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História Backstage - Eu vou te matar!


Escrita por: biagw

Capítulo 12 - Eu vou te matar!


~~ Camille~~

Minha irmã voltou pro nosso apartamento e eu estava enrolada nas cobertas, vendo Netflix, tomando um chocolate quente que eu mesma havia preparada. Tinha um leve gosto de queimado – bom, talvez eu também não sirva pra cozinha. Já fazia algumas semanas que eu havia me instalado em seu prédio, meu pai ligava às vezes, mas não tinha nenhuma pressa quanto a minha volta. Fran parecia gostar da minha companhia...

Eu gostava da sua, pelo menos. Até mesmo a companhia dos meninos do Bangtan estava me fazendo bem. Aliás, fazendo uma surpresa pra minha maninha, eles se instalaram num dos apartamentos próximos ao dela, nesse mesmo prédio. Por esse motivo eles tem nos visto até mais do que eu gostaria (às vezes estou apenas querendo dormir no sofá da sala vendo série e tem alguma peste sentada lá falando de qualquer coisa com Francine).

“Sis...” – a chamei, com a cara mais pidona que podia fazer – “Deita aqui comigo, vamos ver um episódio”

         Já que sou uma lástima e não faço nada de útil na vida virei expert em não deixar nenhuma série atrasada. Isso pode parecer legal, mas na verdade é bem frustrante. Papai nunca quis que eu trabalhasse (e também nunca precisei), fracassei total nas poucas vezes que tentei. Todo mundo esperava que eu fosse fazer uma boa faculdade, até eu esperava. Só que eu nunca fui uma aluna modelo como minha irmã fora, ou seja, não passei em universidade nenhuma. Desisti e resolvi só acompanhar meu pai nas viagens, talvez aprendesse alguma coisa – mas ele me deu uma condição: continuaria estudando e tentando arrumar algum curso pra fazer. Prometi que o faria, mas falho em todos os aspectos e continuo com medo de decepcioná-lo. Acho que meu real talento é ser um fracasso.

“Mi, estou cansada” – Fran respondeu, jogando a bolsa na mesinha. E ela parecia mesmo destruída

“Por favor, é rápido” – continuei com minha cara fofa de pedido, ela não seria capaz de resistir

“Tá bom, Mille...” – se sentou comigo no sofá maior – “Mas só um capítulo” – cedeu e comemorei, abraçando-a de forma que nós duas caímos pra trás, rindo

(...)

         Acordei com a luz do sol na minha cara – xingando mentalmente por não ter fechado as cortinas direito – e com uma dor no pescoço. Estava, junto da minha irmã, dormindo toda torta no sofá. Me movimentei com cuidado pra não acordar Francine e peguei meu celular... Quase nove horas da manhã.

         Espera.

         Tenho quase certeza de ter ouvido a Fran me dizendo que devia estar na empresa às oito.

“Francine!” – chamei-a ainda meio sonâmbula, chacoalhando seu braço. Ela acordou também desnorteada, soltando umas palavras sem nexo – “Já são vinte pras nove”

         Mostrei a tela do celular e seus olhos se arregalaram

“O que? Estou mega atrasada” – se levantou num salto, assustada – “Não acredito! Meu celular não despertou, que ódio”

“Vou me trocar rápido” – me levantei em seguida, ainda sentindo meu corpo todo dolorido pela terrível posição que havia dormido

“Já vou preparada pra assinar a carta de demissão” – saiu correndo e bateu a porta do banheiro

         Coloquei um moletom por cima da blusa de pijama que eu estava vestindo; peguei a primeira calça jeans que vi em minha frente; e enfiei um tênis sem nem olhar direito qual era. Conclusão, estava lindíssima, de cara lavada e cabelo bagunçado. Francine corria e xingava ao mesmo tempo, sabia que ia escutar muito assim que chegasse. Obviamente foi isso mesmo que aconteceu.

         Assim que pisamos na BigHit um homem estranho que eu já tinha visto algumas vezes (mas que continuava sem saber quem era) puxou minha irmã pelo braço. A vi revirando os olhos e escutando o que ele dizia enquanto apontava o dedo pra seu rosto. O monólogo do tal cara deve ter demorado uns cinco minutos.

