burra…
— No english?
— No english.
— Merda…
Entramos no hotel, Tao falou umas coisas nessa língua do “xinxanxin” que eu não entendi nada, e então ele me arranjou um quarto.
— Terceiro andar, quarto 39 — ele me entregou dois cartões.
— Qual é a do segundo?
— Luhan, pra quando ele sair. Arranjei quarto de casal.
— Então, valeu — falei.
— Agora tenho que ir, qualquer coisa manda mensagem que eu vejo quando puder — ele saiu do hotel.
No dia seguinte…
Acordei, tomei banho, me vesti e então saí do quarto. São tipo, 10 da manhã, e eu vou até o hospital.
Talvez eu nem possa ver o Luhan, mas eu realmente preciso saber o estado dele.
Saí do hotel e fui direto para o hospital, não tinha tomado café, talvez fosse comer algo na lanchonete do hospital ou sei lá.
— Bom dia — falei usando o melhor da pronúncia do cursinho. — Poderia me informar o andar da UTI?
A recepcionista apenas cutucou a outra e apontou para mim falando algo não identificado.
— Bom dia, como posso ajudá-lo? — a outra me perguntou em inglês.
— Bom dia, poderia me informar onde fica a UTI?
— Está indo visitar alguém?
— Sim.
— Nome do paciente, por favor.
— Xiao LuHan.
— Seu nome?
— Kim MinSeok.
— Ah então você é coreano, facilitou muito as coisas para mim — ela falou em coreano. — Tem alguma relação ou parentesco com o paciente?
— Sou namorado dele — respondi.
— Ah sim… Bom, assine aqui — ela me passou uma ficha onde ela anotou o dados. — Aqui está seu crachá, vou acompanhá-lo até lá — ela se levantou e eu a segui.
A mulher me levou até o sexto andar do hospital sem dizer nenhuma palavra, e mano, meu cu tá trancado de medo, o Luhan ainda vai me matar.
— Bom, pra sua sorte a doutora responsável pelo caso dele fala inglês — ela disse.
— Uma sorte dessas eu não tenho nunca mais… Obrigado.
— Não foi nada — ela entrou no elevador novamente.
Fiquei sentado em uma das cadeiras do corredor mexendo no celular até que uma médica saiu de uma sala no meio do corredor.
— Com licença — falei em inglês me levantando. — A senhora teria como me informar sobre o estado de Xiao LuHan?
— Ah claro… — ela ajeitou os óculos olhando brevemente para uma ficha que segurava. — O senhor Xiao me surpreendeu bastante, nessas duas últimas noites teve uma melhora muito maior do que o esperado. Ainda está inconsciente, mas acredito que se continuar avançando desse modo consiga acordar até semana que vem.
— E eu posso vê-lo..?
— Pode sim, por favor me acompanhe — ela disse andando em direção à sala que ela tinha acabado de sair.
Na verdade não era uma sala, a porta era apenas uma divisão do corredor. A médica me guiou por mais algum tempo até o lugar em que Luhan estava, era um quarto que ele dividia com um senhor de idade que também não estava acordado.
Eu o observava cuidadosamente, o cabelo bagunçado, o rosto um pouco machucado, a pele incrivelmente pálida, os olhos fechados… Isso era tão… Luhan.
— Bem que você podia acordar logo como naquelas coisas de filme e acabar logo com esse pesadelo né..? — fiz carinho em seu rosto.
Quando fui segurar sua mão, o talvez já esperado… fria, se não fosse pelo “bip” da maquina poderia pensar que estava morto.
— Eu sei que você não deve tar me ouvindo… Mas eu te amo, criança — apertei um pouco sua mão, mas com medo de machucar já que ele parecia tão frágil. — Fica comigo, por favor…
Eu fiquei por lá mais algumas horas, e então meu tempo acabou e eu tive que voltar para a o corredor, mas acabei indo embora depois de um tempo porque estava morrendo de fome.
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