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História Bad girl gone good - Temporada 2 - Her fault


Escrita por: FindingLauren

Notas do Autor


2/3 Galera!!! Boa leitura!! <3

Capítulo 70 - Temporada 2 - Her fault


Camila's Pov 

-Eu não vou ficar aqui esperando, eu nem sei pelo que eu tenho que esperar. - Eu disse nervosa, caminhando de um lado para o outro. Dinah me olhava ir e vir, uma caneca de café estava fumegando em suas mãos e ela carregava os resultados de uma noite péssima assim como eu. -Eu tenho que esperar o que? A porra do tempo para que a polícia considere que ela sumiu e decida procurar? Ou que ela apareça por aquela porta quando eu e você sabemos que isso não vai acontecer? Ein porra, eu espero pelo quê enquanto minha noiva pode estar deus sabe onde correndo perigo?!   

-Eu não sei Camila. - Dinah murmurou. Para minha surpresa sua voz estava embargada e quando eu a olhei sentada no sofá eu vi que ela chorava. -Droga! Se eu não tivesse te contado sobre a traição isso jamais teria acontecido, vocês ainda seriam o casalzinho cheio de açúcar que sempre foram, a branquela ainda estaria aqui me enchendo o saco e você não estaria enlouquecendo agora. Eu destruí seu relacionamento, porra vocês iam casar e agora a Lauren sumiu.   

Eu detestava me lembrar do motivo pelo qual Lauren e eu tivemos a pior briga de nossas vidas, e Dinah tê-lo mencionado apenas me fez sentir pior do que eu já me sentia. 

Eu estava em um amontoado de tristeza, preocupação, angustia, decepção e uma puta dose de arrependimento. Se eu não tivesse saído de casa eu poderia ter impedido o que aconteceu, teria lutado com a minha vida para ninguém machucasse Lauren, mas eu saí, eu bati a porta e arranquei com meu carro sem olhar para trás, sem dar á Lauren uma chance de conversar comigo. Eu gritei com ela, eu a ofendi, e eu entrava em pânico ao pensar que essa foi a última coisa que fiz á ela. 

-Meu Deus, me ajuda. - Roguei, tremendo dos pés á cabeça. 

Eu não me dei conta de que caí de joelhos no chão da sala, de que o nó em minha garganta havia se desfeito e agora eu chorava. Já não era sem tempo, desde que voltei para a casa de madrugada para encontrar todo esse caos eu não tinha chorado. Nenhuma gota sequer. Eu tinha de ser forte para Theo e Patrick, mas agora que ambos estavam fora, eu me permiti chorar. 

Cobri meus rosto com minhas mãos e molhei minhas palmas com minhas lágrimas. Meu peito chacoalhava afoito, falhando em demonstrar um terço da dor terrível que eu sentia correr em minhas veias. Meu choro era alto, ecoava por toda a casa e não poderia soar mais angustiado. 

-Mila... - Ouvi Dinah dizer e segundos depois senti seu calor se aproximar. 

Saltei para longe dela, olhando para ela com ódio. 

-Se afasta de mim porra, fica longe! 

-Camila... 

-É culpa sua, Dinah! Você me deu a maldita notícia, eu fiquei transtornada por sua causa, eu saí por culpa sua culpa e agora... Alguém veio e a tirou de mim! - A loira se ajoelhou á minha frente, longe de mim no entanto, respeitando o meu pedido. Dinah não estava tentando segurar o choro, assim como eu. -E você nem estava aqui, você não ficou com ela, você veio atrás de mim, você... Eu odeio você! 

-Camila... - Ela choramingou e eu imediatamente me arrependi do que disse. Eu não a odiava, estava apenas destruída e com raiva, ela simplesmente estava ali para receber os estilhaços da bomba emocional que eu era naquele ponto. -E-eu sinto muito, muito mesmo Mila, eu não... Não queria que isso acontecesse, não queria ter que te dar aquela notícia, não queria que Lauren tivesse sumido, eu só... Você tem que me entender, você é minha melhor amiga é por isso que fui atrás de você, eu teria ficado com ela se soubesse, eu teria mas... 

Ficamos em silêncio por um longo tempo. Chorávamos as duas sem dizer nada uma á outra, eu nem poderia, havia chegado á um estado em que minha voz não sairia nem se eu precisasse gritar. 