“O que disse?” – perguntei, assim que voltou pra onde eu estava, notando sua cara de preocupada

“Nada pra você se preocupar” – sorriu fraco e continuou andando até chegarmos à sala de ensaios

         Os meninos já estavam por lá, eu até que estava com vontade de vê-los (ou vê-lo, sendo mais específica). Sinceramente, em anos viajando pelo mundo, acho que nunca vi uma concentração tão grande de pessoas bonitas em pouco espaço como estou vendo aqui na Coreia. Bem, assim que adentrei à sala, recebi sete sorrisos maravilhosos. Eu não sabia o que eles conversavam com Francine, mas me pareci que estavam perguntando se havia acontecido alguma coisa por conta do atraso.

         Me sentei numa caixa de som desligada que estava em um dos cantos da sala e fiquei assistindo mais um dia de trabalho da minha maninha. Notei que estava olhando demais pra uma pessoa só. Aquele mesmo, o meu ‘motorista’ de umas semanas atrás. Meu Deus que homem incrível. No momento que Francine deu um intervalo notei que provavelmente eu estava sendo nada discreta... Estava com o olhar fixo fazia muito tempo, eu o acompanhava com os olhos a toda hora, se abrisse a boca era provável que eu babaria. Quando dei por mim já estava mordendo meu lábio – parecia uma psicopata.

         Ain, que vergonha. Balancei a cabeça e tentei disfarçar, fingi que estava mexendo no celular. Segurei pra não rir de mim mesma. Nós só conversamos algumas vezes, oras! Por outro lado, eu podia até estar sendo um pouco exagerada, mas o vi olhando pra mim também (e não foram poucas vezes). A santa da família é a Francine mesmo, que até hoje não conseguiu desencalhar e só tem o ex-namorado coreano na cabeça – ela não diz, mas eu sei. Eu, Camille, sou a ovelha negra em todos os sentidos. Inclusive no número de namorados, saintes, ficantes, peguetes... Não tenho culpa se não achei ninguém que me agradasse até agora; juro que tentei com Enry, mas já sabem que não deu muito certo.

         Quando o ensaio terminou vi Namjoon vindo em minha direção. Confissão do dia: fiquei nervosa e sem jeito, mas continuei lá, sentadinha na caixa de som. Ele usava uma toalhinha pra secar o suor do rosto e usava uma regata larga.

         Pensei o que não devia.

         Preciso, urgentemente, voltar pra alguma Igreja. Acho que não estou com a cabeça muito legal.

“Está gostando de acompanhar os ensaios?” – perguntou, dando um gole na garrafa de água

         Sexy

Não! Foco, Camille, foco!

“Sim” – respondi, tentando não gaguejar – “Vocês são muito bons dançando... É bem inacreditável” – sorri, querendo ser simpática e me levantando (o que não me ajudou tanto, já que os centímetros de diferença na altura ainda me fazem olhar pra cima quando falo com ele)

“Eu não danço tão bem, não repara” – sorriu, envergonhado, seguindo os outros pra sair da sala. Olha, eu gostaria de dançar ‘não tão bem’ assim (ah, e não pensem que nunca tentei. É óbvio que fiz aulas de dança esperando ser uma bailarina fantástica como minha irmã, mas não rolou também)

         Olhei pro lado e Francine me encarava, rindo feito uma tonta

“Eu percebo tudo isso, Millezinha” – me deu um tapinha no braço, enquanto terminava de guardar suas coisas

“Não sei do que está falando” – disfarcei, dando de ombros

         Fui almoçar com minha irmã e o grupo. Sentei entre a Fran e um dos meninos, numa mesa quase central da lanchonete do prédio. V, que estava ao meu lado, parecia meio cansado – às vezes ele parava e encarava o prato como se sua alma tivesse sido sugada pelas forças do universo. Parecia se preocupar com algo, fazia a mesma cara que eu quando quero abandonar algum pensamento irritante. Tae (como Fran o chama) é sempre muito sorridente e divertido quando vai ao nosso apê, mas ele também é bem esquisito às vezes então talvez seja normal ter esses momentos de transe, sei lá.

         Como já esperava, fiquei perdida até no almoço, sem entender nem as piadas. Entretanto, eu podia rir da risada do Jin mesmo e me sentir menos excluída. Nam sequer estava do meu lado na mesa, mas sempre fazia questão de falar comigo, mesmo que com perguntas aleatórias, ou traduzir alguma parte da conversa. Ele me preguntava sobre a comida e eu fingia estar adorando sendo que, na verdade, eu odeio o gosto da comida coreana. Enfim, acabei fazendo Francine ter que voltar pro nosso apartamento pra trocar de roupa porque derrubei molho nela, mas com essa exceção tudo estava indo bem.

