1. Spirit Fanfics >
  2. Back to the Past >
  3. Eight

História Back to the Past - Eight


Escrita por: khyoung

Notas do Autor


Oi nenês, espero que gostem desse capítulo! Vou ter dois dias de simulado a partir de amanhã, e vou procurar escrever mais no feriado prolongado. Me desculpem por qualquer coisa, sarango vocês ♡♡♡

E TRINTA E FUCKING TRÊS FAVORITOS, VOCÊS SÃO TOPÍSSIMOS, SARANGO VOCÊS, OBRIGADX POR TUDO ♡♡♡♡♡

Capítulo 7 - Eight


Fanfic / Fanfiction Back to the Past - Eight

Fechei os olhos, e a partir do momento em que os abri novamente, deixei que as luzes coloridas entrassem em minha alma, e então, dei um sorriso aberto e voltei a dançar em câmera lenta.

Senti um par de mãos deslizando lentamente pelo meu tronco, vindo de minhas costas. Virei apenas minha cabeça, e vi o rosto de Chung-Ho me olhando seriamente enquanto me abraçava por trás. Nossos corpos ainda se moviam devido à batida estrondosa da música alta que tocava na boate. Sentia o rosto de Chung se aproximando do meu, e não demorou muito para que seus lábios se encostassem nos meus, formando um beijo sem sentimento algum, consumido e existente apenas pelo puro prazer.

Virei meu corpo para ele, ainda no meio do salão de dança. Ninguém ali estava notando nossa presença, já que a maioria, inclusive Sehun e Chanyeol, já estavam bêbados ou acostumados com isso.

Senti suas mãos escorregarem forçadamente até a minha bunda, enquanto a outra me dava um puxão de cabelo. Apertei as costas de Chung com as minhas mãos, o que fez com que sua respiração ficasse mais quente e rápida. Ele parou o beijo, e deu um sorriso malicioso para mim, acompanhado por um olhar vibrante. No momento em que seus lábios iam me beijar novamente, senti algo, ou melhor, alguém me puxando para longe de Chung. Primeiramente, pensei que eu havia desmaiado por conta do álcool, mas ainda conseguia ver Chung ficando cada vez mais longe, e eu mais distante. Não sabia quem me puxava, mas sentia meu pulso doer, já que o desconhecido havia fechado seu punho fortemente em mim.

Atravessamos a porta da frente da boate, e o desconhecido me levou ao beco que havia ao lado da boate. Me empurrou contra a parede, e logo após ter finalmente sossegado, minha cabeça foi se acalmando da tontura da correria.

- Mas o que... - falei, perdido em meio a toda aquela situação, mas logo fui interrompido por uma voz um tanto familiar:

- QUE PORRA VOCÊ TÁ FAZENDO? - a pessoa gritou, e por estar com seu rosto bem próximo do meu, me assustei, e por mais que eu tentasse recuar, havia uma parede atrás de mim, onde em seguida, a pessoa colocou seu braço direito, rapidamente. Literalmente, eu estava prensado à parede, como uma cena clichê de dorama. Internamente, eu riria daquilo em uma situação normal, mas naquele momento, eu estava assustado.

- Quem...? - falei, e pela primeira vez desde quando tinha sido arrastado, levantei meu rosto para ver quem era o desconhecido. E, mais uma vez, o nome que me confunde: Kim Jongin.

- Kyungsoo... Por quê tá fazendo isso? - ele disse, abaixando o tom de voz.

- Fazendo o que, seu idiota? - falei, seriamente.

Com poucos centímetros de distância de meu rosto, Jongin me olhava profundamente, com uma expressão de ódio e tristeza misturados. Suspirou, e abaixou seu olhar.

- Porquê tá fazendo isso comigo? - Jongin perguntou, e pude ver que, por mais que seu rosto estivesse olhando para baixo, uma lágrima descia, escorregando pela maçã de seu rosto.

O empurrei para trás, e ele cambaleou, mas continuou em pé. Me olhou, surpreso com a minha atitude repentina. Um ódio surgia dentro de mim, tomado pela rejeição indiferente que Jongin havia demonstrado por mim em todo esse tempo que havíamos nos relacionado. Não tinha sido um namoro, mas havia me afetado como um. Em meus olhos, as lágrimas não surgiam, não sabia dizer se era por que eu estava muito bêbado, ou se era devido ao fato de eu não aguentar mais aquela situação por completo.

