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História Baby May Cry - Shakespeare For Babies


Escrita por: CherryCool

Capítulo 7 - Shakespeare For Babies


Fanfic / Fanfiction Baby May Cry - Shakespeare For Babies

HORMÔNIOS SÃO UMA COISA MUITO LOUCA de se lidar, sobretudo se você é uma garota. De bônus, para variar, estava servindo de cuidadora de uma bebê que não tinha horário definido para acordar e isso me rendia noites insones e um humor deveras lamentável.

Imagina como foi agradável despertar com o choro de uma Beatrice irritada bem no ouvido, martelando sem parar no crânio. Não a culpava de não se controlar, ela mal conseguia se comunicar e tudo que lhe cabia era soltar o gogó. Ainda assim, toda a rotina soava tão maravilhosa que deveria ter feito antes — quase perdi a prática, se não continuasse poderia esquecer de como se usa o sarcasmo.

Para minha sorte, Beatrice se acalmou rápido e estava mordendo os pés. Ela soltou uma ruidosa risadinha assim que me debrucei ligeiramente para pegá-la ciente de que precisava começar o dia, vendo o quarto bagunçado, inclusive minha espada jogada acumulando poeira — o que me forçava a levá-la junto para limpar. O escritório estava estranhamente silencioso, ouvi somente a voz de Lyana falando no telefone. Ela parecia animada com algo, mas sua expressão fora substituída por surpresa e rigidez, como se tivesse pegado no flagrada.

— Quem era?

— Ninguém em especial. — sorriu abertamente. Havia algo muito estranho no ar.

— Que bicho te mordeu? Cadê todo mundo?

— Eles saíram.

— Nem percebi — revirei os olhos, impaciente. Deixei a pequena bebê num local que considerei seguro, Lyana encarou a espada em minhas mãos com feições cômicas.

— Ah, droga! Ela está armada! — exclamou atirando-se na mesa, rolando sobre a superfície do móvel, em seguida escondendo-se debaixo dela. — Diário de bordo: dez minutos, ela não desconfia de nada, embora tenha mostrado hostilidade. Talvez Dante não tenha exagerado por ela estar naqueles dias. — Lyana murmurou para si mesma, escolhida no pequeno espaço da mesa. O que viria a ser uma típica cena de filme de terror, mas da minha perspectiva estava mais para comédia.

— Que merda te deu? É bom que tenha uma explicação convincente para agir dessa forma! — exigi ameaçadoramente.

— Não é nada, Divinha! — riu sem graça, rastejando para fora do cubículo. — Bem, só estou tentando passar o tempo enquanto os outros não chegam.

— E precisa desse escândalo todo?

— Ué, você que apareceu com uma espada! Uma espada, quase ativando o modo Berserk e automaticamente pensei que tivesse dado a louca e você quisesse brincar de Kill Bill! Lembre-se: Sou linda e jovem demais para morrer.

Bufei.

— Isso é paranoia, só vou limpar Blood. Ela esta imunda.

— Ah, que bom! — fingiu limpar o inexistente suor da testa.

Dante, Nero e Maya surgiram carregando sacolas e livrando-se delas, Maya correu para brincar com Beatrice. Olhei interrogatoriamente para cada um, nenhum deles me esclareceu nada. Sabia que não dava para esperar muita coisa deles, embora Maya tivesse me dando um grande auxilio, devo confessar que nutria uma ínfima pontadinha de ciúme dela com meu — mesmo que não fosse realmente meu — bebê.

— Sabe o que deveríamos fazer para passar o tempo? — Maya se pronunciou atraindo a atenção geral. — Podemos atuar como em uma peça, tipo uma atividade para quebrar o tédio e ainda entreter a Beatrice.

— E por que faríamos isso? — Dante perguntou.

— Vou resumir para facilitar feioso: Di-ver-são! Então, topa?

— Bem, acho que pode ser interessante. — Lyana disse pensativa.

Nero deu um suspiro resignado.

— Estou nessa também — disse simplesmente. Dante optou ficar de fora.

— Nem acredito que vamos nos prestar a isso — ri da situação.

— Melhor que ficar parados vendo as moscas voarem, mesmo que seja interessante observar a trajetória delas.

Nero e eu encaramos Lyana.

— Precisamos de trajes, não é?

— Essa parte não se preocupe, — Maya argumentou, sorrindo confiante e mostrando um medalhão. — Mas antes temos que decidir o que vamos atuar.

— Hm, o que acha de um musical? Eu adoraria cantar — inspirei fundo e todos tamparam minha boca impedindo que emitisse qualquer som, gritando em uníssono: — NÃO!