         Achei que poderia ir pra casa com Fran de uma vez, mas eles ainda tinham outro ensaio. Caramba, não param nunca?! Resolvi esperar minha irmã no prédio mesmo, queria passear um pouco por ali e conhecer melhor a empresa. Saí caminhando sozinha pela parte do prédio destinada a tão falada BigHit. Cada pedacinho era cheio de funcionários com aquela cara indiferente e que te atropelam se você não sair da frente. Estavam todas sempre muito ocupadas e eu lá... Só observando o trabalho dos outros sem ser útil pra nada. Como sempre.

         Nada de interessante pra olhar. Deveria voltar pra sala de ensaios, me jogar no chão e tirar um cochilo, isso sim.

         Andei pelo corredor e, quando fui entrar, ouvi barulhos que vinham de dentro. Tinha alguém ali? Olhei pela fresta da cortina que cobria a pequena janela do cômodo e vi um vulto. Tentei olhar pro espelho e consegui perceber que era algum dos garotos lá dentro. Menos mal, deve estar ensaiando alguma coisa. Nesse caso, eu não devia atrapalhá-lo então não seria boa ideia entrar na sala. Ia voltar a caminhar por entre as salas.

         Mas, quando voltei a encarar o interior do cômodo, vi o garoto parado em frente ao espelho. Não sabia ao certo pois usava o capuz do moletom, mas me parecia Taehyung. Ele fitou seu reflexo por alguns segundos, colocou as mãos no rosto. Passou a andar de forma meio desgovernada pelo lugar, até que seu corpo se encontrou com a parede – escorregou devagar, acabando sentado no chão. Novamente, passava as mãos pelo rosto e agora pelo cabelo. A movimentação da cortina atrapalhava minha visão. Pude vê-lo depois com a cabeça enfiada entre os joelhos. Podia ser apenas minha impressão, mas parecia estar chorando...

         Com certeza estava.

         Ora encarava o espelho, ora voltava a esconder o rosto. Arregaçava as mangas do moletom e passava as mãos pelos braços, como se estivesse escondendo alguma coisa neles. Camille, sempre curiosa, querendo meter o nariz onde não deve. Eu queria ter certeza de quem era ou qual era o motivo, mas não tinha toda essa liberdade. Além disso, do que adiantaria eu entrar na sala se não conseguiríamos trocar uma palavra? E, se ele quisesse conversar, não estaria aqui sozinho ali. Ouvi passos pelo corredor e me afastei da sala, seguindo o caminho.

         Francine chegou em seguida, preparada para o próximo treino. Entramos na mesma sala e estava vazia. Seja quem for, já tinha ido embora. Reparei em cada um, eu sabia a roupa que a tal pessoa estava vestindo, sabia do capuz e do moletom. Taehyung. Era mesmo ele. Fitei seu rosto e pude reparar que os olhos ainda estavam um pouco vermelhos. O que aconteceu?

         Não contei nada à minha irmã, não queria deixa-la ainda mais maluca. Talvez pudesse conversar sobre isso com ele mesmo depois ou até mesmo com Namjoon, afinal, ele é o líder do grupo. No segundo ensaio meus olhares se dividiram entre Tae e Nam, por motivos obviamente distintos.

“Hey” – novamente Namjoon se aproximou de mim logo que o ensaio terminou. Francine estava conversando com alguns deles do lado de fora da salinha. Levei um pequeno susto e me virei – “Hm... Eu, Yoongi e Hoseok íamos pra uma sorveteria agora. Se quiser...”

         Ele está me fazendo um convite?!

“Claro, eu adoraria” – respondi, sem pensar duas vezes

Está frio, eu nem tomo sorvete no frio.

Bom, o que importa é a companhia, não é?

“Mille, acabei, vamos logo” – Fran interrompeu, voltando pra sala – “Não era você que ficou meia hora me xingando no almoço por que tinha que estudar em casa?”

         A fitei com o olhar mais mortal que eu tinha. Não é possível que ela não vá entender.

“O que foi?” – perguntou, me encarando sem saber – “Você me apressou pra ir pra casa, então não enrole agora”

         Nossa, irmã, valeu mesmo. Você acaba de estragar totalmente os meus planos. Sorri pra não voar no pescoço dela, bufando e encarando Namjoon sem ter ideia do que dizer.

“Não sabia que iria te atrapalhar” – disse, antes mesmo de eu poder abrir a boca – “Fica pra outro dia”

         Francine, eu vou lhe matar!



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