Um latido me fez erguer a cabeça e minhas vistas embaçadas captaram a figura pequenina e peluda de Peixe. Limpei meus olhos para vê-lo melhor, ele caminhava em minha direção segurando um pedaço de pano entre os dentes. O cachorro se aproximou, largou o que segurava na minha frente e deitou ao meu lado, se enrolando todo e encostando o focinho em minha perna. 

Acariciei sua cabeça ao perceber que o pedaço de pano na verdade era uma camiseta. Uma que não era minha e nem de Lauren. Era nossa. A peça estava um verdadeiro trapo velho, mas nós duas nos recusávamos a jogar fora, dividíamos tanto a roupa que tinha um cheiro que só poderia ser uma mistura do meu com o dela. Era apenas uma camiseta branca de mangas longas com sóis e luas desenhados aleatoriamente por todo o torso, mas era especial de alguma forma. 

Peguei o tecido, apreciando a maciez, e o levei até meu nariz. De olhos cerrados eu apreciei o aroma, tentando com todas as minhas forças sentir apenas o cheiro adocicado que Lauren deixava ali. 

Peixe latiu outra vez, me olhando com seus olhos quase escondidos pela pelagem cinza e grande, um olhar canino e tristonho.   

  -Eu vou trazê-la de volta, Peixinho. Eu prometo. 

*** 

O dia refletia meu estado de espírito. 

Nuvens pesadas pairavam sobre a cidade, ainda não chovia, mas logo uma enxurrada de água cairia do céu. 

Eram três da tarde e eu estava presa no trânsito de Cambridge, voltando da M.I.T por conta do que foi minha última tentativa de negar á mim mesma que Lauren havia sumido. Pensei que ela poderia estar por lá e eu entenderia, tivemos uma briga feia e nesses casos uma das partes acabava dormindo no sofá. Como nos filmes. Eu tive esperanças de que Lauren estivesse usando a M.I.T como seu sofá, mas eu estava enganada. O reitor sentou comigo, me ofereceu chá e biscoitos, não pareceu ter notado meu estado deplorável - essas pessoas não costumam notar nada além de si mesmas de qualquer forma –e, todo casual, ele me perguntou o que eu fazia ali e como estava minha noiva. Pela pergunta eu soube que Lauren nem havia pisado ali e fui embora com minha cabeça explodindo depois de ter que passar por uma conversa maçante sobre nada importante com o reitor. 

Antes de inutilmente ir até a M.I.T eu passei grande parte do tempo ligando para amigos e conhecidos da Lauren, esperando que algum deles tenha ouvido sobre ela. Tristemente ninguém sabia de minha noiva e, ao me perguntarem se algo aconteceu, eu neguei. "Nada aconteceu, eu vou encontrá-la logo, eu sei disso", eu dizia para mim mesma. 

-Oi. - Eu disse sem vontade ao celular, atendendo apenas porque era minha irmã ligando. 

-Liguei pra saber se tá bem e se tem alguma notícia. - Ela foi direta mas senti a hesitação em sua voz, como se quisesse dizer mais. -Patrick tá impossível, não dá mais pra manter ele distraído, ele quer saber da mãe, Camila.  

Demorei para responder, eu não queria realmente lidar com aquilo agora. Com meu filho, com minha irmã, com qualquer outra coisa, eu só queria encontrar Lauren e fingir que as últimas horas jamais existiram.  

-Eu to bem. - Menti. Sofia não acreditou, óbvio, e eu sabia muito bem disso.  

-Tem certeza? - Sua voz chiou do outro lado. 

-Uhum, eu... - Tossi brevemente, tentando disfarçar o nó que me sufocava. -... tô indo até a polícia agora. 

-Tudo bem, hum... O que eu faço com Patrick? - Ela perguntou uma vez que eu tinha ignorado completamente sua primeira menção do meu filho. 

Puxei o ar devagar, sentindo meus olhos arderem para segundos depois uma lágrima fazer o caminho até meus lábios. 

-Eu não sei, Sofi. Eu... - Eu estava chorando ao volante enquanto falava ao celular, o motorista do meu lado me encarava com um beicinho, aquela era ,aparentemente, sua expressão solidária á minha situação. -Eu lido com ele quando chegar em casa. 

-Certo. - Sofia se conformou. -Fica bem, mana. 

-Eu vou, Sofia. Você também. 