- EU? - gritei, mas logo meu tom de voz se abaixou, tentando retomar o controle. - O único idiota fazendo algo de errado aqui é você. Vai cagar, Jongin.

- Você tá assim por causa que falei de uma suposta namorada minha? - ele disse, e riu. - Era mentira aquilo. Você acha mesmo que eu iria arrumar uma garota por aí?

- Não acho, tenho certeza. - falei, o olhando com ódio. - Você só serve pra iludir pessoas. Sumiu do nada quando deveria ter me apoiado, no ensino médio. Agora, some novamente, não só me deixando no vácuo mas como o Sehun e o Chanyeol também. E agora vem dizendo que eu fiz algo?

- Kyungsoo... - ele disse, me olhando com tristeza. - Um dia você vai entender tudo o que se passa pela minha cabeça. Você passou pelo mesmo, eu espero que me entenda. Me desculpe por tudo. - terminou, e se aproximou de mim lentamente. Não tentei me esquivar, pois estava cansado de Jongin. Estava cansado de ficar como um trouxa em sua frente, esperando algo que provavelmente nunca iria acontecer. Cansado de o ver todos os dias, e ser como um fantasma invisível.

- Por que você tá fazendo isso? - perguntei, cansado e triste, enquanto ele terminava de se aproximar de mim. Estava colado em minha frente, e senti que o mesmo chorava. Nesse momento, por mais que eu tentasse me valorizar, sabia que minha existência era como um nada nesse planeta, então ignorei o fato de eu ser mais iludido do que nunca, e deixei que meus braços o envolvessem. Jongin chorava a ponto de começar a soluçar, e encostou a cabeça em meu ombro, por mais que fosse mais alto que eu. Me abraçava forte também, e meu coração se apertava cada vez mais. Não gostava nem um pouco de o ver sofrer.

- M-me desculpa... - ele disse, em meio a soluços e muitas lágrimas.

- Me fala o que tá acontecendo... Em outra hora, por que provavelmente eu vou esquecer depois que eu acordar amanh... Ah é, já virou a noite, então, depois que eu acordar hoje. - eu disse, e o apertei mais em meu abraço, fechando meus olhos e guardando aquele momento em minha mente, gravando a sensação de como era bom abraçar Jongin.

- KYUNGSOO! - ouvi alguém gritar, repentinamente, e logo vi Sehun e Chanyeol abanando os braços, ao lado de um taxi.

                          ***

As férias de Kyungsoo havia se tornado completamente um inferno depois que o ensino médio havia acabado.

Haviam apenas duas coisas que eram boas, que era o fato de o mesmo ter sido aceito na faculdade que queria, e de ter escrito algumas músicas durante o seu tempo livre. Acabou por apenas escrevê-las, e criou o ritmo apenas com sua voz, e nenhum instrumento o acompanhando na melodia. Ia em lugares aleatórios para escrever, como por exemplo, o Rio Han. Simplesmente ficava alguns bons minutos observando o movimento das águas, e pensando em toda sua tristeza, mas parecida com uma perseguição que não deixava sua vida em paz.

Seu irmão, Jung, passou noventa por cento das férias nas casas de seus amigos, dormindo ou passando o dia lá. Kyungsoo sempre o deixava ir, pois eram amigos conhecidos, e não queria que Jung se tornasse depressivo como ele.

Jongin havia ido embora como se nunca havia o conhecido, como um ninguém. Não tinha ninguém para passar as férias, nem para dar um simples "oi", ou algo do tipo. Nisso, Kyungsoo acabou ficando mais depressivo do que antes, submerso em um mar de angústia e agonia de si mesmo.

                             ***

- Acorda, capeta. - ouvi uma voz rouca e mórbida falar, como se estivesse acordando de um sono de mil anos.

Abri meus olhos e me dei de cara com uma claridade infernal, e vi Chanyeol bebendo água, juntamente com algum remédio.

- Onde...?

- A gente tá na casa do Sehun, seu desgraçento. Ontem de noite você sumiu, e quando fomos chamar um táxi pra ir embora a gente te encontrou na rua abraçando alguém. Você pegou dois? Por que eu tinha certeza de que não era o mesmo cara que você ficou dentro da boate, e...

