História Bad Blood (Camren) - Immortal?

02 de Março de 2016

Karla:

- Cento e setenta e dois, cento e setenta e três, cento e...

- Kah, o alfa está te chamando - Normani chegou atrapalhando minha sequência de flexões.

- Agora? - sentei no chão e ela jogou uma toalha em mim.

- Sim.

Sai da academia do acampamento e fui para o chalé do alfa.

Sete anos e alguns dias se passaram desde o dia que Harry me encontrou na floresta e desde então eu entrei para a alcatéia dele, chamada Triskelion, a minha antiga alcatéia nunca veio atrás de mim, ou seja, nem devem ter percebido que perderam alguém “importante”.

 Harry é basicamente meu irmão mais velho, sempre cuidou de mim e me ensinou grande parte de tudo que sei até hoje. E o que dizer sobre o alfa e sua esposa? Eu os considero como meus pais de verdade, já que é esse papel que eles têm cumprido na minha vida desde que entrei para a alcatéia. E também tem a Normani que é minha melhor amiga, a conheci quando entrei oficialmente para a alcatéia.

- Me chamou, senhor? - fiz uma reverência assim que entrei em seu chalé.

- Amanhã é seu dia, você sabe o que isso significa, não é?

- Na verdade... eu não sei.

- Seu aniversário e também você termina seu treino, Karla, será sua primeira tentativa como um Crinos.

A questão era que quando entrei para a Triskelion, Desmond, o alfa, me instruiu a treinar com ele e Harry para tentar chegar à terceira forma de um lobisomem, Crinos. Poucos lobisomens conseguiram esse feito, mas acabaram morrendo após minutos ou durante a transformação, apenas dois conseguiram sobreviver e esses dois lobisomens eram como eu, Aimatirí Lýkos. Com isso Desmond chegou à conclusão de que talvez apenas nós conseguíssemos atingir a terceira forma sem morrer, então ele vem me treinando arduamente para isso, mas digamos que eu tenha um pouco de dificuldade, tudo comigo parece demorar mais para acontecer e acabamos demorando seis anos até que estivéssemos confiantes e preparados para que eu finalmente tentasse me transformar.

- Mas amanhã nem é dia de lua cheia - franzi o cenho e ele riu.

- Você é uma Aimatirí Lýkos, não precisa de lua cheia para se transformar - o alfa disse. – E será melhor, você não terá tanto poder, acho que poderemos te controlar.

- Eu não sei nada sobre Aimatirí Lýkos - falei pensativa.

- Você nunca quis saber nada sobre o que você é, Karla.

- Isso é verdade - Normani disse parando ao meu lado. - Alfa - fez uma reverência. - Se quiser eu posso te explicar, Kah.

- Certo - assenti.

- Vocês devem ir para a cidade e deixar tudo pronto, amanhã o Harry chega lá. E tem outra coisa também, Karla, a partir de amanhã, preste mais atenção nas pessoas - sorriu de lado. - Podem sair.

- O que ele quis dizer com isso? - sussurrei para Normani, enquanto saiamos do chalé.

- Você realmente não sabe nada sobre lobisomens, não é? - ela riu bagunçando meus cabelos. - Toma um banho, pois você esta fedida e suada, pega suas coisas e no caminho eu te conto.

Normani foi para a área de cozinha do acampamento e eu fui para nosso chalé, sim, nós dividimos o chalé. Tomei um banho, peguei minha mochila e fui até o estacionamento, onde a Normani já me esperava em seu carro.

- Vamos, pode começar a falar.

Joguei minha mochila no banco de trás e minha amiga ligou o carro.

- O alfa quis dizer que você tem que prestar atenção por que a partir de amanhã você pode esbarrar com sua alma gêmea a qualquer momento - ela me olhou por um tempo e depois voltou à atenção para a estrada. - Já ouviu o mito que Platão criou sobre almas gêmeas? - neguei. - No início dos tempos os homens eram seres completos, de duas cabeças, quatro pernas, quatro braços. Porém, considerando-se seres tão bem desenvolvidos, os homens resolveram subir aos céus e lutar contra os deuses, destronando-os e ocupando seus lugares. Todavia, os deuses venceram a batalha e Zeus resolveu castigar os homens por sua rebeldia. Tomou na mão uma espada e cindiu todos os homens, dividindo-os ao meio. Zeus ainda pediu ao deus Apolo que cicatrizasse o ferimento (o umbigo) e virasse a face dos homens para o lado da fenda para que observassem o poder de Zeus. Dessa forma, os homens caíram na terra novamente e, desesperados, cada um saiu à procura da sua outra metade, sem a qual não viveriam. Tendo assumido a forma que nós temos hoje, os homens procuram sua outra metade, pois a saudade nada mais é do que o sentimento de que algo nos falta, algo que era nosso antes. Por isso, os homens vivem em sociedade, pois desenvolvem o trabalho para buscar, nessa relação amorosa, manter a sua sobrevivência.