Mesmo após ter desligado o telefone continuei chorando, eu não conseguia parar, bastava pensar na ausência de minha noiva para meu peito fisgar e meus olhos virarem um oceano. 

Ajeitei minha postura quando parei em frente ao departamento de polícia de Cambridge, eu não poderia me dar ao luxo de ser vulnerável em frente á outras pessoas, de forma alguma. 

Quando entrei haviam dois homens sentados atrás de um balcão velho, um deles mascava um chiclete enquanto folheava uma revista e o outro encarava a TV presa em um canto no alto. O lugar todo tinha cheiro de colônia masculina e Donut's. 

Pigarreei para chamar atenção dos dois, fiquei parada em frente ao balcão por longos segundos e ainda assim nenhum dos dois moveu os olhos em minha direção.  

Quando minha paciência se esgotou completamente, de forma rude e barulhenta eu espalmei minha mão direita sobre o balcão, finalmente ganhando a atenção dos dois. O ruivo sardento parou de mastigar seu chiclete, ficou me olhando de boca aberta, a massa rosa estava presa entre seus dentes da frente. O homem forte e loiro pegou um controle e abaixou para quase nulo o volume da TV. 

O ruivo – Matthew era o que dizia em seu uniforme – se apressou em pegar uma caneta e um bloco de notas. O outro – James – limitou-se a continuar me encarando, vi quando seus olhos azuis fincaram um olhar curioso sobre minhas tatuagens. 

-Em que podemos ajudar? - Matthew perguntou, agora arqueando as costas e exibindo um peitoral avantajado. 

-Minha noiva sumiu. - Eu disse. Não soei calma como eu havia brevemente ensaiado e minha voz nem sequer soou forte. Dei a informação em um sussurro fraco e cansado. 

James e Matthew se entreolharam por um momento, e ao final da troca de olhares James assentiu e começou a mexer em um dos computadores sobre o balcão. 

-Qual o seu nome? - Ele me perguntou, os olhos azuis fixos na tela. 

-Camila. - Limpei minha garganta, minha voz denunciava o meu choro de momentos antes. -Karla Camila Cabello Estrabao. 

-Sabe dizer precisamente a hora? - O ruivo perguntou-me casualmente. 

Fechei minhas mãos, sentindo-me irada por ele estar falando com tanta calma. Minha noiva tinha sumido, ele não deveria estar calmo, inferno!  

-Não, eu não estava em casa. - Balancei a cabeça em negativa. Cruzei minhas mãos sobre o balcão, minhas pernas não paravam de se mover, meu coração batia com força contra minhas costelas, e todo aquele lugar parecia estar se fechando sobre mim. -Por favor, será que vocês podem... 

-Olha isso Matt. - James bateu com as costas da mão no ombro do outro e ambos encararam algo no computador, dividindo seus olhares entre a tela e eu. 

Minha impaciência crescia, eu daria qualquer coisa para chegarmos até a parte onde a polícia faz seu trabalho e procura por minha noiva. 

-Você cumpriu dez anos. - James informou. Seu olhar sobre mim me deixou desconfortável, enrijeci meu corpo e o encarei diretamente nos olhos. -Homicídio, uh? 

-Minha noiva sumiu, pelo amor de Deus, o que é que isso tem á... 

-Se não estava em casa onde é que estava então? - Matthew perguntou, agora não havia casualidade em seu tom, apenas cisma e frieza. 

-Escuta, eu estava por aí, nós brigamos e eu saí pra dar uma volta, quando eu voltei meu filho estava em pânico, tinha sangue na cozinha e uma encomenda anônima na minha sala com fotos, fotos nossas que... - "Não entregar á polícia se for esperta" . Me calei repentinamente. 

-Brigou com a sua noiva então, uh? Chegou a agredi-la? - James me horrorizou ao perguntar. 

Céus! Ter trombado no ombro de minha noiva passou longe de ser uma agressão, eu jamais a machucaria. 

-É óbvio que não! - Respondi atônita e alto demais. -Eu quero falar com o delegado. - Exigi. 

-Bem, tem que fazer uma denúncia formal com a gente antes. - O ruivo constatou debochado. 

-Eu estou tentando, mas vocês não estão fazendo a porra do trabalho de vocês. - Vociferei raivosa, á ponto de por meu controle sobre minhas emoções em um fio frágil. 