- Chanyeol, cala a boca. - falei, levantando lentamente do sofá onde eu havia dormido. Estava tudo latejando em meu corpo, principalmente minha cabeça. - Pega um remédio pra mim, agora, por favor.

Me entregou o remédio, e bebi rapidamente após ver que era um bom remédio. O apartamento de Sehun era comum, e provavelmente ele morava sozinho, já que era bem pequeno para duas ou mais pessoas.

- O Sehun foi o que menos bebeu de nós três, então eu obriguei ele a ir comprar comida. - Chanyeol disse, e começou a olhar o seu celular. Sua voz estava mais rouca que a minha, seus cabelos estavam bagunçados. ao extremo, e sua expressão era de muito cansaço.

Depois de alguns minutos, ouvimos a porta da frente sendo destrancada, o que indicava que Sehun havia acabado de chegar.

- Ah, finalmente, chegou. Cadê a comida? - Chanyeol perguntou, olhando para Sehun, que estava cheio de sacolas.

- Tá aqui, desgraça. - ele disse, colocando as sacolas em cima do balcão da cozinha.

Mais tarde, liguei para Jung, e ele disse que iria passar a tarde na casa do amigo de sempre dele.

- Pronto, terminei agora de cozinhar. - Sehun disse, olhando para os três pratos com um olhar de reprovação.

- Deveria ter deixado o Kyungsoo cozinhar... - Chanyeol disse, ao cheirar o prato cheio de comida. - Tem cheiro de esgoto, meu Deus.

- Ingrato. - Sehun disse, pegando seu prato e indo até a mesinha no centro da sala. Ligamos a televisão, e pelo jeito o vizinho de Sehun também havia ligado, pois seu som estava mais alto do que o nosso.

- Que bosta, é a quarta vez na semana que esse vizinho liga o som mais alto. - Sehun disse, se levantando e indo até a porta, e a destrancando.

- Sehun, o que você vai fazer? - Chanyeol disse, se levantando e indo até ele. Me levantei também, e corri atrás deles, que já estavam no corredor.

- É aquele ali, o 202. - Sehun disse, apontando para uma porta mais para a esquerda. Sehun se aproximou, e o volume da música da televisão aumentava a cada passo. Fechou seus punhos, e bateu com tudo na porta ao lado. Sem resposta, já que o som estava alto o suficiente para não escutarem nada. Ouviram som de vozes conversando e rindo dentro do apartamento, mas ninguém abriu a porta. Bateu mais uma vez, mas duplamente mais forte e alto, e logo a porta se abriu, permitindo que uma fumaça esbranquiçada saísse por fora da porta.

- Que porra é essa? - Sehun disse, tossindo, enquanto abanava a fumaça com as mãos.

- Estamos fazendo churrasco. Ou melhor, estávamos, até você interromper. JIMIN, ABAIXA O SOM, O VIZINHO TROUXA QUER FALAR! - disse o vizinho, apoiado de lado na porta. Usava um roupão branco, e óculos aviador. Seus cabelos castanho-claro estavam presos por uma bandana vermelha com detalhes em branco, e ele nos olhava com desprezo com seus dois olhos castanho-médio. Não consegui ver quem era, mas alguém abaixou o som no fundo, amenizando as batidas que faziam as paredes tremer. - O que foi?

- Já é a quarta vez que você liga a porcaria do seu som na semana, você não tem vida não? Não sabe que mais gente mora nesse prédio? - Sehun disse, aumentando o tom de sua voz.

- Ih, menos, cara. Treta não é comigo, nem sou o dono do apartamento. Vou chamar o dono, espera. - ele disse, e foi até um cômodo ao fundo da casa. Não demorou muito, e um garoto extremamente branco, baixo, de cabelos pretos e bagunçados apareceu. Tinha os olhos mais caídos que eu já havia visto na vida, e apresentava uma expressão de sono e grosseria.

- O que foi, merda? - ele disse, revelando sua voz, que era rouca e grave.

- O som alto, passou dos limites já faz tempo, acho que não devo ser o único do prédio que acha isso. - Sehun repetiu, seriamente.

