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História BACK TO BACK: About A Girl - Everyday is like sunday - Parte três


Escrita por: FinnSkada

Notas do Autor


Oi gente, demorou mais chegou!
DESCULPEM OS ERROS ORTOGRÁFICOS
NÃO TINHA DADO TEMPO DE AJEITAR
MAS JÁ ARRUMEI
Boa leitura!

Capítulo 12 - Everyday is like sunday - Parte três


Fanfic / Fanfiction BACK TO BACK: About A Girl - Everyday is like sunday - Parte três

Dentro do abraço de Mike, eu não sentia medo da chuva. Não sentia medo de nada, porque não existia espaço pra isso. O medo, a insegurança e qualquer outro sentimento ruim que me rodeasse, esperava do lado de fora. Eles sabiam que não podiam me pegar ali... Não podiam me invadir, porque eu me sentia bem, quase intocável. Sentia que tudo bem ter medo, desde que você o enfrente… E qual o problema de enfrentar algo quando você tem em quem confiar? Com quem contar? Com alguém que te protege, e se arrisca por você? Alguém que te leva na garupa de sua bicicleta?

-Tudo bem agora? - A voz interrompeu meus pensamentos – A chuva enfraqueceu…

-É, acho que sim… - Observei as gotas descerem dançantes pelo vidro da janela – Acho que podemos descer.

-Você quer minha jaqueta?

-E você vai ficar andando pelado por aí? - Falei sem pensar.

-Não, de calças, né, magrela... – Ele riu.

-Não mesmo!

Nós descemos do carro. Mike bateu a porta atrás de mim e entramos rápidos e descalços na pousada. Os degraus de madeira desgastada, mas cuidadosamente polida, apesar de molhados, me aqueceram os pés. Me deram uma sensação quase inebriante de conforto. A porta adornada de pequenos quadrados de vidro durante seu comprimento se abriu a nossa frente.

O aquecedor devia estar ligado, ou aquele lugar era realmente quente, quente como uma lâmpada acesa ou uma fogueira de verão. Havia dois sofás de courino num marfim meio desbotado, no meio da sala. Tinha um casal sentado em um e dois homens em outro. Xícaras numa mesa pequena de centro. Enxuguei meus pés num tapete macio, com os dizeres “Bem vindos” e seguimos para outra porta de madeira que dizia “Lanchonete.”

-Finalmente! - Lucas ergueu os braços pra cima, em sinal de alívio. Os três estavam sentados numa mesa redonda de carvalho. Havia um rapaz magro atrás do balcão e algumas poucas pessoas distribuídas sistematicamente em outras mesas.

-Nossa, o babaca do Lucas não deixou a gente pedir nada porque vocês não estavam aqui – Dustin ajeitava o boné na cabeça – Eu nem tomei café hoje, tô com tanta fome que tô quase comendo a minha própria mão.

-Sou obrigado a concordar… - Will continuou enquanto eu e Mike puxávamos nossas cadeiras e nos acomodávamos junto a eles. - Mas e agora? O que a gente vai pedir?

-Uma pizza de calabresa tamanho família pra mim e outra de pepperoni pra vocês… - Dustin desenhou um círculo na mesa com a ponta do dedo – Preciso recarregar as energias.

-Que pizza o quê? Aqui nem tem pizza. - Lucas voltou a falar.

-Imaginem se existe uma realidade paralela… Ou um mundo ao contrário… - Henderson pousou os cotovelos na mesa.

-Um mundo invertido? - Will completou.

-Exatamente. E se lá nesse mundo, eu não gosto de comer e sou soldado e o Lucas come uma torta de maçã a cada cinco minutos! - Gargalhou, se divertindo com a possibilidade.

-De jeito nenhum, sua anta! Eu jamais, em nenhum mundo ou universo paralelo faria esse tipo de bobagem! - Lucas tentava parecer sério, mas um sorriso escapou de seus lábios – E se a Jane não for magrela? E se ela come mais do que dois Dustins na ceia de ação de graças…

-E o apelido dela é bolota! - Will se juntou a eles e todos começamos a rir.

-Qual é o problema de vocês comigo? - Falei ainda rindo – Bolota?! Mas que merda…

-E nesse mundo, a magrela é quem protege a gente! - Lucas terminou.

Senti um arrepio na nuca. “Ela é uma traidora!” “Esquisitona...”

