25 de Fevereiro de 2007
O grande lobo branco andava pela enorme floresta a procura de um cheiro que já o incomodava há certo tempo. Suas patas doíam, ele estava com fome e cansado, mas ainda se mantia sobre as quatro patas, marchando na direção de onde vinha aquele doce cheiro.
- Cachorrinho! - ele ouviu a voz da pequena criança e a olhou, seus grandes olhos amarelos se arregalaram de imediato e uma corrente elétrica passou de suas patas até a ponta de seu focinho. Era dela que o cheiro vinha. - Cachorro bonito! - a garotinha estendeu a mão em direção ao lobo e ele pode ver a marca em seu pulso.
A marca de Téras.
Ele deu alguns passos para trás e pensou em correr de volta para o acampamento da sua matilha e avisar a todos que outra alcatéia estava por perto, mas a garotinha começou a chorar e ele sentiu um aperto no coração e se aproximou dela.
A pequena se assustou com a aproximação repentina do grande animal e encarou os olhos amarelos dele, ela ergueu a mão, ainda com medo, e afagou a cabeça do lobo, assistindo o mesmo aproveitar o leve carinho. Seus olhinhos curiosos passaram por todo o animal e de repente ela pulou sobre ele e o abraçou pelo pescoço.
[...]
O lobo havia acabado de voltar para o acampamento e sobre suas costas trazia a pequena garotinha com seu ursinho em mãos. Ele tinha em mente que havia feito uma idiotice tremenda ao levar um de outra alcatéia para o acampamento, mas ele não sabia o que o havia levado a fazer esse ato extremamente perigoso.
Ele fez um sinal com a cabeça, indicando para a garotinha um local ali perto onde algumas crianças corriam e gritavam alegremente, ela desceu de suas costas e foi até as crianças, onde logo começou a conversar com outra garotinha e depois foi brincar.
Agora vamos ao problema maior.
Caminhou até sua tenda e voltou a sua forma humana, vestindo uma roupa qualquer rapidamente e saiu novamente, indo para a tenda do alfa.
- Você sentiu a garota, não é? - perguntou, fazendo uma leve referência ao alfa.
- Porque você trouxe alguém de Téras para o nosso acampamento, Harry?
- Ela estava sozinha e algo em mim me disse que eu deveria trazê-la.
- Você sabe o que pode nos acontecer caso descubram que ela está aqui.
- Eu me responsabilizo por tudo, senhor - se ajoelhou e abaixou a cabeça.
- Você não tem jeito mesmo - o alfa levantou de sua cadeira e afagou os cabelos do mais jovem.
- Traga a garota até nós! Boatos dizem que um Aimatirí Lýkos (lobo sangrento) nasceu entre os lobos de Téras e sobreviveu, pode ser essa garota - a esposa do alfa se pronunciou pela primeira vez.
- Um Aimatirí Lýkos? Porque não me disseram isso antes? - ergueu a cabeça e encarou a mulher a sua frente.
- Eram apenas boatos - deu de ombros.
- Se ela for esse tal Aimatirí Lýkos, o que farão com ela?
- Apenas traga a garota, Harry!
Harry abaixou a cabeça novamente e assentiu, não adiantava nem insistir. Ele se levantou e caminhou a passos lentos até a área onde as crianças brincavam.
- Ei, garotinha - chamou e ela rapidamente correu até ele. - Qual seu nome?
- Você é o cachorrão branco? - ela perguntou curiosa e ele apenas assentiu. - Meu nome é Karla!
- Meus pais querem te conhecer - abaixou para ficar na altura da pequena.
- Eles vão brigar comigo também? - seus lindos olhinhos azuis se encheram de lágrimas e Harry a abraçou.
- Claro que não, pequena! Ninguém vai brigar com você - Karla se afastou dele, o narizinho vermelho por ter segurado as lágrimas e um sorrisinho tímido em seus lábios. - Vamos? - Harry levantou e ela assentiu, segurando a mão dele e o seguindo até a tenda do alfa.
Assim que entraram na tenda, Harry se ajoelhou e abaixou a cabeça. O alfa se levantou e caminhou até eles.
- Qual seu nome? - perguntou.
- Karla - a garotinha respondeu firme, encarando o alfa. - Karla Estrabao!
- O que você fazia sozinha na floresta?
- Eu fugi... - algumas imagens passaram pela cabeça da pequena e ela fechou os olhos com força.
- Fugiu? Hmm... quantos anos você tem?
- Nove...
- Ela é muito nova - o alfa suspirou. - Não da para saber se ela é o Aimatirí Lýkos - falou para sua esposa.
- Eu sou! - Karla falou, ou melhor, gritou, apertando seu ursinho em seus braços, fazendo todos na tenda a encararam surpresos. - A mamãe morreu e o papai foi embora por minha causa... por isso ele me odeia!
A pequena começou a chorar e saiu correndo em direção a floresta.
- Droga! - Harry resmungou levantando. - Karla! - gritou e saiu correndo atrás da garotinha.
- É ela, não é? - o alfa voltou a se sentar ao lado de sua esposa.
- Uma criança com sangue de licantropo que nasceu durante a lua de sangue e sobreviveu... - ela respirou fundo e encarou seu marido. - Sim, é ela.
[...]
Depois de correr por um bom tempo atrás de Karla, Harry finalmente conseguiu alcançá-la quando ela desistiu de correr e sentou perto de uma árvore.
- Para uma criança você corre bastante - Harry se sentou ao lado da garotinha que ainda chorava. - Você não precisa mais ficar aqui sozinha, deveria ficar no acampamento com a gente.
- Eu sei que sou um perigo para vocês.
- E quem disse que isso importa? - ele sorriu. - Nós somos uma família, certo? Protegemos todos e você é totalmente bem vinda.
- Mas...
Harry levantou e estendeu a mão para Karla.
- Vem ou não? - Karla pensou um pouco antes de segurar a mão de Harry e levantar. - Bem vinda ao clã dos lobos do Norte.
[...]
03 de Março de 2007
Camila:
- Como assim eram gêmeas? - ouvi meu pai gritar e desci mais alguns degraus. - A Sinuhe nunca me disse nada, mas que droga! - ouvi o som de algo se quebrando e olhei com cautela para a sala, vendo meu pai com as mãos sujas de sangue. - E onde está a outra?... como assim você não sabe?... desgraçados, me enganaram esse tempo todo - ele jogou o celular no sofá e levou as mãos até a cabeça.
- Papa? - abracei meu ursinho e meu pai me olhou.
- Oi, minha pequena - ele limpou as mãos rapidamente na calça jeans e agachou para me pegar no colo. - O que faz acordada?
- Com quem o senhor falava? - abracei ele é tive meu corpo tirado do chão.
- Com o John - assenti e meu pai começou a andar em direção as escadas.
- Eu sonhei com um lobo branco, papa... ele ajudava uma garotinha igual a mim, mas não era eu.
- Igual, mas não era você?
- Sim, ela até tinha um ursinho parecido com o Timmy.
- Foi apenas um sonho, meu amor - ele me colocou em minha cama e cobriu meu corpo, dando um beijo na minha testa em seguida. - Agora dorme.
[...]
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