- Caguei pra você. - o garoto disse, sorrindo sarcasticamente. - O apartamento é meu, faço o que eu quiser com ele.

- Qual o seu nome? - Chanyeol perguntou, tentando abaixar a poeira tensa da situação.

- Não te interessa, otár...

- É Min Yoongi, e o meu é Kim Taehyung. E o de vocês? Tem mais gente no cômodo aqui do lado, vou chamar eles pra se apresentarem também. - disse o garoto da bandana vermelha, no fundo do cômodo, e logo foi até o outro cômodo, deixando o dono do apartamento com a maior expressão de cu possível.

- Sério, cara, é só abaixar o som. Já passou da conta. - eu disse, tentando acalmar a situação.

- Cala a boca aí, nerd. - ele disse, me olhando da cabeça aos pés. - Se quer estudar vai pra biblioteca, para de atrapalhar a vida dos outros.

- Sério... - Sehun disse, fechando seus punhos, e segurando para não explodir.

- Aqui, cambada. - Taehyung disse, nos mostrando para mais um monte de gente. - Esses são os vizinhos do 201.

Todos se curvaram para nos cumprimentar, e fizemos o mesmo. Haviam pelo menos mais umas cinco pessoas no apartamento, o que era impressionante, já que o apartamento era minúsculo.

- Bom, era isso, até mais! - Chanyeol disse, ao perceber que Sehun estava ficando cada vez mais puto, e o empurrou para o seu apartamento de volta. Yoongi fechou a porta com tudo, e a fumaça parou de sair do apartamento.

- Ei, Kyung, não nos contou como foi com os seus dois carinhas ontem. - Chanyeol falou, tentando mudar de assunto rapidamente enquanto entrávamos no apartamento de Sehun.

Contei tudo para eles, cujo inexplicavelmente, pela primeira vez depois de ficar bêbado, me lembrei de tudo. Falei tudo sobre Jongin e sua bipolaridade inexplicável. Sehun ficou mais puto do que já estava, e Chanyeol me abraçou, tentando me consolar.

Fiquei mais uma hora e pouco com eles, e voltei para a minha casa com um táxi. No fim do dia, Jung voltou com a carona de seu amigo, e chegou todo alegre da casa deles, falando que tinha comido muito bolo de chocolate, e quando deitou, dormiu direto por muitas horas seguidas, até o dia seguinte.

Era segunda feira, e minha única preocupação ao acordar era lembrar das provas que estavam se aproximando. Minha infelicidade foi que a diretora acabou remarcando todas as provas, as aproximando mais ainda, tudo por causa daquele projeto de "intercâmbio".

- Deus me abençoe, não fiz nenhuma tarefa desde o começo do ano. - Chanyeol disse, colocando as mãos na cabeça em sinal de desespero. - Kyungsoo, Sehun, vanos começar a sentar mais pra frente. Esse lugar aqui no fundo nos dá azar.

- Por mim tudo bem. - falei, e Sehun concordou com a cabeça também.

- Bom dia, turma. - o professor substituto disse, entrando glamurosamente pela sala de aula, arrancando diversos olhares de muitas garotas, e deixando os garotos com inveja.

- O professor do Vale chegou! - Chanyeol disse, em um volume baixo, rindo escondido.

- Cala a boca, vai que ele te escuta. - Sehun disse, rindo discretamente.

- Bom, vou passar os formulários de inscrição para o projeto de intercâmbio que a nossa faculdade está oferecendo, se lembram? Não vou repetir o que é, então espero que se lembrem. Você, aí no fundo. Venha cá e entregue os papéis para mim, fileira por fileira. - o professor Minseok disse, apontando para Sehun, que suspirou, cansado, e se levantou para começar a entrega.

Preenchemos os formulários, e todos nós marcamos para ir para a China, por que por mais que as aulas fossem na nossa língua, Sehun falava mandarim e queria treinar, sem contar que queríamos conhecer o lugar. O programa era daqui a três semanas, depois de cinco dias após as provas acabarem. Depois que o programa acabasse, teríamos aquele festival de integração para os calouros que aquela menina da lanchonete havia dado o cartaz para nós.

