1. Spirit Fanfics >
  2. Backstage >
  3. Surpresas Coreanas

História Backstage - Surpresas Coreanas


Escrita por: biagw

Notas do Autor


As pessoas entram em férias e postam capítulos a uma e meia da manhã hehehehe

Espero que gostem :D

Capítulo 18 - Surpresas Coreanas


~~Francine~~

“Mille, você pelo menos sabe pra onde está indo?” – perguntei, revirando os olhos e pedindo pra que Deus me desse paciência

“Tenho plena certeza, maninha” – respondeu, continuando a me puxar até pararmos em frente a algo que parecia uma academia de dança – “Prontinho, chegamos”

“Por que raios veio pra cá?” – questionei, sem entender nada do que a criatura estava planejando ou do porquê ter me arrastado meia cidade pra vir até esse lugar

“Dá pra ser menos curiosa?” – riu, soltando meu braço e entrando no lugar – “Me espera aí fora”

“Camille, eu tenho que ir pra casa!” – estava começando a me irritar com essa história estranha dela

“Os meninos vão cuidar do Jimin, fica tranquila” – disse, fechando a porta e me deixando pra fora

         Tenho observado Jimin de perto desde o dia em que fomos parar no hospital. Eu refiz todas as dietas malucas que ele seguia, passei a observar sua alimentação, recomendei e obriguei o uso das vitaminas/suplementos que o médico receitara. Felizmente ele parece estar melhorando e aceitando bem meus conselhos. No entanto, as cobranças ainda o assombram – como qualquer pessoa que chegou a tomar remédios e esteve à beira de uma bulimia, ainda é difícil vencer algumas ‘vontades’.

Por isso fizemos um combinado, sempre que Jiminie achar que vai ser vencido pelas instruções de Yang-He ou pela falta dos remédios que ela receitara, ele vai até meu apartamento e fazemos algo pra que se distraia. Todos esses dias ele tem aparecido depois de pelo menos uma das refeições diárias. Então eu arrumo algo pra distraí-lo; brincamos no karaokê, aprendemos alguma coisa nova, lemos cartinhas de fãs. Na maioria das vezes eu arrasto os móveis e nós dançamos na sala. Dançar é o melhor remédio pra qualquer pessoa, não há nada melhor pra dar paz a um dançarino nato como ele que a própria dança.

E Camille me fez sair de casa logo depois do almoço, então estou me perguntando se Jimin não foi me procurar e não me encontrou. Se toda a minha terapia inventada com ele falhar por eu ter saído hoje, minha irmã será uma pessoa morta. Isso sem contar que estou bem cansada por conta das gravações de ‘Dope’ que tiveram a primeira pausa hoje. Os meninos gravaram por uns três dias seguidos e ganharam alguns dias de descanso antes da parte das ‘refilmagens’ necessárias.

Eu, que nem faço parte do MV, me sinto exausta. É uma correria enorme, tudo tem que sair exatamente como planejado. Uma parte feliz foi que a coreografia foi bem aceita por toda a equipe e eu estou muito orgulhosa do meu trabalho e de como tudo está seguindo. Também felizmente, Chung-Ho basicamente não apareceu nenhuma vez depois daquele incidente na empresa, sequer Min-Kyung veio nos atormentar. Eles parecem não se interessar muito no processo mais trabalhoso de gravar um vídeo como esses. Apesar de todo o cansaço e da pressão, os membros conseguiram se divertir bastante fazendo o que tanto gostam e dando o máximo de si para agradar as fãs. Eu estava animada para ver o resultado final de todas as gravações.

Mas, voltando para a parte de estar estacada em frente a uma possível escola de dança totalmente desconhecida por uma maluquice da minha irmã... Por que Camille demora tanto?

“Pronto, Francine!” – ela saiu do lugar, extremamente animada. Parecia uma criança que acabara de fazer arte – “Agora é só esperar um pouquinho”

“Esperar o que?” – perguntei. Será que minha caçula enlouqueceu de vez?! Ela apenas continuou rindo e começou a me empurrar pra dentro do prédio, sem explicar nada – “O que pensa que está fazendo?”

“Se esperar como eu disse, vai descobrir” – sempre enigmática

“Camille, eu não tenho tempo pra gracinhas” – fiquei mais irritada, falando agora mais seriamente. Ela desmanchou o sorriso, mas me encarou

“Você vai gostar, eu juro” – retrucou, com toda a sinceridade que conheço. Mille pode ser uma peste, mas ela nunca mente pra mim, muito menos pra fazer algo que eu não gostaria

         Bufei e decidi esperar ali dentro, tentando imaginar o que minha irmã queria tanto que eu visse. Uma mulher que estava no balcão me encarava, provavelmente me achando maluca. Camille foi pra fora e, antes mesmo que eu pudesse ir chama-la de volta, uma voz me fez congelar por completo.

