As pessoas não sabem o que são capazes de fazer por amor até o dia em que ele desaparece. Despedidas, óbitos, desaparecimentos, abandonos — não são pensados até o dia em que realmente acontece e tudo que fica para trás é a saudade e as lembranças que a pessoa amada deixou. Humanos erram, mas até onde chegariam por um sentimento que não se é definido por significado qualquer? Talvez fossem capazes de matar. Não. Talvez matassem. Ele o fez.
Barry, ao tentar salvar seus pais, criando o Flashpoint, matou pessoas — gente que nem conhecia, pessoas que eram tão próximas quanto família. Ele as matou, todas por dentro.
Não era a primeira vez em que Barry pensava nisso, talvez fosse até a centésima. Allen estava prestes a fazê-lo, seu corpo se preparava para correr em direção ao tempo que se considerava significadamente feliz. Fechou os olhos e pensou nos sorrisos dos amados e pela última vez lembrou-se da conversa que tivera com seu duplicata temporal mais cedo.
— Me matar? — Desta vez Barry fora quem soltou a gargalhada. — Você realmente está desesperado, não é? Se você me matar, você também morre.
— Você está errado, amigo. — Savitar aproximou-se ainda mais de Allen. — Não sou eu quem vai matar Barry Allen... — Ele o encarou confuso. — Você vai.
— Uau. — Barry batia sarcásticas palmas diante das palavras de seu duplicata temporal. — Por que eu faria isso?
— Você sabe que tem algo de errado contigo, Barry. Sentimentos, pensamentos e até mesmo decisões... Você sabe o que mudou, não é?
O moreno permaneceu em silêncio.
— De qualquer forma... — Allen limpou a garganta e arrumou sua postura. — Eu fiz o que tinha a fazer aqui. Adeus, Frost.— Ele retornou seu olhar para ela, pelo menos, pela última vez.
(...)
— Você realmente irá deixá-lo ir? — A expressão preocupada tomava conta do rosto da loira, enquanto andava de um lado para o outro.
— Você veio até mim porque queria atingir seu objetivo em se descobrir, dessa vez eu vou até você para me achar, Frost. Você confia em mim?
— Você sabe o que irá acontecer, não é? — O moreno apenas permaneceu a encarando. — Eu confio em você, Savitar. Uma vez que você fizer a sua parte do nosso pacto... — Sua fala foi cessada por uma leve risada do remanescente.
— Eu irei até você.
E era verdade.
Ambos eram as pessoas que mais confiavam em relação à um ao outro. A única razão pela qual estavam hesitantes em soltar tal laço entre si era o medo. A insegurança que tanto Savitar quanto Frost sentiam, de que, novamente, seriam abandonados e, dessa vez, ainda mais machucados. Se importavam um com o outro, porém, seu relacionamento não necessariamente era precisa dizê-lo. Eles sentiam isso e talvez fosse o mais assustador desse plano — sentir.
Savitar pensou que ao evitá-la em seu passado, talvez ela parasse de vir até ele, de procurá-lo como Barry Allen. Contudo, percebeu que quanto mais o tempo passava, mais se agarrava à ela, desde que esta o prendia. Quando o velocista escarlate o descartou, viu uma oportunidade de ter sua própria existência e não pôde evitar de pensar nela, porque de todos, fora a única que nunca o havia abandonado, talvez Barry tivesse descartado essa parte dele, a parte que mais tinha dela, mas em Savitar essa parte era um todo.
— Por que você se importa tanto em completar esse plano B? — Ela ainda parecia receosa sobre a decisão do moreno.
— Eu consegui acabar com o paradoxo ao me fragmentar pelo tempo, Frost. Se eu acabar de vez com Barry Allen, eu irei me tornar somente um e posso acabar com esse ciclo infinito. — A loira soltou um longo suspiro ao se dar por vencida, deixando com que um leve sorriso de canto ocupasse de seus lábios.
— Não há nada que eu possa fazer quanto a isso. — Ela se aproximou do moreno, agarrando-o pelo colarinho e o puxando ainda mais próximo, o suficiente para que suas respirações pudessem serem sentidas. — Você é mais esperto do que eu pensei. Eu gosto disso. — Desta vez, o moreno soltou seu sorriso de canto.
— Podia dizer o mesmo de você, mas tirou as palavras da minha boca.
— Só as palavras? — Frost mordiscou seu lábio inferior.
— O que você quer?
— O que você acha?
— É mais perigosa do que eu pensei. — Ele colocou sua mão sobre a cintura da loira.
— O que seria a vida sem um pouco de perigo, não? — Ela passou a mão sobre a nuca do moreno, que logo a puxou diante da pouca distância que transitava sobre eles, fechando-a em um beijo. O beijo era lento e rapidamente guiou para que os sentidos do moreno se nublassem. Sua mão passou da cintura até a coxa da loira, que logo reagiu e se preparava para tirar a camisa do moreno.
Ele soltou um grito pela dor que rapidamente havia se alastrado pela cabeça.
— O que aconteceu? — Frost a encarou, preocupada.
Os joelhos do remanescente falharam devida a dor que ele sentia no momento. Sua mente se nublava e seu corpo ardia, diante da angústia que sentia em seu peito.
A loira não sabia lidar com a situação, tudo o que podia era se abaixar até a altura de Savitar e segurar sua mão, quem a encarava com o olhar repleto de lágrimas e uma expressão que a fazia se doer.
Rua Infantino. Ele estava ali novamente e dessa vez haviam quatro dele. O Barry do passado, quem observava a amada ser assassinada, visitando o futuro pela primeira vez. O Barry quem vivenciava a morte dela. O Barry quem a matava e, finalmente, aquele que permanecia ali, vindo do futuro e observando a situação no geral.
Mais uma vez ele viu Iris ser morta pelas próprias mãos e, em seguida, ironicamente, caindo nos mesmos braços, mas dessa vez as lágrimas não escorriam e ele não sentia mais aquela dor, como se estivesse sido apunhalado o suficiente para sentir algo a mais. Ele não sentia nada. Não sentia.
Savitar tinha sua respiração acelerada e ele encarava a ex-morena, quem o olhava com um olhar frustrado por não poder fazer nada. O remanescente fechou os olhos, tentando recobrir a respiração. O suor frio caía de seu corpo e a loira, ao perceber a calmaria o encaixou em seu peito, deixando um pequeno cafuné acalmá-lo ainda mais.
Sua mente nublada logo estava em branco, como se estivesse apagado tudo com uma borracha. Esse era o poder que ela tinha e ele sabia desfrutar disso. O problema era que, naquele momento, ele percebeu, Barry também o queria.
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