Jongin havia faltado, e eu havia me dado conta disso apenas no final da segunda aula. Meu coração bateu mais rapidamente ao lembrar dele no beco ao lado da boate, enquanto me abraçava e chorava. Chacoalhei minha cabeça ao ver que estava me perdendo em meus próprios pensamentos.

                          ***

Por fora, Kyungsoo aparentava ser um garoto quieto, estudioso, feliz, e rodeado de amigos, exalando pureza e em palavras doces que saíam de sua boca. Porém, apemas uma afirmação das anteriores era correta: ele era estudioso.

A única pessoa que o descrevia completamente nessas qualidades era sua falecida mãe. Era difícil para uma criança como Kyungsoo agir de um modo na escola e outro na frente de seus pais, principalmente quando voltava com hematomas espalhados pelo seu corpinho na época.

- Filho, o que aconteceu? Alguém te bateu? - Sra. Do falava, vendo o filho descer do ônibus escolar com o olho esquerdo roxo.

- Não mãe, só me machuquei no parque. Desculpa. - Kyungsoo respondia, e dava um sorriso como quem havia brincado o dia inteiro no playground da escola, porém, havia ficado preso no banheiro, levando socos do seu querido colega de sala, Dong-Yul, e seu famoso acompanhante, Hwang. O motivo? Kyungsoo não queria passar cola para ambos na prova de matemática que haviam acabado de fazer.

- Você tem certeza, filho? Já é o segundo roxo nessa semana, e é quarta-feira! - a mãe disse, retirando a bolsa das costas do filho.

Kyungsoo assentiu com a cabeça, e correu para dentro de casa, tirou seus sapatos para entrar e correu até seu quarto, onde, após se trocar, ficou chorando até sua mãe o chamar para a janta.

Suas lágrimas escorriam pela sua bochecha gordinha e fofa, e seus olhos inchavam pouco a pouco.

- Mas que merda, deixa o menino em paz... - ouviu seu pai falar no andar de baixo, enquanto descia as escadas após a mãe o chamar para comer. Parou no meio das escadas para escutar a conversa, e colocou seu pequeno rostinho entre uma fenda da escada para os observar. Sua mãe passava a mão em sua grande barriga, que estava uma completa circunferência de tão grande. Seu irmão estava prestes a nascer, e Kyungsoo estava ansioso por isso.

- Mas meu amor, não se importa com o seu filho? Amanhã é o aniversário dele, e nem vai passar aqui em casa para o ver? - a mãe dizia, enquanto acareciava sua barriga.

- Tenho coisas mais importantes a fazer no meu trabalho, e você sabe disso. É só mais um aniversário do Kyungsoo, ele ainda vai fazer aniversário muitas outras vezes. - o pai falava, enquanto pegava um recipiente para colocar a comida de seu jantar. Sentou na mesa após se servir, ignorando a esposa cujo ainda estava em pé.

- Só se faz oito anos uma vez, meu marido...

- E eu com isso? Ele nem tem noção da vida ainda. Quando estiver maior, eu arrumo alguma festa ou algo do tipo. - resmungava o pai, enquanto tentava falar com a boca cheia.

- Realmente, eu nunca vou conseguir te compreender... - a mãe dizia, e uma lágrima deslizava pelo seu rosto delicado.

Kyungsoo desceu as escadas em silêncio, e começou a servir a comida em seu prato enquanto contia toda a sua raiva contra seu pai dentro de si mesmo, por muito tempo.

                           ***

"Justifique sua resposta."

Era o último dia de provas. Mais uma vez, Jongin ficou sem falar comigo a semana inteira, e Sehun e Chanyeol me impediram de ir falar com ele, dizendo que eu deveria me valorizar mais. Esperei, e ele não veio, porém, ele me encarava nas aulas e durante as provas. Me olhava com um olhar triste, como se sentisse falta de mim. Eu sentia falta dele, e muita. Porém, também estava com raiva.

Terminei a prova de cálculo, e a entreguei para o fiscal da sala. Chanyeol já havia saído da sala, e conversava com Baek do lado de fora. Acenei para eles e fui até o banheiro, para não os atrapalhar.

- Você tem certeza disso, Jongin? - ouvi uma voz vinda de um telefone no banheiro, e recuei para ouvir melhor. - As vezes é só uma fase, ou algo do tipo...