-E protege o Mike também! E o Mike chora! - Dustin começou uma risada, mas ao observar os olhos de Mike, o sorriso se transformou num estreitar de lábios.

-Tá… Tudo bem, o que nós vamos comer? - Mike finalmente se pronunciou.

-É o que estou tentando dizer a vocês desde o início. Aqui não tem pizza, nem hamburguer, costelinha ou baked alasca… Acho que só tem misto quente. -Lucas riu contente com a nossa decepção – E aí?

-Como só tem misto quente, que tipo de lanchonete é essa? - Dustin pareceu visivelmente pertubado.

-Por mim, tudo bem. - Byers concluiu – Eu comeria até esse boné – Ele apontou para o boné do Dustin – desde que estivesse recheado de queijo. Não dou a minima, estou mesmo com fome.

-E se o Will vomita bonés na outra realidade? - Dustin ergueu o dedo roliço como se tivesse feito uma grande descoberta – Ou cabelo…

-Ou lesmas… - A palavra saiu da minha boca como uma navalha. Will me olhou no fundo dos olhos, apavorado.

-Vamos logo pedir esses mistos quentes – Mike se levantou da mesa – Vamos, Sinclair. Vai que você consegue um desconto…

-Eu não acredito que aqui só vendem mistos quentes miseráveis – Dustin empurrou a cadeira para trás, se levantando junto com Mike e Lucas. Os três foram em direção ao balcão.

-Will…-Balbuciei – Quando você era mais novo, vocês, no caso… Você já desapareceu? Ou sumiu…?

-Eu? - O rosto dele ficou pálido. Os lábios tomaram uma cor arroxeada -Não… Nunca.

-Tem certeza? - Insisti.

-Eu tinha pesadelos… Na verdade, eu tenho. - Ele prosseguiu de cabeça baixa. - Mas acho que era devido ao D&D… O Rpg, conhece? Nós jogávamos sempre, campanhas que chegavam a durar dez horas! Comecei a ter pesadelos com um monstro do jogo… Demogorgon. - Ele disse a última palavra num sussurro.

-Demogorgon… - Repeti e percebi os pêlos do meu braço arrepiando.

-Só que…

-Que o quê?

-Que nos sonhos, ele era diferente do jogo. Por exemplo, no jogo, ele teria duas cabeças de babuíno… É uma caracteristica excêntrica, não dá pra esquecer… E no sonho era como… Uma grande flor carnívora com um corpo quase humano…

-Humanóide. -Conclui, enquanto pude ver em minha mente um monstro coberto de carne acinzentada abrindo a boca como pétalas desabrochando, o hálido fétido ardendo em minhas narinas. - Ele não tem olhos. - Pensei alto.

-Como você sabe? - Os olhos de Will perfuraram os meus numa expressão de pavor.

-Ah, eu não sei. - Menti – Achei que como a boca fosse uma flor, talvez não tivesse espaço para globos oculares…- Olhei Mike, Dustin e Lucas de pé junto ao balcão.

-É curioso, mas eu preferiria que tivesse olhos…

-Porque talvez sentissemos o que ele sentia ou o que pensava pelo olhar, mas…

-Mas não havia nada a se sentir. Só medo… Só frio…

Olhei para Will. Eu tinha certeza que ele havia sumido, certeza absoluta. Em algum lugar obscuro da minha mente, havia uma parede de concreto sujo com vários pôsters espalhados. Aquelas mesmas feições acompanhadas de sorrisos infantis. “Você me viu?” “Desaparecido.” “O garoto que voltou a vida.”

De onde você voltou, Will? Pra onde você foi?

-O idiota do Lucas não estava mentindo! -Dustin colocou uma bandeja na mesa com cinco sanduíches dentro de frágeis saquinhos plásticos – Só tem misto quente! Isso nem pode se chamar de lanchonete, devia ser uma misto quentaria…

-Essa palavra nem existe! - Lucas respondeu colocando um pires com uma xícara de chá preto na mesa. Mike vinha atrás com grandes xícaras brancas. Chocolate quente.

Os meninos falaram muito. A conversa era um trem com as rodas ardendo nos trilhos, nunca parava. Talvez um trem de brinquedo, que só dá uma volta circular. Mas era um trem no qual eu não conseguia embarcar. O misto quente em minha boca não tinha sabor. Nem o chocolate quente. Eu sentia que na realidade, nem estava ali. As palavras de Will me açoitaram ainda mais. A chuva ainda escorria preguiçosa nas janelas, o clima frio parecia estar bem vivo lá fora. Mas não estava mais vivo do que o monstro em meus pensamentos.