-Erga a voz de novo e te prendo por desacato, senhorita. 

Abri minha boca em choque mas não disse nada, minhas mãos voaram abertas para minha cabeça onde massageei minhas têmporas me obrigando a manter a calma. 

-Tudo bem, façam todas as perguntas que precisarem, mas por favor procurem pela minha noiva. - Eu implorei, minha visão voltando a ficar embaçada e minha voz falhando. 

-Que bom que vai cooperar. - James disse sorrindo, uma fila de dentes grandes e amarelados formavam um sorriso sínico.  

-Então, quando a viu pela última vez? - Matthew perguntou. -Tente ser o mais precisa possível. 

Forcei minha mente a trabalhar, imagens da noite passada se formavam em minha mente com borrões, tudo passava muito rápido. Nós jantamos ás sete, confrontei Dinah sobre seu comportamento com Lauren algo próximo das oito, discuti com a morena oito em ponto e saí sem rumo ás oito e vinte, talvez oito e meia. 

-Oito e meia, por aí. - Gaguejei, sentindo náuseas ao lembrar de como tratei Lauren na última vez em que a vi. 

-E você estava de volta em casa ás... 

-Eu não sei, talvez fossem quatro da manhã... É, eram quatro horas. - Matthew torceu a boca e negou com a cabeça, escreveu algumas informações na pequena caderneta em suas mãos e me encarou. 

-Ela sumiu entre oito da noite e quatro da manhã, e agora são... - Ele espiou o relógio em um outro computador ao seu lado. -... três e meia da tarde. Não fazem vinte e quatro horas, não podemos fazer nada ainda. 

Arregalei meus olhos e esmurrei meus punhos contra o balcão. Que me prendessem por desacato, eu não me importava, eu só queria Lauren de volta. 

-Como não podem? Eu estou dizendo que uma pessoa sumiu, minha noiva, entendeu? Como não podem fazer porra nenhuma? - Esbravejei. 

-Regras são regras, senhorita. Você pode deixar os dados e uma foto recente da vítima, deixaremos sua noiva na lista de desaparecidos assim que completarem as vinte e quatro horas. 

Encarei os dois em choque, meus lábios tremiam, semiabertos já que eu tinha a intenção de mandar os dois para a puta que pariu, mas eu sabia perfeitamente bem que não podia, então rapidamente retirei uma foto de Lauren que eu mantinha em minha carteira e a coloquei com cuidado sobre o balcão, quase como se eu segurasse a própria Lauren.  

Matthew recolheu a foto, segurou-a entre seus dedos grossos e calejados, analisou-a por um instante sorrindo de canto para seu parceiro. O sangue em minhas veias começava a ferver, o ar entrava com dificuldade em meus pulmões e tudo o que eu mais queria era descontar em alguém toda a onda de sentimentos ruins que me preenchiam. 

-Nome dela? - O loiro perguntou, era ele quem tinha a foto na mão agora. Desejei não ter entregue aquela em específico, o sorriso dela estava tão lindo ali, os olhos ressaltados por um tipo de maquiagem que ela adorava fazer, e os cabelos soltos em ondas naturais que quase formavam alguns cachos.  

Eu não queria que aqueles dois nojentos estivessem olhando pra ela. 

-Lauren Michelle Jauregui Morgado, trinta e dois anos, nasceu em Miami na Flórida. - Eu disse mecanicamente enquanto o loiro digitava devagar. 

Assim que ele terminou me encarou e sorriu forçado. 

-Obrigado, isso é tudo o que pode fazer. Ligaremos para qualquer informação. 

-Vão ficar com a foto original? - Perguntei relutante, encarando a foto nas mãos de Matthew outra vez. -Não acham melhor fazerem uma cópia, essa foto é minha. 

-É nossa agora, precisamos dela pra identificar a vítima. - O loiro respondeu sorrindo, se inclinando em minha direção. 

Suspirei vencida e assenti sem vontade. 

-Tudo bem. Obrigada. - "por porra nenhuma" acrescentei para mim mesma e então saí rapidamente. 

Quando entrei no carro fechei os vidros e gritei contra o volante, gritei até minha garganta arder e quando não pude mais gritar esmurrei o volante até sangrarem os nós de meus dedos. 

-Por favor amor... Por favor, eu não sei onde você está, mas volta pra mim. - Eu pedi, um sussurro que jamais chegaria á Lauren mas eu tinha uma esperança tola e irracional. -Apenas volte, cariño. 