— Não exagerem! Aquilo não vai acontecer novamente.

— Diva, amiguinha. Seu nome é um alerta por si só, se cantar fará jus a ele. — Lyana argumentou.

— Aí meu ego! — arfei teatralmente. Lyana ignorou meu comentário e com os olhos iluminados, disse:

— Que tal Romeu e Julieta? — Lyana sugestionou.

— Lyana, não creio que alguém nesse mundo conheça.

— Mas é uma boa história. E eu posso ficar como diretora. Eu tenho todo o necessário pra ficar na direção: gosto de oprimir, sou mandona e gosto de roleplay — Lyana estava claramente animada. Lyana na direção é perigo na certa.

— Se não temos outras ideias, iremos fazer Rameu e Juliana. — Maya anunciou.

— É Romeu e Julieta.

×××

Poderia mentir dizendo que não esperava esse resultado, que poderia ter incluído outras pessoas para interpretar os personagens, mas, no fundo, meio que desconfiava da possibilidade. Tinha menos de seis pessoas pra atuar na peça improvisada, claro que alguém teria que ser o Romeu e a Julieta.

— Estava pensando... Poderíamos dar uma modernizada. — Lyana comentou. — O que faria sentido duas famílias se odiarem atualmente?

— Serem de times diferentes?

Me perguntei porquê aceitei aquilo. Claro que inocentemente acreditei que seria divertido. Ledo engano.

E lá estava eu, vestida como uma donzela. A saia tão longa que mal pude me mover direito sem quase tropeçar. A situação só tendia a piorar, me encontrava em cima da mesa fingindo estar numa sacada igual à Julieta. Dante conteve os risos na platéia — constituída por ele, Lyana, Maya e a Bia que estava usando um lindo vestidinho de princesa —, sendo visível o quão engraçado estava sendo pra ele. Em outras palavras, me controlei para não sair xingando geral por tal humilhação. Lyana narrava determinados eventos da cena, sendo mais inconveniente e dramática possível.

"E Julieta com o coração partido, procurou na escuridão extenuante seu amado." Lyana recitou, absorvida na cena.

— Eu vou ter que falar isso mesmo? — questionei aborrecida, cortando o drama.

— Claro, está no script!

— Como pode considerar isso um script — indiquei o caderno velho cheio de marcas de óleo, provavelmente mal utilizadas por Dante para colocar pizzas velhas.

— Olha aqui — Lyana avocou — era isso, ou papel higiênico. Nessa espelunca não há tantos papéis disponíveis. Mas esse trabalho foi minha obra prima. ‘Cê’ não está nem ligada no trabalho que tive para fazer isso! Eu tive que queimar muitos neurônios e encontrar inspiração em tão pouco tempo! Diva, um dia eu vou embora e nunca mais iremos nos ver. — fez uma expressão de choro, ainda que não chorasse realmente. Só drama mesmo. — É isso que você quer?

Bati em minha testa.

— Tanto faz! Só que eu ter que fingir e falar coisas tão melosas é deprimente. Nem para o Dante, que é meu namorado, digo isso. Até por que chega a ser o cúmulo! — confessei arrancando risadas da plateia. — Não vejo graça nenhuma.

— Faz logo, mulher. — Lyana exigiu, apontando para Beatrice.

— Okay. Oh, Romeu! Onde estará Romeu. — imitei a cena mais dramática que pude.

— Oh, Romeu. Já pode sair. — Lyana gritou realmente semelhante a diretores de filmes.

Nero abriu a porta com tanta força que pensei ter quebrado a pobre peça, então marchou irritado para onde eu estava. Vendo-o, retirei tudo que disse sobre ter má sorte. Lyana e seu incrível poder de persuasão, fez Nero usar aquelas roupas estranhas — ridículas — de príncipes com direito a babados coloridos, meia de nylon e pena no chapéu. Todos inclusive eu, reprimimos uma gargalhada.

— Está lindo, Nero. — Lyana informou entre tosses.

— Ficou perfeito, combina com a cor dos teus olhos. — Maya acrescentou evitando olhar muito. Beatrice encarou-o, então seus lábios tremeram num choro iminente. — Fica calma, Bea. É o tio Nero.

— Belas pernas garoto. — depois do comentário de Dante todos se dissolveram em risadas. Nero nos fulminou com o olhar.

— R-romeu... Meu a... Amado Romeu re-rejeite teu pai e renegue teu nome... — prossegui com meu papel, tentando a custo não rir. E avancei no limitado espaço, porém sem calculá-lo adequadamente e ainda mais com o vestido longo demais, acabei escorregando na calda e para completar a — patética — cena cai, literalmente, com a cara no chão. O silêncio reinou absoluto durante alguns minutos.