- Tao, é certeza. Já caguei em todos os cantos da minha vida por causa dessa dúvida minha. Sério, não aguento mais. - Jongin dizia, com sua voz em um volume baixo.

- Então você é gay mesmo? Ou é bi? - o tal Tao perguntou, no outro lado da linha.

- Primeira opção. - Jongin respondeu, com sua respiração arfando. Começou a chorar, e só pude entender que o mesmo estava chorando devido aos barulhos e soluços que dava.

- Calma, não chora... Explica pro Kyungsoo tudo isso, por que pra falar a verdade, você sabe que foi bem filho da puta com ele. Engole esse choro e fala com ele. - Tao dizia, enquanto Jongin provavelmente enxugava suas lágrimas com a borda de seu paletó do uniforme.

- Tao, obrigado por me ajudar... De verdade. Espero que o Kyungsoo entenda que tudo o que fiz agora, por mais que tenha sido ruim, foi por uma simples dúvida interna minha. Isso estava me corroendo por dentro, e eu finalmente encontrei a resposta. Obrigado, sério. - terminou de falar, e desligou.

Jongin continuou dentro do banheiro, e ouvi o barulho da torneira sendo aberta, e a água correndo entre as suas mãos, e batendo contra seu rosto cheio de lágrimas. Suspirei, e ao soltar o ar de meus pulmões, tomei atitude e entrei no banheiro, parando atrás de Jongin, que estava curvado para baixo na pia. Ao fechar a torneira e se curvar de volta, ele se assustou rapidamente com a minha presença repentina.

- Jongin... - falei, o olhando com tristeza.

- Você ouviu tudo? - ele me perguntou, limpando o rosto lentamente com o papel que estava ao lado da pia.

- Só a parte mais importante.

Ele ficou alguns instantes em silêncio, provavelmente com diversas coisas em sua cabeça, rodando sem rumo, sem nunca serem ditas. Tudo aquilo que ele havia feito, todas aquelas atitudes grosseiras e indiferentes, era simplesmente pelo fato de não se assumir homossexual. Eu estava surpreso, pois achei que era algo pior, mas estava triste, pois Jongin havia começado a chorar novamente em minha frente.

O abracei rapidamente, e ele me empurrou contra a parede no canto do banheiro, e lá ficamos por alguns minutos, abraçados. Sentia a dor dele, pois quando eu havia me assumido, eu havia sofrido demais. Entendi a dor e o medo dele.

- Me desculpa, Kyungsoo... - ele dizia, em meio aos seus soluços, e me apertando cada vez mais em seu abraço.

- Tá tudo bem, Jongin. Eu te entendo profundamente. - falei, passando minhas mãos pela sua cabeça.

Ouvimos repentinamente alguém se aproximando, mas não fizemos nada, e continuamos nos abraçando.

- Opa, vamos sair daqui. - uma voz disse, ao nos ver abraçados. Olhei para ver quem era, e vi que era Baek e Chanyeol, juntos. Os dois saíram, e nós continuamos lá por alguns momentos.

- Não tem por que continuar chorando. - falei, levantando o rosto de Jongin, colocando minha mão em seu queixo.

- Kyungsoo... - ele disse, mas eu o interrompi com um rápido selinho, que o fez sorrir, e as lágrimas que antes saíam de seus olhos escuros se encerraram, e o que restara foi apenas o seu lindo sorriso.

Saímos do banheiro depois que Jongin já havia acalmado completamente, e ele se despediu de mim na ladeira, indo para sua casa. Foi sorrindo, o que me deixou feliz.

- O que acabou de acontecer? - ouvi a voz de Chanyeol, ao lado de Baek, falar, enquanto ambos me olhavam, e Baek tinha um sorrisinho malicioso no rosto.

- Depois te conto detalhadamente. - falei, e me virei, indo embora sorrindo.

                          ***

Oito anos.

Kyungsoo acordou triste, pois sabia que ninguém iria lembrar de seu aniversário, sem ser sua mãe e sua avó. Depois de se levantar, desceu as escadas, ainda de pijama, para tomar seu café da manhã.