 

Lauren's Pov 

Minha cabeça parecia prestes a explodir em pedacinhos, um martelo batia contra minhas têmporas, a dor se alastrava para trás de meus olhos, eu mal conseguia abri-los. Meu estômago também reclamava de dor, mas por conta da fome. Eu não comia ou bebia nada em vinte e quatro horas, minha boca estava seca e eu me sentia tonta o suficiente para ver dois ventiladores no teto sobre minha cabeça. 

-Camz. - Chamei sabendo o quão inútil era, mas uma parte de mim tinha desapegado completamente de qualquer fio de racionalidade, era quase como se eu esperasse que Camila me ouvisse onde quer que estivesse. 

A porta se abriu abruptamente, o estrondo foi alto e me obrigou a fechar os olhos para lidar com o choque doloroso que o barulho causou. Abri meus olhos – agora sem a venda – e o vi. O olhar era gélido e sádico, a presença dele me fazia querer sair correndo, me movi desconfortável sobre a cama, ouvindo as algemas que me prendiam na cabeceira tilintarem sob meus protestos. 

-Não adianta tentar fugir, não adianta chamar Camz porra nenhuma. Tenho que desenhar pra você? - Ele gritou, um pouco de saliva voou de sua boca para o meu rosto e eu me encolhi tentando me esconder de sua ira, do cheiro de cigarro e da maldade nos olhos azuis. 

-É dinheiro? Eu dou dinheiro pra você, o quanto você quiser, só me deixa ir, não machuca a minha família e... - Ele me calou prendendo meu pescoço com suas mãos apertando forte, eu me debatia por ar, meu peito queimava por cada segundo que ele me impedia de respirar. 

-Caralho você é uma insuportável, Ruby bem que disse, eu poderia calar sua boca pra sempre aqui e agora, mas qual a graça nisso? Dou um jeito em você quando Camila estiver comendo na palma da minha mão, enquanto isso é bom você cooperar pra eu não te machucar tanto assim. - Ele disse lentamente e tirou as mãos de mim quando acabou.  

Arquejei e senti meu rosto vermelho e pegando fogo. Ele se levantou após deixar um tapa em minha perna, forte o suficiente para deixar uma marca. 

-Não me irrita, Jauregui. - Ele avisou-me e então saiu batendo a porta. 

Meu corpo estava mole sobre a cama, eu chorava de medo e pedia pra que tudo aquilo acabasse. 

Uma parte de mim no entanto, se perguntava o que Ruby tinha á ver com aquilo. 

*** 

Acordei horas mais tarde – não sei exatamente quantas – com meu rosto inchado pelo choro seguido por horas á fio e com meu estado um pouco mais deplorável. Eu continuava algemada ás grades da cama, meus pulsos estavam vermelhos e irritados, a fricção das algemas coçava e eu nada podia fazer. 

Nolan ainda não tinha aparecido outra vez desde a última, eu não conseguia ouvir nenhum tipo de barulho do outro lado da porta, isso me fazia pensar que eu estava sozinha naquela casa. Se eu queria escapar a hora de tentar era aquela. 

Analisei decentemente o quarto pela primeira vez. Além da cama dura onde eu estava algemada não havia mais nada. Apenas duas portas fechadas, uma delas deveria ser um banheiro. Á minha esquerda havia uma cortina fechada, logo havia uma janela e eu poderia sair por ela. Bastava me livrar das algemas. 

-Vamos lá Lauren. - Encorajei á mim mesma, tentando ignorar a dor em minha cabeça, em meus pulsos, nos meus ombros pela posição terrível, a fome e a sede, e todo pânico. -Você consegue fazer isso. 

Fiz uma contagem rápida em minha cabeça, eu não queria me dar tempo de sentir medo, e então forcei meu pulso esquerdo para baixo. As algemas estavam um pouco largas em mim, não o suficiente, mas se eu forçasse talvez pudesse me soltar. Era uma chance remota, mas existia. 

Eu não queria chorar, mas era impossível segurar minhas lágrimas, o metal começava a abrir um corte em meu pulso e eu pensei em parar quando vi um filete de sangue escorrer. Botei em minha cabeça que eu passaria por coisas piores se continuasse presa ali, falei para mim mesma que eu precisava voltar para a minha família. 