— Diva, você tá legal? — Lyana inquiriu. Eu só pude erguer um braço fazendo sinal de positivo com o polegar.

Novamente ouvi o coro de risadas.

"Ah, bem... Depois que Julieta caiu da sacada, tendo entrado em coma na queda..."

— Há há, muito engraçada palhaça! — resmunguei acariciando o nariz dolorido, levantando meio tonta. — A Julieta tá ótima!

"Com os amantes reunidos, o inesperado acontece! Ninjas com sabres de luz malignos ameaçam a vida do casal"

— Mas o que? — guinchei vendo duas pessoas fantasiadas de ninja.

"Romeu consegue acabar com os ninjas do mal, porque ele manjava dos paranaues e também por que teve aulas com Jackie Chan durante o tempo que esteve em uma peregrinação e é claro foi ensinado por Chuck Norris também."

Esse Romeu é o que? Aliás, estamos na mesma historia?

Nero fingiu bater nos ninjas, mas tive impressão que saíram machucados no processo.

Espera... De onde veio esse pessoal?

— Julieta, concentre-se! Eles são elenco de apoio e é pra isso que eles servem! Não lê fanfics, não? — Lyana ordenou. — No entanto, o real perigo não tinha passado. O poderoso demônio vermelho surgiu para atacar os heróis. Vai lá, Dante! — Lyana mandou, praticamente obrigando-o a atuar naquele circo caótico.

— O que eu faço? — Dante perguntou.

— Ué, o que se espera de um vilão? Óbvio, faça maldades. Tenha objetivos clichês de dominação mundial, faça planos maldosos e frases de efeito sem sentido. Ah, e não menos importante: a risada maléfica. Não esqueça de contar tudo para os heróis enquanto se gaba de ter vencido dando tempo pra que eles possam te derrotar!

— Isso está ficando ridículo! Lyana, você acaba de destruir uma das obras mais incríveis de Shakespeare!

— Concordo — Nero afirmou.

— Ah, não diriam isso quando chegasse a hora do clímax: o beijo.

— Eh... Beijo? — Nero e eu gritamos. Uma densa e sombria aura envolveu o local, suspeitava de quem aquele poder pertencia. Somente uma pessoa cuja aura possuía tamanha energia e ainda mais.

— Que os jogos comecem! — Dante enunciou emanando agressividade no ambiente, sacou as gêmeas: Ebony e Ivory. Seus olhos brilharam em tons de vermelho. — Já que faço parte dessa obra, vou matar o Romeu.

— Maya! Salve o bebê! — disse exaltada. — Salve-se quem puder! Que Sparda tenha misericórdia da nossa alma!

Nunca mais me deixou convencer pela Lyana, essa diretora tirana. Graças a essa ideia sem cabimento cheia de furos e estragando a obra de Shakespeare Beatrice ficou muito mau humor e não parava de chorar mesmo diante dos nossos esforços para animá-la. Era a primeira vez que ela ficava brava com a bagunça, pois geralmente ela achava graça de tudo. Eu, Maya e Nero nos revezamos para fazer caretas e outras coisas que acreditamos que daria certo — dentre elas checar se ela não fez um presente surpresa para nós. Depois do caos da peça — que deixou o escritório revirado e que tivemos que limpar —, a serenidade permeava o ar, mas o choro inquieto do bebê ecoara pelo ambiente quebrando o silêncio. Oferecemos papinhas — muitas tinha um cheiro horrível, por isso é para bebês, nem tem como eles reclamarem — e frutas para ela. Dante nos surpreendeu quando pegou Bea, colocando-a sentadinha na mesa e dividindo o sundae com ela. Após fazê-lo, Bea se animou e comeu e lambuzou-se com a sobremesa junto com Dante.

— Diva. Tem certeza que ela não é filha dele?

— Nem sei mais.


Notas Finais


Eu sei, demorei para atualizar. Mas imagine a seguinte situação: Eu lembrei que tinha um capitulo pronto só que não sei que diabos aconteceu no meu lindo hd que deu erro - ou sei lá que cargas d'água houve - que não tive outra opção a não ser formatar '-' Perdi quase tudo, e estou muito brava, mas vou sobreviver (Depois de matar alguém MWAHAHAHHA xD)
Ah, antes que perguntem: não estava sob efeito de nenhum dorga ao fazer esse capitulo, até por que ele foi meio baseado nas tretas que acontece comigo e minha irmã HUAHUAHUAHUAHUA xD
Até a próxima!


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