- Parabéns pra você, nesta data querida! - cantavam sua avó e sua mãe, as duas únicas presentes no andar de baixo, pois seu pai já havia ido trabalhar. Seguravam um pequeno bolo azul, com uma vela listrada de branco e vermelho. O pequeno sorriu, e desceu as escadas rapidamente, e cantou junto com as duas, e logo em seguida assoprou a velinha que mostrava o número de sua nova idade.

Na escola, sua professora o parabenizou na sala, apenas por educação, e nenhum de seus colegas veio o parabenizar, com exceção de Dong-Yul.

- Ei, otário. - Dong o chamou, na hora da saída da escola. - Hoje é seu aniversário?

Kyungsoo concordou com a cabeça, e começou a recuar lentamente, se lembrando da última vez que voltou para casa com o olho roxo, feito por Dong.

- Então aqui tá o meu presente. - disse, e chutou Kyungsoo em suas partes íntimas, e o pequeno caiu no canto vazio da escola, sofrendo pela dor que o fazia agoniar. Dong saiu correndo enquanto ria, o deixando completamente sozinho e deitado no chão.

                         ***

Jongin dormia ao meu lado, com a feição mais angelical que eu já havia visto na vida. Seus olhos estavam fechados, e sua bochecha estava redondinha,p pois estava apoiada no travesseiro branco e macio de minha cama. Levo minha mão até seu rosto delicado, e faço um caminho que percorria seu pescoço até o seus cabelos, o acareciando. Ele abre repentinamente os seus olhos castanhos, me olhando.

- Já estava acordado, anjo? - pergunto, e ele sorri para mim.

Sem resposta, ele se inclina em minha direção, e deposita em meus lábios um pequeno beijo, seguido de um sorriso discreto. Em seguida, se deita em meu peito, com seu rosto voltado para mim, me olhando. Meu coração batia rápido com sua presença, tornando aquele momento único e especial. Porém, toda aquela cena começou a se desfazer em segundos, como poeira, tornando tudo preto e obscuro. Pela primeira vez após tudo ficar preto, não me senti mal, e sim, feliz. Apenas não entendia o que estava acontecendo. Senti uma mão no meu ombro, e pensei que havia dormido na cama, com Jongin em meu peito, porém, o lugar em que estava deitado era muito mais duro do que uma cama.

Tudo começou a tremer, e o escuro foi ficando claro pouco a pouco, e comecei a me irritar. Por que Jongin estava me chacoalhando?

- Mas que porra, Kyungsoo. Acorda! - ouvi uma voz distante falar comigo enquanto me chacoalhava, e empurrei o braço da pessoa que eu acreditava ser Jongin para longe.

- Me deixa dormir, Jongin. - falei, com uma voz sonolenta e rouca, como quem acabou de acordar de um sono profundo ao extremo.

- Jongin é o cacete, meu nome é Chanyeol, seu retardado. Andou sonhando demais, hein? - falou, e me levantei rapidamente. Vi que a suposta cama era uma carteira, mais especificamente a de minha faculdade. O suposto braço de Jongin era o braço de Chanyeol, e a única coisa apoiada em meu peito era a minha mochila, que na real estava em meu colo. Olhei ao redor, e, por mais que estivesse vendo tudo desfocado, pude perceber que mais da metade da sala de aula estava olhando para mim. Todos eles haviam me ouvido falar de Jongin, inclusive o próprio, que sentava umas duas fileiras ao lado esquerdo, mas na frente da sala.

- Desculpa. - falei em um tom baixo, e a professora de cálculo voltou a explicar a matéria.

Olhei para Chanyeol, que ria discretamente, e mostrei o dedo do meio para o mesmo.

Faltavam dois dias para a viagem de intercâmbio, e não posso negar que eu estava extremamente nervoso, assim como Chanyeol e Jongin, que havia decidido que iria com a gente. Da nossa sala de aula, haviam aproximadamente umas doze pessoas que iriam para a China igual a nós. Iríamos para Pequim em um voo noturno, que decolaria as oito da noite. Não sabia se aquilo era um sonho se realizando, ou se estava seguindo um caminho errado, já que meu coração nunca havia batido tão forte para a arquitetura.

                         ***

Desejava ter outro nome, outro lar, outro rosto, outro corpo. Queria nascer novamente, e finalmente se encontrar, e encontrar alguém que o amasse verdadeiramente. Do Kyungsoo pensava isso enquanto via o pai e a avó chorando, no banco da sala de espera do hospital mais próximo de sua casa, na área neonatal.