Eu estava indo bem, estava conseguindo me manter calada e evitar gritar, meu pulso estava quase livre, a algema só precisava passar pelos nós de meus dedos e eu poderia repetir o mesmo processo doloroso com a mão direita. 

Soltei um pequeno murmúrio aliviado quando finalmente minha mão escorregou completamente para fora da algema, o sangue tinha ajudado um pouco. Me sentei na cama sob protestos do meu corpo. Agora já sabendo o que esperar consegui fingir que me sentia mais preparada para me livrar da algema direita. 

Fingi muito mal e quando finalmente ambas as minhas mãos estavam livres eu cobri meu rosto com elas e tentei me acalmar. Eu precisava. 

-Você consegue, você consegue, você... 

Me levantei na velocidade de um raio e corri até a porta. Trancada. A porta que provavelmente dava á um banheiro também estava trancada e minha única alternativa era a janela atrás da cortina. 

-Não, não, não, não, por favor, não... - Eu choraminguei uma vez que revelei o que tinha atrás da cortina. 

Uma janela á metros do chão. Eu não estava em uma casa afinal de contas, era um prédio e eu deveria estar no quinto andar, talvez mais. Cada janela daquela possuía sob sua base um suporte para ar-condicionado, cabia uma pessoa em pé em cada um deles, eu poderia me colocar para fora do prédio e descer através dos suportes como se fossem escadas, do primeiro andar ate o chão ainda haviam muitos metros de altura mas a queda não seria tão feia. Eu poderia pular e... Eu estava delirando, era uma ideia que tinha apenas como dar errado. As chances de eu acabar me matando em uma queda eram gigantes. 

-Eu não tenho outra saída. - Rebati furiosamente a voz em minha cabeça que insistia para que eu fosse racional e não fizesse uma loucura daquelas. 

"Você vai acabar morrendo", minha consciência dizia. 

-Você consegue Lauren, você consegue. 

Em um surto de coragem eu abri a janela. Para acrescentar ao meu azar, ventava, não uma brisa qualquer mas uma corrente de ar que balançava árvores lá embaixo. Coloquei meu tronco para fora da janela, estava frio, minha respiração estava acelerada, eu tremia dos pés á cabeça, e o vento forte jogava meus cabelos em meu rosto. 

"Tem tudo para dar errado". O pensamento veio e logo foi embora, me forcei a substituí-lo por coragem. 

Eu estava pronta para me colocar para fora da janela, estava obstinada a sair dali correndo riscos extremos, mas meu coração saltou de susto em meu peito e eu voltei imediatamente para trás quando – ao longe – ouvi uma porta batendo e passos pesados em algum lugar no apartamento. 

Eu não poderia mais seguir com aquela ideia, não teria tempo, e também não poderia enfiar as algemas de volta em meus pulsos e fingir que nada aconteceu. 

Se possível, eu estava mais ferrada a cada segundo. 

Os passos e vozes estavam mais altos agora e portanto mais próximos. Eu olhava o quarto todo em pânico, esperando que algo saltasse sobre mim e me engolisse, em um estado que só poderia ser descrito como "pânico dos pés á cabeça". Estupidamente me enfiei atrás da porta, sabendo que uma vez que Nolan não me visse na cama ele perderia de vez a paciência comigo. 

-... vai ser fácil, e... - A porta se abriu quase me nocauteando, fui salva por míseros centímetros. A voz no entanto não era forte como a de Nolan, muito menos masculina. Era grave de certa forma e tinha sotaque australiano. -Nolan, cadê ela? - O sotaque australiano gritou. 

Era Rose, percebi horrorizada. Cobri minha boca com minhas mãos e fiz de tudo para respirar o mais silenciosamente possível. 

Ruby deu um passo para dentro do quarto e por algum motivo tive um surto de coragem. Ou ódio, quem sabe os dois. Voei para cima dela, a australiana cambaleou para frente até cair sobre a cama, eu estava por cima dela, estapeando-a ferozmente e gritando por que ela estava fazendo isso comigo. 

Por que Rose, alguém em quem eu confiei, estava casualmente conversando com o homem que destruiu a vida de minha noiva, com o mesmo homem que me arrastou até ali? Por que? 

Cada tapa era movido por raiva e pelo sentimento de traição, pelo desespero e o desejo único que eu tinha de voltar para casa. 

