História Bad Boys - Prologue

''I'm just a kid, and life is a nightmare

I'm just a kid, I know that it's not fair.''

I'm Just a Kid - Simple Plan

Kensingtown - Estado de Alberta, Canada. 

Agosto de 2002.

Eu corria. E como corria. Meu pulmão queimava e meu coração quase saltava para fora do meu peito, mas continuei. Percorri todo aquele gramado atrás da escola até chegar ao campo de baseball, nos limites do terreno escolar. Me escondi embaixo da arquibancada de madeira, entre os ferros que deixavam a estrutura em pé.

Fiz silêncio, e tudo o que eu escutei foi o meu coração acelerado. Senti meu corpo se aquecendo por estar parado após eu correr o tanto quanto eu corri para chegar ali. Gotas de suor se formaram em minhas têmporas e na minha testa, deixando meus cabelos grudados ao rosto. Mais suor escorria até o meu queixo e pingava na minha blusa, que também já estava úmida. Apesar de ser um dia de primavera, a manhã estava bem fria, e aquela corrida me deixou morto.

— Onde aquele merdinha se escondeu? – Eu ouvi a voz de um deles falando.

‘’Calma’’ - Eu disse para mim mesmo. Porém, não adiantou. Senti o pânico me dominar, se estalar em cada célula do meu corpo, só por saber que eles estavam chegando.

— Evan? Aonde você está? – Tinha certeza que aquela voz era de Luke, tentando falar de uma maneira amistosa. – Só queremos conversar com você!

Ouvi o barulho de grama sendo pisada. Eles já estavam atravessando o gramado.

O pânico aumentou dentro de mim, e minha respiração ficava cada vez mais pesada.

Não, aquilo não podia estar acontecendo.

Meus brônquios se contraíram e minha garganta se fechou. Comecei a produzir um ruído que me faziam parecer um animal ferido. Essa era a minha segunda crise de asma em uma semana. Logo pensei na minha bombinha, que estava dentro da mochila, que estava dentro do meu armário.

— Está ouvindo isso, Simpson? – Era a voz de Luke novamente.

— Por aqui! – A outra voz disse, e os dois passaram a correr na direção das arquibancadas. O som de grama pisada ficava cada vez mais alto, até que sumiu. O chão sob as arquibancadas era feito de terra batida.

— Achamos você! – Disse o loiro. – Pensou que ia escapar de nós dois tão cedo, Esquisitão?

Trinquei os dentes por conta do apelido e olhei para Luke. Ele vestia uma camisa laranja do time de baseball do colégio, os Canadians Warriors. Provavelmente ele pegou nos achados e perdidos, já que a camiseta antiga dele estava com uma mancha de molho. E ele achava que aquilo era minha culpa. Mas quem colocou o pé na frente foi ele. Eu não tropecei sozinho.

O moreno de cabelo ondulado, chamado de Simpson, me agarrou pela gola da camisa e me empurrou no chão de terra. Minha cabeça foi ao encontro do chão sem hesitação. A dor era absurda. Eu fiquei tonto, com a visão borrada e sem percepção de profundidade.

Aquela seria a terceira surra da semana. Pela mão dos mesmos garotos de sempre.

Não me movimentei. Continuei deitado no chão de terra, ainda fazendo ruídos a cada respiração.

— O que acha, Luke? – Disse o moreno. – O que o Esquisitão merece dessa vez?

Luke sorriu e se ajoelhou ao meu lado. Sua mão foi até a minha camisa e ele me puxou para mais perto dele, fazendo meu corpo se erguer alguns centímetros do chão.

A última visão que tive foi do Tigre, o mascote do time da escola que estava estampado na camisa laranja do loiro.

‘’Nossa, o nosso time é mesmo uma merda.’’ Pensei.

E então, Luke acertou o primeiro soco em meu rosto.