Tudo estava em câmera lenta, pela primeira vez na sua vida.

Os passos rápidos que os médicos, enfermeiras e outros assistentes davam, era tudo tão friamente calculado, porém, tudo completamente feito por impulso. Achava que todos os que estavam lá eram completos ignorantes com um diploma na mão.

Estava sentado em um banco na frente de seu pai e avó, e suas lágrimas estavam presas a seus pequenos olhinhos foscos e sem emoção. A ficha não havia caído, por mais que ninguém havia o contado da infeliz notícia até o momento. Ouvira o médico dizendo a frase "Não conseguimos" para seu pai, que socou a parede em seguida, e a avó colocou as mãos no rosto e se sentou, tremulamente. Era um tormento muito grande para uma criança de apenas oito anos de idade.

Aproximadamente vinte minutos depois, seguiu sua avó e pai até o berçário, onde, com dificuldades de alcançar o vidro devido à sua pouca altura, observou seu irmão pela primeira vez em sua vida. Era como todos os outros bebês nas camas ao lado, porém, era único. Se sentiu feliz por ter o irmão, mas ao mesmo tempo, triste por ter perdido a mãe. E naquele momento, finalmente, uma lágrima quente e grossa escorreu pelas suas bochechas redondas e infantis.

Três meses após o nascimento de seu pequeno irmão Jung, seu pai se alistara para o exército, prometendo voltar algumas vezes ao ano para os visitar. Ele e o irmão ficaram na conta de sua pobre e velha avó, que foi cuidadosa e carinhosa com eles por todos esses anos sem o pai.

Sempre se perguntou por quê todos ao seu redor iam embora.

Primeiro a mãe, depois o pai. Ainda tinha a avó quando tinha oito anos, e o seu mais novo irmão. Porém, não podia negar que se sentia extremamente sozinho em alguns momentos, e uma raiva acompanhada de um sentimento de injustiça inexplicável sobre seu pai crescia escondido dentro de si.

                           ***

- Cuidado, se não eu passo por cima do seu pé. - Chanyeol disse para Jongin, ameaçando o machucar com as rodinhas de sua mala vermelha gigante, enquanto eu e Sehun saíamos do ônibus que a faculdade havia alugado para levar todos os alunos que iriam fazer intercâmbio lá. Descobrimos que o programa não era restrito apenas para o curso de Arquitetura: vimos Baek, que era de Química, e alguns alunos que eram de Física, Matemática e Engenharia. No total, haviam muitos alunos, e descobri que a faculdade havia proporcionado dois ônibus, todos lotados. A maioria iria para o Japão, e a outra maioria iria para outras cidades do nosso país mesmo, de modo com que, o grupo que iria para a China era bem pequeno perto dos outros dois grupos.

- Lerdeza é foda, né? - Chanyeol falava, enquanto observava Jongin finalmente arrastar sua mala para fora do caminho dele. Entrelacei meus dedos nos de Jongin discretamente, escondendo com a borda dos grandes casacos de viagem que nós dois usávamos, e pude ver ele sorrindo.

Entramos no grande aeroporto nacional, cujo, ao abrir as portas automáticas, fomos invadidos por um ar gelado do ar condicionado, diversas luzes e grandes telões mostrando todos os voos que embarcavam, desembarcavam e eram cancelados ao mesmo tempo. Era a primeira vez que eu estava em um aeroporto na minha vida, consequentemente, nunca havia andado em um avião. Minhas mãos suavam frio, e Jongin apertava uma delas, o que me deixou mais seguro do que antes.

   O céu já estava escuro do lado de fora do aeroporto, mas não era possível ver isso do lado de dentro, já que era tudo muito mais claro e bonito, e as únicas janelas eram as que mostravam a pista de decolagem, que fizeram meu queixo cair ao ver o tamanho dos aviões que estavam parados, alguns coloridos, outros bem sem graça, mas todos extremamentes gigantescos, e muito melhores do que o que a minha mente ignorante sempre imaginou.


Notas Finais


É isso, espero que tenham gostado ♡♡♡
view em newton e ko ko bop


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...