Ruby reagia ao meu ataque inesperado com gritos, chamava por Nolan e tentava se virar embaixo de mim. Na posição em que ela tinha caído sobre a cama era impossível que ela se defendesse mesmo que fosse mais forte do que eu. 

Abruptamente meu ataque parou, foi interrompido na verdade. Fui retirada de cima dela e jogada no chão, um punho forte chocou-se contra o meu rosto no canto do meu olho direito e a dor ali me deixou momentaneamente cega. Me encolhi no chão, esperando que não me matassem agora. Escondi meu rosto entre os meus braços e alguns chutes me acertaram nas costas, um chute particularmente doloroso em minha barriga me fez sentir um gosto metálico na boca e eu pressionei meus lábios, eu não queria dar á eles o prazer de ver sangrando. 

-Como diabos ela se livrou das algemas? Você a soltou, imbecil? - Nolan gritou furioso. 

Eu teria reagido mas não me sentia forte o suficiente nem mesmo para manter os olhos abertos, agora que ele havia parado com os chutes a dor tomava conta, me fazendo choramingar no chão. 

-Claro que não! Ela nem estava algemada quando eu entrei, a filha da puta saltou de trás da porta e veio pra cima de mim. - Ruby respondeu ofendida com a acusação. 

Nolan, enfurecido, me colocou de pé segurando-me pelos cabelos, aproximou o rosto do meu, minha respiração afoita batia em sua face. 

-Então você tentou escapar, Jauregui. Hm. - Ele fechou os olhos e apertou os dedos no meu cabelo, mas ainda assim me recusei a gritar. -Eu vou te dar um último aviso pra parar de me provocar, se você tentar outra merda dessas eu não vou pensar duas vezes antes de te matar, e se isso acontecer eu vou ter que ir até um dos seus filhos. - Senti enjoo ao ouvi-lo falar deles, não fui forte o suficiente para segurar uma lágrima. -Afinal Camila tem que me ouvir de um jeito ou de outro. 

-Camila nunca vai fazer o que você quer, ela vai te colocar na cadeia outra vez, é isso o que ela vai fazer. - Ele riu na minha cara e olhou para Ruby. Eu não queria olhar para ela, não queria me lembrar do quão burra eu fui confiando naquela mulher. 

-Você fica uma gracinha cheia de esperanças assim meu bem, não acha Ruby? 

-Em geral, ela fica uma gracinha quando tá calada. - A australiana respondeu debochada, eu imediatamente perdi o controle. 

-Vá se foder! Você é uma mentirosa, eu confiei em você Rose, você vai parar na cadeia igual á ele! - O gargalhar dos dois se parecia muito com um coro vindo do inferno para me atormentar. 

Ruby se aproximou de mim e Nolan me segurou com mais força, prevendo que eu tentaria atacar a australiana outra vez. 

-Cadeia? Acha que eu tenho medo de ir pra cadeia? Eu já estive lá tantas vezes, em uma delas tive o azar de conhecer sua noiva. - Arquejei chocada e ela ergueu a mão para tocar meu rosto, acariciou minha bochecha antes de me desferir um tapa forte o bastante para arrancar sangue de um corte em minha bochecha causado por suas unhas. -Sempre quis fazer isso, a sensação é ótima. 

-O que foi que eu fiz pra você? - Roguei em lágrimas, agora um verdadeiro dilúvio que eu não era capaz de controlar. Meu rosto queimava, meu corpo estava terrivelmente dolorido e eu estava sucumbindo ao pavor e medo. -O que foi que a Camz fez pra você? Eu a conheço, sei que ela não teria feito nada com você, ela só queria que o tempo dela lá acabasse, que motivo você tem pra fazer tudo isso, Rose? Que motivo você tem pra me enganar por meses ao lado desse homem? 

Ela riu com escárnio e segurou meu queixo, me obrigando a olhar pra ela. 

-Que motivo eu tenho? Sua mulher, sua Camz, aquela filha da puta me jogou na solitária por meses, eu tinha uma maldita chance de fugir e ela fodeu com isso. Sempre amiguinha dos guardas, sempre quieta achando que era melhor que os outros, eu só não matei ela lá dentro porque é a cadeia afinal de contas, mas aqui... - Ela deu dois tapinhas em meu rosto enquanto sorria. -... aqui não tem nada pra me impedir de vê-la se fodendo assim como ela fez comigo. 