“Francine?”

         Sim, eu conheço essa voz. Com toda a certeza do universo. Mas não é possível que seja essa pessoa. Senti um calafrio percorrer todo meu corpo, de uma forma que eu não sentia há anos. Fiquei alguns segundos de costas, eu tinha medo do que descobriria quando me virasse. Se não fosse quem eu penso ser, eu acabaria decepcionada. Se fosse quem eu penso ser...

         Respirei fundo, arrumando coragem, e me virei, incialmente encarando o chão. Até encontrar seu olhar com o meu. Meu Deus, foram quase dez anos. E está o mesmo, idêntico. O mesmo sorriso, o mesmo olhar. Me causando as mesmas sensações estranhas e incontroláveis.

“Kwan”

~~Camille~~

         Eu realmente sou uma gênia, todos já podem admitir.

         Eu consegui! Consegui promover o reencontro do século! Eu queria ter filmado aquele instante pra que todo mundo pudesse ver como os olhos da Fran brilharam quando ela percebeu que era ele, o grande amor de sua vida. Me senti tão orgulhosa da minha investigação e do meu incrível planejamento.

         Claro que tive ajudinhas essenciais, mas a ideia foi minha.

         Quando percebi que Francine estava sobrecarregada e preocupada demais por conta do trabalho, decidi fazer algo pra que ela curtisse, se distraísse, ficasse um pouco mais feliz. Mas eu estava na Coreia, o que poderia fazer? Bom, eis que me lembro do tal Kwan. Minha irmã sempre foi apaixonada por ele, eu já ouvi tantas histórias de quando os dois eram namorados. Até mesmo minha mãe me contava que adorava o antigo genro.

         Fran nunca me contou exatamente o que aconteceu pra que eles terminassem, mas ela sempre deixou muito claro que continuava gostando dele, mesmo depois de tantos anos. Acho a paixão dela tão linda, afinal, isso sim se parece um amor de verdade. Então pensei que o ideal seria os dois se reencontrarem, aproveitando que estavam finalmente no mesmo país outra vez.

~Flashback on~

“Esta é a nossa vítima” – falei, mostrando a fotografia que eu havia roubado da bolsa de Francine (se ela perceber estarei morta hoje mesmo). Minha comunicação por mímica e inglês estava sendo uma beleza, tirando o fato de que eles demoravam meia hora pra me entender. Por que Namjoon nunca está quando preciso dele? – “As únicas informações que tenho é que o nome dele é Kwan e que era bailarino na mesma companhia que minha irmã”

“Espera” – Jimin pegou a foto de minhas mãos e a encarou por alguns instantes. Taehyung e Jungkook também olhavam pra ela atentamente – “Eu o conheço”

“Conhece?” – perguntei e ele assentiu. Ah, minha missão vai ser mais fácil do que imaginei

“Ele era o coordenador da escola em que eu estudava dança contemporânea uns anos atrás” – retrucou, me deixando com as esperanças ainda maiores

“Sabe se ele ainda está nessa escola?” – questionei, já arquitetando mentalmente um plano

“Não sei, mas podemos descobrir” – deu de ombros, pegando o telefone de cima da mesinha

(...)

“E aí? O que descobriu?” – minha curiosidade estava me matando, ainda mais pelo fato de não ter entendido mais da metade do que ele havia conversado no telefone

“Kwan está na escola às terças e quintas, depois do almoço” – Jimin respondeu, se sentindo o maior investigador do universo – “De nada”

~Flashback off~

E então foi só fazer que os meninos fingissem não saber de nada e me passassem o endereço completo do lugar – daí apenas precisei me localizar e arrastar Francine comigo. A segunda parte não foi tão fácil, claro, mas aposto que vai valer a pena. Eu não acredito que estou dando uma de cupido, sempre quis fazer isso, mas nunca imaginei que fosse com minha irmã mais velha.

A observei de fora pela porta de vidro por alguns segundos antes de voltar para o apartamento – os dois pombinhos teriam muitos anos de conversa para atualizar, sozinhos. Fran estava toda vermelha e acanhada, era até engraçado. Ela se desligou tanto do resto do universo, que sequer se lembrou que eu estava ali fora. Enfim, meu plano foi concluído com sucesso!