-Vamos esperar a chuva passar – Lucas apontou pra janela – Odeio dirigir na chuva…

-Então porque tirou uma carteira de habilitação em Hawkins? - Mike riu com o bigode de chocolate.

-Eu não tiraria uma carteira de habilitação nem que me pagassem – Henderson cruzou os braços sobre a mesa e apoiou o queixo em cima deles.

-Tá achando que vou te dar carona até você fazer quarenta anos?

-O Will daria! Ou o Mike...- Ele devolveu.

-O Will dirigindo? - Lucas começou a rir.

-Eu? De jeito nenhum! - Mike se juntou ao Sinclair, rindo.

-Bom, vou ver se ainda consigo um desconto pra gente ficar num quarto. - Lucas levantou da mesa e marchou para for a da lanchonete,

Até que foi rápido. Logo ele apareceu com uma chave pequena presa a uma argolinha de arame que rolava como bambolê ao redor do indicador dele. Deixamos as xícaras de lado e seguimos Lucas, saindo da lanchonete e a trocando por um corredor largo de madeira lustrosa e cheio de portas. Quarto 202.

Era um quarto simples. Tinha uma cama de casal vagabunda, um sofá de courino marfim meio sujo , uma televisão de quinze polegadas num móvel de madeira pequeno de pernas longas e uma mesa de centro com um cinzeiro fundo de vidro. Lucas jogou os sapatos num tapete verde musgo e ligou a televisão num noticiário que falava sobre a tempestade. Ele fez sons como “ih...” “ouch...” repetidas vezes. Me acomodei no sofá com Mike. Will e Dustin também subiram na cama. Provavelmente aquela cama estava chorando muito para se manter de pé.

Eu e Mike ficamos sentados, distantes um do outro e calados. Nós sabíamos que a conversa do carro não tinha sido normal. Jamais poderia ser. Will podia fingir o quanto quisesse que estava tudo bem, mas ao vê-lo deitado no canto da cama, braço colado com a parede e o olhar vago preso ao teto, senti que não. Ele jamais poderia. Não o culpo. Eu jamais poderia.

-O Lucas tá roncando? - Mike me cutucou no ombro.

-Sei lá – Olhei em volta, me inclinei para olhar para Lucas que realmente roncava – Acho que sim.

-Vamos colocar o controle remoto na boca dele?

-Você enlouqueceu? - Dei um soco no braço dele enquanto ríamos.

-Parece que os outros dois dormiram também – Ele constatou antes de me dar uma olhada – Quer dormir também?

-Onde? - Olhei ao redor sem entender.

- No sofá, ué…

-De jeito nenhum que eu vou dormir com você! - Minhas bochechas queimaram – Você realmente ficou maluco! Andou bebendo a gasolina da Harley?

-Calma, magrela – Ele levantou as mãos próximas ao rosto em sinal de paz – Não falei em dormir comigo, falei em dormir, você dormir. Sozinha. - Ele deixou um sorriso torto escapar.

-Ahn… E você vai ficar onde?

-Não importa. Não quero dormir mesmo… Vou assistir alguma coisa. – Ele desceu lentamente e se sentou no chão, encostando as costas no sofá.

Me inclinei pro lado e cai devagar sobre o courino surrado. Deitei a cabeça na mesma ponta em qual ele estava encostado. Seus cabelos farfalhavam na ponta do meu nariz e apesar do cheiro de suor sempre presente, o cabelo tinha um cheiro frutal de shampoo. Tomei um pouco de coragem antes de descer o braço sobre ele. Minha mão agitando os dedos na sua frente, e tenho quase certeza que ele sorriu novamente, porque entrelaçou os dedos nos meus quase que imediatamente. Então eu dormi.

-Acorda, magrela…

Antes que eu pudesse gritar um “Já vou, mãe!”, reconheci a voz de Mike. Ele ainda estava sentado no chão, apenas tinha virado pra mim. Os outros três estavam sentados em frente a televisão, mas era um clima de fim. Nós íamos embora. Meus dedos ainda estavam entrelaçados com os de Mike.

-Hum? - Foi tudo o que consegui dizer.

-A gente já vai… Já são cinco da tarde – Ele falou tão perto do meu rosto que senti seu hálito quente em minhas bochechas.

-Calma… Eu ainda nem acordei.