-Você é louca. - Murmurei assustada com tudo o que eu ouvia. Nolan apertou meu cabelo entre seus dedos com mais força, me fazendo gemer. 

-E você é uma burra do caralho, Michelle. - Os dois gargalharam enquanto eu chorava, sabendo que ela estava certa. -Bastou que o Nolan te enviasse algumas mensagens anônimas pra você virar um bichinho assustado, a poderosa professora da M.I.T não é assim tão poderosa não é mesmo? Algumas mensagens e uma completa estranha que aparece pra ter ajudar e Bum! Foi só o que precisou pra você comer na minha mão por todo esse tempo. Você é patética Lauren, você gosta de bancar a forte mas é uma ridícula, é fraca pra caralho. - Cada palavra dela era como uma navalha, e ela sabia perfeitamente disso. -Uma estranha. Você confiou em uma estranha que apareceu pra trocar o pneu do seu carro, pensa no quanto você é burra. Me deu o teu filho pra segurar. Deus! Eu podia ter ferrado com vocês há tanto tempo atrás, tem ideia de quantas vezes você foi chorar no meu ombro lá no meu apartamento? Uh? Você entrou por livre e espontânea vontade no meu apartamento. - Ela dizia lentamente. As palavras me acertavam em cheio, meu peito doía, eu chorava copiosamente, dando toda razão para ela. 

Eu sou tão burra. Por trás de toda minha pose existe uma completa imbecil. Camila merecia tão mais do que eu, por minha culpa estávamos nessa situação. Era tudo eu. 

Ruby estava tão certa, eu era uma piada. Camila jamais me perdoaria, eu nem a merecia no fim das contas. 

Eu sou uma completa idiota! Tudo isso era, inegavelmente, culpa minha. 

-Chorou no meu ombro, enquanto eu era a causadora do teu choro. - Ela acrescentou, tentando diminuir meus pedaços quebrados em pedaços ainda menores. 

-Não seja egoísta, Rose. - Nolan debochou e a australiana revirou os olhos. 

-Bem, Nolan e eu. - Ela corrigiu. 

-Acho que ela já entendeu a mensagem. - Nolan disse. -Você vai ter outra chance de conversar com ela. Não é mesmo, Jauregui?  

Á essa altura eu me sentia tão humilhada que morrer não parecia de todo o mal. Eu não aguentaria ver o olhar decepcionada que Camz me daria ao descobrir que eu coloquei Ruby bem ao meu lado, facilitei as coisas para Nolan. Era tudo minha culpa. 

-Já que você nos fez o favor de se soltar das algemas eu vou te deixar sem elas. - Olhei para ele com surpresa. -Sob minhas condições é claro. - Ele me empurrou até a porta que eu sugeri ser um banheiro e a destrancou. Nolan me jogou ali dentro e eu desabei no chão frio, me encolhendo no canto ao lado de uma pia velha e suja. 

Não havia nada naquele banheiro além da pia, nenhum chuveiro. Nada. O lugar era pequeno, não tinha janela, era húmido porque um cano em uma parede pingava água constantemente, e fedia. Também notei que não havia qualquer luz ali. 

-Você vai ficar aí agora. Eu até trouxe comida pra você, sei que está com fome e com sede, mas depois do seu showzinho eu acho que você não merece. O que acha Rose? - A mulher atrás dele me encarou e negou com a cabeça, seu olhos me davam calafrios. 

-Acho que ela aguenta esperar mais um pouco. Quem sabe até Miami ou quem sabe até Camila chegar pra alimentá-la.  

-Miami? - Sussurrei para os dois e Nolan fingiu surpresa. 

-Ah não te falei? Nós vamos pra Miami em alguns dias, uma longa viagem de carro daqui até lá. Você vai passar vinte e uma horas espremida num porta-malas. Se eu fosse você guardaria energia. 

Dado o recado Nolan bateu a porta e ouvi quando ele a trancou. 

Eu desabei de vez, desistindo de lutar contra. 


Notas Finais


Eu ainda não respondi os comentários de vocês MAS EU VOU, EM BREVE!!
Se não me engano, no próximo capítulo tem camren!! hfuahfuas
Se faltavam seis capítulos para a parte mais dramática da fic acabar, dois já foram u.u

Vejo vocês no próximo! Xoxo


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