Cada célula que passa pelo nosso corpo deve saber — o pior estado de espírito sempre foi a solidão. São como os dias de inverno em que as noites são tão duradouras e cobrem a claridade do dia, mas você sempre reza para que este logo chegue.
A respiração de Barry estava ofegante. Teve os mesmos sintomas que Savitar, quem em um lugar ainda mais distante ainda se recuperava do ataque doloroso que tivera e direcionado à ele o olhar preocupado da loira.
— Você hiperventilou. O que está acontecendo? — Ele ainda permaneceu em silêncio, agonizando com a pouca dor que ainda lhe restava. — O que diabos você viu para estar assim? — Frost soltou um grito, frustrada com a situação e o moreno passou a balançar a cabeça negativamente.— Seu corpo parece estar reagindo contra algo, já que aparentemente você extrapolou seu limite emocional há pouco, então ele respondeu tentando eliminá-la.
A ideia autêntica era que Savitar, mesmo que, pela primeira vez, estava com medo. Medo de ter Barry roubando tudo que havia conquistado — sua ascensão, sua glória e, principalmente, novamente a confiança de Frost. Em razão de que, ainda sendo Savitar, passou por tudo que Barry Allen havia passado, assim machucando-a da mesma forma que este o fez e o único fato que o tornava diferente de Allen no momento era que o remanescente reconhecia seus erros diante da ex-morena e se esforçava o máximo para compensá-los. O problema era que Barry também queria fazê-lo e isto o assustava.
Em uma recuperação de consciência, ele a encarou fascinado pelas claras pupilas que o direcionavam e, em um ato de desespero, envolveu a loira em seus braços, fazendo com que ela se sentisse confusa por um momento.
— Vejo que está bem agora. — Frost suspirou aliviada, deixando com que os seus olhos fechassem por um momento.
— Melhor do que nunca. — Savitar reagiu da mesma maneira, deixando que toda aquela frustração, que o consumiu por momento, saísse.
Por outro lado, Barry ainda lutava com tal angústia que atingia seu peito. As lágrimas escorriam de uma forma que a culpa o abatia quase que completamente. A mão em seu peitoral batia uma, duas, várias vezes e o cansaço parecia ser inalcançável. Além disso tudo, não conseguia sentir mais nada. Seu redor estava vazio. Ele estava vazio.
(...)
— Vai me contar o que viu há algum momento atrás? — Ela acariciava o peitoral do moreno, deslizando seus dedos levemente e fazendo com que ele soltasse um sorriso de canto. — Apesar de segredos fazer parte da nossa vida... — A loira revirou os olhos e soltou um alto suspiro. — Gostaria que me contasse.
— E se eu não contar? Vai me congelar?
— Me provoca. — Ela formou um pequeno icicle em seu dedo e soltou uma leve risada cínica.
— Uh... — O moreno ergueu as mãos para o alto e soltou uma risada.
— Nunca vi você sorrir. — A ex-morena fixou seu olhar sobre a imagem que mais a agradava.
— Não tinha motivos para isso. — Savitar soltou um pequeno sorriso de lado e arqueou a sobrancelha com o toque de Frost sobre sua cicatriz. Toque que era superficial, porém, intenso.
— Também nunca me disse o que houve nessa face, nem por trás dela.
— Velocidade aconteceu, por isso que utilizo do meu traje. Nunca quis esconder isso, já que pra mim isso foi uma conquista.
— Entendo. Eu que nunca perguntei.
— A verdade é que de um jeito eu sou culpado por tudo que aconteceu com você e o pior disso, é que não quero me desculpar. Eu fiz o que você é e tirei o melhor de você... E, claro, o pior.
— Estou feliz que fez isso. Você sabe o que é ter que guardar tudo para você por simplesmente não querer expressar o que sente de verdade? Era isso que Caitlin fazia, mas agora posso ser quem eu sempre tive dentro de mim.
— Talvez eu concorde que eu prefira essa versão de você.
— Essa conversa de preferência é perigosa. Vai mesmo arriscar?
— Não deixa de ser verdade. — Savitar balançou os ombros de maneira irônica.
— Talvez eu concorde que eu prefira essa versão de você. — Ela lançou um sorriso pouco sarcástico antes de sair de cima do moreno e correr para a porta.
— O que quer dizer com isso? — O moreno arqueou a sobrancelha e bufou um sorriso, mesmo após a saída de Frost.
Ela planejava ir até Barry e o remanescente sabia disso, mas também sabia o por que de ela ter ido ao encontro de seu eu passado.
O ambiente tinha pouca luminosidade e algumas lamparinas pareciam estar quase que caindo aos pedaços, junto com várias faíscas que delas saíam. A loira caminhava atentamente e lentamente em direção ao espaço de taquions, onde uma vez levou café para Barry, que na época, se desesperava para salvar o antigo companheiro, Eddie, que se encontrava desaparecido e se lamentava sobre a reação de Iris sobre a recém descoberta da identidade do Flash.
Dessa vez, ela novamente carregava uma xícara quente de café e caminhou até o moreno que se encontrava agachado na curva da sala.
— Barry... — A voz logo despertou a atenção do velocista escarlate. — O que está fazendo? — A loira se aproximou ainda mais e entregou a xícara para ele, quem logo aceitou sem hesitar.
— Você decidiu. — Barry deu um gole no café e se virou contra a ex-morena.
— Você não salvou ela. Por quê?
— Eu não poderia e nem iria arruinar a vida de todos novamente. Não depois de Julian ter fugido e Cisco ido embora com Gypsy. — Allen decidiu encará-la. — Eu queria ter certeza do que realmente sentia. Não posso lutar por algo sem saber o que eu sinto de verdade em relação a tudo.
— Você decidiu. — Ele assentiu, ainda com a expressão séria. — Devo dizer primeiro? — Barry lançou um sinal com a mão, dizendo para que fosse na frente. — O lugar que mais gosto de estar é onde sou eu mesma. O lugar em que posso ser o que quero ser, não o que eu devo.— Allen soltou um cínico sorriso de canto, fazendo com que Frost o encarasse um pouco confusa com a ação divergente à pessoa quem se encontrava.
— Ótimo. Como você disse desde o começo, você escolheu a si.
— Tem algum problema com isso?
— Absolutamente nenhum. — O moreno balançou os ombros. — Aqui a minha decisão... — Ele andou pela sala, deslizando os dedos pelas paredes, até que se encontrasse o mais próximo possível da loira. — Eu posso ver agora, Deus não sente dor, Frost, aliás, Ele não pode e isso... É tudo que eu quero.
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