- Minha alma gêmea? - falei mais para mim mesma do que para a Normani. - Como vou saber quem é essa pessoa?

- Você vai sentir, não preciso nem explicar - ela percebeu que eu não estava entendendo nada e riu. – Nós, lobisomens, conhecemos nosso verdadeiro lado depois dos dezessete e com isso também descobrimos nossa alma gêmea, claro que existem aqueles que demoram a encontrar seu par e têm outros que passam a vida inteiro tentando e não conseguem encontrar, mas normalmente encontramos na fase dos dezessete a vinte anos.

- Continuo confusa.

- Você é lerda, Karla - resmungou.

- Ta bom, esquece! Agora quero saber sobre Aimatirí Lýkos.

- Bom, sobre essas criaturas não se tem muitas informações, já que só temos relatado seis casos de bebês que sobreviveram, contando com você.

- E esses outros quatro?

- Um desconhecido, Lauren Jauregui, Michelle Jauregui, Austin Mahone e Demetria Lovato, as irmãs Jauregui estão em Miami, ninguém sabe o paradeiro do Austin e bom, a Demetria é a alfa de Téras - Normani parou em um sinal vermelho e me encarou. - Um mito diz que aparentemente os Aimatirí Lýkos são imortais talvez por isso consigam se transforma em Crinos.

- Imortais?

- Não tem nada que comprove isso - o sinal abriu e ela voltou a dirigir. - Outra característica de Aimatirí Lýkos é que vocês conseguem se transformar em Crinos e Hispo quando quiserem, sem precisar da presença da lua cheia.

- Informação demais - cocei a nuca. - Então por que nunca consegui me transformar em Crinos antes, precisei de seis anos de treinamento?

- Não sei, você é um total mistério, Karla - Normani parou na garagem da casa e desligou o carro, virando no banco para me encarar. Eu estava tão concentrada na conversa que nem percebi o tempo passar. - Eu lembro que uma vez li em um dos livros da minha mãe que a Demetria conseguia controlar sua transformação Crinos desde os seis anos, sem treinamento.

- E eu só consegui controlar a Glabro depois dos quatorze - suspirei. - Até um lobisomem comum consegue controlar Glabro desde que seu lado lobisomem é revelado com pouco treinamento e eu precisei de sete anos!

- Você é uma garota especial, Kah, especial até demais - pegamos nossas coisas e saímos do carro. - Pronta para amanhã?

- Não, nem um pouco! - Normani abriu a porta e nós entramos,  subimos para o segundo andar e deixamos nossas coisas nos quartos para então continuarmos conversando. - Eu ouvi o Hazza conversando com o alfa e parece que eles vão me acorrentar no sótão.

-  O Harry me falou isso, é uma precaução, ninguém tem total certeza sobre as informações que temos, então não queremos arriscar... aliás, ele me disse também que ontem tinha dois lobos de Téras rondando nosso acampamento.

- Téras? - ela assentiu. - Será que depois de tantos anos eles decidiram vim atrás de mim?

- Se for isso mesmo, parece que eles finalmente perceberam que perderam alguém de valor.

- Ou eles perceberam isso há muito tempo, mas preferiram me manter longe durante todo esse tempo para virem atrás de mim depois que estivesse treinada...

- Vir atrás de um Aimatirí Lýkos treinado para se tornar Crinos? - Normani ergueu as sobrancelhas. - Demetria conhece o poder de um Aimatirí Lýkos, com certeza ela teria vindo atrás de você antes, a não ser que ela não soubesse da sua existência antes.

- Mas a mulher do alfa disse há anos atrás que existia um boato que um Aimatirí Lýkos havia nascido em Téras, como a Demetria não saberia?

- Agora você me pegou - disse pensativa. - Não faço à mínima idéia.

- Talvez eles nem estejam atrás de mim.

- Não tem outro motivo para eles espionarem nosso acampamento, Kah.

- Eu estou tentando pensar positivo, por favor, não me atrapalhe.