         Voltei parte do caminho andando. Pensando em minha irmã e em mim. Francine passou tantos anos longe da pessoa que ela parece amar de verdade, mas nunca a esqueceu. Continuou até mesmo com sua foto, carregando-a pra onde quer que fosse por anos e anos. E eu... Por puro acaso ou destino vim parar aqui, no mesmo país, pra ter a mesma confusão de sentimentos por um de seus pupilos. Será que eu já encontrei o cara da minha vida? Será que todas essas sensações estranhas que tenho quando estou perto dele são amor? E ainda, será que ele sente as mesmas coisas por mim? Será uma maldição familiar se apaixonar por coreanos?

Aliás, eu nem sei se estou apaixonada de verdade. Ou sei.

Ah, mas pra que dizer que não?! Se eu continuar negando isso vai desaparecer?

Paixão é algo que não se pode controlar, não é?

Eu não o escolhi, ele simplesmente surgiu.

Droga!

Ok, mundo, eu confesso... Camille Vitória está bobamente, enlouquecidamente, verdadeiramente, idiotamente apaixonada pelo cara mais legal, lindo e inteligente do universo. Sim, ela está agindo como se nunca tivesse namorado antes, como se nunca tivesse conhecido um cara antes. Sim, ela está olhando pra essa pessoa de maneira diferente; está pensando no mesmo ser todos os dias; e está sonhando com esse cara. E lembrando dos beijos, claro.

Não sei se isso é bom ou ruim, mas sinto que Kim Namjoon é um caminho sem volta.

~~Francine~~

         Perder totalmente o contato com alguém que você realmente ama, por anos, é uma das coisas mais dolorosas pela qual você poderia passar. Falo por experiência própria. Kwan foi o cara da minha vida, foi alguém que eu nunca consegui esquecer ou superar, foi o meu único e primeiro verdadeiro amor. Nos conhecemos na Rússia, quando éramos bailarinos de companhias ‘rivais’. Começamos a namorar, fomos juntos para a mesma academia da Coreia, seu país natal. Ficamos juntos por mais de três anos, eu realmente imaginava a minha vida toda ao seu lado.

         Até que tudo se partiu. A companhia quis nos separar. A diretora achou que eu não me encaixava mais aos padrões da escola e resolveu por conta própria que iria me transferir pra Espanha. Kwan estava se destacando tanto que também decidiram por ele que seu destino estaria em outro lugar – que só depois fui descobrir ter sido a Hungria. Colocaram minha carreira em jogo quando eu já estava abalada e esgotada pelo que havia acontecido com Anne. Me estressaram até meu limite, arrancaram todas as minhas possibilidades. Sem a academia, sem o visto pra ficar no país. Tiraram nossas opções.

         Nunca vou me esquecer de como foi doloroso partir daquele aeroporto deixando o meu companheiro pra trás. Foi um dos piores dias da minha vida. Eu teria desistido da minha carreira pouco depois se não tivesse encontrado a dança urbana e me tornado coreógrafa. Os novos rumos acabaram me distraindo, me fazendo tentar criar novos focos. Mas eu nunca, nunca o esqueci. Foi como se eu tivesse deixado parte de mim com ele.

E agora, vê-lo parado aqui em minha frente... É como um sonho. É algo que, inconsciente e internamente, eu desejo há muito tempo. Nem que seja pra um simples cumprimentar. Mesmo que seja apenas pra saber se está tudo bem.

“Meu Deus, quanto tempo” – disse, sorrindo e me abraçando – “Achei que nunca mais fosse te ver”

         O abraço se estendeu por alguns segundos. Eu mantive os olhos fechados, era como se a qualquer hora fosse acordar e ver que nada era real. Como se eu voltasse aos meus vinte e poucos anos. O perfume, o toque. Eu devia tê-lo esquecido, mas por que nunca consegui? Sorri ao sentir meu corpo ser levemente tirado do chão, Kwan sempre fazia isso quando me abraçava.

         Acho que não devia ter xingado tanto minha irmã pelo caminho. Eu não acredito que ela planejou isso!

“Como veio parar aqui?” – perguntou, ainda sorrindo e agora me encarando

“Longa história” – sorri sem graça, me lembrando que nem eu mesma sabia como chegara ali

“Não está com pressa, está?” – questionou. Neguei instantaneamente. Eu realmente não precisava voltar pra casa tão cedo – “Eu tenho vinte minutos de aula pra acabar, depois podíamos comer alguma coisa. Espere aqui, por favor”

Apenas consegui assentir e me sentar na recepção, aceitando seu pedido. A Coreia parece sempre me reservar surpresas.



Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...