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História BACK TO BACK: About A Girl - Connection


Escrita por: FinnSkada

Notas do Autor


Opa, o capítulo tá um pouco curto, mas era pra esclarecer algumas coisas antes.

Boa leitura!

Capítulo 5 - Connection


“O que eu estou fazendo? Porque Mike vai me deixar em casa? O que diabos ele quer comigo?”, Minha cabeça começou a martelar procurando por respostas, mas estávamos cada vez mais perto um do outro. O capacete quase escorregava entre minhas mãos suadas.

-O que você tem? – Mike disse enquanto se ajeitava na moto.

-Nada, ué...

Ele franziu a testa, depois me olhou com de canto de olho e deu de ombros. Pôs o capacete na cabeça, amassando o cabelo bagunçado, por fim afivelou o capacete no queixo.

-Se você diz... Você sabe pôr o capacete? – Ele apontou para o capacete em minhas mãos.

-É claro que eu sei – Menti, e coloquei o capacete na cabeça. Percebi que tinha colocado a frente pra trás e o puxei rápido, ouvi uma risadinha abafada de Mike. Coloquei novamente, mas fiz certo dessa vez. Tive um pouco de dificuldade pra afivelar e quase belisquei meu queixo com a fivela. Mike ainda soltava risadinhas.

-Aham, você sabe...

Arrumei as alças da mochila enroladas em meus ombros, e segurei o braço dele para tomar impulso necessário pra subir na moto. Ele permaneceu em silêncio enquanto eu o fazia. Sua mochila preta ficou entre nós dois. Já sentada na moto, pus as mãos nos ombros dele.

-Pra quê mochila? Você nem entra na sala...

Ele não disse nada, apenas acelerou como no dia anterior. Senti meu coração saltar pela boca e como da outra vez, soltei seus ombros para abraçar sua cintura com toda a força que eu tinha. A mochila entre nós me deixou confortável de uma maneira estranha, mesmo que fizesse com que a nossa distância fosse maior. Eu não fechei os olhos, me esforcei pra mantê-los bem abertos e ver todas aquelas casas, árvores e pessoas se desfazerem como um rascunho sendo bruscamente apagado. O vento passava torto pelo capacete, batia em minhas bochechas, rebatia no colarinho da jaqueta, era uma sensação de liberdade indescritível.

Eu estava tão fascinada com aquilo, que por pouco não percebi que Michael não estava me levando em casa, na verdade eu nem conhecia aquele caminho. As casas começaram a rarear, até só sobrarem árvores em minha visão. Eu queria perguntar pra onde estávamos indo, mas me deixei levar e o abracei mais forte. Ele não se mexeu, mas eu não o soltei. As curvas e as velocidades continuavam freqüentes e insanas, e eu não gritei. E algum momento ele tentou olhar para trás, talvez por achar que eu estivesse morrido.

Mike reduziu a velocidade na estrada asfaltada, perto de muitas árvores, acho que um bosque. Seus tênis tocaram o chão com as pontas, para manter o equilíbrio.

-Achei que você fosse surtar – Ele falou sem olhar pra trás, a voz distorcida e abafada pelo capacete.

-Onde estamos? – Mesmo parados, eu não havia o soltado, nem ao menos afrouxado o abraço.

-Não sei exatamente... Mas não muito longe, então...

- O que estamos fazendo aqui?

-Preciso falar com você.

-Tá, isso eu já percebi... Você tá me assustando... – Balbuciei.

Mike começou a se movimentar suavemente, como se fosse descer da moto. Eu o apertei com mais força, e ele tentou se virar para trás, sem sucesso.

-O que foi?

-Não desce. Fala daí.

-O que você acha que eu vou fazer? – Ele colocou uma de suas mãos sobre as minhas que estavam o envolvendo. Senti um calafrio percorrer meu braço.

-Não sei, mas fala daí...

A mão de Mike estava quente, um pouco úmida. Parecia estar nervoso, mas não tremia, ao contrário de mim, que mal me aguentava naquele banco. A floresta parecia deserta, há não ser por um pequeno esquilo se esgueirando num galho de árvore. Barulhos de inseto, ruídos de folhas, as árvores correspondendo o vento, Mike e eu, eu e Mike.

-Já ouviu aquela música do The Doors? “Venha, baby, acenda meu fogo”?

-Hã? Mike, eu não tô entendendo...

-Certo... - A mão dele fez uma leve pressão nas minhas – Vou ser direto, então preste atenção... Lembra ontem quando você disse que entendia o que aconteceu comigo aos treze?

-S-Sim... – Encostei a testa em suas costas, uma lágrima escorreu involuntariamente.