-Eu tava pensando aqui… Já que você vai pro tal Jovem Hawkins amanhã, talvez a gente não tenha um tempo juntos de novo… - Ele pareceu envergonhado, mas decidido – Então… Eu e você poderíamos ir ao cinema hoje, claro, se você quiser…

-Eu quero. - Afirmei de uma vez.

-O que vocês estão cochichando aí? - Fui surpreendida pela voz de Dustin.

-Pra que que você quer saber? - Respondeu Mike.

-Ora, não foi você que mandou deixarmos a porta da curiosidade aberta?

-Quê? Eu nunca disse isso. - Mike franziu o cenho fazendo com que Will e Lucas começassem a rir.
 

“Não foi você que mandou deixarmos a porta da curiosidade aberta?”

“Mas são 22h de um sábado, Dustin”

“Hawkins é um eterno domingo...”

Por um momento, o ar me faltou. Minhas pernas tremeram tanto que achei que nunca mais seria capaz de ficar de pé novamente. Meu coração congelou dentro do peito de uma forma que toda vez que ele batia, parecia trincar o gelo ao redor dele. E doía, meu Deus, como doía…

-Andem logo, eu tenho muita coisa pra ajeitar pra amanhã – Lucas disse por fim, enquanto Will fechava a porta do quarto depois que nós havíamos saído.

Foi uma viagem calma, o céu permanecia nublado, mas a chuva havia cessado de vez. Voltar para Hawkins me deixava animada por sair com Mike e ao mesmo tempo apreensiva, nervosa. Era uma bomba que eu não podia conter. Mike havia me lembrado que amanhã eu encontraria Brenner de novo e isso me deixou tão aflita que me senti a beira de um abismo. Como eu queria que Lucas mudasse de ideia e nós não fôssemos para aquele lugar. Eu sabia que as respostas estavam lá, mas não sabia se queria encontrá-las.

Os meninos desceram na escola e eu e Lucas fomos pra casa juntos. Ele falou bobagens por todo caminho, mas eu nem consegui ouvir, estava ocupada demais pensando no que vestir para sair com Mike. Tanto que quando chegamos, nem me despedi. Apenas saltei do carro e fui correndo até o outro lado da rua. Entrei em casa e fui direto pro chuveiro.

-Jane?

-Oi mãe! - Gritei ao ouvir a voz chegando em casa – Tô tomando banho!

-Tudo bem, eu trouxe sua janta.

-Não precisava… - Falei saindo do chuveiro com uma toalha na cabeça – Eu vou sair.

-Sair? Sair com quem? - Ela segurava uma sacola de papelão. - Lucas?

-Credo mãe, não.

-Com quem?

-Mike… - Respondi indo em direção ao quarto. Ela me seguiu em passos nervosos.

-Onde você conheceu esse garoto? - Ela sentou na ponta da minha cama.

-Na escola… - Respondi distraída ao vestir uma calça preta acinturada.

-Quê? Só isso? Ele é de boa família?

-Claro que sim – Menti. Eu não sabia, não realmente. Ah… Eu sabia sim.

Vesti um suéter roxo e calcei um all star preto meio surrado. Penteei o cabelo para desmanchar os nós e baguncei um pouco com a mão. Passei perfume nos pulsos e no pescoço, tudo isso enquanto minha mãe me olhava perplexa.

-Porque não usa uma saia? Você é uma garota, mostre esses joelhos…

-Só garotas tem joelhos? Onde você viu isso, mãe? - Gargalhei.

A campainha tocou. E meu Deus, eu nunca corri tanto na minha vida. Senti meu coração bater na garganta de tanta ansiedade. Quando pulei na porta e girei a maçaneta, vi Lucas.

-Eu vou sair. Pode dar meia volta e ir marchar na paciência de outra pessoa – Respondi divertida.

-É o Mike. Ele bateu a moto.


Notas Finais


ANDEI PERCEBENDO QUE MUITOS DE VOCÊS NÃO LERAM O CAPÍTULO OITO, ENTÃO VEJAM SE LERAM E VOCÊS PROVAVELMENTE NÃO VÃO ENTENDER ESSA FANFIC SE NÃO LEREM "DE VOLTA A HAWKINS" ANTES.

PROVAVELMENTE sai capítulo amanhã ou depois.
Aguardem PACIENTEMENTE em nome de Jesus!
Twitter: @FinnSkada
Instagram: @FinnLoboduro


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