-Você entende? Você... Sei lá... Pode me explicar? – A voz dele soou distorcida e embargada, como se quisesse chorar, ou não conseguisse tocar no assunto.

Eu entendia tanto. De uma forma estranha, esquisita, quase paranormal. Eu ouvi minha voz embargar e falhar antes mesmo de falar. Meus braços se arrepiaram, e eu sentia o toque dele mais intenso na minha pele. Minha cabeça queria funcionar, pensar, esclarecer. Mas aquilo sempre acontecia comigo. Eu acessava aquelas lembranças, e um alarme soava por todo meu corpo, uma avalanche de lágrimas, um tremor infernal e uma dor de cabeça era tudo o que eu conseguia. Eu já havia visto algo na televisão sobre a cabeça bloquear memórias no inconsciente, memórias que podem te fazer sofrer de alguma forma. Sempre pensei se esse era o meu caso, mas era tão sem sentido pra mim. Eu sentia Mike ali, mas eu havia conhecido ele ontem. Um dia, só um dia e tudo isso voltar á tona... Meus doze anos.

Na verdade, tudo começou quando eu nasci. Eu fui uma criança estranha, confusa... Sempre fui muito inteligente, mas tive dificuldade em aprender as coisas mais banais. Os pesadelos me assolavam, me faziam gritar e chorar num canto de parede sujo até as três horas da manhã. Minha mãe sempre me acordava e me tirava de lá, assustada. Ela sabia que eu era diferente, estava na cara. Tudo piorou quando eu completei doze anos, se intensificou de uma forma perturbadora. No começo eram simples vozes, muitas delas, de diferentes idades e graves. Era como se eu tivesse um tipo de rádio à pilha dentro da cabeça. Defeituoso, quase parado, mas ainda lá, falando o tempo inteiro. Nada do que me diziam fazia sentido, eram coisas comuns, normais, eu até me perguntava ás vezes porque eu tinha que ouvir aquilo. Mas as respostas não vinham, pelo menos não as que eu queria. Eu tinha muito medo de falar sobre aquilo com a minha mãe, e ser levada pra igreja ou pra algum internato bem longe. Eu guardei tudo aquilo pra mim da melhor forma que pude.

Principalmente o dia em que eu acho ter causado um acidente. Eu nunca fui capaz de comentar isso com ninguém, mas tenho quase certeza que fui eu. Eu estava no ônibus escolar, indo pra minha antiga escola, sentada sozinha num daqueles bancos fedendo a suor. Não me leve a mal, eu não desejava mal as pessoas, eu nunca quis. Aliás, eu desejava... Mas não de verdade. O ponto é que eu matei um garoto. Tenho certeza que fui eu, eu tenho sim, porque eu pensei, eu olhei pra ele, sangue escorreu do meu nariz, fluxo intenso e dolorido, eu...

-Jane? – Mike apertou minha mão.

-Oi...?

-Se eu te fizer uma pergunta você vai achar que eu sou louco?

-N-Não... – Eu ainda estava absorta em meus pensamentos.

-Você, tipo, você sente alguma conexão comigo? Como se me conhecesse há muito tempo atrás?

Meu Deus, como eu sentia. Eu sentia o tempo todo, chegava a ser anormal. E parada ali, em coma daquela moto, envolvidos pelo barulho do vento e dos grilos, eu sentia ainda mais. Como se uma corda mental nos aproximasse, nos amarrasse e nos unisse. Droga, Mike... Isso é tão doido...

-Não... – Menti.

-Ah... – Eu não pude ver sua expressão, mas sua voz demonstrou desconcerto – Tudo bem... Eu vou te levar em casa... Jane?

-Oi? – Meu rosto ainda estava encostado em suas costas, e seu perfume entrava suave em minhas narinas, diluído pelo suor.

-Você tá saindo com o Henderson?

-Hm? – Respondi.

-Dustin. Tá saindo com o Dustin? – Ele soou um pouco irritado.

-Hã? Não, ué...

-Ah... Só mais uma coisa – Mike parecia estar realmente incomodado. Nunca pensei em vê-lo “se abrir” num diálogo, eu até pensava, mas não me parecia coerente.

-O quê?

-Você me acha estranho?

-Acho – Soltei uma risada afável, e o abracei mais forte. No momento eu não pensei exatamente no que estava fazendo, mas aquilo me pareceu ser o mais propício. A mão dele apertou a minha novamente – Mas quem não é?

-Verdade, magrela... Vamos pra casa.


Notas Finais


Próximo capítulo sai terça.

Loboduro.


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